De Volta a Mystic Falls escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 23
Capítulo 23 - Don't take your love away


Notas iniciais do capítulo

O nome do capítulo é uma referência à música de mesmo nome do Vast.

Escrevi o capítulo ao som desta música e acho que ela tem a ver com o momento dos personagens.

Uma correção: Eu respondi um review da Anna dizendo que neste capítulo iremos ter DR entre Mia e Castiel, Sam e Meredith e Dean e Castiel kkkkkkkkkkkkkkkkkkk eu quis dizer Dean e Bonnie... Epa! Não sou Destiel não eheheheheh

E na verdade nem é uma DR...

Um capítulo que começa engraçado e termina meio down...



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O Impala seguia pela ponte de Mystic Falls enquanto o dia começava a amanhecer. Era quase seis horas da manhã. Dean dirigia com os olhos fixos no horizonte, Sam estava ao seu lado pesquisando no notebook alguns incidentes ocorridos no Kansas e que podiam estar relacionados aos anjos caídos, Stefan e Damon estavam no banco de trás e Silas estava no cofre. Em cima do carro.

Instantes depois Dean parou o Impala e desceu. Os outros fizeram o mesmo. O Winchester mais velho se aproximou do parapeito e olhou o rio que passava lá embaixo enquanto seu irmão e os Salvatore observavam o cofre.

De repente Dean se virou para eles e indagou animado:

– Então? Quem quer ter a honra?

Os quatro se olharam e minutos depois jogavam juntos o cofre onde Silas estava aprisionado no rio.

– Madeira! - brincou Dean enquanto o cofre caía, mas ficou sério ao perceber que os três o encaravam sem entender qual era a graça.

– Ele sempre foi assim? - quis saber Damon.

– Na verdade, ele tem piorado com a idade. - respondeu Sam fazendo Stefan rir.

E desta vez foi Dean que não entendeu qual era a graça e fechou a cara antes de mudar de assunto:

– Tem certeza que este é o lugar ideal para Silas aproveitar a eternidade? Eu ainda preferia o mar aberto, tubarões, águas-vivas...

– Aqui é perfeito. A correnteza é fraca e não vai conseguir arrastar o cofre. Aliás, ele já deve ter tocado o fundo do rio neste momento. Além disso, aqui nós podemos ficar de olho nele. E garantir que Silas fique exatamente onde está. - expôs Stefan.

– Ok. Então acho que terminamos. Missão dada é missão cumprida. - disse Dean e como os três o encararam de novo, ele explicou - Eu vi num filme. - e como os três continuaram olhando para ele, Dean mudou de assunto - Ok, apenas fiquem de olho no cofre, amigos.

– Amigos? - repetiu Damon com um sorriso sarcástico.

– Bem, já que nós somos amigos agora, eu me sinto na obrigação de dar um conselho para vocês dois. - anunciou Stefan olhando para os Winchester - Contem a verdade para a Mia. O mais rápido possível. Não escondam dela o que vocês estão planejando com o sangue do Silas. Porque se ela descobrir...

– Espera um pouco. - interrompeu Dean - Em primeiro lugar, nós não somos amigos de verdade. Eu não tenho mais vontade de matar vocês, mas isso não quer dizer que agora nós somos amigos de infância. Em segundo lugar, Mia é assunto nosso, meu e do meu irmão, nossa responsabilidade, e nós vamos cuidar dela e contar a verdade quando ela estiver pronta para saber. E em terceiro lugar, se vocês contarem para alguém, para qualquer pessoa, que nós bebemos o sangue de vocês, eu volto pra esse fim de mundo e acabo com os dois. Vocês entenderam, amigos?

Stefan e Damon se olharam e tentaram não rir. No fundo sabiam que Dean não estava falando sério. Eles eram amigos, sim. Mas não era uma amizade como as amizades convencionais. Eles eram vampiros e caçadores. E, portanto, estavam em lados opostos. Para aquilo dar certo, a única forma era não pensar muito sobre o assunto e continuar com as provocações.

