Serendipidade escrita por Roxanne Evans


Capítulo 13
13


Notas iniciais do capítulo

E aí gentem? Upei a capa cortada e interminada mesmo, só para vocês terem uma noção ^^
esse é um pedacinho do desenho que eu fiz para a dita...Depois de colorido direitinho (estou há séculos para fazer isso na vdd ^^') eu uppo a versão completa, de corpo inteiro, colorida e tudo e tal da dita! Espero que gostem...
Ahhh, então é claro, no desenho são eles mesmo, como eu desenhei e panz, são eles! kdoasp Não outros personagens que usei como eles kdapos
Espero que curtam ;)



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13

"I put a spell on you
Because you're mine
You're mine

I love ya
I love you
I love you
I love you anyhow
And I don't care
if you don't want me
I'm yours right now

You hear me
I put a spell on you
Because you're mine"

O sábado finalmente chegara. E embora o dia estivesse ensolarado, com uma temperatura amena e agradável, as crianças brincassem tranquila e divertidamente nas ruas, Nessie ainda assim não conseguia ficar calma.

Depois de tomar café, tomar um banho e ficar quase duas horas encarando seu guarda-roupa com as portas abertas, percebera que não estava com vontade de se arrumar, e mesmo assim, no momento, estava sentada na frente de sua penteadeira, deixando seus cachos de uma forma mais perfeita.

O fato de sua rua ser uma rua tranquila, e o único barulho a ser ouvido agora ser o de risadas e gritos de diversão de crianças a enervavam ainda mais. Sua casa estava mergulhada em silêncio. Tudo estava quieto, o dia estava perfeito. Como o dia podia estar perfeito quando ela se sentia tão nervosamente mal como se sentia agora?

Preferia que estivesse chovendo e frio, e seu vizinho pré-adolescente estivesse escutando sua pior música de heavy metal, talvez isso a fizesse se sentir melhor.

Depois de arrumado o cabelo, simplesmente passa um rímel e um delineador em formato gatinho, e põe um vestido azul claro, de cetim, com um laço escuro na cintura. Com um suspiro, encara-se no espelho, desanimada. Não sabia o que fazer, não queria se arrumar.

Para completar, põe um sapatilha de salto, preta, e volta a encara-se no espelho, levantando uma sobrancelha. Não sabia dizer se seu mau humor a deixava nervosa ou o contrário. E o pior é que se encontraria com Jacob hoje, não deveria estar com vontade de se arrumar?

Aquilo quase lhe dá uma crise de riso idiota. Depois de como ele a vira ontem, nada seria pior, hoje até que estava bem. Para completar, faz rápida e habilidosamente uma trança embutida da raiz. Estalando os lábios, vê-se pronta, um pouco mais de uma hora antes.

Sai do quarto, rondando a casa, que parecia inabitada, com seus pais trancados, se arrumando no quarto. Começava a ficar cansada da situação, e não queria mais nada além de deitar para dormir...

Sentando-se no sofá de forro vermelho, da sala de estar, encara o teto por um instante, e, não tendo nada para fazer, com preguiça de buscar Mobby Dick onde deixara, ao lado da cama, em sua escrivaninha, põe-se a pensar. Qual seria o melhor jeito e quais seriam as reações de seus pais quando contasse a verdade?

Porque, para seu pai, provavelmente, teria de contar com muito cuidado para que ele não perdesse a cabeça e resolvesse matar Jacob, uma vez que, mesmo que fosse mais baixo do que ele, em força, provavelmente não ficava muito para trás.

Teria de ser sutil e se explicar, colocando a culpa em si, como realmente havia sido, primeiro.

Agora, com sua mãe, tudo parecia envolto em névoa, e a única coisa que conseguia ter certeza era essa: Mágoa. Sua mãe ficaria muito magoada por não ter lhe dito nada antes. Mas ela não sabia como contar e também, não sabia o que ela ia achar.

Será que ela explodiria como seu pai? Choraria? Gritaria? Entraria em choque? Provavelmente conseguiria contar nos dedos as vezes que vira sua mãe fazer alguma daquelas coisas, geralmente, por mais nervosa que Bella estivesse, não perdia a cabeça, ela era dada mais a uma discussão e até a uma briga.

Seus pensamentos são interrompidos quando seu pai entra na sala. Por um momento a menina encara os cabelos acobreados, tão semelhantes aos seus, e quando ele lhe lança um sorriso cheio de charme, sente-se culpada por enganá-lo também.

