Assim que desceu do taxi, Vampira enxugou as suas lágrimas e entrou apressadamente na mansão. Ela não queria que ninguém a visse chegando, já que a decepção era bem evidente em seu rosto. No entanto, quando chegou à sala, ela se deparou com Jubileu.

- Oi Vampira! Você já chegou? Pensei que você passaria o fim de semana inteiro com o Gambit!

Vampira não a respondeu. Apenas a ignorou, e continuou andando rapidamente em direção ao seu quarto. Contudo, a sua reação causou mais estranhamento em Jubileu, fazendo-a chegar à conclusão de que alguma coisa estava errada.

Preocupada com a amiga, Jubileu decidiu ir falar com a Ororo, na esperança de que ela já soubesse alguma coisa sobre a Vampira.

Mas assim que ia rumo ao quarto da diretora, Jubileu a encontrou saindo de lá.

- Hey Tempestade! Você já viu a Vampira?

- A Vampira? Não. Ela não passa os fins de semana aqui na mansão – Ororo estranhou a pergunta da jovem.

- Mas eu acabei de encontrar com ela por aqui! Pensei que tivesse vindo para buscar alguma coisa, mas eu tentei falar com ela, mas ela simplesmente me ignorou... Acho que alguma coisa aconteceu!

- Onde ela está?

- Eu acho que ela foi para o quarto.

- Eu vou até lá. Obrigada por me avisar, Jubileu! – Ororo realmente começou a se preocupar.

- Depois não se esqueça de me contar o que aconteceu! – Disse Jubileu após ver a Tempestade partindo em direção ao quarto da Vampira.

Vampira não conseguia conter as suas lágrimas. O seu coração doía cada vez mais quando se lembrava dos detalhes daquela terrível revelação. E o que mais a machucava era pensar que ela estava ali deitada em sua cama e chorando porque alguém, mais uma vez, mentiu e escondeu uma dura realidade dela. E desta vez, esse alguém era o homem que ela realmente amava, mas agora ele não se passava de um mentiroso covarde.

De repente, enquanto chorava agarrada em seu travesseiro, Vampira ouviu alguém batendo na porta de seu quarto.

- Vampira, sou eu, a Ororo! Está tudo bem?

Vampira havia sido descoberta. No entanto, ela também preferiu ignorar o chamado de Tempestade.

- Está acontecendo alguma coisa, Vampira? – Tempestade tentava mais uma vez – Por favor, abra! Estou começando a ficar preocupada com você!

No entanto, os apelos de Tempestade foram em vãos. Vampira permaneceu deitada e chorando, tentando não ouvir os chamados.

Enquanto isso, do outro lado da porta, Ororo continuava batendo e implorando para que Vampira reagisse. Tempestade decidiu persistir, até que o reboliço chamou à atenção de Logan.

- O que está havendo aqui? – Disse ele, enquanto se aproximava de Tempestade.

- Vampira se trancou no quarto e não quer falar com ninguém... Imagino que alguma coisa tenha acontecido entre ela e Gambit.

Após ouvir a Ororo, Logan passou em sua frente, e também começou a bater na porta do quarto.

- Ei, Vampira! O que está acontecendo aí?

Ao ouvir a voz do Logan, Vampira se assustou. A última pessoa que não poderia vê-la naquele estado era ele. Porém, para tentar fugir da situação, ela também preferiu ignorá-lo.

- Ei! Por favor, responda alguma coisa! – Logan começou a ficar mais preocupado – Não me faça arrombar esta porta!

- Logan, por favor! – Tempestade tentava acalmar o temperamento de Wolverine.

No entanto, assim que Logan anunciou tal ameaça, a porta foi aberta. Ao verem a Vampira, eles puderam perceber que os seus olhos estavam inchados e o seu rosto vermelho.

- Vampira, o que aconteceu?

- Nada... Eu apenas discuti com o Remy... – Vampira desviava o olhar

- O que foi que aquele traste te fez !? – Logan começava a ficar furioso.

- Eu só descobri algumas coisas...

- Descobriu o quê? – Além de furioso, Logan agora também ficava confuso.

- Não é nada...