– O que o Dean está querendo dizer é: obrigado por terem salvo a nossa vida e por se preocuparem tanto com a Mia. Mas pode deixar que nós assumimos daqui. - consertou Sam.

Stefan e Damon sorriram e caminharam em direção ao carro. Dean olhou para Sam e resmungou baixo para os vampiros não ouvirem:

– Quem te deu o direito de falar por mim?

– Dean...

– Tudo bem, eu admito, se não fosse por eles, talvez nós estivéssemos mortos uma hora dessas, mas isso não significa que nós temos que entrar para o fã clube daqueles dentuços. - esclareceu ele.

– Dean... - tentou dizer Sam enquanto olhava para o Impala.

– O quê?! - irritou-se ele.

– Damon está indo embora com o seu carro. - avisou Sam ao ver que o vampiro começava a se afastar com Stefan no banco do carona do Impala.

Dean olhou desesperado para a cena e levou as mãos à cabeça antes de dizer enquanto corria atrás do carro:

– Baby! Eu vou te matar, Crepúsculo!

Sam ficou parado na ponte rindo de Dean correndo atrás do Impala até que Damon parou. Então os dois se aproximaram e entraram no banco detrás.

– Se você fizer isso de novo, eu juro que vou arrancar o seu coração. - ameaçou Dean e depois encostou as costas no banco.

– O quê? Você vai deixar ele dirigir? - surpreendeu-se Sam enquanto Damon e Stefan se viravam para olhar para os Winchester.

– Considere isso como um agradecimento por terem salvado a nossa pele. - respondeu Dean.

Damon e Stefan se olharam e sorriram até que o mais velho voltou a dirigir. Depois de alguns metros, Stefan perguntou:

– Como diria a Mia, sem ofensa, mas quando vocês estão pensando em ir embora de Mystic Falls?

– Stefan... - repreendeu Damon com cinismo.

– O quê? Você queria perguntar a mesma coisa. - entregou o mais novo.

– Vocês acham que nós gostamos desta cidade? Ou dos habitantes malucos dela? - provocou Sam.

– Nós odiamos esta cidade de sanguessugas e estamos loucos para deixá-la para trás e riscá-la do mapa para sempre, mas antes temos que resolver algumas coisas. - completou Dean.

– Para sempre, é? - animou-se Stefan rindo.

– E o que diabos vocês ainda tem para resolver aqui? - indagou Damon.

– Bem, eu tenho que passar no cemitério, Sam no hospital, Cas precisa ter alta e Mia precisa fazer as malas. - explicou Dean.

– E depois disso vocês vão embora, certo? - quis se certificar Damon.

– Exato. - confirmou Dean - Não vejo a hora de ir embora daqui.

– Até que enfim concordamos com alguma coisa. Porque eu não vejo a hora de vocês irem. - confessou Damon.

– A hospitalidade dessa cidade é mesmo um exemplo a ser seguido. - resmungou Dean.

Enquanto os quatro continuavam se provocando, Castiel começou a abrir os olhos e percebeu que estava em uma cama de hospital. A luz do dia entrava através das cortinas do quarto. E ao lado da cama, em uma poltrona, com uma manta sobre o corpo, vencida pelo sono e pela espera, estava Mia. Ele a observou por longos instantes imaginando há quanto tempo ela estaria ali e como aquela situação era estranha e inusitada.

Era ele que sempre ficava naquela posição. Era ele que sempre velava pelo sono dela. Era ele que sempre tentava protegê-la. Mas hoje era diferente. O mundo havia dado muitas voltas. Agora era Mia que o havia salvado da morte. Era Mia quem estava ali. Na poltrona.

A verdade é que ele não conseguia se perdoar e se achava o anjo mais idiota do mundo por ter pensado em deixá-la para voltar para o Céu. Por mais que quisesse consertar as coisas por lá, não saberia viver sem aquela garota em sua vida.

E por mais que estivesse feliz por ela ter sobrevivido ao Hotel Califórnia, sentia-se culpado por não ter estado ao seu lado quando ela precisou. Ele poderia ter evitado tudo aquilo. Ela sobreviveu, mas... Virou uma vampira.

