Na manhã seguinte, Sam tocou a companhia da mansão Salvatore enquanto Dean resmungou:

– Eu não acredito nisso.

Damon abriu a porta e sorriu com sarcasmo antes de dizer para Stefan que estava logo atrás dele:

– Ei, Stef, olha quem está aqui. Aqueles dois caçadores que a Mia jurou que nunca mais voltariam, que não tinham ideia de onde ela estava e que mesmo que soubessem não viriam atrás dela. Oh! Por favor, entrem, amigos!

– Eu não acredito nisso. - repetiu Dean entrando com o irmão.

– Então somos dois. Ou melhor, quatro. - disse Damon olhando para todos na sala.

– Sam, Dean, como vão? - cumprimentou Stefan estendendo a mão para eles.

Eles hesitaram por alguns instantes, mas por fim apertaram a mão do vampiro.

– Eu estou bem. - respondeu Sam.

– Melhor agora. - disse Dean com um sorriso irônico.

– Eu ofereceria alguma coisa para vocês beberem, mas eu acho que vocês não aceitariam. - brincou Damon enquanto sentava no sofá e bebia um pouco de sangue - O meu gosto é bem mais refinado.

– Nós temos café. - disse Elena entrando na sala - A Mia é meio viciada nele. E suco. Vocês aceitam?

– Obrigado, nós já tomamos café. - dispensou Sam antes que Dean pudesse abrir a boca.

– Sentem-se. - pediu Stefan.

– Nós não vamos demorar. - avisou Dean sentando no sofá e bem longe de Damon.

– Nós viemos falar com a Mia. Ela está? - recomeçou Sam.

– Ela está dormindo no momento. - explicou Elena enquanto bebia algo que Sam e Dean preferiram ignorar.

– Que horas ela costuma acordar? - quis saber Sam.

– Entre às seis e sete horas da noite. - respondeu Stefan enquanto também se servia de um pouco de sangue - Eu sei que parece tarde, mas ela trabalha a noite toda e a madrugada. Ela tem que descansar um pouco, não acham? Depois de tudo que ela passou.

– Tudo o quê? - estranhou Dean.

– Vocês sabem. Tudo. Especialmente o lance do Hotel Califórnia e não ser reconhecida por Castiel. - respondeu Stefan.

Sam e Dean observaram os três bebendo naturalmente e Dean pediu um tanto irritado:

– Ok, será que dá para um de vocês parar de beber... De beber... Isso que vocês estão bebendo e ir acordá-la. Por favor.

– Oh, desculpe, nós estamos te incomodando? - provocou Damon bebendo mais um gole.

Dean levantou e perguntou:

– Tudo bem, onde é o quarto?

– Eu não acho que seja uma boa ideia. - alertou Elena - Ela está cansada. Foi como o Stefan disse, ela trabalhou até de madrugada.

– Posso fazer uma pergunta? - indagou Dean observando os três - De quem é o sangue que vocês estão bebendo?

– Dean... - repreendeu Sam.

– O quê? Você acha que é da Mia? - perguntou Stefan ofendido.

– É verdade que o sangue dela é uma delícia, mas não é o dela que estamos bebendo. - garantiu Damon e enquanto saboreava a bebida, continuou - Este aqui nós roubamos do hospital mesmo. O positivo... Meu favorito.

– Damon... Pare. - pediu Stefan.

– Qual é, little brother? Nós já fomos apresentados. Eles conhecem os nossos hábitos alimentares. Até pensaram em nos matar há alguns meses por causa disso. Mas nós superamos aquilo, não foi? Agora estamos entre amigos, não? - prosseguiu Damon.

– Onde é o quarto da Mia? - prosseguiu Sam ignorando a pergunta do vampiro - Nós só queremos conversar com ela. Por favor.

– Eu já falei, ela está dormindo. Não é um bom momento. - insistiu Stefan.

– Eu não vou perguntar de novo. - avisou Dean.

– Meu Deus! Mas por que tanta desconfiança? - perguntou Damon - Só por que nós somos vampiros? Que preconceito...

– Não, não é porque você são só vampiros. É porque vocês são três vampiros abrigando uma garota que aparentemente está dormindo e vocês não podem acordá-la ou nos dizer onde é o quarto dela. - respondeu Dean ainda mais desconfiado - O problema é que nós não vamos sair daqui enquanto não falarmos com ela. Ou pelo menos vermos se ela está bem. Então ou vocês nos mostram o quarto ou nós vamos ficar aqui até seis... Sete horas da noite e durante todo esse tempo vocês terão que nos fazer sala.

