Serendipidade escrita por Roxanne Evans


Capítulo 10
10


Notas iniciais do capítulo

Minha boa gente brasileira, eu esqueci completamente de postar esse mês! Completamente! Só agora que abri minha conta aqui, vi que não tinha postado o capítulo desse mês! :O
Bem, antes tarde do que nunca, não é? Me desculpem, mesmo! Esqueci completamente!
Bem, espero que gostem... Aqui as coisas tomam uma forma definitiva hahaha quero muito saber o que vocês vão achar do rumo que as coisas estão tomando!



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"This is not fair, I am beyond repair 'cause of you
Yo-o-ou, you, yo-o-ou
Can't find my head, so I've fallen instead over you
Yo-o-ou, you, yo-o-ou...

Frightened you'll creep so I cry in my sleep, yes I do
Do-o-o, I do

Oh I I I'm poisoned with love, love
Bu can't get enough, enough
So I keep walking on broken glass for you, y-o-ou (2x)

This is not fair, but I've lost every care, I want you..."

Quando chega ao final da escada, percebe o quanto estava exaurida, a batida forte de seu coração não sendo o suficiente, agora que a adrenalina caía. Encosta-se um pouco a parede, recuperando o fôlego, sentindo-a gelada atrás de si e estremecendo.

Sorrateiramente, sua mente se volta para o que acontecia instantes atrás, o calor da pele de Jake parecendo inebriar seus sentidos, o toque. Balança a cabeça, tentando esquecer, nem ao menos pretendia fazer aquilo quando chegara. Acabara agindo por impulso.

Respira fundo uma última vez e abre a porta, apenas para congelar no lugar, cada osso do seu corpo parecendo travar, enquanto Jacob a encarava, de braços cruzados, esperando-a.

–Você realmente achou que eu fosse te deixar voltar para casa sozinha, a essa hora? – É o que diz, e ela sente-se estremecer. O que estavam fazendo? Achou que estava no limite do quão perdida alguém poderia estar, mas estava enganada, pois o alcançara agora.

Os dois saíram do hotel, mas ficaram em silêncio, nenhum dos dois parecendo ter a coragem de se encarar, ou comentar o que acontecera. Seguem pelas ruas escuras, cada passo parecendo um sacrifício para a menina. Como conseguiam fingir que nada acontecera? Como andavam agora lado a lado como se aquilo nunca tivesse se passado?

Encolhe-se de leve, um movimento que capta a atenção de Jacob.

–Está com frio? – Pergunta, a voz mais leve que o normal, porém soando mais preocupada.

–Não, estava só pensando – E sorri fraco. Ele sabia exatamente sobre o que ela estava falando.

Sem sombra de dúvida, sem precisar de uma escala, aquela foi a caminhada mais esquisita de toda a sua vida. Nunca se sentira tão estranha quanto aquele dia quando andava lado a lado com o índio, depois do que fizera.

Chega em casa e os dois mal se despedem, a menina correndo para dentro, mas seguindo os passos do que fizera antes, escalando a árvore, passando pelo telhado e entrando no quarto. Ao fazê-lo, fecha a janela, mas espia através da cortina, enquanto a sombra alta de Jacob se distanciava, vagarosamente.

Que fala fora aquela? Agora ele sabia? Sabia o que? Ela tinha perdido o resto do juízo que aparentemente, nunca tivera?

Geme alto, frustrada, jogando-se na cama. Ainda não acreditava no que fizera, e, pelo visto, continuaria inconformada por muito tempo, e o jeito era simplesmente lidar com isso.

–-/--

Obviamente, segunda-feira, não tem a coragem de aparecer no hotel, além de sentir-se envergonhada, decidindo dar um espaço para Jacob se decidir por algo, afinal, até agora ela tomara todas as iniciativas, e, como ela mesmo inacreditavelmente dissera, agora ele sabia, então se ele também quisesse, ou se ele se sentisse da mesma forma que ela, ele que viesse atrás, pois se ela aparecesse, sabia que acabaria saturando-o.

