A Garota De Roupas Excêntricas. escrita por Soquinho


Capítulo 1
Uma promessa do pop.


Notas iniciais do capítulo

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Minneapolis acordara já sofrendo sua mudança brusca de clima. Minnesota sempre teve essas drásticas mudanças climáticas. Ontem frio hoje quente. Com uma temperatura variando entre 29 graus e 28. Apesar de ser conhecida como a mais frienta, a contradição de clima de seu estado também lhe afetara. O sol já estava lançando dentre às minhas cortinas e incomodando meu sono que já havia sido perturbado. Bom dia ou mal dia, dá tudo na mesma, meu nome Edrick Gonzalez. 16 anos e com a vida já meio que feita. Sou composto por pares de olhos de jade, cabelos pretos arroxeados e um porte físico atlético, pela natação. Faço parte de uma banda de pop que está começando a decolar e muito bem, já que esse gênero musical é muito louvado pela mídia. Abri os olhos totalmente contra minha vontade e minha boca deixou escapar um suspiro de descontentamento. Agora tínhamos que voltar a escola, para passarmos imagem de bons moços e que nos importamos com o estudo, Jerry inventou o pretexto de que isso servirá para limpar um pouco da imagem gasta e arruinada do pop.

Eu me interesso sim pelos estudos, só que aulas particulares são ótimas. O que ele declarou não se encaixa, não é de deixar uma pessoa crédula. É uma das piores desculpas. Sua raiva pelo Greer está dando em cima da professora foi o que lhe irritou e o fez achar esta maneira, isso sim, já que agora parece que ele anda em um romance secreto com ela. Sua mulher é tão inocente.

Esse vai ser nosso primeiro dia de aula. O que também me agita é saber que sofreremos assédio por mais que estejamos debutando nossa carreira. Tirei minhas cobertas e inalei o ar da manhã, o que me fez cambalear e cair na cama novamente. Bufei irritado. Dormir tarde é foda, só que valeu a pena. Sair escondido para ir grafitar prédios públicos ao som de Blink-182 é sem sombra de dúvidas, resumidamente: perfeito.

Levantei de novo, mais disposto (só que não). Cocei os olhos preguiçosamente e arrastei os pés para o banheiro. Ajustei a temperatura da água morna e mergulhei nela para eliminar o sono. A cabeça latejando não ajuda. É desse jeito quando alguém dorme muito mal, ou nesse caso, eu. Nesse momento, pensar não é uma das opções aceitáveis, mas nossa mente não para. Pensamentos aqui e acolá. Terminei o banho e enrolei-me na toalha. Abri a porta do guarda-roupa e tirei uma camiseta xadrez e uma calça jeans, se eu me atrevesse a vestir qualquer blusa do Ramones ou qualquer outra banda, sem ser pop, Jerry prometeu cortar minha garganta.

É triste ter um produtor que não quer ouvir suas opiniões. Peguei um All Star e o calcei tendo que me esforçar terrivelmente para conseguir dar um laço, a minha preguiça está em níveis que exige de tratamento. Guardei um caderno e algumas canetas na mochila e a pus no ombro. Deixei a porta do quarto, trancada e desci as escadas espinha de peixe frouxamente.

- Ora se não é o meu vocalista favorito!  - A voz enrouquecida de Jerry soou em meus ouvidos como um despertador, algo que não suporto ouvir na manhã. Os outros três componentes da banda também estavam ali, sustentando a mesma carranca e o ar desanimado.  

Falando um pouco sobre cada um.

George Baker é o mais velho do conjunto, ele tem 17 anos, mas ainda está no segundo ano, pelo que nos comunicou nossa antiga professora particular. De acordo com nossas fãs que estamos conquistando, os olhos azuis espelhos d’água que ele possui é um enigma a se decifrar, hipnotizantes e sensuais. Isso de acordo com elas. Ele tem os cabelos finos e lisos, cor de limão. Pra mim, não se passa de um retardado mental que tem fobia de lugares apertados, sim, é claustrofóbico.

Mattie Lindon é fissurado em Type O Negative em segredo, já que Jerry não pode nem sonhar que ele ouve doom metal e gótico, ele tem 15 anos, portanto é o mais novo. Realmente eu vou ter que dar uma de gay agora, mas os olhos verdes acinzentados que ele tem é a coisa mais linda que eu já vi, são densos e transmitem uma paz só de você grudar neles. Seus cabelos têm uma coloração estranha de um preto azulado e nas pontas é tingido de roxo e azul, não sei como Jerry admitiu isso. Só lhe advertiu para não exagerar.