Não que os sentimentos dele tivessem mudado por causa disso, muito pelo contrário, a cada dia ficavam mais fortes, mas Castiel sentia-se culpado pelo que aconteceu com Mia e se perguntava como ela estava lidando com aquilo. Lidando de verdade e não o que ela deixava transparecer, que estava tudo bem. Ele sabia que no fundo aquilo não era o que ela queria. Mia apenas tinha aceitado e se conformado, mas no fundo devia estar sofrendo com aquilo.

A garota se mexeu um pouco e abriu os olhos devagar. E ao ver que Castiel havia acordado e a observava seu coração acelerou. Sim, vampiras ainda têm corações. Vampiros amam. Sentem medo. E se emocionam quando alguém com quem se importam, se recuperam e finalmente acordam.

Então Mia se levantou rapidamente, sentou na cama e o abraçou enquanto sentia seus olhos ficarem úmidos.

Ao perceber que Castiel gemeu porque ainda sentia-se dolorido por conta dos socos que ela lhe deu na noite anterior e também por conta dos efeitos colaterais de alguns medicamentos, Mia se afastou e disse preocupada:

– Eu sinto muito... Eu machuquei você?

Ele segurou a mão da garota e respondeu:

– Na verdade, salvou a minha vida, Mia. Obrigado.

Em seguida, Castiel se arrastou um pouco na cama dando um lugar para ela deitar junto dele. Mia entendeu o gesto e deitou ao seu lado se aconchegando em seu peito com cuidado para não machucá-lo. Ele voltou a segurar uma das mãos dela e os dois observaram os seus dedos entrelaçados sem dizer nada por algum tempo. Um ex-anjo e uma vampira novata. Mas ainda assim, Mia e Castiel.

Após alguns instantes, ele beijou a sua testa e anunciou:

– Nós precisamos conversar.

– Eu já sei tudo que você vai dizer. - previu ela - Mas antes que você diga qualquer coisa e comece a se culpar, eu preciso deixar uma coisa bem clara: Não é sua culpa, Cas, eu ter virado... Você sabe... A nova Mia. Você implorou que eu contasse onde eu estava, você teria me alcançado a tempo e me curado dos ferimentos do acidente. Mas eu fiz a minha escolha e não te contei. Eu desliguei o telefone e paguei o preço por essa decisão. É minha culpa. Não de você ou dos Winchester. É só minha. E antes que você também pergunte, eu estou bem. Eu vou ficar bem. Nenhum de vocês precisam mais se preocupar comigo. Na verdade, poucas coisas podem me matar. Eu não sou mais aquela garota indefesa. Eu posso cuidar de mim mesma agora.

Castiel pensou por alguns instantes e continuou:

– Mesmo assim, eu prometo que vou encontrar uma forma de ajudar você. Deve haver uma cura. Nós vamos consertar as coisas, Mia. Eu prometo.

Ao ouvir isso, Mia sentou na cama e ele se encostou na cabeceira com esforço enquanto ela esclarecia um tanto ofendida:

– Eu não preciso de conserto, Cas. Ser vampira não é a oitava maravilha do mundo, mas eu estou me adaptando. Sem ofensa, mas é você que precisa de conserto no momento. E eu não tenho ideia de como vocês vão fazer isso, mas vocês têm que descobrir um jeito. Vocês têm que descobrir o que o Metatron fez com a sua graça e dar de um jeito de recuperá-la. E o mais rápido possível, de preferência, porque se alguma coisa acontecer com você... Como ontem... Eu não vou suportar... Se eu souber que alguma coisa aconteceu com você... Eu morro, Cas. Entendeu?

– Por que você está falando como se não fosse vir com a gente? - estranhou Castiel - " Eu não tenho ideia de como vocês vão fazer isso" "Vocês têm que descobrir" "Se eu souber que alguma coisa aconteceu"? Mia, eu vou recuperar a minha graça, eu prometo que vou descobrir um jeito, mas você vai saber de tudo isso e acompanhar cada passo porque você vai estar comigo. Ao meu lado.