Jane vai para sua casa, percebendo-a desanimada, e as duas se fecham em seu quarto, fazendo as unhas. Para variar, a loira as pintava de preto, enquanto Nessie decidia-se entre um roxo e um vermelho escuro.

–Eu ainda não acredito que eu fiz aquilo, de todas as pessoas, eu! Provavelmente foi a maior merda que eu já fiz – O nervosismo constante que sentia a incomodava, pois sabia que se Jacob simplesmente deixasse de aparecer, isso significava que falhara, e a culpa seria dela própria, por ser premeditada.

Jane apenas riu, divertida, pintando as unhas dos pés, sem levantar o rosto para vê-la.

–Calma, não foi nada demais, garanto que daqui a pouco seu príncipe encantado está aí para vê-la.

A ruiva lhe lança um olhar contrariado.

–E se não? – Guardou os comentários para si a respeito do 'príncipe encantado', preocupada demais para brigar por uma coisa daquelas.

–Nessie, ele estava nitidamente interessado, e pelo que você falou, não tem motivos para ele recuar, a menos que ele seja covarde. Ele é um covarde? – Pergunta, dessa vez levantando uma sobrancelha e voltando-lhe a atenção.

A menina pensa por um instante.

–Claro que não! – Mas não tinha certeza do que falava e aquilo era apenas mais um motivo para assusta-la.

Jane lhe lança um olhar transviado e solta um grunhido em volta de sorriso, burlesco, voltando-se para suas unhas. O que aquilo devia dizer? Odiava como a loira era capaz de ver através de suas mentiras.

No final da tarde Bella, que saíra durante o dia para resolver os problemas finais com a editora, volta, e passa no quarto, apenas para ouvir risadas do lado de fora, sabendo o que isso significava.

Bate de leve na porta, entrando em seguida, só a parte de cima do corpo, sorrindo para as meninas de dentro.

–Estão com fome de alguma coisa? Estava pensando em pedir pizza... – comenta, antes mesmo de cumprimenta-las.

As duas comemoram rapidamente, uma vez que ainda a pouco, reclamavam da fome que sentiam.

Por fim, a de cabelos castanhos lança um olhar simpático à amiga da filha.

–Hei Jane – Bella cumprimenta.

–Heiii – A menina responde, etérea, sem encara-la.

Em seguida a mulher fecha a porta, saindo do quarto, provavelmente indo pegar as opções que tinham.

–O que você vai fazer quando ela descobrir? – E aquilo faz o coração de Nessie gelar um pouco, sentindo-se culpada. Sabia que não era justo fazer tudo escondido de sua mãe.

–Prefiro não pensar no assunto – Responde, sorrindo fraco.

–-/--

As três comem e conversam um pouco, e no final do dia, Jane vai para casa, deixando Nessie com uma sensação de vazio insuperável. Agora que não tinha mais ninguém com quem passar o tempo, sabia que ele apenas voltaria a se arrastar, como antes.

Como o previsto, a semana demorou a passar, cada dia agora fazendo mais calor, cada dia parecendo enrolar infinitamente, sem propósito. Nessie praticamente tomara uma postura de quem desiste, não havia esperanças para ela, se ele não aparecera até agora.

Sem que percebesse, voltara a andar com Jane, embora a situação de agora fosse muito diferente. Agora, o fazia para passar o tempo, sem festas ou o que quer que fosse que preocupasse seus pais.

Jane, incrivelmente, parecia ter percebido que ela estava algo próximo ao arrasada e tentava entretê-la, levando-a nos lugares mais absurdos possíveis. Tamanho foram os passeios fora do comum, que chegaram a ir ao zoológico.

A ruiva teve de confessar que fora engraçado, elas eram praticamente as únicas de sua idade, e as crianças pareciam ter medo do Jane, o que as entretinha, fazendo-as rir quase que o passeio inteiro.

Na sexta à tarde, fizeram algo mais tranqüilo, e foi à vez de Nessie ir à casa de Jane. No momento, a primeira estava no computador, enquanto a segunda estava deitada na cama, entediada. Tão preocupada estava com seus próprios problemas, que se esquecera que ali não era exatamente o lugar ideal para se estar, só se lembrando disso quando Alec entrou no quarto.

