Radioactive escrita por LastOrder


Capítulo 7
Sinto-me honrado,querida irmã


Notas iniciais do capítulo

Muito tarde e com sono.
Espero que gostem. Amanha responde os reviews antigos.^^




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O Vale das Cinzas era uma extensa região que se alastrava por cerca de 250 mil Km2. Suas fronteiras eram muito bem guardadas ou por densas florestas escuras , ou por enormes cordilheiras de montanhas ricas em preciosos minérios. Estes, responsáveis pelo crescimento da pequena cidade que se escondia no centro do grande vale.

Os moradores dalí eram, em sua maioria, trabalhadores de antigas minas e fábricas.E por isso mesmo é que não havia muitos prédios altos e bairros luxuosos. Como pedir qualquer coisa estonteante daquelas pobres pessoas?

Longe do centro tumultuado de Battery City; as florestas do noroeste eram a região mais temida pelos moradores depois, é claro, das minas abandonadas do sul. O mito que corria era que elas eram amaldiçoadas pelos espíritos dos operários que morreram nos inúmeros acidentes que ocorreram lá.

Depois de tantos desaparecimentos, ninguém mais pois os pés na região.

Lucky e Snixx foram escolhidos para ajudar a escoltar o caminhão até a base de Morphin pela floresta. Portanto, estavam a milhas de distância da zona das minas, mas nem por isso muito mais seguros.

As duas motos corriam pelo terreno íngreme, cheio de raízes e resto de folhas. Os pequenos animais se escondiam devido ao som alto dos motores, que só pararam depois de, pelo menos, vinte minutos de corrida, perto de uma estradinha praticamente invisível.

Lucky e Snixx tiraram os capacetes ao mesmo tempo. Não usavam o típico casaco preto, pois aquele traje atrapalharia a missão.

O garoto pegou o celular, tocou na tela e uma imagem verde em 3D projetou-se na sua frente. Era um GPS e rastreador feito por Echo. O aparelho fazia ruídos estranhos e a imagem do globo se movimentava de um lado para o outro tentando encontrar o sinal.

- Aqui estamos nós, no meio dessa floresta nojenta e nem sinal dos seus amiguinhos. - Snixx bufou descendo da moto. Infelizmente, seu salto afundou com tudo num monte de húmus. - Argh! Como eu odeio a natureza! Era meu melhor par de sapatos!

- Eu avisei para colocar um tênis. - Lucky não tirou os olhos da projeção.  - Mas é claro que você não escutou.

Snixx mostrou-lhe a língua e ele só ignorou, tinha um grande problema para resolver. Mal haviam chegado e as coisas já começavam a sair do controle. " Que maravilha!"

Levantou-se do acento e andou de um lado para outro erguendo o aparelho o mais alto que podia, mas nenhum sinal forte o suficiente chegava até eles.

A loira continuava na moto. Tirou o sapato e tentou limpa-lo batendo- o na lataria. Sinceramente, preferia ter ido com Echo e Reaper direto para a base do Oeste, mas só de pensar em viajar com o moreno... Argh! Ele já era assustador o suficiente com Kore por perto, imagine agora então.

Toda a casa estava assustadora. Snixx precisava sair de lá o mais rápido possível, ela não era o tipo de pessoa que aguentava tanta energia negativa.

Era sufocante...

Um barulho entre os arbustos fez com que voltasse a prestar atenção ao seu redor. Franziu o cenho.

- Lucky... - Chamou baixo.  Ele não respondeu e de repente toda sua calma desaparecera.

- Lucky! - Gritou. Seus olhos iam de um canto a outro, mas não tinha certeza do que procurava. Um vulto a sua esquerda passou movendo algumas folhas mortas do chão.

Foi tudo o que  precisou para levantar-se e pegar o canivete que tinha no bolso da sua calça preta. O suor escorreu pelo seu pescoço molhando alguns fios que escaparam do rabo de cavalo.

Deu alguns passos para trás até que seu pé batesse numa raiz. Seus olhos arregalaram quando sentiu uma respiração bater em seu pescoço.

- Então vocês estav...

O desconhecido nem teve como terminar de falar. Snixx fechou a mão e ao se virar socou o rosto com toda sua força. 

O tempo pareceu parar por alguns segundos. Tempo suficiente para que a loira percebesse o que havia feito. O estranho era um garoto do mesmo tamanho que ela. Seu cabelo era escuro e repicado.  Usava uma regata escura por baixo de uma jaqueta jeans surrada,uma calça de soldado toda camuflada, luvas pretas e coturnos altos. 

Ela não perdeu muito tempo tentando contar quantas tatuagens e pierciengs via, pois logo foi fuzilada por dois olhos verdes cheios de raiva.

- O que há de errado com você, fille stupide?! 

Ele deu um passo para frente e Snixx foi obrigada a dar dois para trás.

Lembrou-se de engolir qualquer tipo de sentimento que a fizesse hesitar.

Nunca devia se mostrar fraca na frente de um inimigo.

- O quê?! Foi você quem ficou se esgueirando por aí, seu cretino! - Deu-lhe um empurrão que o fez cambalear pra trás. - Quem você pensa que é para falar assim, ein!?  

Snixx não desviou o olhar por um segundo. Nem mesmo quando ele tirou a faca da bainha presa ao cinto, a lâmina era tão afiada que se abaixasse o olhar, poderia ver seu reflexo nela.

