Regulus:

Ligéia Krumer atravessou o corredor do refeitório enquanto era seguida pelos olhares de Regulus Black que ainda não tinha arrumado coragem para ir falar com a garota, pois temia que seus amigos o reprendessem por tal atitude, afinal pelo que ele pode perceber, a novata se tratava de uma bolsista. O que seu grupo pensaria se de repente Regulus decidisse imitar o irmão mais velho e começar a andar com gente de um nível social abaixo do dele? Mesmo assim ele na pretendia desistir da aposta, estava mesmo disposto a confrontar Sirius. A garota se despediu das novas amigas e colegas, e decidiu procurar o banheiro mais próximo para lavar suas mãos, etc. Quando entrou no banheiro feminino deu de encontro com duas moças distintas que conversavam. Ambas se calaram enquanto Ligéia adentrava o recinto e lançaram sobre ela um olhar frio, e superior. A mais alta, de olhos verdes e roupa preta disse com uma voz aguda e debochada:

– Oi Lufa-Lufa! –disse Bellatrix.

A outra mais baixa com uma mecha de cabelo branco na franja apenas riu baixinho.

– Desculpe! Eu não entendi. –sorriu Ligéia encarando Bellatrix.

– Já era de se esperar! –mais uma vez ela sorriu ironicamente.

– Vamos Bella... –se manifestou Narcisa enquanto olhava a novata dos pés a cabeça. – Os rapazes estão nos esperando.

– Vamos sim prima. –respondeu olhando Ligéia com expressão de nojo, depois seguiu a prima rumo à saída do banheiro.

Krumer ficou sem entender absolutamente nada, mas logo percebeu que aquelas duas não deviam ser das mais simpáticas entre as alunas de Hogwarts. Ela retirou uma escova de dente de uma pequena bolsa que carregava sempre consigo ao redor da cintura, e usou-a para sua higiene, depois lavou as mãos e as secou com a toalha e então saiu rumo ao corredor, com destino ao seu encontro com Sirius Black. No caminho ela esbarrou com Alice que estava apressada, mas ainda assim parou para falar com Ligéia:

– Achei que estava no seu encontro com o Black. –disse Alice.

– Não é um encontro, ele só se ofereceu pra me mostrar a escola.

– É o Sirius Black, acredite isso é um encontro. –sorriu Alice.

– Tudo bem, olha. Diz-me uma coisa. É que, eu encontrei duas meninas no banheiro e elas me chamaram de uma coisa...

– Do que?

– Lufa-Lufa... Só que eu não entendi o que isso significa?

– Ah, deviam ser Bellatrix e Narcisa. Aquelas duas megeras são do grupo que se auto intitulam da Sonserina. Lufa-Lufa era o nome dado aos bolsistas. Esquecemos-nos de te contar isso no refeitório.

– Então esse é o jeito delas me darem as boas vindas?

– É sim, mas não liga pra elas, como eu disse, são umas megeras. Agora eu vou indo... Eu tenho treino de críquete.

– Tudo bem, agente se vê mais tarde... –ambas sorriram e seguiram cada uma rumo a um lado do corredor.

Ligéia atravessou o corredor principal, indo à procura de Sirius Black, enquanto este estava logo no final do mesmo corredor acompanhado pelos amigos Potter e Pettigrew. Sirius estava sentado na mureta que dava para o pátio, enquanto Pedro estava escorado a parede, e Tiago a sua frente.

– Não devia estar no seu encontro? –disse Potter olhando o relógio.

– Eu disse pra ela me encontrar aqui. – respondeu com ar maroto escorando a cabeça na marquise.

– Um cavalheiro teria ido encontrá-la. –riu Potter.

– Rum, e desde quando Sirius se parece com algum cavalheiro? –riu Pettigrew. – Ele tá mais para cavalo!

– Sai daí camundongo! –riu Sirius bagunçando o cabelo do amigo.

Cada um dos rapazes atendia por um apelido engraçado, por conta de suas características físicas, ou por seu comportamento. No caso de Pettigrew, recebeu o apelido de camundongo, ou rabicho por que na época do colegial ele andava curvado e tinha os dentes da frente um pouco maiores do que os demais como um rato. Tiago também tinha seu apelido, e era por conta de uma festa no colegial na qual ele se fantasiou de um servo. Desde aquele ano, os amigos o chamavam de veado, ou pontas, por causa dos chifres. Já o Remo, era chamado de aluado por que parecia estar sempre no mundo da lua, muito ocupado com seus pensamentos para estar presente em qualquer conversa. Quanto a Sirius, bem ele recebeu o apelido de cachorro pelas garotas da escola, por uma razão obvia, ser um tremendo galinha desde moleque. Mas pelos amigos era geralmente chamado de almofadinhas, por ser sempre muito “macio” e “fofo” com as garotas, antes de conseguir o que queria, e depois dispensa-las.