Ao dizer isso, Castiel segurou a mão de Mia novamente, mas ela a soltou, desceu da cama e foi até a janela. E em seguida anunciou enquanto olhava o dia amanhecendo:

– Eu tenho uma confissão a fazer.

– Eu estou ouvindo. - assentiu ele.

Mia pensou um pouco escolhendo as melhores palavras, se virou para olhá-lo e prosseguiu:

– Eu entendo porque você ia me deixar, Cas. Eu fiquei com raiva e magoada na época, mas agora eu entendo o que te levou a tomar aquela decisão. Você só estava tentando fazer a coisa certa. Tentando consertar o Céu, proteger a Terra, me proteger...

– Por que você está falando disso agora? - indagou Castiel cada vez mais confuso.

– Porque eu quero que você me entenda também, Cas. Eu quero que você entenda que o que eu estou fazendo é pensando na sua proteção. - respondeu Mia.

– Minha proteção? Do que você está falando exatamente, Mia? - perguntou ele com certo receio.

Mia passou a mão pelos cabelos um tanto nervosa e sem saber como dizer aquilo. Então resolveu apenas dizer:

– Nós não podemos ficar mais juntos, Cas. Você é humano agora... Vulnerável. Você pode se machucar e eu não posso lidar com isso. Eu achei que eu podia, mas eu não posso. E eu sinto muito...

Castiel pensou um pouco e indagou um tanto ofendido também:

– Então você está me desprezando porque eu não sou mais um anjo?

– Não! - respondeu Mia imediatamente dando alguns passos em direção à cama - Não, não é isso. Eu não estou desprezando você, Cas. Eu não poderia porque eu te amo. Eu te amo com ou sem asas, com ou sem memória, com ou sem sobretudo... De qualquer jeito eu te amo e sempre vou te amar.

– Se você me ama, por que você está... Terminando comigo? - quis entender ele - Isso não faz sentido. Depois de tudo que nós passamos, todas as provações, depois de todas as coisas que você disse na festa, no palco... Mia, eu não estou entendendo...

– Eu só estou tentando te proteger, Cas. - explicou ela - Só isso. É só isso que você precisa entender e aceitar.

– Mia, eu não vou aceitar isso. Eu vou embora sem você. - afirmou ele - E sabe por quê? Porque deixar você foi a coisa mais difícil que eu já fiz. E a mais estúpida também. E eu devo aprender com os meus erros e não insistir neles. Se não fosse por você e pelos Winchester eu estaria completamente perdido agora. Mas vocês me encontraram e cuidaram de mim. Eles são a minha família. Você é a minha família. O meu lar. E eu não vou permitir que você tome uma decisão baseada nas escolhas erradas que eu fiz. Eu não vou permitir que você se afaste de mim porque eu não posso mais viver sem você, Mia. Eu te amo.

Mia sentiu uma onda de alegria crescer dentro de si, mas a controlou em seguida. Era bom ouvir aquilo, mas ao mesmo tempo, ela não podia esquecer que as coisas eram mais complicadas agora. Tinha que resistir e tomar a decisão certa. Por mais que fosse difícil, sabia que aquilo era o melhor para os dois. Não podiam ficar mais juntos.

– Eu esperava que você... Me beijasse ao ouvir isso. - admitiu ele um tanto sem graça e como a garota não disse nada, ele indagou - O que está realmente acontecendo, Mia? Me diga a verdade. Por favor.

Mia andou pelo quarto pensando no que dizer e então resolveu mudar um pouco o foco da conversa e ser mais clara ao mesmo tempo em que tentava não chorar:

– Cas, amanhã, provavelmente, você vai ter alta e, você deve deixar Mystic Falls com Sam e Dean imediatamente. Mas eu não vou com vocês. Eu vou ficar aqui. E vocês precisam aceitar isso e irem embora sem olhar pra trás.

– O quê?

– Foi isso mesmo que você ouviu. Eu vou ficar. Acabou, Cas. - disse ela com esforço.

