Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 19
Muito além da verdade




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Assim que o X-Jato começou a pousar, um calafrio percorreu pelo corpo de Vampira. Além da ansiedade, esta foi a primeira vez que ela voltou ao sul do país, desde que ela tinha fugido de casa.

- A pista de pouso fica a dois quilômetros da mansão dos ladrões. Teremos que continuar o percurso pelo lago – Henri apontava para a pista lá fora.

“Lago?”, Vampira pensou. Ela não fazia ideia de para onde estava indo, e começou a se indagar ainda mais sobre onde Gambit estaria.

Assim que o jato pousou, todos se levantaram e se prepararam para desembarcar. Quando pisaram em terra firme, eles se surpreenderam com o local, principalmente a Vampira: eles haviam chegado a um pântano tenebroso. Já era final da tarde, e as luzes do fim do dia colaboravam para que o ambiente tivesse um aspecto de filme de terror.

- Que lugar é esse? – Kitty disse com uma expressão de nojo, ao ver que suas botas já estavam sujas de lama.

- Bem-vindos ao Pântano Médio! Essa é propriedade dos ladrões, por enquanto – Henri passava à frente – Eu sugiro que todos fiquem atrás de mim e tomem cuidado para não se perderem. Esta região está cheia de armadilhas, então fiquem atentos!

- Para onde estamos indo exatamente? – Disse Tempestade.

- Vamos para a mansão, a sede dos ladrões. Daqui a alguns minutos estaremos lá.

Sendo assim, Henri deu início à sua caminhada, seguido pelos X-Men. Todos já tinham começado a se mover, exceto Vampira. Ela ficou observando aquele local com um olhar de espanto, não acreditando que Remy poderia estar em algum lugar não tão distante dali.

- Algum problema, Vampira? – Logan percebeu o estranhamento da garota.

- Não é nada... – Vampira tentou esconder o seu pavor. Logo, ela passou à frente de Logan, e começou a seguir os outros X-Men.

Eles caminharam por dez minutos até que se depararam com um grande lago. Próximo à margem, havia um homem em uma lancha, que estava à espera de Henri e seus convidados. Assim que os avistou, o homem desceu da lancha e foi se encontrar com o Henri. Eles se abraçaram e começaram a conversar em francês, o que causou certo desconforto aos X-Men, que estavam apenas observando.

- O que eles estão dizendo? – Disse Bobby.

Antes que alguém pudesse respondê-lo, Henri e o seu amigo se aproximaram do restante.

- Esse é o Pierre, ele vai nos levar até a mansão – Henri apresentou o seu amigo aos X-Men.

Apesar de estarem perante a um estranho dotado de uma aparência não muito confiável, eles decidiram arriscar. Vampira, que estava um pouco assustada, permaneceu atrás, ao lado de Logan. Ela não sentia medo, mas ficou perplexa ao imaginar que Remy poderia ter vivido a maior parte de sua vida naquele lugar assombrado.

Já que não podiam perder tempo, todos subiram na lancha e foram rumo à mansão dos ladrões. Assim que avistou algumas luzes em meio ao pântano, Vampira, que estava sentada, se levantou e enxergou a sede dos ladrões. Era uma grande mansão, mas não tão imensa quanto à do Instituto. Além disso, ela era velha e combinava perfeitamente com aquele cenário.

- Remy morava aqui? – Vampira perguntou com um olhar surpreso.

- Ouí. Nós dois crescemos e vivemos a maior parte de nossas vidas aqui – Disse Henri.

De repente, Vampira começou a se sentir mal. O passado de Remy era, de fato, mais lamentável que o seu. Ela começou a imaginar uma criança vivendo naquele ambiente hostil. Não era à toa que Remy parecia confuso às vezes.

- E eu achava que a minha vida era ruim... – Vampira disse consigo mesma. Ela começou a se sentir um pouco egoísta. Talvez a luta pela sobrevivência fizesse com Remy cometesse seus terríveis erros no passado. Mas ela não deu a ele nenhuma chance para se explicar. Ao ver aquele cenário, Vampira também começou a acreditar que Gambit sentia vergonha de seu passado, e por isso ele não queria revelá-lo a ela.