Estava sendo uma covarde e sabia disso. Por outro lado, ainda não estava séria o suficiente com Jake para querer contar o que tinha para seus pais. Não o faria com qualquer outro garoto, mas a situação era diferente e delicada e ela era esperta o suficiente para saber disso. Na verdade, não deveria ter ficado com ele sem ter a certeza de ser uma coisa séria. Mas, novamente, como poderia sabê-lo?

Contrariamente, sabia de certa forma que só de ficarem juntos, já era uma situação séria. Era um torvelinho de pensamentos embromando-se em sua cabeça.

Aos poucos, o nó que tanto tentava maquiar em sua mente, voltava a aparecer, sorrateiro, querendo a totalidade de seus pensamentos.

Pondera sobre o assunto novamente. Estava sendo muito insensata, estava agindo como uma adolescente sem escrúpulos. Afinal, como poderia estar disposta a perder a virgindade com um cara que não sabia se estava sério?

Ri um pouco, baixo, chamando a atenção de seu pai.

Queria estar sério com Jacob, essa era a verdade, e queria muito. Talvez esse fosse o motivo, e mais, ele tinha sido a primeira pessoa por quem se apaixonara. O pensamento a embaraça, e leva as mãos ao rosto sentindo-se exposta.

Edward estranha, encarando-a com um sorriso divertido nos lábios, mas vestindo um olhar questionador. Ela abaixa o rosto, tentando esconder sua expressão.

–Tudo bem Nessie? - Ele pergunta com um tom de voz raro, entre o irônico e o jocoso, parecendo se conter para não rir da reação da menina.

Ela sorri, amarelo.

–Sim, sim, pensamentos embaraçosos! - Confessa, esticando o sorriso, e fazendo um som desconfortável com a garganta.

Nisso, Bella surge, descendo afobada as escadas, encaixando seus sapatos nos pés pelo caminho, apenas para começar a colocar os brincos em seguida.

–Vamos indo pessoal, antes que a gente se atrase! Quero dizer, antes que a gente se atrase mais! - Os ruivos trocam um olhar leve e sorriem, seguindo a morena que praticamente corria, na frente.

A menina encosta a cabeça no vidro, assim que começam a dirigir, sentindo-se sonolenta com as ruas lisas que passavam. Já conhecia aquele caminho de cor, se fechasse os olhos, corria o risco de fazê-lo, inconscientemente.

Vêm a sua mente a ideia de seus pais se perderem no caminho. Será que ela seria fria o suficiente para se manter calada e não indicar o caminho ou será que se impacientaria e não conseguiria, indicando-lhes o caminho certo?

Nisso, vira em uma esquina conhecida e Nessie sabe que prestava demasiada atenção ao aparelho celular que sua mãe tirara da bolsa. Engole em seco, sem perceber o que fazia, antes que pudesse conter-se.

–Hey Jake, você já pode ir descendo, a gente está aqui embaixo...Ok, beijo - E desliga. A moça permanece a encarar a morena durante alguns segundos, antes de baixar seus olhos para o colo. Seu nervosismo sem explicação crescia.

Seria por que aquela era a primeira vez, desde que estavam juntos, que encontravam seus pais? Não sabia, mas sentia seu suor aumentar e as mãos tremerem de leve.

Tenta respirar fundo, mas sentia o ar entalado em sua garganta. Aperta de leve seu vestido, mordendo o lábio inferior. Alguém bate no vidro e a menina dá um pulo no lugar, enquanto Jacob abria a porta, sorrindo e estranhando a reação dela. Tentando sorrir de volta, mas falhando, a menina pula para o lado para que ele entrasse.

Não consegue encara-lo enquanto ele cumprimentava seus pais, nem quando ele lhe direcionou um oi. E Enquanto ele e sua mãe distraíam-se com conversas leves, ela tentava se concentrar em sua própria respiração.

Sem conseguir se segurar, ela o olhou de esgueira. Nunca antes o vira vestido com uma roupa social. Ele ficava bem assim, dava alguma imponência, combinava com a sua figura. Suspira. Por sinal, nunca o vira usar aquela camisa social antes, e quase teve ímpetos de perguntar se ele a comprara, mas não podia fazê-lo, pois saber que roupas deviam ou não estar no guarda-roupa de Jacob Black não era algo que deveria estar no seu vasto conhecimento pessoal.