– Não, Mia, não acabou. E você vem com a gente. Comigo. - esclareceu ele e depois de alguns instantes, continuou - Será que você não percebe que toda vez que nós nos separamos alguma coisa ruim acontece? Demônios, Hotel Califórnia, vampiros... Eu não posso aceitar isso, Mia. Eu não posso ir embora sem você.

– Você precisa. - insistiu ela - Você precisa ir com os Winchester. Eles precisam de você. O mundo precisa de você, Cas. O Céu, a Terra... Bem mais do que eu. E você precisa recuperar a sua graça e seguir em frente. E consertar as coisas que você pode consertar. Não eu ou essa relação. Isso é o certo a se fazer.

– Se esta é a decisão certa por que você está chorando? - observou ele.

– Porque não é uma decisão fácil. Mas é o que eu devo fazer. - respondeu Mia enxugando o rosto e em seguida explicou - Você é a minha fraqueza, Cas. E se eu te perder de novo, como eu quase te perdi ontem... Eu não vou aguentar. Ontem eu quase... Quase desliguei a humanidade quando eu te vi... Morto. Eu quase virei um monstro porque eu pensei que tinha te perdido pra sempre.

– Você não vai me perder, Mia. Eu prometo. - garantiu Castiel - Mas pra isso, você tem que ficar comigo, do meu lado, e não me mandar embora como você está fazendo agora. Juntos nós somos mais fortes.

– Não... Enquanto estivermos juntos, nós sempre seremos a fraqueza um do outro. - argumentou Mia tentando conter as lágrimas de novo - E os inimigos sempre saberão disso e sempre darão um jeito de usar isso contra nós. Como Silas fez... Como Crowley... Você precisa seguir em frente, Cas, colocar todos os seus sentimentos, medos, todas as dúvidas, todo o seu coração em uma enorme caixa e fazer o que o mundo precisa que seja feito.

– Eu preciso de você ao meu lado para fazer o que o mundo precisa que eu faça, Mia. Como você disse, você é a minha fraqueza, mas você também me faz forte. Você me dá força pra continuar, Mia. E eu não posso colocar o que eu sinto por você de lado porque mesmo quando eu não lembrava que eu era, eu nunca deixei de amar você. Como você quer que eu faça isso agora e siga em frente sem você? Eu não posso... E eu não quero. - expôs ele.

– Sabe? Eu estou tentando ser honesta com você, mas você sabe muito bem que eu posso te compelir a aceitar tudo isso e te fazer me esquecer pra sempre, Cas. - sugeriu ela depois de alguns instantes em silêncio e sem saber mais o que dizer.

– Se você me compelir, quando eu voltar a ser um anjo, eu vou lembrar de tudo, Mia, e vou te procurar de novo. - prometeu ele - Não me tire da sua vida, Mia. Não tire o seu amor de mim. Eu preciso de você. Você precisa de mim também. Eu sinto, eu sei disso. Você pode estar confusa agora, mas eu prometo que nós vamos consertar as coisas como sempre fizemos. Vai ficar tudo bem. Apenas confie em mim. Venha comigo.

– Eu já fiz a minha escolha. - afirmou Mia se afastando.

Então Castiel afastou o lençol, levantou da cama com esforço e arrastou o aparelho que lhe dava soro e medicação ao andar na direção de Mia.

– O que você está fazendo? Você não devia levantar... - preocupou-se ela enquanto Castiel parava na sua frente.

– Eu quero que você me olhe nos olhos e diga que vai conseguir viver sem mim. - intimou ele.

Mia mergulhou naquele olhar profundo que só Castiel tinha, aquele olhar que desarma qualquer defesa, que te faz esquecer de tudo e repensar tudo, o olhar que a deixou apaixonada desde a primeira vez que o viu quando ele entrou em seu quarto. E Mia hesitou. Então Castiel deu um leve sorriso e se aproximou para beijá-la, mas de repente Mia afastou o rosto e respondeu sem olhar para aquele olhar:

– Desde que você esteja bem, sim. Eu consigo. Sam e Dean poderão me manter informada.

– Por que você está fazendo isso? Qual o real motivo, Mia? - insistiu ele - É por que você é uma vampira agora e acha que eu me importo com isso? Você acha que alguma mudou pra mim? Não, Mia, não mudou. Você ainda é a minha Mia e ainda posso ser o seu anjo... Se você quiser...

