No dia seguinte no corredor externo da Universidade, lá estava Sirius sentado como de costume sobre as janelas que davam para o pátio enquanto conversava, ou melhor, apenas ouvia ou fingia ouvir o que Pedro Pettigrew lhe contava animadamente sobre uma garota com quem andava se encontrando depois das aulas. A atenção do moreno na verdade estava voltada mais ao fundo do corredor onde Ligéia Krumer conversava com suas amigas e colegas contando tudo sobre seu encontro com Regulus Black no qual esta aceitara seu pedido de namoro. Os olhos castanhos escuros do moreno não desviavam um segundo sequer da moça capturando cada expressão, e cada gesto, cada sorriso aberto dado por Krumer. Ela por sua vez, desviou alguns olhares tímidos e discretos na direção do mesmo disfarçando os mesmos enquanto percebia que este a encarava fixamente com uma cara de poucos amigos.

De repente surgiu vindo de outro corredor um bando de rapazes bastante animados comemorando alguma vitória sobre um jogo de beisebol. Estes se aproximaram das moças e imediatamente apanharam algumas delas no colo enquanto continuavam com a baderna. As que sobraram com os pés no chão, entre elas Ligéia, apenas observaram toda a bagunça com sorrisos divertidos. Em seguida os rapazes carregaram as garotas pelo corredor a frente levando-as para o pátio, assim passando pelos dois marotos. Ligéia assim como outra menina permaneceram onde estavam apenas olhando o grupo se afastar, então a colega de Krumer lembrou-se que estava atrasada para a próxima aula e logo a deixou correndo rumo ao outro corredor. Neste momento enquanto Pedro voltava a contar sua empolgante estória a Sirius, este simplesmente ignorou e levantou-se de onde estava passando pelo amigo e andando em direção a garota.

– Sirius? –disse Pedro. – Hey? –Sirius não respondeu apenas seguiu em frente. – Legal! Me deixa aqui falando com as paredes... –resmungou.

Sirius se aproximou de Ligéia enquanto esta se abaixava para apanhar uns papeis que acabaram caindo de sua pasta quando esta se virou para seguir pelo corredor. Sirius dobrou os joelhos e ficou de cócoras diante da moça, que estava apanhando suas folhas de papel do chão então seus dedos se tocaram quando Ligéia apanhou uma folha a qual Sirius estava prestes a juntar do piso. Os olhos de ambos se cruzaram, então ao invés de tocar a folha, Sirius segurou os dedos da moça que ficou sem graça e se levantou sendo acompanhada pelo moreno.

– Oi Sirius. –disse ela sem jeito recolhendo a folha e devolvendo-a a sua pasta.

– Oi.

– O que você quer?

– Depende... –ele levou as mãos aos bolsos da calça social. – Eu quero muita coisa...

– Comigo... Quer alguma coisa comigo?

– Quero. –disse olhando-a profundamente.

– Alguma coisa que eu possa fazer por você... –ela disse em tom firme dando ênfase a palavra.

– Tem muita coisa que você pode fazer por mim, como por exemplo, largar aquele idiota do meu irmão...

– Desculpa, mas nesse caso eu não posso te ajudar. –disse ela se virando na intenção de ignorar o moreno.

Sirius retirou as mãos dos bolsos e segurou a garota pelo cotovelo fazendo com que ela voltasse a ficar diante dele então disse:

– É verdade?

– O que?

– Você aceitou mesmo o pedido dele?

– Sim, eu aceitei.

– Pensei que você fosse mais esperta Li.

– O que você tem a ver com isso Sirius? –ela disse puxando seu braço.

– Regulus é um imbecil. Você não sabe o que tá fazendo. –afirmou.

– Isso quem decide sou eu, agora se isso é tudo o que você tem pra me dizer eu tenho que ir...

– Não... –ela se virou, mas ele a segurou novamente. – Eu queria te pedir uma coisa.

– O que?

– Eu tenho uma prova de francês na sexta feira à tarde e queria saber se você me ajuda com a matéria, eu soube que você é ótima em francês. –disse em um tom mais tranquilo.

– Porque não pede pra sua amiga Lilly? Ela é a aluna mais aplicada de Hogwarts.

– A Lilly? –ele riu. – Não, eu não quero a chata da Lilly me dando aula particular.

– Ainda tem o seu amigo Lupin, ele também é muito estudioso.

– Nossa! Parece que você conhece bem os meus amigos... –ele sorriu dengosamente.

– É o que todo mundo diz, não que eu tenha algum interesse em você ou nos seus amigos. –ela desconversou.

– A Lilly é muito chata eu vou ficar entediado e provavelmente vou jogar os livros na cabeça dela antes de aprender a fazer biquinho. Quanto ao Remo, ele não desgruda da Dorcas, tenho certeza que eles andam tendo um caso as escondidas e eu não quero segurar vela. Nesse caso só me resta você... –ele sorriu.