Teve ímpetos de levantar a mão e toca-lo, sentir o tecido, mas sabia que não podia e frustrava-se sem necessidade por isso, afinal, a escolha tinha sido sua. E, pela primeira vez, teve muita vontade de contar a seus pais e não precisar ficar escondendo o que sentia, porque não era algo de que tinha vergonha, pelo contrário, era algo que desejava que todos soubessem.

Engolindo subitamente o gosto amargo que sentia subir por sua boca, contém o sentimento amargurado, mordendo o lábio com mais força. Começava a ficar com raiva de si mesma e de suas atitudes. Tentava se conter e agora todas as suas vontades.

Não podia relacionar-se com Jake na frente de seus pais, e de certa forma, escondia parte de si desse jeito. E o mais difícil de tudo aquilo é que a parte que tanto tentava esconder, era uma que tanto desejava mostrar.

Perdera-se de seus objetivos e até atordoara-se um pouco. Encosta a cabeça no vidro e suspira. E por mais que notasse que Jacob a encarava com o canto dos olhos, usou de todo possível, tudo que havia em si para não retorna-lo.

O caminho é feito com uma música suave de fundo, seus pais trocando palavras leves, com a interferência do convidado aqui e ali, mas Nessie entrara em um estado tão profundo de incômodo e introspecção que não os escutava.

Embora Jake não dissesse, começava a se preocupar com o que se passava na cabeça da ruiva, com ela tão quieta daquela maneira. Sentia-se totalmente impotente em não poder nem virar-se e perguntar o que se passava e ouvir uma resposta sincera. Odiava a ideia do segredo, embora não quisesse desrespeitar Nessie, tudo o que queria era deixar a coisa em pratos limpos.

Suspira, irritado com o pensamento, passando a contrair a mandíbula, como tinha o costume de fazer quando ficava tenso. Por que tinha de ser tão difícil?

Pela primeira vez que podia se recordar, encontrara alguém com quem realmente queria estar, queria investir, e ter de escondê-lo era um fardo que não queria carregar.

Chegam ao apartamento e como esse tinha vagas para visitantes, entram através dos portões automáticos, de vidro, para o interior, antes de se guiarem pelo conhecido caminho. Edward é o primeiro a descer do carro, o sol batendo no cimento, fazendo-o quente, no meio de tantas vagas pintadas no chão e nenhuma forma de se refrescar.

No final do lugar onde estavam, havia um canteiro, fazendo uma linha reta, com várias árvores plantadas, que ainda assim, estavam longe de ser o suficiente, fazendo só uma sombra. Elas serviam como delimitador do campo de visitas.

Edward abre a porta para Nessie e depois dá a volta no carro, apenas para começar a acompanhar Bella, que já andava.

A menina bate a porta do carro, apenas para ouvir o alarme sendo ligado, o pai olhando brevemente para trás, adicionando-o. Começa a andar, há alguns passos de distância dos dois, Jake andando a seu lado, praticamente tendo de arrastar os pés, para permanecer no passo lento dela.

Os dois trocam um breve olhar desconfortável, antes de apressarem-se para alcançar os outros dois, não sabendo exatamente o que deveriam dizer na situação.

Entram no hall e antes mesmo que percebessem, já estavam no elevador, subindo para o andar onde Rosalie e Emmett moravam. A ruiva relanceia o espelho, apenas por costume, e percebe que Jake tinha os olhos fixos nela, através desse. Sem se conter, engole em seco e abaixa o rosto.

–Você sabe quem mais vai mãe? - Pergunta a menina, tentando quebrar o silêncio, que, aparentemente, só para eles dois era desconfortável.

–Acho que só a gente mesmo, e inclusive, a Alice já chegou, acredito. - A menina confirma, com um leve balançar de cabeça.

Almoçar na casa de Rosalie no final de semana era um costume que se formara com naturalidade, antes mesmo que conseguissem se lembrar. E era comum que acontecesse pelo menos duas vezes por mês. Pelo menos assim o antigo grupo de amigos, agora praticamente família, sempre se atualizava do que estava se passando nas vidas uns dos outros e podiam combinar o que quer que fosse, além de poder ajudar, se assim fosse necessário.