- Como assim “nada”  ?  “Nada” não te deixaria assim neste estado!

- Logan, por favor, se acalme! – Tempestade tentava controlar o amigo – Vampira, nós só estamos preocupados com você!

- Eu vou ficar bem, Ororo. Só preciso de um tempo sozinha...

- Você não quer conversar com um de nós?

- Obrigada Ororo, mas acho que eu realmente quero ficar sozinha agora... – Vampira tentava ao máximo escapar daquela situação.

- Tem certeza que vai ficar tudo bem?

- Uhum!

Vampira não parecia muito convincente, mas Ororo preferiu não insistir.

- Ok... Se precisar de alguma coisa, você sabe onde nos achar!

- Tudo bem... Obrigada! – Vampira sorriu levemente.

Logan também não estava muito convencido, mas achou melhor respeitar o espaço de Vampira, não querendo se intrometer em seus assuntos pessoais. Após se acalmar, ele foi embora com a Tempestade.

Ao fechar a porta, Vampira sentiu um alívio, mas também um estranho peso em seu coração. Ela não sabia o que fazer, e nem conseguia prever o que aconteceria com ela. A tristeza não parecia ter fim. O que ela mais queria era poder esquecer daquilo tudo.

Ela voltou a se deitar, mas não conseguia dormi. Assim que fechava os olhos, ela se lembrava dos acontecimentos daquela manhã. Então, para se desligar daquele momento, ela tomou alguns soníferos e, finalmente, conseguiu dormi.

Já estava anoitecendo quando Vampira, enfim, despertou. Ela acordou assustada, parecendo que havia tido um terrível pesadelo. Mas, infelizmente, o seu pesadelo era real. Além disso, ela sentia uma dor de cabeça insuportável, como se estivesse sofrendo uma ressaca. Sendo assim, ela decidiu se levantar, e ir à cozinha.

Por sorte, ao chegar lá, a cozinha estava vazia. Já que era sábado à noite, boa parte dos moradores da mansão tinha saído. Vampira tomou um copo d’água e também decidiu fazer um lanche. Enquanto se alimentava, ela também pensava em Gambit. Até àquela hora, ele ainda não havia se manifestado para dar-lhe alguma satisfação.

Após terminar o lanche, Vampira voltou para o quarto, e foi tomar um banho. Enquanto isso, ela, de repente, começou a se lembrar dos bons momentos que tivera com Gambit. Ao se lembrar dos acontecimentos, ela sorria. Mas não demorou muito e ela também se lembrou de sua decepção, e a dor voltava a dominar o seu coração. Além do mais, nem ela mesma sabia qual seria o destino de seu relacionamento.

Após sair do banho, já pronta para dormi novamente, Vampira sentiu um forte e familiar perfume dentro de seu quarto. Ela também sentiu a presença de alguém, e quando se virou para janela, ela viu uma pessoa escondida nas sombras.

- O que veio fazer aqui?

Assim que ouviu a pergunta, a misteriosa pessoa saiu das sombras, indo em direção à Vampira. Era Gambit.

- Chérie, por favor, eu preciso falar com você...!

- Remy... – Vampira, por algum motivo, não estava surpresa. Mas ela também não sabia o que dizer. Os seus pensamentos estavam confusos.

- Por favor, me perdoe... Se eu pudesse voltar ao passado, eu mudaria isso tudo!

- Mudaria o quê?  Ter escondido a verdade de mim por todo este tempo! – Vampira começou a ficar irritada.

- Eu tinha medo de te perder... Não sabia qual seria a hora certa para revelar tudo isso! – Gambit tentava se aproximar desesperadamente.

- Remy, você não compreende...! Não imagina o quanto doeu em mim ao descobri por outra pessoa que você tinha sido casado!

- Eu sei, chérie! Mas...

- Você não sabe de nada! – Vampira se afastou e também se segurava para não começar a chorar – Eu te amei e confiei em você, eu te dei a minha virgindade, mas isso não significou nada pra você!

- Isso não é verdade! – Remy começou a ficar mais desesperado.

- Não esconda os fatos de novo, Remy! Você só brincou comigo por todo este tempo! Assim como você deve ter feito com aquela garota...