Já tinha anoitecido quando eles chegaram à mansão. Havia poucos guardas no local, e Vampira estranhou este fato, já que lá era a sede oficial do clã dos ladrões. Assim que entraram, Henri e o seu amigo Pierre levaram os X-Men para uma grande sala, onde todos os principais membros do clã estavam reunidos. Todos ali presentes encaravam os visitantes com um olhar intimidador, já que não estavam acostumados a receber visitas.

- Quem são essas pessoas? – Kitty cochichou com a Vampira.

- Devem ser os parentes do Remy.

Assim que Vampira respondeu à amiga, os seus olhos encararam um homem que estava do outro lado da mesa. O homem se parecia com o Henri. Era mais velho, tinha cabelos grisalhos e estava sentado em uma cadeira de rodas. Além disso, o homem parecia estar muito doente para estar ali presente naquela reunião. De imediato, Vampira imaginou quem aquela pessoa poderia ser.

- Bonne nuit, mes amis! – Henri deu início à reunião – Conforme havia suspeitado, Remy está com os assassinos.

Assim que Henri confirmou a notícia, as pessoas na mesa se entreolharam.

- Por isso eu trouxe essas pessoas. Elas são mutantes, assim como o Remy, e estão dispostas a nos ajudar – Henri apontou para os X-Men, que preferiram ficar em pé durante a reunião.

Logan, que já estava começando a ficar impaciente, decidiu intervir.

- Eu sugiro que pulemos as cerimônias para irmos direto ao assunto.

- Logan! – Tempestade tentou o corrigir.

- O Logan está certo! – Vampira passou à frente – A cada segundo desperdiçado, a vida de Remy pode estar mais em perigo!

No entanto, o apelo de Vampira não surtiu efeito sobre os ladrões. Eles pareciam estar muito calmos com a situação, enquanto o homem da cadeira de rodas tentava não mostrar a sua preocupação.

- Qual é o problema de vocês? Parece que nem estão se importando! – Vampira começou a se irritar com a indiferença entre eles.

- Remy não é mais um de nós – Um dos homens da mesa se manifestou – Ele saiu do clã por conta própria, então por que temos que nos preocupar com ele?

- Não diga idiotices, Emil! – Henri disse com um tom irritado – Remy ainda é um de nós!

- Faz anos que não temos problemas com os assassinos, e todos nós aqui sabemos o que Belladonna quer com ele. Então por que ainda insistimos em arriscar um confronto? – O homem ainda insistia.

- Porque Remy é precioso para nós e não podemos perdê-lo para ninguém, muito menos para os assassinos!

Vampira começou a ficar confusa. Ela não entendeu muito bem o que Henri queria dizer com aquilo.

- Aliás, você gastou muito tempo tentando trazê-lo de volta. Quem garante que ele ficará com a gente assim que for libertado? – Emil continuava insistente.

- Esperem! – Ao ouvir esta última fala, Vampira se assustou – Desculpe-me, mas o que vocês querem dizer com isso?

- Eu explico! – O velho finalmente se manifestou – Meu nome é Jean-Luc LeBeau, líder dos ladrões. Remy é meu filho, e eu preciso que ele volte.  

As palavras daquele homem comoveram Vampira. Ela recuou, mas desconfiou que o motivo para querer o filho de volta não era apenas por amor paterno.

- Não se preocupe, senhor LeBeau. Nós o traremos de volta! – Disse Tempestade.

- Merci, mademoiselle! Não imagina o grande favor que vocês estarão fazendo ao clã!

- Ao clã? – Vampira estranhou – Pensei que o senhor quisesse apenas que o seu filho voltasse para casa.

- Ouí. Como você pode ver, eu não tenho mais condições para liderar, e Remy é a pessoa certa para assumir o clã.

- O Remy? – Vampira ficou confusa – Me desculpe, eu não conheço as regras da família, mas geralmente é o filho mais velho que assume a posição do pai.