Os dois pares descem e entram no apartamento. Rosalie era atriz, e no momento, estava bem sucedida em sua profissão, enquanto Emmett trabalhava no ramo de empresas, sem que Nessie nunca soubesse ou realmente se interessasse pelo que ele fazia de fato. Mas também estava bem. Logo, morar em uma parte conceituada da cidade, em um prédio com um apartamento por andar não era nenhuma dificuldade para o casal, o estilo de vida parecia vir naturalmente para eles, e combinava com a personalidade ostentadora da loira.

Entram e a menina logo encara a janela, que ia do chão até o teto, as cortinas penduras de cores pastéis sendo agradáveis para os olhos. Ouviam barulhos animados da cozinha, onde todos pareciam conversar. Logo, a loira, recepcionando quem chegava, sai de onde estava, vindo cumprimentar os convidados, com um grande sorriso no rosto.

–Bella! - Fala abraçando a amiga, como se não a visse há anos. Depois repete o ritual com Nessie e Edward, apenas parando em Jacob, que cumprimenta com um pequeno e saudoso chacoalhar de mãos. Ele se força a sorrir para ela e ela faz o mesmo.

Segurava na mão direita um copo de vinho tinto, que oferece, assim que termina o ritual inicial. Só Edward aceita. Nisso, o resto das pessoas saía da cozinha, e vinha na direção dos recém chegados.

–Antes tarde do que nunca! - Emmett estica os braços, como se fosse abraça-los, mas apenas se ajunta para conversação. Seguido dele, aparece Jasper, e é então que o sorriso de Bella naturalmente diminui e ela passa a força-lo, quando Victoria aparecia para acompanha-los. Alice, a última da fila, capta o olhar da morena e troca um olhar significativo, malicioso com essa.

Nessie, ao vê-la, rola os olhos, sabia que quando ela aparecia, alguma pequena confusão aconteceria, era sempre assim. Discretamente, junta-se a sua mãe, que estava agora com Alice, já em um outro canto da sala, próximas a janela.

–Você está linda - Alice comentava, elogiando o vestido azul marinho de Bella, com estampa de pequenas rosas de cor azul claro, detalhadas com branco. A morena sorri, e nenhuma das duas se importa com a chegada da ruiva, Alice só lhe depositando um pequeno beijo, Nessie tendo de se abaixar para que ela pudesse alcançar sua bochecha.

–Você também está - Bella devolve. Para variar, ela realmente estava, com um vestido verde escuro, que chegava até o meio de suas coxas, a cor só servindo para ressaltar sua aparência naturalmente semelhante a de fadas. O vestido tinha um leve brilho natural, e alguns detalhes em dourado, que apareciam quando ela se movimentava. Um enfeite nos cabelos espetados, uma pequena presilha brilhante, com filigranas delicadas completava o visual, a maquiagem em dourado e verde, combinante, pesada, dando-lhe um ar mais maduro, apesar do tamanho 'petit' - E inclusive, você está mais arrumada que o normal.

Alice bufa de levinho, mostrando sua revolta.

–Tenho uma festa de trabalho, do Jasper para ir de noite, assim que a gente sair daqui - A morena acena, entendendo. As duas se calam, apenas esperando o que sabiam que viria a seguir.

–Mal lhe pergunte, o que ela está fazendo aqui? - Fala bem baixo e indica a ruiva do outro lado do salão, sem necessidade, que agora conversava com Rosalie e Jasper com naturalidade e graça, expansiva nos movimentos, os cabelos cor de cobre presos em uma meia trança, que lhe cobria quase todas as costas, um vestido branco, leve e solto por cima de seu corpo esguio, a maquiagem em marrom, a mão inclinada para fora, também segurando uma taça, rindo, vulpina.

Havia somente inconformismo e perturbação no olhar de Bella ao direcionar a pergunta. Nessie até troca o apoio de perna, prestando atenção a resposta.

A menina volta a soltar o ar e dá uma pequena risada nervosa.

O grupo tinha um longo histórico com Victoria. Ela era uma típica pessoa da mídia, que adorava toda a atenção que lhe fosse dispensada. Virara amiga de Rosalie pouco depois da mesma entrar na área, e desde então, de tempos em tempos, eram obrigados a tolera-la. Não era má pessoa, apesar de ser o tipo de pessoa que nunca se conseguia saber o que realmente estava passando em sua cabeça. Seu pior problema era que adorava a atenção masculina, principalmente de quem considerava particularmente 'interessante'. Algumas vezes ignorara suavemente Bella, de propósito, só para se dirigir a Edward. Aquilo durara algum tempo, até a moça perceber que nunca conseguiria nada com ele.