Damon parou de sorrir e se rendeu:

– Ok, eu mostro onde é o quarto.

Elena colocou a mão em seu ombro e disse:

– Pode deixar. Eu acompanho eles.

Stefan e Damon ficaram na sala enquanto Sam e Dean seguiram Elena. Subiram as escadas e logo chegaram no corredor. Elena bateu na porta do quarto de Mia algumas vezes e como garota não atendeu, ela disse:

– Eu falei. Ela está dormindo. Vocês deviam voltar mais tarde.

Sam e Dean se entreolharam desconfiados e Dean pediu:

– Será que você poderia nos dar alguns minutos?

– Tudo bem. - concordou ela voltando para o andar de baixo.

Sam bateu na porta enquanto chamava:

– Mia... Abra a porta. Somos nós.

E novamente a garota não atendeu.

– Talvez ela esteja mesmo cansada, Dean. - disse o mais novo.

– Ou talvez esteja amarrada, desacordada e fraca porque aqueles vampiros lá embaixo estão bebendo o sangue dela há semanas. - imaginou o mais velho.

Sam riu e lembrou:

– Dean, você sabe que aqueles vampiros lá embaixo estão nos ouvindo neste exato momento, não sabe?

– Ótimo. É bom que eles estejam ouvindo, Sammy. Especialmente o Damon, aquele idiota. - resmungou o outro.

Na sala, ao ouvir isso, Damon disse:

– Agora ele feriu os meus sentimentos.

– Você pode confiar neles, Sammy, mas eu acho que nunca vou conseguir. - confessou Dean batendo novamente na porta.

– Você devia fazer um esforço, Dean. - aconselhou o irmão.

– Por quê? - indagou ele.

– Porque a Mia confia. Ela veio morar com eles, não veio? - ressaltou Sam.

– E quem garante que ela não foi compelida, Sammy? - indagou Dean.

– Ela parecia compelida para você? - duvidou Sam.

Dean pensou um pouco e admitiu:

– Não.

Em seguida ele girou a maçaneta e avisou:

– Mia, sou eu. Nós, na verdade. Estamos entrando. Com licença...

E então Sam e Dean pararam constrangidos ao perceber que Mia realmente estava dormindo.

– Dean, vamos voltar mais tarde. - sugeriu Sam.

– Nós precisamos falar com ela o quanto antes, Sammy. Você sabe por que. - e se aproximando da cama, a chamou - Mia... Acorde...

– Eu não estou dormindo, gênio. - disse ela ainda de olhos fechados e enquanto se virava pro outro lado da cama - Vocês me acordaram. Obrigada por isso.

– Desculpe, Mia... - lamentou Sam - Dean, vamos...

– Ela disse que está acordada, Sammy. - disse Dean enquanto ia até a janela e abria as cortinas.

Mia se cobriu e resmungou:

– Por favor... Eu quero dormir... Voltem mais tarde.

– Ok... - concordou Dean fechando as cortinas de novo - Desculpe... Mas só responda uma coisa. Eles estão bebendo o seu sangue?

– Não seja idiota, Dean... - resmungou ela com a voz sonolenta.

– Isso é sim ou não? - quis confirmar ele enquanto ele e Sam se aproximavam da porta.

Mia sentou e jogou um dos travesseiros nele antes de responder:

– Não. Agora dá o fora daqui.

– Bom dia pra você também... - provocou Dean enquanto fechava a porta.

Mia deitou e voltou a dormir. Os dois passaram pela sala em direção a porta e Dean avisou:

– Nós vamos voltar mais tarde.

– Claro... Fiquem à vontade, amigos. - disse Damon - As portas desta casa estão sempre abertas para vocês.

– É mesmo? - duvidou Sam.

– Não... - respondeu Damon enquanto os dois deixavam a casa.

– Eu ainda não estou convencido, Sammy. - confessou Dean do lado de fora.

– Ela só está cansada, Dean. Você mesmo viu. Mais tarde nós voltamos e conversamos com ela sobre... Aquele assunto. - propôs o Winchester mais novo.

– Que seja... - assentiu Dean entrando no Impala - Quer saber? Eu estou morrendo de fome.

– Dean, você acabou de tomar café. - lembrou Sam.

– E? - indagou o outro.

– Esquece... - desistiu Sam.

Mais tarde o despertador tocou e Mia esticou o braço para desligá-lo. Viu que era seis horas da tarde. Hora de levantar e ir para o Mystic Grill de novo.