Os dois se encararam por alguns instantes, estranhos. A menina sentiu uma sensação estranha tomar conta de seu corpo, um sentimento sem nome.

–Eu vou sair com a galera, queria saber se você queria ir junto, mas pelo visto, você tem companhia – As palavras dele saíram frias. Não que normalmente não fossem, mas agora parecia haver algo de errado com elas, algum desprezo, o que fez a moça sentir-se mal. Não fora inteiramente justa com ele e o sabia.

A loira dá de ombros, apenas lançando um olhar rápido ao irmão, jogando o cabelo para trás, com calor, voltando sua atenção ao computador. O menino solta um suspiro e sai do quarto. Nessie imediatamente se levanta, indo atrás dele.

–Alec, espera!

Ele estanca, virando-se para encara-la.

–O que quer agora Renesmee? – Não sabia que ele era do tipo que guardava rancor, mas, aparentemente...

Ela dá de ombros, um pouco irritada, sentindo-se sem graça e exposta, uma vez que sabia que errara, e detestava errar, e principalmente, odiava admiti-lo.

–Só queria... – E pausa, ele a encarando fixamente, esperando pelas palavras que viriam a seguir – Dizer que sinto muito...

E os dois suspiram, passando a se encarar, dessa vez sem raiva, apenas constrangimento e estranheza.

–O que foi aquilo Nessie? Do nada! – Ela ri um pouco, acanhada.

–Não tem como explicar, mas posso dizer que passei mal, eu agi... – E alguns termos passam por sua mente, mas os oprime – Mal, e peço desculpas.

Ele dá de ombros, por um instante ficando igualzinho a irmã, para em seguida dar um sorriso torto.

–Deixa pra lá! – E vira-se, descendo as escadas. A menina permanece parada, até ouvir a porta bater, no andar de baixo. Depois, vira-se, andando pelo corredor escuro, de volta para o quarto de Jane.

Surpreendentemente, a loira a esperava, com um sorriso safado que ia de orelha a orelha.

–Queria te perguntar isso faz tempo, mas acabei deixando pra lá. O que aconteceu entre você e o meu irmão? Vocês estão completamente estranhos um com outro!

A menina suspira, jogando-se na cama, o calor incômodo, principalmente por estar, para variar, de calça jeans. Por um momento, seus olhos repousam nos shorts da amiga, antes de cobrir o rosto com o braço, preguiçosamente, e começar a narrativa.

–Eu acabei ficando com ele de novo, por esses tempos – Sabia que os olhos de Jane estavam em si, conseguia senti-los – Mas eu já gostava do Jake, foi só uma cagada, e eu, meio que demonstrei isso... – E volta a se sentar na beira da cama – Sacou?

A loira dá de ombros.

–Achei que seria algo mais interessante – E volta-se para o computador. A ruiva ri.

–Nossa, como o que? Não podia ser nada diferente, não é?

–É, acho que não... Ainda assim, é frustrante.

–-/--

Acabou voltando da casa da menina no começo da noite, por volta das seis horas. Como acabara passando mal pelo calor, Jane lhe emprestara um de seus shorts. Era um xadrez vermelho, mas, embora as duas fossem longilíneas e tivessem quase a mesa altura, Nessie tinha as pernas mais grossas, o que deixava o shorts mais curto e justo em si, um pouco desconfortável. Ainda assim, tendo em vista a outra opção, ficara com os shorts.

O bafo nada usual da noite a incomodava, e a mochila em suas costas a faziam suar. Geme baixo, desconfortável. Se existisse algo mais fresco que uma regata branca, hoje seria o dia de usa-lo. Talvez devesse ir à piscina no dia seguinte.

Praticamente se arrastava, as luzes dos carros projetando-se a sua frente. Nunca tinha desejado tanto que chovesse. Destranca a porta de casa, entrando, exaurida, suas forças parecendo terem sido drenadas, e, a primeira coisa que faz é tirar os tênis com meia que usava, esquentando seus pés.

–Mãe! Cheguei! – A menina grita, largando a mochila na sala.