–Ela e James brigaram novamente - Havia um pouco de hesitação na voz de sinos da moça. Bella parece ainda mais perturbada.

Quando ela vinha com James, era um outra situação, completamente. Eram um casal intenso, e que parecia genuinamente se gostar, mas, apesar disso, brigavam mais do que estavam juntos, desde sempre. Iam e voltavam, eternamente. Então, estarem brigados estava longe de ser uma novidade.

A consternação no rosto da morena era visível. Nessie suspira, olhando os que conversavam de canto de olho. Pelo menos Jasper fazia as vezes de anfitrião e conversava tranquilamente com Jacob. A menina sentiu-se melhor por ele não estar excluído. O encara durante alguns segundos, a postura altiva, perto de um espelho de parede, no lado direito da sala, logo antes dos corredores para os quartos. Distraída, não percebe que ele levanta os olhos para encontrar seu olhar. Sente um arrepio por sua espinha e segura-se para não suspirar. Os dois trocam um olhar rápido, antes da menina se virar e tentar prestar atenção ao que as meninas conversavam, animadas.

A tarde se passa rápido e logo depois do almoço o grupo se redivide, os rapazes sentando no sofá, parecendo ter encontrado algum tema de negócios, que sempre os entretinham durante horas, e incrivelmente, até os fazia rir.

Nisso Rosalie se junta as três meninas já juntas, e, para o desagrado de Nessie, Victoria parece dar alguma atenção especial para Jacob, e agora os dois conversavam e pareciam divertir-se no que quer que estivessem conversando juntos.

Tentando ser discreta, de tempos em tempos, a menina percorria a sala com os olhos, tentando analisar o que eles faziam e sobre o que conversavam. A ruiva sorria abertamente e inclinava-se para frente, em uma clara proximidade excessiva, que lhe desagradava. A intimidade da cena a perturbava, fazendo seu sangue subir.

Já devia ser por volta das cinco da tarde e o sol ia embora, cuidadosamente, espalhando o resto de sua luz, refletindo-a nos prédios com janelas de vidro, dando uma bela paisagem alaranjada para quem olhasse pela janela no momento.

Aqueles dois conversavam já fazia três horas e ainda não pareciam cansados! Aquilo intrigava a menina, e o pior de tudo é que ninguém mais parecia se incomodar. Até agora, provavelmente não ouvira completamente o que ninguém de seu grupo conversava, seu foco estando em algo mais, não importando o quanto tentasse disfarçar, rindo nas horas certas, até repousando os olhos em quem estava falando.

Tinha agora em mãos uma taça de vinho, como os outro, bem antes dela, e o bebericava, com nervosismo, aqui e ali.

Agora já haviam passado para um outro estágio, um em que, aparentemente o toque era permitido, pois a moça de aparência delicada, de sardas pelo rosto, agora encostava no braço do moreno volta e meia, enfatizando uma sentença ou outra. Ela não tinha cãibras de sorrir durante tanto tempo?

Suspira contrariada, não conseguindo se conter, pelo que ela esperava ser a primeira vez, e abaixa os olhos, mordendo o lábio inferior. Nisso, vira o rosto apenas rápido o suficiente para ver que Alice a observava, e agora relanceava o casal do outro lado da sala.

As duas percebem que haviam se notado, e trocam um olhar, constrangido para Nessie. Tudo em frações de segundos. Rosie e Bella pareciam tão entretidas com a arrumação de tudo quando o bebê chegasse, que não pareciam nem ter notado a cena.

Nessie sente seu corpo gelar e tem de largar a taça na mesa, para não derruba-la, quando seus dedos endurecem, frígidos. Era uma sensação de desespero. Como pudera esquecer de Alice? Nem todo o cuidado do mundo seria o suficiente perto dela!

Seu coração parece acelerar, e suas mãos a suarem um suor frio. Ela volta a morder o lábio, com força, parecendo chorosa. Como uma verdadeira atriz, levanta-se, empurrando a cadeira atrás de si, com um sorriso leve que convenceria até a si mesma no rosto.

–Vou até a cozinha. Acho que preciso de água - Explica, antes de tomar passos largos em direção a mesma, contendo-se para não despencar ali mesmo. E agora, o que seria? Era um medo tolo e infantil, mas de alguma forma, morria de medo de separarem-na de Jacob. Ele nem ao menos morava na mesma cidade que ela.