Ao ouvir as palavras de Vampira, Henri sentiu um desconforto e abaixou a cabeça.

- Ouí. Mas este é um caso especial...

- O que quer dizer?

- Remy é muito poderoso. Com os seus poderes mutantes, nós, todos os ladrões, seremos invencíveis novamente! – O patriarca dizia com convicção.

Os olhos de Vampira se arregalaram, mas não por surpresa, e sim por raiva. Ela, enfim, descobriu o porquê daquele desespero para ter Remy de volta à família.

- Então é isso!? Vocês querem usá-lo?

- Vampira! – Tempestade, assim como os outros X-Men, se assustou com a atitude de Vampira.

- Eu sabia que havia alguma coisa errada! Vocês querem manipulá-lo de novo, assim como fizeram a vida inteira! – Vampira sentia raiva daquelas pessoas cada vez mais.

- Não tínhamos escolha... Desde criança, quando ele começou a lutar pelo clã...

- Você faz idéia do que está dizendo!? – Vampira o interrompeu – Você está falando de uma criança! Você adotou um órfão não só por caridade, não é mesmo?

Um reboliço começou a surgir entre as pessoas na mesa. Os olhos do senhor Jean-Luc se arregalaram perante a ousadia daquela garota. Mas, de alguma forma, ela estava certa.

- Vampira, se acalme! Não viemos aqui para comprar briga com essa gente! – Logan tentou acalmá-la.

- Mas Logan, isso está errado! – Vampira se virou para ele – Eu vou encontrar o Remy, mas não para devolvê-lo a estes aproveitadores!

- Mas você já pensou na possibilidade do Gambit decidir voltar por conta própria?

Logan estava certo. Realmente havia esta possibilidade. Vampira desviou o olhar e ficou pensativa. Aliás, o pai de Remy estava doente, e ela tinha até se esquecido disto quando o confrontou. Ela não teria o direito de obrigá-lo a fugir de suas responsabilidades.

- Eu só quero que o Remy fique bem, Logan. E eu vou fazer o possível para salvá-lo agora – Assim que levantou a cabeça, Vampira saiu da sala.

Vampira começou a caminhar sem rumo pela mansão. Agora, mais do que nunca, ela queria que o seu homem estivesse a salvo. Seus olhos começaram a lacrimejar quando ela começou a imaginar a dor que Remy sentira a vida inteira. Além de ter sido manipulado pelo clã por todo este tempo, ele ainda carregava um fardo muito pesado. Vampira começou a se arrepender ainda mais por tê-lo chamado de covarde.

- Vampira! Para onde você pensa que está indo? – Logan ia atrás dela, juntamente com o Henri e os outros X-Men.

- Estou indo atrás do Remy, oras! – Vampira continuou caminhando sem olhar para os outros.

- Isto ainda não responde a minha pergunta!

De repente, Vampira parou e olhou para o Henri.

- Onde fica a sede dos assassinos? Imagino que ele esteja lá.

- Pântano Lua de Sangue. Isso fica a alguns quilômetros daqui, mas não muito longe.

- Mas mesmo com os seus poderes, você nunca terá chance com um ataque direto – Disse um jovem que acabara de chegar.

- Esse é Etienne, é o meu filho – Henri o apresentava para os X-Men.

- Então o que você sugere? – Bobby preferiu intervir na discussão.

- Primeiro vocês têm que saber para onde estão indo – Disse o jovem.

- Sim, nós sabemos disto! É o Pântano Lua de Sangue. Não é isso que o seu pai falou? – Indagou Tempestade.

- Ouí. Mas eu quis dizer que vocês precisam conhecer o local. Vocês não fazem idéia de quem são os assassinos. Lá está infestado de guardas e armadilhas!

- Algum de vocês já foi até lá? – Vampira começou a ficar um pouco preocupada.

- Já fui lá algumas vezes – Disse Henri – Mas não o suficiente para estudar cada detalhe da mansão. Se o Remy está lá, então deve estar em algum lugar muito escondido.

