A Fuga escrita por Summer


Capítulo 5
Se olhe no espelho e me diga o que você vê.


Notas iniciais do capítulo

Cara, eu voltei, e vou responder e printar e abraçar todo mundo =)
MARATONA DE TRÊS CAPÍTULOS!!



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Já bebemos mais da metade do conteúdo da garrafa, ainda não sinto o menor indício de embriaguez, o que me fez pensar que eu sou o pior tipo de adolescente possível, como se o fato de eu nunca ter bebido somado ao fato de eu não ter um namorado e... Ah, é claro, estou sendo perseguida pela policia do país inteiro, e não consigo nem ao menos ficar porre? Qual é o meu problema?

Por pior que tudo isso seja, não saber onde o resto de nós está é ainda pior que tudo, já estamos há quase uma hora aqui, e nada do resto, na viajem de carro até aqui a única noticia que foi anunciada na rádio foi de que o preço pelas nossas cabeças está aumentando, as cabeças de todos nós, o que não é legal, e só faz minha preocupação aumentar, e minhas unhas diminuírem.

Kath achou em algum lugar um conjunto de moletom do Mickey, que está limpo, em situações comuns eu nunca usaria, mas no momento é tudo o que eu tenho, não estou muito exigente essa noite.

­— Quanto tempo? ­

­— Umas duas horas — ela diz exasperada, pergunto isso á ela de cinco em cinco minutos.

­— Okay, okay entendi — Já são duas horas nessa maldita casa, sem noticias de nada, não que não exista TV nem nada aqui, porque existe, uma gigante, mas eu ainda não tive coragem de ligar, não sei quem disse que a ignorância é uma benção, mas eu concordo plenamente com essa pessoa.

Não gosto de ter que me preocupar com as pessoas, prefiro ter certeza absoluta que nada de ruim está acontecendo com quem eu conheço, mas essa certeza não está vindo, e o álcool não leva essa preocupação para longe.

Ouço passos vindos da cozinha e instintivamente nos jogamos no chão e desligamos as luzes, são muitos, não sei quantos, não sei contar o número de pessoas em uma sala apenas ouvindo seus passos.

­— Calma gente, somos apenas nós — essa é a voz de Matt.

Corro na direção de sua voz sem me importar com meus pés recém-emendados, pulo em seu colo e me sinto automaticamente melhor, não importa onde eu esteja, apenas sua presença me faz sentir melhor, essa conexão que existe entre nós desde que eu ralei o joelho no jardim de infância e ele me ofereceu um band aid ao contrário de todo o resto que apenas ria.

— Calminha gafanhoto — ele diz se equilibrando ­— está tudo bem comigo.

­— É bom mesmo ­— desço do colo dele.

— Ao menos não somos o Frank e a Hazel — ele aponta com a cabeça na direção onde os dois estão em um reencontro não-verbal extremamente babado.

­— Argh, não ­— eu digo fazendo uma careta, mas estou feliz que eles ainda tenham disposição para isso.

­— exibidos — Matt diz durante um espirro.

Hazel mostra língua para ele, mas larga Frank.

­— Nós demoramos porque fomos atrás de disfarces, temos mais ou menos uma hora para fazer tudo o que tivermos que fazer e sair daqui — Hazel avisa.

— Pode colocar mais algumas horas ­— Mike avisa, olhamos para em busca de uma resposta — digamos apenas que a empresa da minha mãe está com uma casa e quatro chaves a menos.

— Não podemos abusar da sorte no entanto, temos que ser rápidos, então todo mundo vai ter que me obedecer — Hazel nos olha como se esperasse por um desafio, não quero nem ver se alguém desafia-la, felizmente ninguém faz isso ­— Todos em duplas, vou passar entregando o material.

Aparentemente Hazel sabe ser durona, uma característica que ela nunca revelou em todos os nossos anos de amizade, o que me leva a pensar em que atributos mascarados meus amigos tem, sinceramente, eu realmente não quero conhecer o “lado sombrio” deles.

Eu me encaminho com Michael para o banheiro mais próximo depois de Kath puxar Matt para outro. Hazel deu para nós caixinhas com pozinhos mágicos que mudam a cor do cabelo, nunca passei nada no meu cabelo, mas não estou muito assustada com isso, não tanto quanto Michael.

— Tudo bem aí? ­— Pergunto enquanto ele olha com insegurança para uma caixa de coloração, eu já passei no meu cabelo antes preto o pozinho mágico que faria ele magicamente mudar de cor, e agora estou indo para a parte “emocionante” de passar a tintura, não quero ver meu cabelo, mas sei que ele está quase branco, e isso me assusta.

— Tudo bem, só quero entender como usar isso — ele ainda olha para a caixa como se ela pudesse criar dentes e morde-lo.

— Calma, eu ajudo — disse pegando a caixa de suas mãos. Mostro a ele as instruções e ele me olha como se eu fosse louca só por pensar que ele entenderia o que estava escrito lá.

Passo a tintura em seu cabelo e vejo de imediato a estranha mágica acontecer, seus cabelos imediatamente parecem mais escuros, lembro-me de todas as vezes que eu olhei para Michael e fiquei admirada com seus cabelos ruivos, e pela milésima vez naquela hora eu fiquei com ódio do Universo pelo que aconteceu comigo.

Eu realmente não sou o tipo de pessoa que sente que o universo me deve algo, mas que palhaçada ele fez com a minha cara. Se ele quer me ensinar alguma lição divina ele poderia ter escolhido outra maneira que só afetasse a mim, mas como eu não mando no universo está na hora de aceitar as escolhas dele, entro no modo automático, porque pensar dá muito trabalho e me leva a lugares onde eu não quero estar.

