Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura


Capítulo 6
Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Yeva.
Charles.
Capitão, cujo nome é um mistério, mwahahaha'



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Corri para meu posto, que para minha surpresa tinha o Capitão nos observando, peguei todas as instruções necessárias e comecei a trabalhar, controlando as temperaturas, anotando tudo. Entreguei para um dos Sargentos que controlavam aquela parte, ele agradeceu, passei olhando o que os outros estavam fazendo, alguns cuidavam do transporte da água para resfriar as peças, outros cuidavam da retirada desta. 

Entramos na tempestade, olhei o nível de funcionamento dos motores, como que estava a correnteza, acompanhei os dados de temperatura. O navio começou a balançar, Mandela chegou até mim e disse:

- Estamos indo sentido o Leste onde parece ter menos nuvens, pediram para perguntar se o motor três está em condições de aumentar a potência.

- Já vou verificar.

Corri até as planilhas, não havia nenhuma marcação.

- Merda! - me olharam - Quem está cuidando do motor três? - perguntei quase gritando para que me ouvissem.

- Os dois Loves - um menino me respondeu.

Fui até os responsaveis, era uma menina e um menino que sempre estavam juntos, havia alguns dias que andavam assim e isso seria um problema para nós.

- Vocês dois - eu falei, eles me olharam - Por que o motor três não tem nenhum controle?

- Eu tenho tudo mentalmente - o menino falou.

- Sério? - eu questionei, Mandela ao meu lado - Então, deixe-me ver, a que temperatura estavam os geradores há quinze minutos? - ele olhou para a menina e depois para mim, os dois gelaram - Está vendo porque temos de anotar?

- Aqui está - o Capitão se colocou entre mim e os dois, eu o olhei com certo medo - Vi que os dois não estavam controlando e eu mesmo o fiz. Estão precisando deste motor agora?

Confirmei com um aceno de cabeça.

- Eu fiz uma pergunta. - ele falou sério.

- Si...Sim, senhor. - falei tremendo, meu sangue gelara, Mandela apenas me observava.

- Ótimo, podem aumentar a carga para ele. - ele falou não para mim, mas para os dois -  E você, cuidado com o seu tom.

- Sim, senhor... - eu não podia virar o rosto, mas era o que eu queria fazer.

- Diga aos de lá de cima que já colocamos em uso.

- Sim, senhor. - Mandela saiu correndo.

Voltei a controlar as máquinas, agora a cada aviso que eu tinha de dar tomava cuidado, será que eu havia me exaltado com os dois, será que eu fui rude com eles? Eu só saberia depois, mas no decorrer descobri que não eram só os dois que não anotavam.

Parei o que eu estava fazendo. Peguei todas as planilhas e verifiquei uma a uma e vi todas as informações que faltavam, fui a cada um responsável por elas e os instrui para que as anotasse para que nada como aconteceu com os Love voltasse a ocorrer.

A temperatura em um reator aumentou, olhei para os responsaveis com a água, pedi para aumentarem a quantidade que era enviada para lá, busquei pelo Capitão, mas não o encontrei, precisava saber se aquilo estava certo. Perguntei a um dos responsáveis do monitoramento daquela região, ele disse que minha decisão foi certa.

- Thiago, você pode supervisionar, aqui para mim? - perguntei entregando a ele todas as planilhas.

- Claro, mas o que houve?

- Não sei, quando descobrir te falo. - ele confirmou - Obrigada.

Fui atrás do Capitão, ele havia saído da sala de maquinas e só quando saí percebi o quão quente era ali dentro. Encontrei o Capitão caído, não, sentado com a cabeça apoiada nos braços que se apoiavam nas mãos.

- Capitão? - ele me olhou assustado. - O senhor está bem? - ele estava pálido, era óbvio que não estava bem.

- Estou sim. - ele se levantou meio zonzo.

- Precisa de algo?

- Não... - ele encheu as bochechas e vomitou, ele estava enjoado com o balançar que havia ficado mais forte.

- Sei. - Peguei algo e limpei seu vomito, ele me observou - Venha, se apoie em mim, prometo te levar em segurança até a enfermaria.

Ele me encarou durante alguns segundos. Tomei suas mãos coloquei em meus ombros e fui guiando-o até a enfermaria, um dos médicos foi até lá acudí-lo e pareceu surpreso ao me ver ali.

- O que houve? - o médico me perguntou.

- Ele está enjoado - falei. - Dê algo para ele relaxar e assim que acordar já teremos saído dessa tempestade. - os dois me olharam - Ela é forte, mas não longa, não se preocupe.

- Marinheira - olhei o capitão antes de sair - Se perguntarem onde estou...

- Direi que está ajudando os que passaram mal, não se preocupe.

Ele pareceu assustado com minha reação.

Voltei ao meu posto, Mandela desceu para avisar que estavamos saindo da tempestade, todos comemoraram, alguns me olharam de uma forma que me deu medo, sentiam raiva de mim, será que eu não trabalhei tão bem quanto achei que tinha? Thiago me entregou as planilhas, as coloquei no lugar e ao amanhecer todos estavamos livres e com café da manhã liberado.

- Podem se servir. - o Capitão falou e me olhou, desviei o olhar e peguei algo para comer, estava faminta, observei que ele não comera nada, era normal, quando eu passava mal em navios me comportei dessa forma até perceber que ficar de estômago vazio era pior.

Peguei uma maçã e quando passei por ele, pedi licença aos meus superiores e a coloquei bem na frente dele que em encarou.

- Achei que o senhor estaria com fome, já que não comeu nada. - ele agradeceu e eu me afastei.