E ri, irônica, enquanto enchia o copo de vidro. Muito pelo contrário na verdade, ele morava do outro lado do país. Será que o forçariam a voltar? Sente o coração falhar uma batida. Estava sendo precipitada, mas as piores possibilidades continuavam a surgir sem que conseguisse se controlar.

E se Alice resolvesse contar para Edward agora, nessa situação, o que ele faria? Precisava conversar com seu pai a respeito primeiro. Sente sua mão tremer e também larga o vidro em cima da pia, apoiando os braços na mesma e tentando respirar fundo.

–Nessie - A voz fina e melodiosa chama sua atenção. Respirando fundo, tentando esconder seu nervosismo, se vira, apenas para encarar Alice na entrada na cozinha, com uma expressão de estupefação no rosto.

–Alice - Responde, mas a voz sai trêmula e fraca demais, sem que conseguisse se conter. Amaldiçoa-se mentalmente por não ter a capacidade de manter-se fria perante a situação.

–Jacob era o rapaz que você falou comigo antes? Por quem você estava apaixonada? - A ruiva geme baixinho e mexe a cabeça, estalando os lábios antes de concordar, sem querer olhar a morena nos olhos. Permanecem assim durante alguns instantes, só o burburinho de pessoas na sala sendo ouvido.

No final de alguns minutos a menina respira fundo e fecha os olhos, conseguindo controlar-se, minimamente, encarando a amiga pelo canto dos olhos. A morena parecia introspectiva, parecendo pensar sobre tudo o que vira até agora, sem encarar a menina, profundamente pensativa.

Nessie desiste e encosta ao balcão a sua frente.

–Alice? - Chama, com a voz ferida. A pequena levanta o rosto e a analisa, solene, durante alguns instantes, antes de sorrir de leve.

–Você já contou para sua mãe?

A que tentava se explicar morde o interior da bochecha, colocando uma mecha do cabelo que caíra para frente atrás da orelha, por costume.

–Não, e não tenho ideia de como vou fazê-lo - Diz, simplesmente, verdadeira, sentindo-se um pouquinho mais leve por isso.

–Pelo menos vocês não moram juntos mais - Ela ainda parecia refletir, metade de seus pensamentos na conversa, a outra metade ponderando consigo mesma - E para ele, você já contou?

E é então que a menina percebe que Alice não pegara tudo o que acontecia, e, apesar de sentir um banho de alívio, quente, percorrer seu corpo, ao mesmo tempo uma pontada de decepção parece bater em seu coração.

Simplesmente abaixa a cabeça, as mechas já soltas da parte da frente do cabelo caindo de leve, em cachos, cobrindo-lhe a expressão de maneira delicada. Ouve um leve suspiro, mas não ousa levantar o rosto.

–Pelo menos isso, o pior foi evitado. O que faríamos se você tivesse contado? - Aquilo dói em seu coração, mas ainda assim, omite a verdade, a sensação de medo, perda e vazio ainda muito perto de seu peito para ter coragem de fazer qualquer revelação, mas o peso da, agora mentira, fazendo-a querer chorar, sendo uma sensação doída.

Só tem coragem de levantar a visão quando sente a menor a sua frente, do outro lado do balcão, encarando-a, com um sorriso abatido no rosto. A menina não consegue nem devolver a expressão, e permanece imóvel, devolvendo-lhe o olhar.

–Eu não sei nem o que dizer! - Confessa, um pouco estupefata, a menor. Disso, finalmente, a ruiva tem uma reação, e mostra os bonitos dentes perolados.

–Não precisa dizer nada, está tudo bem - E segura a mão da morena, por cima da mesa, tentando reassegura-la - Mesmo, você não tem nada para se preocupar.

A morena apenas confirma e continua a sorrir.

–Agora quer voltar para a sala e continuar a conversar ou quer ficar aqui para não ver nada? - E dessa vez, a de cabelos acobreados tinha certeza ao que ela se referia. A menina faz uma careta, entortando a boca, fazendo a risada sonora e gostosa de Alice preencher o ambiente.

–Acho que ficaria meio suspeito. - E também volta a sorrir, suspirando - Vamos, eu consigo lidar com isso.

Pelo menos foi o que achou, pouco antes de sair. Mas, ao ver Victoria cochichando qualquer coisa no ouvido de Jake, seu sangue imediatamente voltou a subir e ela teve de bufar e fechar as mão com força, para conter sua raiva.

