Eram 17:00, coloquei uma blusa e fui encontrar Annabeth em frente a livraria. Cheguei na livraria e encontrei Annabeth sentando em uma mesa lendo um livro. Ela estava com a blusa da livraria, como sempre. 

- Então... - disse tentando tirar a sua atenção do livro. - que tal você levantar para que possamos ir?

- Tudo bem! - ela levantou e guardou o livro em sua mochila de lado. Ela usava a mesma calça jeans e all star, mas agora estava com uma camiseta roxa. - para onde você está me levando?

- Não sei! - respondi. - onde você quer ir?

- Hum... Você me chama para sair, mas não sabe nem para onde iremos?

- Ahn... - balbuciei. -É! 

- Tá... Que tal o Central Park, é um ótimo lugar para passar um tempo, conversar...

- Perfeito! - respondi. Eu gosto de ir ao Central Park, a minha ex-namorada quase nunca ia ao Central Park, eu gostava de ficar em uma sombra de uma árvore e bater um papo legal, mas ela não gostava pois não queria sentar no chão é "amassar" o vestido novo. Tá... Também tem outro motivo para eu gostar de lá: vende sorvete azul. 

Caminhamos até o Central Park. Annabeth sentou-se no gramado e eu sentei ao seu lado. Dessa vez os seus cabelos loiros estavam soltos. De onde estávamos dava para ver ao longe o castelo Belvedere.

- Eu adorava ir ao castelo Belvedere quando pequena com o meu pai - disse Annabeth apontando para o mesmo. - O lugar é lindo, foi construído em pedras. O castelo até parece ter saído de um conto de reis e princesas. Não só pela sua arquitetura perfeita, que reproduz o modelo de um castelo tradicional, mas também pelo seu enquadramento na paisagem. Fica ao pé de um lago - o Turtle Pondo - que como o nome indica, tem muitas tartarugas - o que cria um cenário encantador. - Annabeth falava sobre a arquitetura do castelo e eu não entendia uma palavra do que ela dizia, mas só de ver o brilho em seus olhos ao falar de arquitetura já valia. - Mas o aspecto mais interessante é, quanto a mim, a vista que se tem sobre o Central Park e Manhattan, do topo do castelo. Vale a pena entrar e subir as escadas do torreão para admirar a paisagem única do parque. Sabe, ver tudo lá de cima, é uma coisa única, por isso lá era o meu lugar preferido, mas já faz muito tempo que não vou lá. Eu falo demais, não é? 

- Um pouco... - Disse rindo. 

- Eu sei, mas quando começo a falar sobre arquitetura é como se tudo a minha volta sumisse, eu esqueço de tudo.

- Eu percebi! - respondi. Annabeth olhava para mim com os grandes olhos cinzas, cheguei um pouco mais perto para beijá-la, mas a garota me afastou com as mãos. Annabeth levantou-se rapidamente e começou a dar passos fortes para longe de mim, fui atrás dela. - Annabeth, desculpa! Eu... 

Ela virou-se em minha direção, só que eu estava um pouco perto demais, estávamos tão próximos que dava para sentir o seu hálito de morango.

- Annabeth, eu não queria que você achasse que... Ah... Desculpa, mas qual é o problema, eu fiz algo que você... 

- Não, Percy! - Os seus olhos estavam marejados. - O problema não é com você é comigo. Eu é que não estou pronta para isso.

Ela então voltou a andar e eu a segui. Ficamos em silêncio por um tempo, estávamos em East Village, que é onde ela mora. Resolvi quebrar o silêncio:

- Annabeth, se eu te perguntar o que aconteceu, você vai me jogar na frente de um ônibus? - nós já estávamos na porta de sua casa. Annabeth sentou-se na escadaria em frente ao prédio onde mora. Eu achei que ela fosse me matar, mas ela apenas suspirou.

