No dia seguinte, acordei primeiro que todo mundo. Claro, todos de ressaca. Levantei-me e fui até a cozinha comer alguma coisa. Para minha surpresa Thalia estava acordada também. Ela abriu a geladeira e encheu um copo de leite.

- Vai beber leite? – perguntei apontando para jarra em sua mão. Thalia revirou os olhos.

- Não, - respondeu com tom irônico. vou deixar em cima da mesa para ver quanto tempo leva para evaporar.

Fiz uma careta para ela. Thalia sentou-se na mesa e enterrou a cabeça nas mãos. A casa parecia uma zona de guerra.

- Isso vai dar o maior trabalho para limpar – disse Thalia. – e esses preguiçosos ainda estão dormindo.

Uma idéia passou pela minha cabeça. Olhei para Thalia, e acho que ela pensou na mesma coisa. Sem dizer uma palavra, ela assentiu com a cabeça. Nós voltamos para sala. Todos dormiam em um sono profundo.  Seria uma pena se alguém os acordasse. Liguei o rádio.

She's all alone again
Wiping the tears from her eyes
Some days he feels like dying
She gets so sick of crying

Extraordinary girl começou a tocar no último volume. Eu e Thalia começamos a berrar junto com a música. Jason que estava dormindo sentando, encostado na parede em baixo do balcão, levantou-se tão rapidamente que bateu a cabeça no mesmo.

Nico acordou no susto, deu um pulo e cambaleou atônito. Rachel caiu do sofá.Annabeth levantou e tombou na mesa, deixando um jarro cair. Leo, Luke e Grover, entraram com as mãos tampando os ouvidos, e gritando para que desligássemos o som. Eu e Thalia estávamos rindo feito loucos. Enquanto todos eles enlouqueciam.

- Eu juro que se vocês não desligarem isso, eu os mato! – Annabeth gritou, mas logo parou e colocou a mão na cabeça, como se isso ajudasse em alguma coisa. – a minha cabeça vai explodir.

Depois de muito os torturar, resolvemos desligar o rádio. Leo bebeu três galões de água. Diz ele que é bom para ressaca. Annabeth só sabia reclamar que a sua cabeça doía. Nico estava com um olho inchado e eu ainda não sei o porquê. Reparei que tinha algo estranho com a Piper, Leo e o Jason, mas talvez tenha sido só impressão.

- Di Angelo – gritei perto de Nico.

- Desgraçado! – disse ele baixo, que até para falar a cabeça doía. Acho que foi bom não ter bebido ontem. – Não grite no meu ouvindo, minha cabeça parece uma bomba relógio. Fica fazendo tic-tac, tic-tac, e a qualquer momento pode explodir.

Depois de gritar no ouvindo de todos, e de muito encher o saco, achei melhor levar Annabeth em casa. Do jeito que ela estava não chegaria nem ao portão.

Ajudei-a entrar no carro. Ela encostou a cabeça no vidro e a viagem toda foi muito silenciosa. Se eu tentei falar alguma coisa? Sim! Se eu calei a boca por ter sido ameaçado de morte? Sim!

Chegando em sua casa Annabeth levou vinte minutos apenas para encontrar as chaves. Depois demorou mais vinte minutos para conseguir colocá-la no buraco da fechadura. E isso porque ela não precisa da minha ajuda. Ignorância!

Quando ela finalmente conseguiu abrir a porta nós entramos. Não tinha ninguém em casa. Ela se jogou no sofá.

- Não – disse puxando-a de volta. – você precisa muito de um banho.

- Você está dizendo que eu estou fedendo?

- Sim, eu estou. Agora vem.

- Obrigada pelo elogio – ela disse ironicamente. – você é um charme.

Levei-a até o banheiro. Annabeth mal conseguia ficar em pé.

- Você não acha que eu vou tomar banho na sua frente, não é?

- Tá, então toma sozinha. Espero aqui fora. - eu então a larguei, e por pouco ela não se estatela no chão. Ela me fuzilou com os olhos. Dava para ver o quanto ela ficava irritada por precisar da ajuda de alguém. Mesmo que em uma besteira como essa.

- Eu não vou tirar a roupa com você aqui, seu imbecil.

- Prometo não olhar! – jurei de dedinho. Annabeth riu.

- Tudo bem, mas se você olhar...

- Já sei. Eu morro. – ela assentiu com a cabeça. Annabeth então tirou a camisa, logo em seguida a calça, e... Meus deuses! Acho que eu quase babei. E sim, eu estava olhando. Ela virou-se para mim, rapidamente fechei os olhos. Ela ligou o chuveiro.

- Acho que vai ser um pouco difícil te segurar, sem te ver...

Quando eu calei a boca, maldita boca! Eu escorreguei, e cai no chão, como eu estava segurando-a, conseqüentemente, ela caiu também. Mas eu caí no chão duro, já ela caiu em cima de mim, no macio.

O chuveiro ainda ligado nos molhava. Annabeth suspirou e então começou a rir. Não consegui me conter e ri junto com ela.

- Você é um idiota, Percy – ela disse, mas não estava chateada, pelo contrario.

- Eu sei!