– Eu não quero. - mentiu ela por fim tentando convencê-lo a aceitar que tinha acabado - Eu quero que você vá embora com os Winchester e salvem o mundo do que quer que aqueles anjos estejam tramando. Isso é o certo a se fazer. É isso o que os caçadores e os anjos de verdade fazem.

– Você é uma caçadora também, Mia. O que você vai fazer nessa cidade? Aqui não é o seu lugar. Você deve vir com a gente. - tentou Castiel pela última vez.

– Eu não sou mais uma caçadora. Eu sou um monstro. E eu não preciso de você aqui pra me lembrar disso o tempo todo. Então, por favor, apenas vá embora e não volte mais. Acabou. - encerrou Mia antes de deixar o quarto.

Castiel ficou algum tempo parado no meio do quarto tomado por uma tristeza profunda enquanto Mia seguia pelo corredor devagar. Em dado momento, ela parou no corredor e se apoiou na parede. Fechou os olhos, conteve o choro e respirou fundo antes de voltar a caminhar e deixar o hospital.

E então Mia voltou para a casa dos Salvatore, subiu até o quarto, tirou o vestido da festa e tomou um longo banho enquanto pensava no que faria a seguir. Decidiu que iria até o Mystic Grill pedir o seu emprego de volta. Ia ficar em Mystic Falls. Precisava recomeçar. Longe de Castiel e dos Winchester.

Mais tarde, Dean estacionou o Impala em frente ao cemitério de Mystic Falls e desceu. Caminhou entre os túmulos carregando uma rosa vermelha. Até que encontrou o túmulo de Sheila Bennett e se ajoelhou diante dele.

– Eu não sei o que aconteceu com o seu corpo, Bonnie... - começou ele - Então eu pensei em procurar o parente mais próximo. Sua avó.

– Dean... - chamou o fantasma de Bonnie ao seu lado.

– Só um instante, bruxinha... - pediu ele sem olhar para trás - Eu preciso fazer isso. Mas será difícil com você falando comigo. Por favor, só me escute, ok? - e depois de alguns instantes em silêncio, Dean continuou - Sra. Bennett, você tinha uma neta e tanto. E pelo o que eu ouvi na cidade, ela tinha a quem puxar. Honestamente, eu não gosto muito de bruxas, nunca gostei. Sem ofensa. Mas digamos que eu consegui abrir uma exceção para a sua neta. Porque ela era... Diferente das outras bruxas. Ela era uma boa pessoa. Especial e... Linda, à propósito.

Bonnie sorriu e continuou prestando atenção ao que ele dizia:

– Eu queria poder voltar no tempo e ter impedido que ela tivesse trazido Lázaro de volta à vida, mas como ela disse... Ela escolheu assim. Ela escolheu se sacrificar por um babaca e...

Bonnie o olhou com reprovação, mas não o interrompeu.

– E quer saber? Eu entendo. Se tem uma coisa que eu entendo é todo esse lance de se sacrificar por quem é importante pra nós. O que me leva a deduzir que Jeremy deve ser muito importante para a sua neta pra ela ter dado a própria vida por ele. E embora ela diga que nós dois tivemos uma história e que me ama, eu sei que com o The Walking Dead foi... Diferente. E eu acho que de alguma forma ainda é. Então tudo o que eu posso fazer é... Aceitar e seguir em frente.

Bonnie ergueu a mão para tocar o ombro de Dean, mas desistiu. A verdade é que sentia-se dividida entre ele e Jeremy. O irmão de Elena tinha sido o seu grande amor, mas depois que ele morreu, Dean apareceu em Mystic Falls e tudo que Bonnie queria na época era recomeçar. Não era correto dizer, mas o fato é que ela amava os dois. Jeremy pelo passado e Dean pelo futuro que podiam ter tido. E agora Jeremy estava vivo, ela era um fantasma e Dean estava no meio disso tudo tentando seguir em frente.