Ficou deitada na cama por mais alguns minutos olhando para o teto. Em seguida olhou para a poltrona ao lado da cama. Precisava se livrar dela o quanto antes. Toda noite pensava isso, mas nunca tomava coragem.

Ouviu um ruído no quarto ao lado e sentou na cama. Pouco tempo depois bateu na porta do quarto de Stefan e ele abriu.

– O que você está fazendo? - perguntou ela vendo uma mala em cima da cama.

– Exatamente o que você está pensando. - respondeu ele enquanto abria o guarda-roupa, pegava algumas roupas e colocava na mala.

– Ah não... - discordou Mia sentando na cama - Você não pode ir embora. Se você for embora o que vai ser de mim nessa casa? Segurando vela...

Stefan a olhou e Mia lamentou:

– Desculpe.

– Está tudo bem, Mia. - tranquilizou o vampiro.

– Não, não está tudo bem. Você está indo embora. Isso não é nada bom. - discordou a garota.

– Do jeito que você fala parece que eu estou indo para a guerra. - brincou Stefan.

– E pra onde você vai? - quis saber Mia.

– Pra um hotel. Aliás, pro mesmo onde os Winchester estão hospedados. Como você acha que eles vão reagir à isso? - perguntou ele sorrindo.

– Acho que eles vão gostar. - respondeu Mia e Stefan sorriu incrédulo - O quê? No fundo, bem lá no fundo, eles gostam de você. - garantiu Mia o fazendo rir - O quê? Eu estou falando sério... No fundo, eles até gostam um pouco do Damon.

– Eu duvido... - discordou Stefan - Mas isso não importa. Eu quero saber de você. Como você está?

– Bem. - respondeu a garota.

– Mesmo? - duvidou ele.

– Eu estou ótima, Stefan. - afirmou ela se levantando - Eu vou me arrumar e te dou uma carona até o hotel.

– Na verdade, Sam e Dean já estão lá fora te esperando. - avisou o vampiro.

– Lá fora? Por que eles não entraram? - estranhou Mia.

Stefan sorriu e Mia entendeu por que.

– Damon. - deduziu ela se virando para sair do quarto e dando de cara com o vampiro parado na porta - Falando no diabo...

Damon sorriu com desdém e quando ela saiu do quarto, ele perguntou ao irmão:

– O que você está fazendo?

– Você sabe. - respondeu Stefan fechando a mala.

Quando ele ia passar pela porta, Damon ficou no seu caminho e tentou dizer alguma coisa:

– Stefan...

– Está tudo bem, Damon. - tranquilizou ele colocando a mão no ombro do irmão - Sério. Eu não estou com raiva de você ou da Elena. Eu só não posso mais continuar aqui. Você consegue entender isso? Nessa casa... Segurando vela.

Stefan sorriu e saiu do quarto, mas parou quando Damon disse:

– Desculpe... Stefan. Eu realmente sinto muito. Por tudo.

– Não é sua culpa, Damon. Não é culpa de ninguém. Está tudo bem. Eu só preciso me afastar um pouco disso tudo. A gente se vê por aí. - disse ele antes de descer as escadas e sair da casa.

Enquanto isso, Mia entrou no Impala e perguntou:

– Então, o que vocês dois querem tanto falar comigo?

– Primeiro, bom dia, Sunshine! - brincou Dean.

Mia pensou um pouco e respondeu:

– Sabe, você e o Damon têm mais coisas em comum do que podem imaginar.

– Como assim? - estranhou ele.

– Os dois têm a adorável capacidade de me deixar irritada. - explicou a garota.

– Eu devo encarar isso como um elogio? - perguntou ele.

– Esquece, Dean... - pediu ela enquanto ele ligava o carro e dava partida - Então, me atualizem. O que aconteceu com o Crowley?

– Ele sumiu. - respondeu Sam.

– Como assim sumiu? - quis entender ela.

– Quando nós voltamos para a igreja aquela noite, ele não estava mais lá. - explicou Sam - Como eu não terminei de curá-lo, ele não pode ter saído da armadilha do diabo sozinho. Nós achamos que algum outro demônio o ajudou a escapar. De alguma forma... Sei lá.

– Nossa vez! - anunciou Dean - Nosferatu?

– Klaus foi para New Orleans. - contou Mia.

– Sério? Por quê? - interessou-se Sam.

– Eu não sei direito, mas eu ouvi dizer que ele vai ser pai. Acho que isso mudou a perspectiva dele sobre dominar o mundo. Você sabe, pra que continuar em Mystic Falls, onde 99% das pessoas não gostam dele, quando ele pode construir um novo império em New Orleans? - expôs a garota.