A morena sai da sala dos fundos, de televisão, um sorriso leve no rosto.

–Pensei que você fosse dormir na casa da Jane hoje! – A moça comenta, lhe dando um beijo no rosto.

A menina lhe devolve o sorriso.

–Eu ia, mas ela achou uma festa para ir, e como eu não estava com muita vontade, resolvi voltar pra casa – E brinca, cansada – Espero que não se importe.

A mãe gira os olhos, e é então que a menina sente o corpo gelar, apesar da temperatura.

–Jacob! – O nome saíra com mais entusiasmo do que devia. O moreno estava parado a porta da sala, encarando-as, sem graça. Bella concorda, desinteressada.

–Sim, ele resolveu passar aqui, a gente estava conversando... – A menina solta o ar, fazendo um som de descaso.

–No dia que eu ia dormir na casa de Jane! – As palavras pareciam entalar em sua garganta, mas surpreendentemente, até para si mesma, soaram naturais. Sente uma tremenda vontade de se bater, e de chorar, e de bater em Jake, tudo ao mesmo tempo.

–É, sua mãe disse que você tinha saído – Pelo menos ele parecia tão constrangido quanto ela. Aquilo não era um consolo. À vontade dela era gritar que ele um desgraçado, mas conteve-se, cruzando os braços e encarando-o, desafiadora.

Bella parece estranhar a cena, mas nada diz. Nisso, o telefone toca, e antes que alguém mais tivesse uma reação, a morena sai para atender.

–Está fugindo de mim agora? – O tom era acusatório, e ela exigia, os braços cruzados. Ele a encara, flexionando o maxilar de leve, parecendo irritado.

–Eu só queria ter certeza de uma coisa – Ele diz, respirando fundo, finalmente. A menina percebe que ele não tirava os olhos de si, e, relanceando para onde o olhar clínico tanto se direcionava, percebe suas pernas descobertas. O fato de ele não tirar os olhos de si por um instante, volta e meia descendo para a parte a mostra de seu corpo fez, ao mesmo tempo, ela sentir-se poderosa e extremamente exposta, como se estivesse em uma vitrine.

Ela sorri, sarcástica, e ele sabe, instantaneamente, que ela tinha percebido. É a vez dele cruzar os braços, parecendo desconfortável por ter sido descoberto.

–Estou te fazendo pouco à vontade? E sinto muito, porque eu não vou trocar de roupa! – Joga, teimosa, com um sorriso de vitória, ainda vingando-se pela vez anterior.

Ele range os dentes, de leve.

–Acho que eu mereci isso – E ele diz, no bom humor, mas os olhos brilhavam com algo mais, como se ele gostasse da provocação. A menina se viu um pouco surpresa e por isso, sem reação. É a vez dele sorrir, ao perceber que a desconcertara.

Ela põe-se nitidamente nervosa.

–Imagino quem ligou, porque minha mãe não é de demorar no telefone – Solta, apenas para mudar de assunto, fazendo o moreno franzir as sobrancelhas.

–Agora é você quem está fugindo – Ele atestava e ela se enfeza. Como ele ousava culpa-la? Sente a raiva crescer em sua garganta, até ela vomita-la.

–E o que você queria que eu fizesse? Quer que eu pergunte então o que você queria aqui, sozinho com a minha mãe? Ou ainda, quer que eu pergunte por que você sumiu até agora? Eu sei pegar uma mensagem quando me mandam!

Ele assusta-se com a revolta repentina dela. O assunto tinha dado uma volta de trezentos e sessenta graus e agora entrava em um território perigoso.

Antes de poder dar a chance de Jacob dizer qualquer coisa, Nessie apressa-se, pegando a mochila em cima do sofá, correndo escadas acima.

–Nessie! – Ele ainda a chama, mas não ousa segui-la.

–-/--

Tão furiosa estava, que em seu furor, quase saiu jogando as coisas do quarto pelo chão. Só não o fez porque sabia que se o fizesse, diferentemente dos filmes, levaria uma tremenda bronca e provavelmente, no final, ela mesma teria de arrumar tudo.