– Tem um número bem razoável de alunos nessa universidade pra quem você pode pedir ajuda, por que eu?

– Por que todos os alunos dessa universidade são chatos! Mas se você quiser bancar a minha professora particular eu terei um incentivo a mais pra aprender! –disse tocando o queixo da moça.

– Não.

– Qual é Li? –ele riu. – Vai deixar eu me dar mal nessa prova?

– E o que eu tenho a ver com isso?

– Três horas, ou duas... Não vai doer, prometo! Ou você tá com medo que o Regulus te veja perto de mim? Agora ele virou seu dono? Não pode fazer nada sem a permissão dele?

– Regulus não vai gostar de me ver com você. E ele é meu namorado agora.

– Que lindinho, me diz qual é a sua cor favorita pra eu te comprar uma coleira bem sexy! –disse piscando enquanto passava a ponta dos dedos no pescoço da garota.

– O cachorro aqui é você pra usar coleira não eu. –ela retrucou dando um tabefe na mão do moreno.

– Então prova! Quero ver se você tem coragem de fazer alguma coisa sem ter que dar satisfações pro seu namorado! –disse levando as mãos aos bolsos.

– Eu não tenho que provar nada pra você. –disse se virando e dando alguns passos.

– Você tem medo de ficar perto de mim! –ele riu. – Confessa.

– O que? –ela se virou sem perceber que estava caindo no jogo de Sirius Black. – Eu não tenho medo de você. O que você pensa que é? –ela disse voltando a ficar diante dele. – Irresistível?

– Acha que consegue me dar aulas sem se jogar nos meus braços? –ele disse se inclinando na direção dela.

– É claro que eu consigo, mas eu não quero.

– Medrosa. –ele provocou.

– Eu não tenho medo de você, você pensa que é irresistível, mas não é... Você é pretensioso e arrogante, só isso.

– Tá bem! Então não tem perigo você ficar algumas horas, sozinha comigo tem? Senhorita autocontrole!

– Procure outra pessoa, eu não vou te dar aulas.

– Você não consegue ficar perto de mim, eu sabia! –instigou. – Você finge que não, mas no fundo no fundo tudo que você queria era o Sirius aqui pra você!

– No seu sonho. –ela cerrou os olhos e o encarou. – Eu não vejo nada demais em você se quer saber. Regulus é muito mais interessante...

– Prova! –ele aproximou o rosto do rosto dela.

– Tudo bem. Quando é a sua prova?

– Sexta-feira no final da tarde.

– Tudo bem, Regulus estará ocupado com o jogo de críquete das três horas as seis da tarde durante a semana. Encontre-me na biblioteca e não se atrase... –ela disse apontando o dedo indicador para o nariz do rapaz que sorria com ar cínico. – E sem gracinhas entendeu? Você me prometeu que não ia tentar me agarrar de novo.

– Eu sei o que eu prometi. –ele riu. – Eu só quero tirar uma boa nota nessa prova, depois disso você não vai nem me ver mais!

– Ótimo, melhor assim. Se você se atrasar eu vou embora e não tem desculpa, esteja lá as três em ponto ou então vai ter que se virar sozinho Sirius Black.

– Eu estarei lá!

– Até amanhã.

– Até!

Assim que a garota se virou e seguiu pelo corredor um sorriso dissimulado brotou nos lábios do moreno. Pedro Pettigrew se aproximou pelas costas do amigo depois de ouvir toda a conversa de longe e disse:

– Agente tem prova de francês?

– Não! –riu Sirius olhando o amigo. – Mas ela não sabe disso!

– Ah... –este sorriu. – Entendi! O que tá planejando?

– Nada! –Sirius se virou e começou a andar. – Eu vou me comportar direitinho caro rabicho! –disse segurando as costas do pescoço do loiro.

– Au! –este reclamou ao sentir os dedos pesados de Sirius apertando sua nuca.

– Deixa de ser molenga! –Sirius bagunçou os cabelos de Pedro.

– Tá, e então o que pretende se não vai tentar nada com a namorada do seu irmão?

– Simples! Eu farei melhor do que isso. Sirius Black vai se comportar como um perfeito cavalheiro e conquistar a confiança da cunhadinha! –dizia falando de si terceira pessoa. – Depois disso, quando ela tiver plena confiança em mim, eu vou mostrar a ela quem realmente é Regulus Black.

– E depois?

– Depois? –ele riu. – Isso é outra estória!

Então os dois marotos seguiram pelo corredor voltando para o interior da Universidade a procura dos demais amigos. Sirius já tinha um plano traçado em sua mente sagaz, e astuciosa e pretendia seguir cada parte dele sem cometer nenhuma falha. Sirius estava determinado a acabar com aquele namoro e faria isso da maneira mais sutil possível sem sequer ser responsabilizado por tal feito. Segundo Sirius, Regulus iria engolir o seu orgulho muito em breve...