Durante o dia teriamos treinamentos sobre direção, ficamos o dia inteiro ouvindo e ouvindo sobre como deveriamos respeitar todos os equipamentos e blábláblá, Laila já sabia daquilo e eu percebi isso quando o instrutor perguntou algo que apenas ela sabia responder. Depois do dia de aula e com apenas uma pausa de meia hora par ao almoço fomos liberados.

- Os que eu chamar a frente serão os responsáveis pela limpeza e pela alimentação dos companheiros.

E para minha surpresa fui chamada mais uma vez, desta fiquei responsável pela limpeza e não era pouca depois de uma noite com tempestade vários mensageiros deixaram rastros para trás, alguns do meu grupo também haviam marcado as máquinas e alguns que limpavam acabavam marcando ainda mais.

Não era tão bom quanto cozinhar, mas eu tinha de fazer bem feito ou dar o meu melhor na limpeza. Depois de tudo pronto, cabines arrumadas, banheiros limpos e vomitos apagados eu fui tomar um banho, Laila e Mandela estava conversando em nossa cabine quando entrei, elas me olharam curiosas.

- Quando pegou liberdade com o Capitão? - perguntaram enquanto eu colocava a roupa de descanso.

- Em nenhum momento. - falei colocando a camiseta.

- Você deu uma maçã a ele, ninguém se atreve a se colocar entre os superiores. Estão dizendo que você e ele têm algum parentesco, por isso você se sente a vontade para fazer o que fez ontem. - Mandela falou.

- O que eu fiz ontem?

- Comandou a todos sem ter sido designada a isso e acabou com os Love.

- Sério? - Laila perguntou empolgada - O que aconteceu?

Mandela contou, eu terminei de colocar meu calçado e seguimos par ao refeitório e as duas ainda me contando das fofocas que aconteciam.

-.-.-.-.-.-.

Minha chegada a Holanda foi calma, Camilla veio comigo, eu estava tranquilo de finalmente ter conseguido me separar de Yeva, mas algo ainda me machucava, eu não sabia dizer o que era. Era como se ela tivesse ficado com um pedaço meu e isso doía. 

E ela estava certa, todos tentavam se comunicar comigo em inglês ou espanhole eu não entendia nada, Camilla parava nas lojas enquanto caminhavamos pelo shopping para que eu conhecesse a cidade, meu empresário sempre traduzia tudo o que me falavam.

- Ela é muito bonita, não é? - o empresário perguntou apontando Camilla que experimentava a décima peça de roupa. - Cuide bem dela, será ótima para o seu marketing.

- E você acha que eu não sei?! - ele rio.

Voltamos para o hotel onde eu ficaria, depois eu iria par ao alojamento e Camilla ficaria por lá, pois o alojamento não era um local para meninas como ela irem.

Nos treinos eu tinha dificuldade de entender o que me era passado e nessas horas eu desejava mais do que tudo a companhia de Yeva, eu torcia para que ela estivesse se dando muito bem onde quer que estivesse. E, se a conheço bem, estaria sentindo muito minha falta.

Por que estou pensando nela? - Chutei ao gol, a bola quase furou a rede, eram as emoções e eu sabia disso.

Tenho de treinar o inglês básico, vou pedir ao meu empresário, olhei para Camilla, ela estava sentada, usava um vestido e um casaco de pele, mesmo no frio ela parecia ter pernas de fogo. O salto sempre me alinhado a sua coluna, Yeva raramente se vestia dessa forma, normalmente era o tênis surrado, mas ainda assim ela estaria ali gritando por mim, como fazia no Brasil.

- Brasileiro? - olhei para quem falara, era um garoto da minha idade, a pele morena e bem forte - É você o brasileiro? - confirmei com um aceno de cabeça - Sou Camargo, sou português - ele sorriu - Você está tendo problemas para se comunicar?

- Muitos.

- Se quiser posso te ajudar com o holandês, o que me diz?

- Obrigadão. - falei sorrindo - Todos aqui são sempre assim quietões, sem muitas brincadeiras?

- Estão se acostumando com você.

- Ah...

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Ela havia assumido uma boa liderança, mas eu não podia deixar que se achasse tanto, me coloquei entre ela e o casal que se não tomasse cuidado seria expulso do programa. Ela pareceu ter se esquecido de mim, era uma menina esperta, mas teimosa demais para mudar as atitudes, ela assumiria a liderança novamente, não importando quantas vezes eu me metesse.

Comecei a assistir a todos, o balanço ficava mais forte, meu estômago não se sentia confortável com o balançar. Ali era quente, minha cabeça rodava, fui para fora, eu podia sentir as coisas rodarem e quererem sair de mim.

Ela se aproximou, sabia pela sua voz irritante, parecia estar preocupada comigo e o que eu fiz foi vomitar a sua frente, grande Capitão da Força Especial que se sente enjoado com um balancinho, que exemplo de força estou passando para esses meninos?

- Vamos. - ela me forçou a segui-la - Vai ver que ficará melhor. - ela sorriu.

Entramos na enfermaria, um medicamento me foi aplicado, eu dormi, e ela tinha razão, quando acordei tinhamos saído da tempestade  e eu não passava mal. Agradeci ao médico e fui ver se conseguia colocar algo em meu estômago, mas olhar tudo me fazia mal, como se meu estômago temesse qualquer coisa que se atrevesse a pousar em seu ácido.

E mais uma vez a intrometida me aparece. Agora, com uma maçã e parecendo estar preocupada comigo, mas quem se preocupa com alguém que sempre tentará colocá-los em situações complicadas?

Mas eu comi a maçã, meu estômago reclamou, mas foi melhor do que deixá-lo vazio, eu teria todo um dia pela frente e o almoço demoraria para chegar.


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