O pozinho mágico para mudar de cor já impregna minha cabeça e eu penso em músicas para distrair meu cérebro altamente pensante.

— Mel? — Ouço a voz de Michael, e com meu Telê encéfalo altamente desenvolvido percebo que não é a primeira vez que ele chama.

— Hum? — é a minha resposta brilhante.

— Tudo bem? — ele pergunta com sua voz preocupada.

— Hum — repito, acho que toda essa tintura está afetando meu cérebro — Sim — minha resposta automática.

— Tem certeza? — Ele não parece acreditar em mim.

Paro para pensar em sua pergunta, eu me sinto bem, mesmo com meus pés esfolados, eu sinto que estou saudável, não estou com fome e nem com sono, porque eu não estaria bem? Ah... É claro, a policia — que pode ou não incluir meu pai, que me deu a vida — está atrás de mim, e eu nem sei o que estou fazendo aqui, não sei por quanto tempo eu vou aguentar, mas eu não sei de nada sobre a vida, então só me resta vive-la.

— Não exatamente — ele sorri e aceita minha resposta.

Quando terminamos de nos “camuflar” eu e Michael voltamos para a sala, onde Hazel usa sua tesoura — Não me pergunte onde ela arranjou todos esses apetrechos, talvez ela seja uma das três espiãs e não tenho me contado — para cortar com precisão os cabelos de todos e depois escovar, eu sinceramente acho isso um desperdício imenso de tempo, mas se isso a deixa feliz então eu fico feliz por ela. Embora felicidade dela possa custar nossa liberdade, é claro.

Todos já estamos prontos e arrumados, visto que eu realmente não corto meu cabelo fazem mais de oito anos, a parte do corte em si foi totalmente assustadora e talvez eu possa ter derramado uma lágrima, mas só uma.

Hazel faz com que todos nós troquemos de roupa e amontoa nossas antigas roupas junto com o cabelo cortado. Todas as roupas são pretas, mas até eu que não sou muito ligada em moda sei que elas são extravagantes até demais para pessoas que estão fugindo, mas não quero discutir com Hazel, ela ainda está muito sensível por causa do cabelo antes loiro e agora castanho, ela chorou ao ver a nova cor enquanto balbuciava que estava tudo bem e que o tom combinava com a cor da pele dela, mas estava meio óbvio que ela não estava bem.

Há um grande espelho na sala, depois de trocar de roupa eu vou até lá, tenho medo da imagem refletida, porque a mulher — e não garota, jovem ou adolescente — que está lá não sou eu, meu corpo está apertado em uma calça de couro, um corpete — exatamente, um corpete, como a Katherine de The Vampire Diares — e um casaco preto, que por sorte não é de couro, mas parece um blazer, eu pareço poderosa, uma mulher poderosa. Meu cabelo esta agora no meio das costas e cai ao meu redor, loiro quase mel, tento não chorar ao ver isso, as ele está perfeitamente liso, embora eu goste dele com cachos, mas que seja, eu também gosto dele mais longo e preto, mas no momento não posso ter isso. Meu rosto é o mais surpreendente, porque eu sei que sou eu, mas não consigo me ver, meus olhos estão da mesma cor, só que mais fundos e escuros e mais ferozes, meu rosto está mais pálido e quase acinzentado e minha expressão é o que mais me deixa assustada, porque eu estou séria de um modo que eu nunca imaginaria que eu pudesse estar, não me vejo naquele rosto, mas ao mesmo tempo se parece com meu rosto de sempre.

Michael chega por trás de mim, ele esta usando uma jaqueta de couro, uma camisa preta e um jeans escuro também preto, seus cabelos estão em um topete curto e muito bem arrumado e seus olhos estão ocultos por óculos escuros.

— Tudo bem aí? — ele me pergunta.

Percebo que estou encarando seus músculos — que a proposito são muito bonitos e bem organizados — limpo a garganta, eu corei um pouco, mas ele não notou por sorte.

— Hum... Ah... Hum... Claro — e eu ingênua pensando que com todos os acontecimentos recentes eu deixaria de agir como uma perfeita idiota perto de Michael.

A TV está ligada, mas eu não dou a mínima para ela observo meus amigos, todos, pela primeira vez depois da transformação. Kath está com os cabelos castanho claro, e bem curtos, na linha do queixo, eu sei que ela está mau humorada, porque Kath tem um estilo próprio que ela leva consigo no cabelo, já Frank que está ao lado de Hazel encara em um espelho seus cabelos agora castanhos e tenta entender como chegou a isso, Hazel parece um fantasma ao seu lado, sua pele bem branca é quase translúcida, seus cabelos longos e loiros são agora curtos e de um tom preto azulado, quase como um azul bem escuro, seus olhos estão vermelhos e ela tenta não chorar, quem diria que o casal TOP 10 da perfeição estaria assim. Matt agora tem o cabelo loiro queimado, liso e caindo em suas sobrancelhas, ele está bem diferente sem o rabo de cavalo preto. Todos usam roupas pretas, Hazel usa um vestido de renda curto e preto, uma jaqueta jeans e coturnos, Kath está de shorts de couro, uma meia calça bem preta, uma blusa de algodão preto e um blazer preto, Matt está com uma calça jeans e uma camisa de lã com gola V e mangas longas, já Frank usa um casaco preto de time — como daqueles que o pessoal usa nos filmes americanos — uma camisa preta e jeans escuros. Todos estamos bem arrumados e eu não paro de pensar que isso foi uma perda de tempo.

—... Uma entrevista dada pelo pai da acusada e chefe da segurança — A voz feminina chama a minha atenção e eu me viro para a TV.

Vejo meu pai na tela da televisão e o resto do mundo se dissolve.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Daqui a pouco tem mais huahahahaha



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