Remy, imediatamente, entendeu que Vampira estava falando sobre a sua trágica história com a Genevieve.

- O quê? Claro que não! Por favor, Marie, não confunda as coisas!

- Não me chame mais assim! – Os olhos de Vampira já estavam carregados de lágrimas.

Gambit se assustou com a ordem de Vampira, e até pôde sentir o seu corpo tremer. Mas, mais uma vez, ele se aproximou, e a segurou pelos braços, encarando-a em seu olhar.

- Olha, eu sei que o que eu fiz não merece perdão e o meu arrependimento não pode mudar nada... Mas eu era jovem na época, não sabia o que estava fazendo...

- Remy, isso ainda não justifica nada!

- Eu fui um covarde, e ainda sou um covarde! Eu passei a minha vida inteira fugindo de tudo, até que um dia eu conheci você! – Remy ficou sério – Você me fez mudar, chérie. Eu quis me transformar em uma pessoa melhor!

Vampira sentiu sinceridade nas palavras de Gambit, mas a sua dor ainda persistia. Em seguida, ela se soltou e se virou de costas a ele.

- Remy... Você é um monstro! – Vampira disse com uma voz trêmula, enquanto as lágrimas já escorriam pelo seu rosto.

Tais palavras foram como um punhal no coração de Remy. Ele definitivamente ficou sem chão, e sentiu o seu corpo gelar e os seus olhos lacrimejarem.

- Não... chèrie...

- Remy, por favor, vá embora! – Vampira permanecia de costas e de cabeça baixa.

No entanto, Gambit não aceitou a ordem de Vampira. Então, imediatamente, ele foi até ela, virando-a fortemente, e segurou o seu rosto.

- Eu te amo! Eu te amo muito! Por favor, não me deixe!

- Remy... – Vampira ficou sem fala ao vê-lo implorando.

- Por favor ... Me perdoe!

Vampira já podia ver as lágrimas nos olhos de Gambit. A sua clemência realmente a comoveu, mas a dor dentro de si ainda era maior.

- Sinto muito, Remy... Mas eu não posso!

Após ouvir o seu pedido sendo rejeitado, ele abaixou a cabeça e fechou os olhos por instante. Mas de repente, ele a agarrou e a beijou fortemente.

Vampira se assustou com esta reação, e também não a aprovou. Esta, definitivamente, não era a melhor maneira para resolver as coisas naquele momento.

- Remy, por favor... Para !! – Disse ela entre as pausas dos beijos, enquanto tentava se soltar.

No entanto, parecia que Remy não tinha a escutado, e continuou a agarrá-la cada vez mais forte. Vampira relutava, tentando escapar. Ela começou a ficar com raiva, sentindo uma espécie de nojo daquilo tudo. Então, de repente, os seus sentimentos, mais precisamente a raiva, falaram mais alto.

- FICA LONGE DE MIM !!! – Ela gritou, após dar um forte tapa no rosto dele.

Gambit finalmente a soltou e se afastou. Ele começou a encará-la com um olhar perplexo enquanto tocava em seu próprio rosto.

Vampira também se assustou consigo mesma. Ela tinha feito aquilo sem pensar, e começou a se arrepender.

- Remy, eu não queria...

- Não! Eu já entendi... – Remy desviou o olhar e se afastou mais.

Vampira tentou se aproximar, mas Remy se afastava cada vez mais. Ela olhou para as suas mãos, não acreditando no que acabara de fazer.

- Me desculpa...

Antes que Gambit pudesse a responder novamente, uma forte batida na porta os assustou.

- Vampira, o que está acontecendo? – Disse Logan, do outro lado da porta.

Assim que ouviu as batidas, Vampira olhou para a porta, mas quando voltou o seu olhar para Gambit, ele já havia desaparecido.

De repente, Logan invadiu o quarto, já com as suas garras prontas para o ataque.

- Eu ouvi você gritar... O que aconteceu? Quem estava aqui?

Vampira nem se quer olhou para Logan. Seus olhos cheios de lágrimas continuaram olhando para o local onde Gambit estava há poucos minutos.

- Logan,... Ele se foi... Pra sempre!