- Então como chegaremos lá? – Perguntou Kitty.

- Do jeito tradicional! – Disse Logan que já estava com as garras à mostra – Vamos capturar um dos assassinos e interrogá-lo. Depois invadiremos o lugar!

- Não Logan! Eu tenho uma idéia melhor! – Disse Vampira, enquanto olhava para as suas mãos enluvadas.

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Em um típico bar boêmio de Nova Orleães, havia um homem sentado próximo ao balcão. Ele bebia enquanto conversava com outro rapaz. Ele era forte e robusto, e parecia que todos ao seu redor o respeitavam.

De repente, uma atraente mulher entrou no bar. Ela usava uma camisa decotada, uma mini-saia, meia arrastão, e calçava uma bota que ia até os joelhos. Também vestia um sobretudo, que estava aberto, a cobrindo até os tornozelos. Além disso, usava um lenço enrolado em seu pescoço e um par de luvas. E o mais curioso era que aquela linda mulher tinha duas mechas brancas.

Assim que avistou o homem no balcão, Vampira foi em direção a ele. Chegando lá, ela se sentou ao lado dele e pediu uma bebida ao barman. Imediatamente, o homem notou a presença daquela irresistível garota. Vampira sorriu e piscou para ele quando viu que estava sendo observada.

- Bonne nuit, chèrie. Está sozinha? – Disse o homem enquanto se aproximava dela.

- Não mais... – Vampira sorria.

O homem sorriu ao ouvir a resposta de Vampira, e começou a ficar interessado cada vez mais.

- Posso te fazer companhia?

- Talvez em um lugar mais discreto – Vampira disse maliciosamente enquanto passava a sua mão pela coxa do homem.

Em seguida, ela se levantou acompanhada pelo homem, o segurando pelo colarinho da camisa. E juntos, eles foram para o banheiro.

Chegando lá, em um banheiro vazio, o homem agarrou Vampira pela cintura. Ela se virou para ele e conseguiu se soltar. De repente, ela abriu a porta de um dos banheiros e o empurrou para dentro dele. O homem se sentou em cima da privada, e em seguida, Vampira se sentou no colo dele.

- Você é rápida! Eu gosto disso! – Disse o homem que estava entre as pernas de Vampira.

- E você nem sabe o quanto! – Vampira, imediatamente, o beijou.

Enquanto o beijava, Vampira viu uma enorme fortaleza escondida em meio a um pântano tão tenebroso quanto ao dos ladrões. Ela também pôde ver que havia muitos guardas armados até os dentes. De repente, ela começou a enxergar o interior da casa. Havia muitos corredores e quartos. Mas um quarto específico lhe chamou a atenção: por atrás da porta, tinha um homem deitado de bruços em uma cama. Vampira se assustou quando viu a imagem do rapaz. Quando abriu os olhos, ela retornou para a realidade, e sentiu um homem se retorcendo enquanto a beijava.

Vampira parou de beijar o homem. Ela já tinha descoberto o suficiente. Este foi o plano de Vampira. Capturar um assassino, como Logan queria fazer, teria sido muito arriscado. Então, o mais prático seria encontrar com um dos assassinos para, em seguida, persuadia-lo com seu charme feminino, e fazer com que seus poderes completassem o plano.

- Espero que não tenha dor de cabeça quando acordar! – Disse Vampira ao homem desmaiado.

Vampira saiu do banheiro apressadamente. E quando conseguiu deixar o bar, ela avistou um carro preto estacionado do outro lado da rua, e foi imediatamente até ele. Assim que entrou, ela se deparou com Henri, Logan e Ororo lá dentro, todos com uma expressão de ansiedade.

- E então? Como foi?

- Eu vi o Remy! Eu sei como chegar até ele! 


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Notas finais do capítulo

Pessoal, me desculpe pela enrolação! xD kkk
Prometo que no próximo capítulo acontecerá o resgate, lembrando que a fic já está em sua reta final! ; - )

Obrigada pela leitura! :-)