Jacob, ao mesmo tempo que não a incentivava, não tocava nela de volta, também não fazia nada para repeli-la, continuando na mesma posição, praticamente, desde o começo da conversa, o que começava a irritar a menina. Por que ele simplesmente não a dispensava?

Agora já passava um pouco das sete da noite e embora tivessem pedido comida e Alice estivesse para sair, nada tinha mudado no cenário. E quanto a moça se aproxima uma outra vez, apoiando a mão delicadamente no braço do rapaz, e cochichando alguma coisa, deixando a boca raspar propositalmente por seu rosto, a menina apertou a taça com tanta força entre seus dedos, que por um momento, teve certeza que ela quebraria.

Tinha sido a gota final. Volta a levantar-se, com graça, e, embora depois da conversa, Alice tivesse ficado de olho nela e no casal, não parecia mais preocupada, e conversava, animada com as amigas. Só quando a menina levantou-se, que seu foco volta para ela.

–Rosie, posso pegar alguma maquiagem sua emprestada? Porque acho que a minha precisa ser retocada - A loira não parece se abalar, confirmando, com um sorriso bem humorado no rosto.

–Estão no meu quarto.

–Vou lá então - E a menina troca um olhar de 'está tudo bem' com Alice, antes de sair para o corredor, determinada, sem olhar para trás, não vendo que Jasper se aproximava do dito casal, e agora também entrava na conversa.

Bufando, irritada, entra no quarto, encostando a porta atrás de si. Solta um pequeno gemido histérico, e gesticula com as mãos, tentando exteriorizar a sua raiva. Joga o cabelo para trás, com violência, quase batendo no mesmo, e senta-se na penteadeira da loira, não ligando para os perfumes e maquiagens que se espalhavam sobre esse, simplesmente apoiando a cabeça entre as mãos, choramingando.

Fica assim alguns segundos, tentando se acalmar. Nisso, ouve a porta abrir-se, devagar.

–Nessie?

A moça vira os olhos raivosos a acusadores para o homem parado a porta. O quarto estava meio escuro, e, com exceção de dois refinados abajures que ficavam ao lado da cama, não havia nenhuma outra iluminação no quarto carpetado.

–O que você está fazendo aqui? - Exige, com a cólera clara na voz. Ele a encara durante alguns segundos, sem se mover, cruzando os braços antes de responder.

–Eu disse que ia ao banheiro, mas isso não importa - E respira fundo - Preciso falar com você. – A menina revira os olhos.

–Não parecia que você queria falar comigo até agora... - Joga o veneno, maldosa, mas aquilo só o faz soltar um riso descrente, um arquear de sobrancelhas.

–É sério isso? Você realmente está falando sério? - E seus olhos pareciam tão pirronistas, que ele ficara até um pouco sem reação.

–É claro que é sério! Você por acaso não se viu com aquela mulher? Por que você não fez nada para afasta-la? Por que deixou ela te tocar daquele jeito? - E as acusações continuavam vindo, como uma cascata.

–Eu só achei que poderia ser melhor para nós, já que a gente não precisaria tendo de ficar desconfortável o tempo inteiro. Fora que ela não fez nada de mais, sim, ela estava dando em cima de mim, mas não, ela não ia me agarrar no meio da sala! - Ele exclama, um pouco nervoso.

A menina raspa a língua no céu da boca, levantando-se e cruzando os braços, soltando o ar de seus pulmões, encarando-o por um momento, por fim fazendo um gesto de 'tanto faz' com os braços e a cabeça, mas ainda um pouco incomodada.

Ele sorri da cena.

–Não sabia que ia te incomodar tanto assim, mas, já que te incomodou - E dá uma pausa, esticando o sorriso, safado - Talvez eu devesse fazer um pouco mais.

E ele mostra os dentes, em um sorriso completo, satisfeito com a provocação.

–Haha, muito engraçado! - Ela responde, aproximando-se dele, devagar, parando bem em frente, só agora a incomodando o quão pequena ficava a sua frente, de salto, ficando da altura de suas clavículas.

–Você não precisa se preocupar - E aí, o sorriso que parecia estampado em seu rosto parece tornar-se sarcástico - Você é a ruiva esquentadinha que eu escolhi. - E encosta-se a parede atrás de si, zombeteiro.

Os olhos dela se estreitam.