Bonnie sabia que não tinha o direito de condenar os dois a viverem eternamente naquele estranho triângulo amoroso. E entendeu que Dean estava ali para se despedir. Ele respirou fundo e continuou:

– Eu sou um caçador, Bonnie. E no fundo, o Sammy está certo. Eu devia procurar o seu corpo e acabar com o seu sofrimento, mas a verdade é que eu ainda tenho esperança que alguém ou alguma coisa nesta cidade maldita possa ajudar você. Possa te trazer de volta em algum momento, de alguma forma. Eu quero que você volte, e não só porque você foi importante pra mim e porque eu não me conformo com a sua morte, mas principalmente porque... O mundo precisa de mais pessoas como Bonnie Bennett. E seria uma pena se você não voltasse, bruxinha. Mas a verdade é que independente disso, eu não vou estar aqui quando e se você voltar. Eu não posso mais, Bonnie... Eu preciso deixar você seguir pra onde quer que você vá e eu preciso seguir também porque... Tem um mundo querendo ir pro buraco e alguém precisa fazer a manutenção. Mas saiba que você foi a única bruxa que me fez enxergar as outras bruxas de outra forma e que eu nunca vou esquecer disso. Eu nunca vou esquecer você, Bonnie. Eu te amo. E é por te amar demais que eu preciso abrir de você.

Ao ouvir tudo o que Dean havia dito, Bonnie deixou a emoção falar mais alto e colocou a mão no seu ombro. Ao sentir o seu toque, ele fechou os olhos. Fez um esforço enorme para não pensar mais nela, colocou a rosa sobre o túmulo de Sarah e terminou:

– Adeus, Bonnie.

E de repente, Dean não sentiu mais a mão da bruxa no seu ombro e se virou. Também não a viu mais. Seus olhos ardiam devido às lágrimas que queriam sair, mas ele conteve a emoção. Precisava seguir em frente. E precisava deixar Bonnie ir. Para onde quer que ela fosse. Ou mesmo que ela ficasse e continuasse naquela condição. Então, ele levantou e deixou o cemitério sem olhar para trás. Bonnie o viu se afastar e sentiu uma dor profunda. Em seguida tentou tocar a rosa sobre o túmulo, mas não conseguiu sentí-la. Agora a sua única conexão com aquele mundo era Jeremy. Ele era o único que podia vê-la. E apesar da dor que sentia por Dean ter ido embora, talvez fosse melhor assim. A verdade é que ela nunca ia esquecer Dean, mas talvez ele estivesse certo. Talvez ela ainda amasse Jeremy.

– Adeus, Dean Winchester. - murmurou ela.

Enquanto isso, Sam batia na porta da sala de Meredith no hospital.

– Entre. - permitiu ela fazendo Sam abrir a porta.

A médica levantou os olhos dos exames que estava folheando e o viu entrar. Sam se aproximou e sentou de frente para ela.

– Deixe eu adivinhar. Você está indo embora. - deduziu Meredith de um jeito sério e com certa mágoa enquanto voltava a olhar os exames.

Sam a olhou um tanto desconfortável com aquela situação e explicou:

– Sim, dentro de poucos dias na verdade. Antes nós temos que convencer a Mia a vir com a gente. Mas eu precisava te ver e não pude esperar. Eu sei o que isso parece, mas eu não vim aqui só para me despedir, Meredith. Eu achei que te devia uma explicação sobre as coisas que Silas disse quando ele se passou por... Jessica.

– Todos nós temos coisas tristes em nossas vidas, Sam. Alguns mais, outros menos. E eu sinto muito por tudo o que você passou, por Jessica, e por tudo que te trouxe até aqui, que te tornou a pessoa e o caçador que você é hoje. E acredite, eu entendo. Por isso, não se preocupe. Você não me deve nenhuma explicação. - esclareceu ela.

Sam segurou a mão da doutora fazendo com que Meredith finalmente olhasse para ele.

– Então por que eu sinto que de alguma forma eu te magoei e devo me explicar? - indagou ele.