Então se contentou em jogar-se na cama e socar o travesseiro diversas vezes, até sentir-se subitamente impotente diante da situação, só fazendo-a querer chorar. Recusou-se. Não derramaria uma gota sequer de lágrima por ele.

Talvez Jane estivesse certa, talvez Jake realmente fosse um covarde.

O pensamento parece machuca-la mais ao invés de ajuda-la. E o que diabos ele fazia, na surdina, indo ver sua mãe quando ela não estava em casa? Devia ter imaginado algo como aquilo. Tinha sido uma idiota ao pensar o contrário.

Fica nessa briga consigo mesma, até que sua mãe bate na porta, entrando devagar, acedendo as luzes, que não se dera o trabalho de ligar.

–Tudo bem? – E se aproxima, sentando-se na beirada da cama, passando os dedos cuidadosamente no tornozelo da menina. Essa levanta o rosto, mostrando o quanto estava vermelho. – O que aconteceu com você? – E a menina limita-se a abraçar a mãe, procurando por algum conforto.

A moça sorri enquanto abraçava a menina.

–Posso perguntar uma coisa? – Vendo que ela não respondia, prossegue – Você e o Jake brigaram?

A menina levanta o rosto por um instante, apenas para deitar-se novamente, deixando que a mãe lhe fizesse carinho nos longos cabelos avermelhados.

–Acho que sim – Responde, um pouco rouca – Mas não se preocupe, não foi nada demais. Foi lá no restaurante, eu disse uma besteira pra ele, ele respondeu outra... Mas não se preocupe, não foi nada demais – E ajeita-se, sentindo-se mal por mentir.

Aquilo tranqüiliza o coração de Bella, que começara a achar que Edward estaria certo. Uma coisa que Nessie nunca fizera antes era ter o costume de mentir. É sua vez de suspirar.

–-/--

Quando desceu mais tarde, Jake já tinha ido embora. A menina não ficou surpresa. Comeu alguma coisa sem vontade, o calor e o desânimo impedindo-a de sentir fome, e voltou para o quarto.

Incrivelmente, o dia seguinte amanheceu chuvoso, com ocasionais pancadas de chuva, que eram substituídas por um cinza céu sem vida. A menina levantou-se já se sentindo cansada, o sono não parecendo suficiente para que descansasse.

Quando se tem um problema, parece que nenhum sono o apazigua.

–Bom dia... – A menina diz, entrando na sala. Os pais estavam sentados no sofá, lado a lado, parecendo um casal de namorados, combinando algo.

–Bom dia! – Os dois respondem.

–Preciso falar uma coisa – Bella começa, chamando a atenção da menina, que sentara, abraçando as pernas, na poltrona ao lado – Eu e seu pai estávamos pensando em sair hoje, ir a um restaurante, alguma coisa, já que faz tempo que não fazemos isso sozinhos. Mas queria saber se você tem problemas em ficar aqui sozinha? Afinal, a gente pode deixar para outro dia, se você não estiver se sentindo melhor.

E sua mãe parecia tão genuinamente preocupada, que Nessie não quis quebrar seus sentimentos, dizendo que na verdade, a única diferença é que talvez estivesse um pouco mais amarga. Então, ao invés disso, apenas sorriu, forçosamente.

–Vão, qualquer coisa eu chamo a Jane para ficar comigo, não se preocupem não.

Era a vez de Edward e ele não parecia convencido.

–Tem certeza disso? Porque como a sua mãe disse, a gente pode deixar para outro dia – A menina inexplicavelmente sente-se irritada.

–Estou bem, pelo amor de Deus, vão! Eu vou ficar bem! – E levantou os braços, enfática, levantando-se.

Passou uma tarde tediosa no computador, só podendo ligar para Jane no final da tarde, pois sabia que se ligasse antes, ela estaria dormindo depois da festa de ontem. A verdade é que precisava de alguém com quem falar da presença de Jake no dia anterior, e no quanto isso mexera com ela, mas não podia fazer isso com seus pais, nem com ninguém mais, a única pessoa com quem podia discuti-lo era com Jane.