– Cara, não estraga meu cabelo. –resmungou rabicho, ou melhor, Pedro.

– Ele já nasceu estragado! –riu Sirius.

– Vai levar a novata aonde? –perguntou Potter.

– Ainda não decidi. –respondeu Sirius. – Mas garanto que vai ser um lugar bem apropriado! –sorriu com um ar malicioso.

– Vê se não vai atacar a garota. Pode acabar traumatizando a coitada que recém chegou a Hogwarts. –disse Tiago um pouco preocupado.

– Traumatizar? –riu Sirius saltando da mureta. – Eu darei a ela uma ótima razão pra gostar de Hogwarts! Eu... –terminou com um sorriso orgulhoso.

– Ela não tem cara de que é desse tipo. –resmungou Pedro com os braços cruzados.

– Quer apostar que arranco pelo menos um beijo daquela boquinha ainda hoje? –disse Sirius.

– Certo. –disse Pettigrew estendendo a mão.

– Precisam mesmo fazer isso? –disse Tiago que era um romântico assumido.

– Cara, você não é mais o mesmo desde que começou a namorar a Lilly sabia? –disse Sirius.

– Tudo bem! –ele riu. – Eu também to nessa. –estendeu a mão juntando com as dos amigos. – Se você conseguir dar um beijo na novata ainda hoje, eu visto aquela fantasia ridícula de cervo de novo!

– E você? –disse Sirius rindo e olhando Pedro.

– Ah... Eu... Faço seus deveres por uma semana.

– Fechado! –respondeu Black.

– Mas e se você perder? –disse Tiago.

– Eu não vou perder! –ele riu enquanto se gabava. – Vão se preparando para pagar suas apostas meus caros amigos! –disse se afastando ao ver que Ligéia de aproximava. – Por que a almofadinha aqui vai entrar em ação!

Sirius se afastou com um sorriso maroto na face enquanto os amigos observavam ele andando pelo corredor, e indo ao encontro da novata, que andava em passos lentos e tímidos em sua direção. Eles pararam no meio do caminho se encontrando e então Sirius imediatamente passou seu braço por cima dos ombros da moça e a conduziu pelo corredor. Ele olhou para os parceiros e piscou com um sorrisinho de canto, já se dando por vitorioso. Potter e Pettigrew logo se arrependeram de ter aceitado a aposta.

Sirius:

Beijo na torre do relógio

Após um passeio curto pelos limites do grande castelo de Hogwarts, no qual Sirius mostrava cada cantinho do lugar e contava suas historias a garota nova. Ambos subiram as escadas rumo à torre do relógio, onde segundo Black era o lugar mais bonito em toda a Universidade. Era obvio que ele dizia isso pra todas as novatas apenas para convencê-las a ficar sozinhas com ele no lugar mais vazio de Hogwarts, onde ele podia agir indiscriminadamente. Depois de subir inúmeros degraus a garota ficou com dores nos joelhos e reclamou ao parar no caminho:

– Puxa! –ela respirou fundo. – Ainda falta muito? Isso parece tão alto...

– Se estiver cansada eu posso te levar no colo até o topo! –respondeu Black com um ar galanteador.

– Ah, não. –ela riu ficando corada. – Tudo bem. Mas falta muito?

– Não linda! –ele estendeu a mão. – Só mais alguns degraus. Quando chegar lá em cima você vai ver que valeu a pena todo o esforço. –disse com um sorriso enigmático.

Ligéia sorriu, e então segurou a mão de Sirius o acompanhando até o topo da torre inocentemente. Quando chegaram, Sirius a conduziu até a fachada do relógio de onde se podia ver toda Hogwarts e as montanhas que a rodeavam, assim como os lagos, amplos. Diante da vista a moça ficou maravilhada e sorriu com um brilho mágico nos olhos.

– Nossa! É tão lindo... Você tinha razão... –Ligéia o encarou enquanto Sirius olhava somente para ela. – É Ma-ra-vi-lho-so!