Greer Allyn com certeza é o que mais tira proveito das fãs quando elas vêm com os hormônios gritantes para cima de nós. Experiente e muito sagaz, já tem 17 anos também, mas o seu QI não funciona muito bem quando se trata de estudos, tanto que vivia jogando seus encantos para a nossa ex- professora privada, irritando o produtor e lhe causando três murros no olho esquerdo que eu mesmo tratei de marcar. Tem os olhos avermelhados e os cabelos lisos e cortado em camadas que voam ao vento e dourados.

Perdi muito tempo caracterizando eles.

- Você bem que podia arranjar uma professora velha e com uma verruga tamanha família bem na ponta do nariz para nos dar aula? – Palpitei. Os meninos concordaram, enlaçando suas vozes.

Notei o roxo claro um pouco do lado do olho esquerdo do Greer. Faz três dias desde os golpes.

- Não. Poderiam querer estuprar a pobre! Irão para uma escola sim, sem objeções!

- Você não é nosso pai, cara. – Mattie afagou os dedos nos cabelos negros e roxo, bufando em seguida.

- Mas cuido da carreira de vocês e isso basta!

Assinar um contrato com a gravadora dele talvez não tenha sido uma ideia muito discutida por nós. A animação e o momento contagiante e gosto do sucesso estavam a mil, ficamos dependentes agora.

- Tem garotas lá minha gente!  Pensem um pouco no lado positivo. – O autor dessa proeza já é imaginável.

- Ah, claro! Só vê se não assedia também as professoras de lá e meta a banda em um abismo! – O ressentimento é foda.

- Cadê minha mãe? – Perguntei para retirar o ar tenso e briguento do ar. Honestamente, a falta dela aqui é horrível.

- Ainda está dormindo.

- E como você se infiltrou aqui?

- Seu pai, não lembra? – Ah é, eu tenho pai. Esqueci.

Fiz uma cara de cavalo com deficiência mental e assenti com a cabeça.

- Vamos, vamos, vamos! Ainda tá cedo e é bom chegarmos lá por esse horário para evitar o alvoroço. – Mattie e Greer que estavam sentados, levantam sobressaltados. Me aguentei para não saltar no pescoço dele e lhe dar um golpe de com o cotovelo.

Jerry apressou-se a abrir a porta e o ar morno da manhã de Minnesota invadiu a sala e rechearam minha cabeça com pensamentos, coisas que eu queria fugir.

#

Olhei para um lado e outro e me senti perdido em um deserto, uma floresta densa e pantanosa, um labirinto obscuro, uma pessoa que tenta entender um poema hermético.  Analisei meus dedos cravados na aba da mochila e depois lancei a olhada para a entrada pelo portão principal. Acadêmicos chegando, alguns funcionários estacionando seus carros, bicicletas, motos. Tudo bem que esta fase é a mais complicada e incompreensível demais aos olhos de todos e de nós mesmo que estamos afundados nessas transformações, só que eu me sinto ainda mais indistinto, até mesmo no meu próprio mundo. Eu sou uma letra sem melodia.

As portas batendo-se ao meu lado foi o que me reativou.

- Escolheu uma boa hora para virmos. Somos irreconhecíveis! – George falou. Até então era o que estava mostrando mais interesse pela volta à escola. Ele gosta do cheiro dos livros e da bagunça adolescente. Ele foi feito para estar no meio da fuzarca.

- Tudo feito em muita cautela. – Jerry sorriu todo cheio de si.

- E tu, Edrick? Encara essa? – Mattie se pôs a minha frente, arqueando a sobrancelha e cerrando um pouco os olhos. O sol estava clareando sua face e a deixando meio amarelada.

- É o jeito.

- Com licença. – Escutamos uma voz tímida e admirada. Virei para o lado da voz afeminada e encontrei um par de olhos esmeraldas, uma pele parda e cabelos loiros prateados.

Uma beldade piscando os olhos graciosamente em minha frente.

- Sim? – Disse recuperando-me do transe.

- Você é o Edrick Gonzalez, certo?

- Registrado em cartório. – Nós rimos.

- Ótimo. – Murmurou e girou, fazendo um gesto com a mão como se estivesse chamando alguém.  Do horizonte surge uma penca de outras meninas que vem andando normalmente, com alguns passos acelerados e uma excitação notável a quilômetros de distância.

Demorou a começar.

- Uh papai... – Ouvi o comentário travesso do Greer no pé do meu ouvido. Sorri cansado.

Uma nova vida a se encarar, sendo assediado em todos os lugares. Uma promessa do pop. Não me sinto bem.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Tomates? Repolhos? Choque do trovão?



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