Acabou ficando impaciente com o pensamento, o que só contribuiu para que sua tarde demorasse ainda mais a passar. Parecia não haver o que fazer, e Nessie chegou a considerar sair de casa, só para não ter de olhar o relógio de cinco em cinco minutos.

Odiava aquela sensação nervosa e inquieta que a consumia, aquela não era ela, pelo menos, nunca fora.

E finalmente, a tarde terminava, e com ela, podia usar o telefone.

E enquanto pegava o aparelho, pensou se talvez seu problema não fosse o fato de Jane ser sua única amiga. Nunca fora muito sociável, mas também não era extremista, provavelmente, a simples situação a arrastou para isso. De qualquer forma, estava bem com isso e não se importava realmente.

Talvez esse fosse apenas mais um de seus problemas. A menina atende.

–Sim?

E a partir dali, conversam durante algumas horas, sobre a revolta de Nessie com a aparição de Jacob no dia anterior e sobre os eventos da festa que Jane participara.

Como combinado, por volta das oito horas, seus pais vieram até seu quarto, avisaram onde estava o dinheiro para que pedisse comida, e saíram.

A menina, uma vez sozinha, sem se preocupar com a frequência do ato, pediu pizza para comer. E enquanto essa não chegava, aproveitou para matar um pouco mais de tempo no computador. Ouviu algumas músicas, jogou. Quarenta minutos depois, a campainha tocava.

Certificando-se de pegar a quantidade certa de dinheiro a menina desce as escadas, apressada, de dois em dois. Acende a luz do lado de fora, permanecendo com as do interior desligadas, seus olhos acostumados com o escuro.

Sem se dar ao trabalho de preocupar-se com quem poderia ser, abre a porta de uma vez, seus olhos crescendo de leve com a surpresa.

–Ja-Jake? – E a raiva de si mesma por gaguejar pisca de leve, mas sumindo omitida pela falta de preparação por vê-lo aqui. Queria perguntar o que ele queria, mas as palavras pareciam ter morrido em sua garganta, e tudo o que ela fazia era encara-lo, embasbacada. Cerca de um minuto se passou.

Ele encarava o chão e batia o pé, parecendo impaciente, parecendo decidir-se.

Saindo de seu estado de congelamento, e recuperando-se dentro do possível, a menina o admira por um instante, debaixo da luz amarela.

–Jake? – Repete, dessa vez de leve, apenas para ele levantar o rosto, encarando-a mais intensamente do que jamais encarara. Era um misto de determinação e desejo, e, naquele momento, não importando o que estivesse vestindo, se sentiria exposta. Ela sentiu um arrepio forte percorrer sua espinha, como um choque elétrico.

A menina só teve tempo de prender a respiração, antes de ele avançar, puxando-a contra si, fazendo os corpos se chocarem com violência, e antes que pudesse hesitar, ele tomava seus lábios, exigindo tudo o que podiam oferecer.

As línguas se encontraram com intensidade, a moça sentindo-se incrivelmente excitada com isso, seus dedos achando o caminho até os cabelos rebeldes do homem a sua frente. Esse, diminuindo as distâncias, a tira do chão, puxando suas pernas para cima, forçando-a a segurar-se nele com elas, pela cintura, encaixando-os.

Ele anda para frente, alguns passos largos e, antes que percebesse, as costas da ruiva batem na parede, ela suspirando leve com o impacto, fazendo-o ainda mais fora de controle, os corpos grudados, os dois enganchados um ao outro.

Separam-se um pouco, encarando-se brevemente. Mesmo na falta de luz, ele conseguia ver o rosto da menina corado, e sorri de leve com isso, os dedos morenos acariciando de leve seu pescoço. Ela volta a suspirar e sente a pele eriçar com o contato sutil.

Ele tira de leve os cabelos que cobriam a área, beijando-o de leve, em breve voltando para a urgência anterior, mordendo-o e sugando-o com igual intensidade, nunca parando de empurra-la de leve contra a parede gelada atrás de si.

Parte das costas, exposta, sentia o frio e calor, toda vez que afastava ou encostava a parede, fazendo-a arrepiar-se.