– Você ainda não viu nada! –ele piscou e se aproximou sutilmente em passos mansos.

– Está sendo muito gentil em me mostrar a Universidade. –ela disse. – Obrigado Sirius.

– Tem um jeito de você me agradecer! –ele parou diante da moça e mexeu nos cabelos dela que até então estava cobrindo seu ombro.

– Ah... Eu... –ela gaguejou sentindo seu rosto queimar pela proximidade.

– Sabe por que eu te trouxe aqui Li? –disse com voz suave e perigosamente perto do rosto da moça.

– Você deve trazer muitas moças aqui... –disse ela sentindo o que ele pretendia, ela não era tão boba assim.

– Só as especiais! –ele sorriu e segurou o rosto dela com seu toque.

– Acha que eu sou especial? –ela sorriu enquanto sua bochecha ficava vermelha.

– Muito...

Dito isso, sem mais rodeios, Sirius aproximou os lábios dele aos da moça, que tremeu e sentiu um frio na barriga ao sentir o halito quente vindo da boca do rapaz, enquanto ele se inclinava e lhe beijava devagar. O primeiro contato foi leve, e suave. Os lábios quentes de Sirius envolveram delicadamente a boca pequena e tímida da moça, enquanto a mesma ainda buscava coragem dentro de si para dar continuidade ao ato. Então Sirius desceu suas mãos até a cintura da moça e apertou o local com seus dedos, enquanto aumentava a velocidade do seu beijo e invadia a boca de Ligéia com sua língua travessa. Ligéia sentiu-se aquecer diante de tal atrevimento, mas permitiu o ato ao constatar que gostara. Ela envolveu o rosto de Sirius com ambas as mãos e firmou seus próprios movimentos mostrando que também sabia o que estava fazendo. Sirius sorriu intimamente gostando mais da situação do que esperava. Suas mãos como se tivessem vontade própria desceram mais pelas laterais do corpo da moça, e seguiram rumo a parte de trás. Então Ligéia abriu os olhos e o empurrou levemente dizendo:

– Sirius... É melhor pararmos com isso. –disse tentando se recompor.

– Tudo bem, é só um beijo... –ele sorriu se aproximando e segurando a mão dela. – Não tem nada demais...

– Não... –ela se afastou. – Eu agradeço que tenha me ajudado a conhecer a escola, mas agora eu quero descer... Por favor.

– Está bem! Você tem certeza disso? –ele sorriu com a cabeça baixa e os olhos vidrados nela.

– Sim.

– Então vamos... –ele sorriu e andou rumo a escada segurando a mão da moça.

Quando já estavam no corredor principal, a garota se despediu com um sorriso tímido e se afastou passando pelos amigos de Black que estavam no mesmo lugar de antes, mas dessa vez com mais dois membros, Remo e Lilly. Sirius andou em passos rápidos até os amigos, mantendo um sorriso estampado na face e saltou sobre a mureta após quase fazer uma dancinha da vitoria.

– Não acredito que você conseguiu seu cachorro! –disse Tiago rindo.

– Viu a cara dela? –respondeu Black. – Aquilo é cara de satisfação! Acontece quando uma garota prova dos beijos de Sirius Black! –ele riu.

– O que eu perdi? –disse Lilian.

– Você vai fazer meus deveres o resto da semana! –Sirius ignorou a pergunta e se dirigiu ao Pettigrew que revirou os olhos. – Quanto a você, veado! –disse a Potter. – Pode escolher um dia pra vestir sua roupinha!

– O que vocês apostaram dessa vez? –perguntou Lupin.

– Que o Sirius não conseguia pegar a novata no primeiro dia de aula, mas perdemos. –disse Pedro derrotado.

– E vocês ainda apostam com ele? –disse Lupin.

– Não acredito! –se manifestou Lilly revoltada. – Você estava metido nisso Tiago Potter?

– Eles me convenceram. –ele riu meio sem graça.

– Mentira! Você entrou de bom grado! –retrucou Black. – A aposta era entre eu e o rabicho.

– Sinceramente... –Lilian revirou os olhos e ficou emburrada.

– É só uma brincadeira lírio. –respondeu Potter tentando convencer a namorada a desculpar sua travessura.

Assim eles ficaram no corredor, discutindo sobre a tal aposta, sem nem saber que por trás daquela já existia uma outra aposta feita entre os irmãos Black, pela mesma garota.

*CRIQUETE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADquete