Annabeth olhava-se no espelho, a fantasia que usava era muito mais que uma brincadeira era a mesma que usara a mais de um ano atrás foi a mesma época que havia começado as ameaças de R.D.R, a única diferença era que era uma festa de Halloween e havia ignorado R.D.R como se fosse um simples inseto, quem diria que o pequeno inseto interferiria tanto em sua vida nos anos seguintes. Ajustava o chapéu vermelho na cabeça, usava um traje típico de apresentador de circo, usava um hotpand preto que vinha até a metade da coxa, um casaco vermelho estilizado ficava sobre a blusa que ao pôr a gravata sentiu seu ar ser tomado um pouco, um cordão com símbolo de ouro (da carta do baralho) calçava o salto e estava a se olhar mais uma vez no espelho, mordia nervosamente o lábio inferior, habito que adquirira todas as vezes que ficava nervosa ou ansiosa, o que era exatamente a situação.

–Anne melhor descermos. –diz Sadie entrando no quarto, a jovem de mechas agora tingidas de vermelho usava roupas parecida com de domadora de Leão. Usava um vestido preto colado ao corpo que vinha até o meio da coxa, o colar com símbolo de paus estava preso em seu pescoço, usava blusa vinho que estava presa no busto e ajustada sobre o vestido, uma bota cano alto e assim como Annabeth estava de chapéu, mas este diferente da primeira já que era mais enfeitado e da mesma tonalidade do vestido. Desceram as escadas quando ouviram alguns risos abafados que vinham da única pessoa que poderia estar rindo naquela situação, Leo Valdez.

–Você está linda minha palhacinha. –dizia para Quione ganhando um tapa da mesma como resposta. Ela vestia uma roupa metade preta e metade vermelha com símbolos alternados de cartas de baralho brancas, além das luvas com cores diferentes, trajava uma meia 7/8 listrada e um salto alto. Os cabelos estavam presos em dois coques e utilizava um cordão prata escrito “Joker” nele. Estava sentada emburrada enquanto Leo ao lado da mesma fazia piada sobre a situação.

–Estar rindo de que Valdez. –diz Thalia descendo a escada. –Você está fantasiado de bobo da corte na versão masculina. –Leo bufa e mostra o dedo do meio da jovem que sorria triunfante. –Educação mandou lembrança.

–Não sei como pode estar de bom humor. –diz Sadie olhando incrédula para Thalia.

–É porque ninguém combinou tanto com uma roupa de circo quanto ela. –diz Leo ganhando um tapa na cabeça da garota. Thalia vestia uma roupa o que lembrava a Vandinha Adams , vestido preto, cabelo em duas tranças, cordão com símbolo de espada ,meia calça e sapato social preto.

–Nem todos nasceram para brilhar. –diz mandando beijos para Leo que a olhava feio.

–Você tem toda razão. –dizia Jason olhando para Piper que descia as escadas, ele analisava a namorada dos pés à cabeça e o mesmo era feito pelos demais garotos do local. Ela usava um collant preto, com botas pretas, um chapéu e alguns desenhos dourados e emaranhados no busto, o que destacava o colar em formato de copas.

...

Pov Sadie.

–Okay então vamos. -digo segurando minha bolsa firmemente e sinto Anubis entrelaçar seus dedos nos meus o que me faz relaxar um pouco, estávamos com fantasias iguais, só que a dele era na versão masculina obvio. Repasso mentalmente o que estava em minha bolsa, lanterna, corda, spray de pimenta, que retiro da bolsa e prendo o menor pote na parte interna de minha bota, afinal vai lá saber o que R.D.R tem planejado para nós.

–Lembrem-se deixem seu celular aposto e não se separem, não quero ter que para um hospital ou pior para o enterro de ninguém. –diz Thalia nos olhando preocupada, e um sorriso saiu de meus lábios apesar da pose de durona ela tinha um coração. Vou em direção a ela e a abraço e os outros fazem o mesmo, somos envolvidas por um abraço de grupo com direito a beliscão de Thalia na bunda de Anubis, que estava com a cara de espanto me fazendo rir. – Desculpe cara tinha que fazer isso antes de morrer. –dizia e eu gargalhava da cena em quanto Nico balançava a cabeça para um lado e outro com os dedos nas têmporas.

Fomos eu, Anubis, Thalia,Nico e Piper no carro de Jason. Percy , Leo ,Quione no carro de Annabeth. Andamos alguns quilômetros fora do acampamento quando uma placa enorme, e quando digo enorme era tipo ENORME mesmo, que até um ciclope míope veria.

–TEM CERTEZA QUE É O LOCAL CERTO.- grita Thalia no meu ouvido e eu a olho feio. –Desculpe Sadie. Ela estava com a boca aberta em formato de um enorme “O”, ao ver a tenda de circo que estava estendida praticamente no meio do nada. Saímos do carro e paramos em frente a entrada onde um cara mascarado e vestido de palhaço recebia as entradas, ele estava mais parecendo um cosplay aterrorizante do palhaço mais macabro da história de palhaços, Bozo.

Todos descemos em silêncio, sinto os dedos de Anubis entrelaçarem nos meus e um alivio envolver meu corpo.

–Oh e aqui estão eles. –diz o palhaço animado demais para meu gosto. – Sejam bem vindos ao circo R.D.R, vocês são os convidados de honra, e terão o circo todo só para vocês espero que gostem. –diz com um sorriso enorme, o que mais parecia uma careta assustadora naquela maquiagem. Tratamento VIP , era o que precisamos realmente de R.D.R . Fomos aproximando da tenda do circo, e sentia meu coração cada vez mais acelerado e se eu estava morrendo de medo? Digamos que eu pensava a cada instante de sair correndo dali levando todos meus amigos e irmos tirar aquelas fantasias ridículas e passar a sexta feira como adolescentes normais comendo pizza e assistir filmes antigos na televisão, mais ao invés disso estávamos lá confraternizando com o inimigo no circo mais tosco e assustador, de forma alguma eu pisaria em um circo novamente, prometo a mim mesma sem nem saber o que nos esperava aquela noite, mais vindo de R.D.R não poderia ser coisas boas.

O interior da tenda era enorme, a arquibancada estava vazia , o picadeiro tinha quatro entradas e uma plataforma no centro, uma música tipicamente circense tocava pelo ambiente.

–Aquilo são os símbolos de baralho. –pergunta Quione apontando para as escrituras que estavam pintadas nas quatro entradas do picadeiro.

–Acho que é lá que o show começa. –diz Annabeth, engolindo em seco, e apesar de estar se fazendo de durona nós sabíamos o quanto assustada ela estava. – Não se separem, manteremos contato pelo celular, diz sussurrando e observando com os olhos arregalados para os mímicos que estavam envolta do picadeiro fazendo movimentos. - Vamos. –e todos a seguimos silenciosamente ouvindo Circus . Anubis e eu ficamos sobre o símbolo de paus, ainda de mãos dadas. Annabeth e Percy estavam sobre o de ouro do lado oposto de onde estávamos, Thalia e Nico sobre o de espada e Quione e Leo estavam na plataforma do centro onde ficava o Jockey.

–O que fazemos agora?-pergunto e Anubis me encara, quando ouço um ranger vindo de baixo dos meus pés, e sinto o chão faltar, seguido de um baque e uma dor suportável em minhas pernas.

–Acho que caímos. –diz tirando a poeira de meus cabelos, a porta do alçapão fechava-se lentamente e podia ouvir nossos nomes sendo ditos pelos outros.

–Estamos bem. –grito apesar de não ter certeza se tinha sido escutada. Podia ouvir a respiração de Anubis próxima a minha e sentia seu braço em volta da minha cintura e colocando-me de pé. –Onde será que estamos?

–Também gostaria de saber. –diz e acende a lanterna do celular. –Um alçapão, diz batendo com os pés no piso de madeira, o que faz um cheiro de ferro invadir o ambiente. –Mas isso já sabemos, quando ouço um barulho de alguém correndo e sem pensar duas vezes corro atrás do som. –Sadie . –grita ao me alcançar.

–Você ouviu isso? -pergunto e ele balança a cabeça afirmativamente, pego meu celular para tentar contato com os outros. –Merda sem sinal .- digo e continuamos andando a esmo.

–Melhor pensarmos em como sair desse labirinto. –diz Anubis e eu concordo parando ofegante pelo esforço, e me apoio na parede pulando minutos depois pois tinha sentido uma coisa gosmenta em meus dedos. Tateio meus bolsos pego meu celular para verificar o que era, e rezando mentalmente para que não fosse nenhum bicho nojento daqueles filmes de terror com bichos nojentos.

–É tinta. –digo e Anubis me encara sem entender iluminando a parede que eu me encostara, vejo seu rosto perder a cor, quando me viro podia sentir meu coração saltar pela a boca. Havia uma inscrição na parede “ Sem fogo o que alimenta o Joker?” –R.D.R ,a tinta ainda escorria e o cheiro de ferro era mais forte naquela região, quando sinto minha cabeça rodar ao perceber o que era, como se fosse aquela coisa de desenho animado e fizesse “tlim” na minha cabeça. –Isso ... isso- gaguejo tremula.

–É sangue. –murmura Anubis horrorizado e me puxando para seus braços, limpo meus dedos em qualquer parte da roupa que eu usava. – Parece fresco .-ele diz e eu encaro surpresa desde quando ele era especialista nesses assuntos mórbidos?. – Fui estagiário em um pronto socorro, nem me pergunte. –diz erguendo os braços como quem se rende e uma risada nervosa escapa de meus lábios.

–Mas se é sangue fresco, oh meu deus –digo andando de um lado para o outro. – Quem R.D.R MATOU? –berro e lágrimas começam a se formar em meus olhos, passando o rosto de todos os meus amigos em minha mente. Quando escuto passos vindo em nossa direção e um barulho de metal sendo arrastado no chão, e faço o que qualquer pessoa com cérebro faria nessa situação pego Anubis pelas as mãos e corremos.

Continuamos a correr por aquele corredor estreito, procurando em vão a saída, quando o barulho ficava mais próximo, quando um “clep” me chama atenção, olho para meu namorado e ele estava com os olhos surpresos, e um daqueles tranquilizantes em seu braço, ele tira a agulha e caem em meus braços.

–Anubis? –grito desesperada, não isso não poderia está acontecendo. – ANUBIS, ANUBIS , POR FAVOR NÃO DORME , NÃO ME DEIXA.

–Se soubesse que ia ser tanto drama teria trazido a pipoca. –diz uma voz conhecida a poucos metros de distância, sair de lá parecia quase impossível e eu nunca iria conseguir sair carregando Anubis, e fico a sua frente até os olhos castanhos familiar se encontrarem com os meus.

–Reyna. –digo como se fosse um palavrão.

–Já estava na hora de termos uma conversinha Sadie. –diz com um sorriso, e eu seguro o impulso de agarrar ela pelos cabelos e sair arrastando aquela cara de vadia no chão daquele alçapão.

...

Pov Piper

–Ah deuses o que faremos agora. –digo ajudando Jason a levantar-se.

–Melhor acharmos logo a saída e procurarmos os outros. –diz e eu concordo, afinal não seria muito difícil colocar o plano em prática. É quando um grito cortante vindo da escuridão mais afrente chama nossa atenção.

–Eu não estou ficando doida e estou naquele filme do sexto sentido não né?! Que você pergunta “o que você ve?” E eu respondo “gente morta” ai você pergunta “Com que frequência?” e eu respondo “O tempo todo”. –digo praticamente surtando e andando para lá e para cá como sempre fazia quando fico nervosa.

–Piper, calma, nós vamos sair daqui. –diz Jason me segurando firme, e sinto o ar voltando para meus pulmões, respiro fundo e percebo que ele estava se segurando para não rir.

–Belo momento para ter ataque de risos. –digo ironicamente e ele solta uma gargalhada.

–Desculpe, sei que é uma péssima hora mais seria ótimo gravar seu surto e pôr no Youtube teria zilhões de visualizações.

–Calado Grace. –digo e ele sorri, aquele sorriso que tirava meu ar em segundos e combinava perfeitamente com os olhos azuis da cor do ceu e a cicatriz que ficava nos lábios, que apesar de ser a única imperfeição no rosto dele o deixava mais desejável, OPA OKAY PIPER FOCO GAROTA, depois você pensa nisso, grito a mim mesma.

–Você escutou isso? –pergunta Jason quando um “Socorro” é ecoado por toda a caverna, e eu tinha quase certeza que Manhattan toda havia escutado. –Vamos. –diz e começamos a correr, e me arrependo imensamente de estar usando um salto tão alto, e quando Jason para, tenho a sensação de não ter mais pés, malditos SALTOS, acho que as bolhas que se formaram em me pé havia procriado e nascido mais bolhas .Tiro as botas e Jason já estava bem a frente, quando vejo cabelos ruivos familiar, Rachel. Ela usava um vestido branco e uma maquiagem de mimica, estava caída no chão e o vestido estava empado de uma tinta rubra, que não precisaria ser um Einstein para saber que era sangue e a garota estava gravemente ferida.

–Oh meu deus Rachel. –grito e corro em direção a ela, ignorando o protesto que meus pés faziam com o esforço. –Mas o que diabos...

–Reyna, ela pirou. –diz entre soluços – Ela , ela fez isso porque... –diz e lágrimas saiam ainda mais da garota.

–Piper deixe-me ajudar .-diz Jason tirando o casaco e passando em torno da barriga de Rachel para fazer um torniquete e fazer com que o sangue coagulasse

–Piper eu tentei, por deus juro que tentei salvá-la. –a voz dela estava mais fraca e ela soluçava mais que eu podia entender.

–Salvar quem? –pergunto já temendo a resposta.

–A sua irmã. - murmura com os lábios tremulos. –Drew está morta. –Diz e sinto meu mundo cair, certo que eu e Drew nunca havíamos nos dado bem, sempre vivíamos em pede guerra, mas não quer dizer que queria ela morta, ela se juntou a R.D.R por algum motivo, o que eu estava querendo descobrir qual. Ela não podia estar morta, as pessoas não morrem simplesmente não é?!

–Rachel sabe onde tem alguma saída? -pergunto

–Mas a frente a poucos metros. –responde e eu concordo com a a cabeça.

–Jason leve-a para fora, chame uma ambulância e a polícia, eu vou atrás da minha irmã. –digo e ele me olha sem entender.

–Não posso deixa-la e se R.D.R fizer a mesma coisa que fez com ela. –diz apontando para Rachel que parecia cada vez mais pálida.

–Apesar de tudo Drew é minha irmã, logo encontrarei vocês eu prometo. –digo beijando os lábios dele suavemente. – Agora bonitão, ajude a garota vou atrás de Drew. –digo e ele concorda, apesar de eu ter visto em seus olhos raiva, e eu sabia que ele estava se sentindo menor e que a culpa era dele por não estar me protegendo, mas as vezes temos que escolher de fazer a coisa fácil ou a certa, Respiro fundo tiro o chapéu que estava me pinicando e corro em direção a escuridão do túnel e iria achar Drew, nem que tivesse que ir para os domínios do inferno ou seria Hades.

–O túnel parecia mais estreitos e madeira estranhamente mais fria, quando um cheiro acobreado e familiar invade meu nariz e sem pensar duas vezes corro mais adentro do túnel é quando eu a vejo, usava a mesma fantasia de Rachel, ela estava de olhos fechados e a respiração dava os últimos sopros de vida.

(Play nessa parte por favor: Rue`s Lullaby)

–Drew. –falo em um grito angustiado, e ponho a cabeça dela em meu colo. – Você não pode morrer, não pode. – digo entre soluços. – Eu sei que me odeia, mais eu nunca desejaria que morresse.

–Piper. –escuto um som fraco vindo de minha irmã. –Na-não odeio .- diz e um alivio toma conta de mim por pouco instantes e o desespero volta a se instalar.- I-isso é...-diz e eu a silencio com a mão em seus lábios .Pego o papel que ela erguia e guardo em um dos bolsos da fantasia. –Cante.

E uma antiga musica invade minha mente e eu começo a cantar.

Deep in the meadow, under the willow (Bem no fundo da campina, embaixo do salgueiro)
A bed of grass, a soft green pillow (Um leito de grama, um macio e verde travesseiro)
Lay down your head, and close your eyes(Deite a cabeça e feche esses olhos cansados)
And when they open, the sun will rise(E quando se abrirem, o sol já estará no alto dos prados)

Era a mesma música da unica coisa que tinhamos em comum, ser fã de The Hunger Games, era a mesma musica, que por alguma razão minha irmã cantara para mim durante a minha depressão após a morte de Walt era a mesma música que eu ouvia ela tocar no piano, se não a única nas manhãs de chuva. E era a que eu estava cantando a ela em seus últimos suspiros de vida, porque sabia que nunca chegaríamos aonde os outros estávamos a tempo para salvá-la.

Não conseguia mais cantar nada só sentia a dor da perda, misturado com o ódio que sentia por R.D.R e remorso por minha irmã, e sentia minhas forças se esvaírem e agarrava-me com todas as minhas forças ao corpo já inerte de minha irmã.

Continua...