– Quer dizer que a Caroline vai ter um vampirinho? Eu nem sabia que vampiras podiam engravidar. Bizarro... - estranhou Dean.

– E não podem, gênio... Klaus vai ter um filho com uma loba... Hayley, se eu não me engano. - esclareceu Mia - A Caroline está com o Tyler, um híbrido que o Klaus estava perseguindo desde... Sempre, eu acho.

– E a Barbie? - indagou Dean.

– Fugiu com o Ken. - respondeu Mia.

– O quê? - perguntou Sam confuso.

– Rebekah foi embora com o Matt depois da formatura. - explicou ela - Foi por isso que eu consegui o emprego no Mystic Grill. Eu fiquei com a vaga dele.

– Engraçado, eu sempre achei que a Barbie e o Stefan tinham alguma chance... - refletiu Dean - Mas estou feliz por Elena finalmente ter se decidido. Garota complicada... E por Klaus ter ido embora. Se bem que eu acho que devemos passar em New Orleans qualquer dia desses pra checar o que ele anda fazendo por lá.

– E Meredith? - interessou-se Sam.

– Continua trabalhando no hospital, linda e... Solteira.- insinuou Mia - Às vezes, ela me pergunta sobre você.

– Sério? - animou-se Sam - E o que você diz?

– Ah! Eu contei pra ela sobre o seu problema com palhaços. - respondeu a garota naturalmente.

– Mia... Você não... Fez isso... - desesperou-se ele.

– Está tudo bem, Sam, ela é médica. Inclusive ela me contou que existe um termo técnico para esse tipo de medo... É Coulrofobia. Não entre em pânico, ela achou fofo. - acrescentou ela.

– E Bonnie? - perguntou Dean.

Mia parou de sorrir e ficou em silêncio. Não sabia como ia dizer aquilo para Dean então resolveu que era melhor mentir:

– Eu não sei onde ela está, Dean. Ninguém sabe, aliás. Ela simplesmente desapareceu.

– Como assim? - preocupou-se ele.

– Desde a formatura ninguém mais teve notícias dela. Talvez ela tenha saído da cidade... Eu não sei. Sinto muito. Acho que ela foi embora sem se despedir de ninguém. - relatou a garota.

– Como você. - observou Dean parando o Impala em frente ao Mystic Grill - Tem certeza que você não quer perguntar sobre aquele alguém? - insinuou ele se virando para ver Mia no banco de trás.

– Tenho. - garantiu ela abrindo a porta do carro e saindo.

– Certeza absoluta? - insistiu Dean saindo do carro seguido pelo irmão.

– Sim. - respondeu ela.

– Certeza absoluta daquelas bem absolutas mesmo sem nem uma sombra de dúvida? - insistiu Dean.

Mia parou, se virou e respondeu:

– Ok. Fale.

– Mas você quer mesmo saber? - perguntou Dean.

– Não, mas você quer mesmo contar. - respondeu Mia - Então vá em frente. Conte.

Dean pensou um pouco e disse:

– É melhor deixar pra outra hora.

– Outra hora? - repetiu ela receosa - Por favor, se vocês vão ficar mesmo por tempo indeterminado em Mystic Falls, pelo menos usem verbena, ok?

Dean sorriu e mostrou que usava a pulseira que Meredith tinha lhe dado quando eles vieram para a cidade pela primeira vez. Sam fez o mesmo e em seguida perguntou:

– Você contou mesmo para Meredith sobre o meu medo de palhaço?

– Coulrofobia. Sim. Mas não se preocupe, foi como eu disse, ela achou fofo. E sexy. - respondeu Mia.

– Ela achou o meu medo de palhaços "sexy"? - duvidou Sam.

– Não, eu só disse isso para você se sentir melhor. - admitiu ela - Mas, se serve de consolo, ela gosta do seu cabelo. Eu particularmente acho que... Deixa pra lá. Então, vocês queriam me contar alguma sobre um caso? Que caso?

Dean olhou no relógio e sugeriu:

– Podemos tomar um café antes de você começar a trabalhar?

Mia sorriu e respondeu animada:

– Café? Você ainda pergunta?

Os três entraram no restaurante e tomaram o café em silêncio até que Mia se deu por vencida e admitiu:

– Ok, eu quero saber. Sobre aquela pessoa.

– Castiel? - quis confirmar Dean.