- Tinha... Tinha um garoto. Ele era popular, capitão do time de futebol americano da escola. Todas as garotas eram loucas por ele, claro! Ele era bonito, popular e podia ter qualquer garota que quisesse. Eu sou a garota estranha, sabe? A nerd e ainda por cima a minha melhor amiga é uma punk meio louca, então você já viu, não é? Não somos uma das pessoas mais populares da Half-Blood. Bem... Eu a idiota que sou, me apaixonei pelo tal garoto, até parece que o garoto mais popular da escola iria dar bola para uma garota invisível. Teve um dia que nos esbarramos, assim como aconteceu com nós dois lá na livraria. Eu estava com alguns papéis nas mão e eles voaram. Ele então me ajudou a catá-los, nós ficamos conversando por algum tempo, eu o achei legal, ele então me chamou para sair, o garoto era gentil, cavalheiro, carinhoso... Bom, depois disso ele me pediu em namoro, eu muito burra, aceitei. Nós namoramos por três meses. - Annabeth falava mas não olhava para mim, ela mirava o chão. Eu estava apenas escutando calado. - Um certo dia ele me levou para a casa dos seus pais e... Aconteceu. Eu transei com ele, achei que era o garoto da minha vida, eu sou uma idiota. No dia seguinte eu estava feliz, achando que agora era realmente sério, até que eu o peguei se agarrando com a sua ex-namorada. Ele nem mesmo tentou esconder ou se explicar, então na frente da escola toda, ele disse que fora tudo uma aposta que ele havia feito com os seus colegas, que eu só tinha sido um joguinho, uma diversão para ele e que nunca nem ele ou qualquer outra pessoa iria gostar de verdade de uma garota como eu. Eu fiquei muito magoada, passei noites e noites em claro chorando e pensando no quanto havia sido ingênua. A minha melhor amiga deu uma surra no otário, digamos que ela é um tanto agressiva... Mas isso não fez nada mudar, eu havia me entregado completamente para ele e o imbecil só estava me usando. Até hoje ele e seus amigos fazem hora e riem da minha cara e ainda tem a namorada dele, que tem o prazer de esfregar na minha cara que um garoto nenhum iria um dia se apaixonar por uma pessoa invisível como eu.

- Annabeth... Eu não fazia ideia - disse depois que ela terminou, uma lágrima escorria pela sua bochecha, mas ela ainda não me olhava. -  você não é idiota e muito menos burra, esse cara é que é o idiota e não sabe a garota maravilhosa que perdeu. Você não deve ligar para o que ele, os amigos dele e a namorada dele acham de você, não ache que ninguém nunca vai se apaixonar por você , porque isso não é verdade, você é linda, inteligente, doce... Eu sei que têm muitos garotos por aí querendo uma garota como você e esse imbecil não soube dar valor. Esquece ele. 

- Você acha que é fácil, com certeza você tem todas as garotas mais bonitas e populares da escola aos seus pés.

- E se eu não quiser a garota mais popular? E se eu gostar de... Annabeth, eu sei o que você está sentindo, também já me decepcionei com uma pessoa antes, mas nem por isso desisti, ainda quero encontrar uma garota, bem... A garota certa.

Ela não respondeu, achei melhor mudar de assunto, não queria deixá-la pior do que já estava. Não sei o que um idiota desses ganha em iludir uma garota, ainda mais uma garota como a Annabeth. Eu juro que se um dia cruzar com esse cara em algum lugar, eu quebro a cara dele. 

- Espera... Você disse que estuda na Half-Blood? - até agora eu não tinha me tocado, mas Annabeth havia dito que estudava na mesma escola que as minhas duas primas, Thalia e Bianca.

- Sim! - ela se levantou. - Percy, acho melhor você ir embora, já está anoitecendo. 

Annabeth já estava prestes a entrar em sua casa. 

- Ei! - eu a chamei. - Nem todos os caras são babacas. Alguns realmente podem se apaixonar por garotas loiras de olhos cinzentos.