Meredith o olhou por alguns instantes, soltou a sua mão e encostou as costas na cadeira antes de responder:

– Sam, o que me magoou foi perceber que você não confia em mim o suficiente para compartilhar a sua vida comigo.

– Meredith... Eu...

– Me escuta. - interrompeu ela - Eu entendo que você queira me proteger, Sam. Mas eu não sou a Jessica... Eu sei que o sobrenatural existe, eu cresci neste mundo e eu sei lidar com tudo isso. Mas a verdade é que você não confia em mim. Você não acredita em mim.

– Não se trata de confiança ou de acreditar. - discordou ele - Se trata de... Se acontecesse alguma coisa com você, eu nunca me perdoaria, Meredith.

– Sam, geralmente eu não falaria isso, mas você e o seu irmão só estão vivos porque eu armei contra Silas. Eu peguei a Colt, eu reuni os outros, eu planejei tudo com a ajuda deles, é claro, mas eu estava lá. Ao contrário do que você queria eu não fugi daquela quadra, eu só me escondi e esperei o momento certo de agir. - lembrou ela - E isso prova que eu sei me defender, Sam, e eu sei atacar também. Eu sou exatamente como você. O problema é que depois de tudo que você passou, você não consegue acreditar nisso, você não consegue dividir toda essa coisa... Sobrenatural com outra pessoa que não seja o seu irmão. Eu gosto de você, Sam, eu realmente gosto, mas eu queria ficar ao seu lado nisso tudo e não à sua sombra e sob a sua proteção. Eu não preciso de proteção, Sam. Eu preciso que você acredite que sou capaz de lidar com tudo isso e me deixe adentrar esse muro que você construiu a sua volta depois de tantas decepções, tragédias e... Sofrimentos.

Sam pensou um pouco e disse enquanto lutava internamente consigo mesmo:

– Eu acredito que você é capaz de fazer qualquer coisa, Meredith, mas... Por experiência própria, toda vez que alguém se aproxima de mim, este alguém se machuca. Mais cedo ou mais tarde. E eu não quero que isso aconteça com você também.

– Então você não confia em mim. - repetiu ela - Se você confiasse, você acreditaria que eu posso me defender de qualquer coisa. Mas você tem medo, Sam. Você tem medo de dividir a sua vida com outra pessoa de novo e dar errado de novo. E não só porque você tem medo que o sobrenatural me machuque, mas também porque você tem medo de me machucar por si só. E eu sinto muito porque eu realmente queria que isso desse certo.

Sam a olhou novamente e admitiu com pesar:

– Eu também queria. Mas você está certa, Meredith, eu não consigo compartilhar a minha vida com alguém depois de tudo o que aconteceu comigo.

Ao ouvir isso, Meredith se levantou e abriu a porta. Em seguida desejou:

– Eu espero que um dia você consiga, Sam. Porque seria realmente uma pena que alguém como você passasse o resto da vida sozinho.

Então ele levantou, caminhou até ela e parou na porta. Meredith olhou para o chão e ouviu Sam dizer:

– Se um dia eu conseguir, dividir a minha vida com alguém, você vai ser a primeira a saber. A única a saber.

Em seguida, Sam se aproximou para lhe dar um beijo de despedida, mas a médica virou o rosto. Então ele beijou a sua bochecha e ela fechou os olhos. Ele a olhou mais uma vez e saiu da sala. Meredith fechou a porta e ficou apoiada nela por algum tempo enquanto Sam caminhava pelo corredor com uma expressão triste.





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Notas finais do capítulo

Dean assistiu Tropa de Elite? kkkkkkkkkkkkkkkkk só uma brincadeirinha pra descontrair o ambiente kkkkkkkkkkkkk

Silas voltou pro mar, oferenda kkkkkkkkkkk

E tivemos a resolução (triste) dos relacionamentos de Sam e Meredith e Dean e Bonnie... E Mia terminando com o Cas... Ô dó...

Mas não se preocupem! Se este capítulo foi meio triste, o próximo (que eu já vou postar) eu achei muito fofis e engraçado kkkkkkkkkkkkkk preparem-se para ver Stefan, o conselheiro bêbado... Oi?

Reviews????