– Sim. Por quê? Por acaso ele tem outro nome? - indagou ela.

– Na verdade, sim. - respondeu Dean para sua surpresa.

– Como assim? - estranhou Mia.

– Bem, nós o encontramos depois daquela noite. Uma semana depois mais ou menos. - começou a explicar Sam.

– E como ele estava? - quis saber ela.

– Vivendo em um trailer. Quase como um hippie. - contou Dean.

– Vocês estão falando sério? - duvidou Mia sem conseguir imaginar Castiel daquela forma.

– Dean está exagerando. - amenizou Sam.

– Exagerando? - repetiu Dean e depois de alguns instantes continuou - Tem mais. Ele acha que se chama Jimmy Novak e que é um professor de História.

Mia ficou séria por alguns segundos e depois começou a rir. Sam e Dean a olharam sem entender qual era a graça.

– Desculpe... - pediu ela tentando conter o riso - Mas eu não consigo imaginá-lo desta forma. Se vocês me dissessem que ele virou professor de ensino religioso talvez eu aceitasse, mas História? Sério?

Mia começou a rir novamente e tomou mais café.

– Pensa bem, Mia. - recomeçou Sam - Faz sentido. Ele pode não saber quem é, mas ele viveu muitas coisas, presenciou muitas coisas. A criação de tudo. Todas as guerras, conquistas, nascimentos de civilizações, de cidades... Talvez a memória histórica dele não tenha sido afetada.

– Ok, talvez. Mas por que Jimmy Novak? - estranhou ela.

– Outra prova de que as lembranças dele ainda estão lá em algum lugar. - respondeu Sam - Jimmy Novak era o nome do receptáculo.

– Do quê? - não entendeu a garota.

– Da casca. Do sujeito que o Cas possuiu quando veio pra Terra. - explicou Dean.

– Ok... Esqueçam. Quer saber? Não importa. Se Castiel acredita que é outra pessoa e está tentando recomeçar, ótimo pra ele. Que ele seja feliz. Agora me contem sobre o tal caso. - pediu ela.

Sam e Dean se olharam e Sam respondeu:

– Nós já estamos fazendo isso, Mia.

– O quê? Como assim? O que Castiel ou Jimmy Novak tem a ver com o trabalho que vocês disseram que tinham pra mim? – quis entender ela.

Os irmãos se entreolharam de novo e Sam respondeu:

– Tudo.

Como ela continuou sem entender Dean esclareceu:

– Mia, nós precisamos da sua ajuda para fazer o Cas voltar a ser o Cas. Recuperando a memória dele, em primeiro lugar.

– O quê?! - surpreendeu-se ela elevando a voz - Vocês ficaram loucos?!

Mia ia levantar quando Dean segurou o seu braço. Ela sentou de novo e ele continuou:

– Eu sei que nós estamos te pedindo muito. Mas você é a única que pode nos ajudar.

– Por quê? - duvidou ela.

– Por que ele tem sentimentos por você. - respondeu Sam - Talvez esta parte dele ainda esteja lá e possa ser a chave pra ele lembrar de tudo.

– Talvez? - repetiu ela sentindo um nó na garganta - Ele nem me reconheceu naquela noite.

– Talvez você tenha desistido cedo demais. Você deveria ter ficado e lutado, Mia. - disse Sam a fazendo parar de repente - O que foi?

– Sabe, você e o Stefan têm mais coisas em comum do que podem imaginar. - respondeu ela.

– Como assim? - estranhou ele - Não importa... Me escuta.

– Não... Me escutem vocês. - pediu ela - Vocês estão me pedindo para fazer o quê exatamente? Me reaproximar? Manipular os meus sentimentos por ele e os dele por mim, se é que ele realmente gostava de mim de verdade, para fazê-lo se lembrar? Como? Vocês querem que eu... O seduza, é isso?

– Não, não é isso. - discordou Sam.

– Na verdade, sim. É isso. - concordou Dean.

– Isso é loucura... E cruel... E não vai funcionar. Eu não posso fazer isso... E mesmo que eu pudesse, mesmo que eu conseguisse... Eu não sei onde ele está. - disse ela.

– Mas nós sabemos. - lembrou Dean.

– Onde? - perguntou Mia sem perceber.

Eles ficaram em silêncio e Mia estranhou.

– Onde ele está? - perguntou ela novamente depois de alguns instantes, embora já desconfiasse da resposta.

Sam e Dean se olharam mais uma vez antes de Sam revelar:

– Aqui. Em Mystic Falls.

Mia ficou sem reação.