A moça gemeu, abraçando-o com mais força contra si, enquanto ele tratava de sua pele delicada e ele grunhiu, baixo, rouco, de volta, fazendo-a ainda mais agitada, se possível. Ele percorre o caminho até sua orelha, devagar, ela estremece.

–Você me deixou louco – Ele murmura de leve, e ela suspira de novo, os dedos saindo, percorrendo os ombros e as costas fortes, arranhando-o de leve, por cima da blusa.

Ela conseguia senti-lo pressionar-se contra ela, os corpos friccionando-se, ele encaixando-se no meio de suas pernas, forçando-se contra seu corpo, fazendo-o sentir-se mais e mais quente, intoleravelmente fora de controle. Era como se cada centímetro de sua pele queimasse.

Ele se move, as mãos fortes em suas pernas, segurando-as para cima, enquanto ela abraçava sua cintura com elas. Os dois andam um pouco, e ele a coloca em cima da cristaleira, na sala de entrada. Ela ouve o barulho de algo caindo e quebrando no chão.

Os dois se encaram um minuto, na escuridão, os olhares brilhantes, intensos, as respirações pesadas. Ela passa de leve os dedos pelo braço dele, respirando fundo.

–Jake... – A menina murmura. E ele volta a beija-la, as mãos entrando de leve por baixo de sua blusa, acariciando suas costas, fazendo-a ter o reflexo de ir para frente, só servindo para colar ainda mais seu corpo ao peitoral de Jake, fazendo-a gemer dentro da boca do moreno.

Agora sim, seu corpo pegava fogo, um arrepio atrás do outro, nenhum pensamento fazendo sentido. As mãos dele contra sua pele, percorrendo sua superfície, as bocas grudadas, os sussurros, os gemidos, as línguas.

Ele a beija com intensidade, antes de levanta-la novamente, dessa vez mais consciente, segurando sua cintura, firmemente contra si, apenas para coloca-la no sofá, encaixando-se sobre ela. A menina sorri e o empurra de leve, tentando tirar sua camisa.

Ele sorri de volta, não a deixando faze-lo, ganhando um protesto como recompensa, mas ele logo volta a beija-la, fazendo-a esquecer de seu inconformismo. Agora um sobre o outro, pareciam não ter escapatória, e ela acha um jeito de colocar as mãos por dentro de sua blusa, onde podia livremente arranhar a pele dele, agora mais forte, sentindo sua textura e seu calor, fazendo seu corpo parecer gelado, um arrepio atrás do outro.

Ela ri baixinho quando ele volta a mordiscar seu pescoço, ela se mexendo devagar, sentindo-o excitado, as mãos dela voltando para o pescoço dele, forçando-o levemente para baixo.

As pernas dela enroscam nas dele, e Jacob percebe que as coisas começavam a sair de controle.

–Nessie... – Ele chama, a voz extremamente rouca lhe sendo sensual, descumprindo seu objetivo, quando ele tentava pará-la. Ela volta a beija-lo, mas ele se afasta – Nessie, calma... – Ele tenta, mas não convence nem a si mesmo.

Nisso, uma terceira voz ajuda, quebrando-os para a realidade.

–Oi, é a pizza, alguém em casa? – De onde estavam, podiam ver a sombra do homem parado a porta, ainda aberta, hesitante em entrar. A menina encara Jacob e suspira, dessa vez frustrada. Ele lhe dá um sorriso torto e sai levemente de cima dela, para que ela pudesse atender a porta.

A menina volta em instantes, deixando a pizza em cima da mesa, já se recompondo, os instantes que se afastara servindo para recuperar o seu senso.

–Jake, o que foi isso? – E embora a pergunta fosse agressiva, ela soava curiosa, parando no beiral da porta, cruzando os braços, apoiando-se a madeira a seu lado.

–Acho que precisamos conversar – Foi a resposta que obteve.

–-/--

Terminada em: 22.12.2011
Publicada: 27.11.2013


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Notas finais do capítulo

Obrigada minha gente e até o próximo ^^~
Desculpem-me novamente!
XoXo



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