Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura


Capítulo 3
Treinamento, eis aqui sua morte




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Passei o tempo todo ignorando Charles que tentava me ligar várias vezes ao dia, fui para a casa de minhas amigas para me despedir, eu estava me preparando psicologicamente. Era meu último sábado em casa, meus pais saíram disseram que comprariam algo para fazer a noite quando chegassem. 

Stela me ligou pedindo para que eu fosse para sua casa que ela e Jude estavam me esperando para se despedirem formalmente. Concordei em ir.

Toquei a campainha, foi ela quem me atendeu, me carreu para sala e um grito ou vários, não foram ao mesmo tempo, me fez rir.

- Surpresa! - todos estavam lá, meus amigos, meus primos, tios, tias, meus avós, meus pais. 

- É última vez que iremos vê-la em meses, não é? - minha avó falou sorrindo - Nada mais justo do que nos despedirmos bem.

- Obrigada.

Falei levemente emocionada. Tinha comida para todos os lados, todos comiam e se sentavam em um canto de tão cheios. Meus amigos me perguntavam como eu estava me sentindo e eu dizia que nervosa. E estava, não sabia, ou não fazia ideia de como era o treinamento. 

A campainha soou depois de duas horas que estávamos ali, Jude me zoava dizendo que eu não resistiria aos grandes e fortes marinheiros. E eu dizia que isso era o que me daria força.

- Yeva... - eu fiquei séria ao ouvir a voz. - Yeva, vim me despedir de você.

- Não quero sua despedida. - eu o olhei, usava a mesma roupa que eu o vira com a menina.- Estou melhor sem ela. - falei e me levantei, fui me meter entre meus primos esperando que ele não se aproximasse, doce ilusão.

- Deixe-me justificar o que foi aquilo...

- Aquilo o quê? - um deles me perguntou eu apenas balancei a cabeça de forma negativa.

- Não há justificativas, eu vi o que aconteceu e entendi, também, espero que sejam felizes.

- Wow... - um deles levou a mão até a boca - Acho que... acho que... - eu suspirei - Wow....

- Yeva Drovy, me permita explicar...

- Charles Makel - eu me virei para ele que se assustou, seus ombros se encolheram, ele era bem mais alto do que eu - Eu não quero ouvir suas mentiras - eu não estava gritando, mas, para minha surpresa, minha voz não oscilava - se você veio se despedir tudo bem, aceito seu adeus, mas não quero ouvir nada, nada mesmo, sobre todo o resto. - ele encolheu e suspirou.

- Está certo. - ele tentou sorrir - Me permite te abraçar? - eu o olhei - Por favor, é o último, afinal de contas... - eu confirmei. 

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Eu estava com medo de seu abraço, parecia que ele queria me devorar, mas não foi assim após seu toque. Ele se afastou e me deu um último beijo na testa, saiu.

Todos nos olhavam, mas logo viraram o rosto.

Fui para casa, dormi.

O dia de minha saída chegou, coloquei o uniforme, minha mãe me levou até meu posto de partida, meu pai estava lá nos aguardando, conversava com um homem que também estava fardado. Peguei minhas duas bolsas, uma com alguns livros e roupas e a outra apenas de roupas, apesar de eu só poder usar o uniforme, mas não custava nada.

- Yeva Drovy? - o homem era um senhor. Confirmei - Certo, pode subir, lá dentro junte-se aos outros e iremos passar as informações de uma só vez.

- Obrigada, senhor - ele não sorriu apenas acenou e me deu um tempo par ame despedir de meus pais. - Vou sentir falta de vocês. - falei abraçando-os.

- Toma. - meu pai me esticou, era um colar, ele o abriu e tinha uma foto dos dois - É para matar um pouco da saudade.

 - Obrigada.

Eu subi, entrei no navio, não era como os de cruzeiro, longe disso. Uma mulher me guiou até onde seria meu dormitório, mais três camas fora a minha ocupavam o quarto, duas delas já possuíam malas. Uma menina entrou e me cumprimentou, usava o mesmo uniforme que eu.

- Laila Stand - ela falou esticando a mão.

- Yeva Drovy - falei sorrindo de volta.

- Sou de Salvador. - ela falou e então lembrei que as listas saiam em cada estado, ali em Santos muitos outros entrariam vindos dos outros estados. - Você é de São Paulo?

- Isso. - falei e sorri.

- Vamos lá para cima, logo o navio irá partir, é lindo ver.

Eu a acompanhei, ela parecia se entender melhor do que eu com o leve salto. Chegamos, dava para ver outros navios, alguns de carga outros de turismo, o céu azul, e eu achei que conseguiria ver meus pais, porém eles haviam ficado longe demais, não poderiam se aproximar. Um medo agitou meu esqueleto.

- Vamos partir - ela falou sorridente - Então, por que você veio?

- Esse sempre foi meu sonho desde o grande acidente(Off; acidente ficticio), quando apenas eles, ou melhor, nós podemos agir, eu achei aquilo lindo.

- Concordo. - ela sorriu - Meu pai está aqui, espero que ele tenho orgulho de mim.

- Ele já deve ter - falei e ela sorriu - Você passou na prova isso já é incrível, eu vi como era a concorrência em Salvador e nossa...

- Eu passei em primeiro - ela falou e sorriu, eu me assustei.

- Você é um gênio. - eu ri.

- Vamos entrar, iremos parar em Santa Catarina e depois ficaremos em alto mar por muito tempo até voltarmos para manutenções.

- Certo.

E de repente já era possível ouvir o som da tempestade, o céu mudara drasticamente depois que atingimos o alto mar. Laila me contava sobre como crescera ouvindo dos irmãos as histórias que o pai contara a eles e ela mal pode conhecê-lo, tinha apenas essa vontade, entre quatro irmãos era  a única mulher e queria poder orgulhar o pai assim como os irmãos fizeram, apesar de nenhum ter seguido para a Força Especial.

Contou também que tinha um namorado, mas que terminou com ele pouco antes de vir para cá, disse que ele ficou arrasado com a notícia de perdê-la para grandes marinheiros. Eu não pude evitar um riso que também a fez rir.

- E você? - eu a olhei, as camas eram suspensas, ela estava na paralela a minha.

- Não tenho algo tão emocionante quanto você. - falei e contei a ela.

Ali precisaríamos de ter força, e acho que essa conversa ajudaria com que nos aproximássemos, e eu torcia para que fossemos amigas dali para frente, uma vez que ela era bem entendida sobre navios e mar.

Dormimos.


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