–É assim então né? - E ele confirma, divertido, passando os a língua nos lábios, em uma expressão de descaso. - Então fique você sabendo que você é meu, senhor Jacob Black! - A menina exclama, batendo seu indicador com força no peito de Jake.

Isso só faz ele sorrir ainda mais, finalmente descruzando os braços, fazendo um carinho suave nas maçãs do rosto da menina, com a parte detrás da mão, fazendo-a suspirar, o choque elétrico cruzando seu corpo em alguns segundos. O toque dele sempre sendo quente e provocativo.

A textura de sua pele contra a dela. Ele podia sentir perfeitamente a maciez e suavidade dela.

–Não... - E ele se aproxima, tirando o braço dela do caminho, sorrindo, brincalhão - Você é minha! - E lhe rouba um beijo, harmoniosamente, apenas para sentirem o gosto um do outro, a suavidade de suas bocas. Ele desliza a mão, cuidadosamente depositando-a na cintura fina da moça, puxando-a de encontro a si, exigindo mais do beijo, pedindo passagem de leve, a língua passando por sua boca, fazendo-a perder todo o fôlego que tinha.

Ela passa a acariciar a pele de seu pescoço, também sentindo-a arrepiar contra si, gostando disso, distraindo-se com os efeitos que a língua dele causavam, dentro de sua boca. Sentia o meio de suas pernas formigar e o segura com mais força, os braços enlaçando-o contra si.

Se separam devagar, apenas para voltarem e trocarem um outro beijo, suave.

–É melhor a gente sair daqui, não podemos demorar... - Ela comenta, tentando recuperar o fôlego. Ele apenas sorri e concorda, voltando a acariciar o rosto dela com o polegar, suavemente. Ela devolve o sorriso, sem graça, tirando a mão dele suavemente - Você vai primeiro...

Ele concorda, mas ainda demora-se um pouco para quebrar o contato visual, antes de virar-se e sair pela porta. A menina suspira, levando a mão a boca, as sensações voltando-lhe de leve, agradáveis.

Sorrindo, ainda volta a sentar-se na penteadeira, realmente começando o processo de retoque. Poucos instantes depois, Alice entra, parecendo um pouco desconfiada.

–Tudo bem Nessie? - A menina confirma, voltando a encostar o lápis na parte superior da pálpebra.

–Tudo sim... - Ela concorda.

Felizmente, tudo o que Alice vira fora Jacob saindo pelo corredor, quando ela entrava. E ele lhe dá um pequeno sorriso quando cruzam o caminho. Aparentemente, nada de errado. A menina estava no quarto de porta fechada, retocando a maquiagem, como tinha dito. Tudo parecia em seu mais perfeito lugar.

A moça sai, trocando um sorriso um pouco avoado com a menina, fechando a porta.

Quando o encontro acaba, os quatro voltam para o carro, conversando uma coisa ou outra, informando-se das atualidades. Bella decide provocar, pois, de certa forma, a incomodara também.

–Parece que a Victoria realmente gostou de você hein Jake? - E ele riu, a bom rir, divertindo-se.

–Não se preocupe, não foi recíproco, se é isso que quer saber - E a moça confirma, dando uma de desconfiada, mas também entregando-se as risadas. Entram e colocam os cintos, Edward dando a partida.

–Acho que pelo menos o fato de ela ter se esforçado para ficar só com pessoas descomprometidas poderia ser considerado um progresso não? - Comenta a morena, e Nessie tem de se segurar com todas as forças para não olhar para Jake. Ao invés disso, olha para o espelhinho da onde agora, Edward a encarava, sério.

A menina suspira. Ele não a pegara olhando para Jacob. Parecia que todos os seus movimentos estavam sendo observados de perto. Respira fundo, abaixando os olhos para o colo. Estava precisando de umas férias, e talvez a sua ideia anterior de ir à praia não fosse tão ruim, afinal, tudo o que queria agora era um lugar onde pudesse, ao menos andar de mãos dadas com Jacob, sem correr nenhum risco de ser vista.

Sim, provavelmente aquela era a melhor ideia.


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Notas finais do capítulo

Terminada em: 18.02.2012
Publicada: 24.04.2014

A música do começo é I Put a Spell on You (Nina Simone)

Desculpem a demora para atualizar, mas, vocês sumiram pessoal!
Espero que tenham gostado do capítulo eee para onde o relacionamento do Jake e da Ness está indo ^^~
Até a próxima folks ;)~
XoXo



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