- Você é mesmo uma garota estúpida e inconsequente.- Ela não entedia francês, mas sabia que não era um elogio que saia pela boca do moreno a sua frente.  -  Eu deveria acabar contigo e livrar o mundo desse fardo tão grande.

- Você pode tentar, muchacho bonito.  - Sorriu de lado, provocando. Ficou em posição de defesa esperando qualquer movimento do moreno. - Mas duvido que consiga.

Ele moveu ligeiramente a mão para a esquerda. Snixx agilmente segurou o pulso da mão armada e o torceu para trás, forçando todo o corpo dele junto. Ela o ouviu xingando quando o som de metal de soltando saiu do braço

Sorriu descarada. " Então era isso..." 

- Não tão fuerte quanto antes, hmn.

O que ocorreu em seguida foi rápido demais para que ela pudesse sequer pensar em revidar. O garoto tatuado jogou-se para trás, e Snixx bateu as costas com força num tronco de árvore. A dor fez com que o soltasse na hora e caísse sobre seus joelhos.

Ergueu o rosto. Ele tinha um meio sorriso zombeteiro no rosto e afagava o pulso vermelho. Sua faca havia caído em algum lugar da floresta, assim como o canivete da loira.

- Isso é tudo que tem, tigresse?

Num segundo Snixx estava sobre o moreno no chão lamoso da floresta desferindo socos seguidos sobre seu rosto que ele evitava o máximo possível. Mas a vantagem que tinha acabou quando recebeu uma soco forte na boca do estômago.

Caiu para o lado arfando de dor. Fora um golpe mais forte do que esperava, ou que jamais houvesse recebido. 

- Minha madre soca mais forte que você. - ... Mas é claro que nunca daria o braço a torcer.

O moreno afuzilou com o olhar, mas não moveu um músculo da árvore onde havia resolvido se apoiar. Cuspiu o sangue em sua boca perto de Snixx num ato de puro desprezo, ela estreitou os olhos verdes.

- O que foi que aconteceu aqui?! 

Os dois levantaram a cabeça. Lucky estava acompanhado de Raccoon. O primeiro tinha o olhar de quem diz "Eu já esperava por isso", o segundo, mal acreditava na cena que presenciava. 

- Páris! Quantas vezes eu já disse para não brigar com os aliados!?

Páris deu de ombros e com muita dificuldade se levantou. Seu rosto estava levemente inchado, o olho direito, muito vermelho. E sua cabeça doía. 

- Não me importa. Ela me atacou primeiro! - Abriu e fechou os dedos da mão esquerda com dificuldade. Fechou a cara e mais uma vez fuzilou Snixx ao continuar. - E ainda estragou meu braço novo.

- O quê?! - Snixx já estava de pé. - Não distorça os fatos, seu francês mal encarado! - E ainda mais irritada continuou. - E estraguei mesmo! Me atacou com a porcaria de um automail!Onde já se viu?! Eu devia ter explodido esse pedaço de ferro velho!

- Diga isso mais uma vez e então eu mesmo vou garantiu que você precise de um.

-Ahá, quero ver você tentar!

E a discussão se seguiu. Raccoon olhou para Lucky pedindo auxilio com o olhar. Este apenas deu de ombros e voltou para onde sabia - agora - que o caminhão estava escondido.

-------*------------

- Como tem passado, Amarílis?

Kore sentiu um arrepiu percorrer sua espinha quando ele disse seu nome. Havia algo em seu tom de voz que a intimidava. Como se não se importasse, como se contasse uma piada sem graça que não esperava ser levada a sério.

Ele mudara, isso era claro agora.

Não podia encontrar o garoto gentil com quem sempre convivera. O especialista em computadores não existia mais, o melhor amigo de Snow também não... Ignis havia se envolvido com o exército atrás de poder. Traíra a confiança de todos e abandonara a gangue no momento que mais precisaram.

- O que quer de mim, Ignis? - Disse séria, mas sua voz saiu um pouco trêmula. Ela não era de ferro, e ver tanta escuridão nos olhos do ruivo a sua frente a magoavam mais do que ver a condição em que  ele se encontrava.

- Direto ao ponto,hn? - O sorriso não saiu do seu rosto. - Você não mudou nada, continua mandona como sempre.

Evitou olhar por demasiado tempo para os cabos que o ligavam aos aparelhos no canto da sala. Também ignorou as seringas que permitiam que o soro estranho entrasse em seu corpo. 

Kore o conhecia melhor do que qualquer um. E sabia que cedo ou tarde, aquilo ocorreria. Ele estava mais pálido do que se lembrava, e mais magro também. Tão vulnerável que nem parecia o mesmo garoto que passou os últimos três anos dando tanta dor de cabeça para Snow.

Suspirou fundo.

- Desde quando?

Ignis pareceu entender a pergunta. O sorriso desapareceu de seus lábios como se nunca estivesse estado alí. Jogou a cabeça sobre os travesseiros.

Olhou para o teto.

- Quase um ano agora. Já estava assim quando encontrei com Snow. - Kore arregalou os olhos. Se era há tanto tempo ele já devia ter feito algo! Como se tornara tão inconsequente!? - Meu médico acha que a infecção está se espalhando pela medula, por isso não consigo mais andar e controlar algumas funções do meu corpo.

Kore mordeu o lábio inferior com força.

- Você sabe mais alguma coisa? O que está causando a doença, se há alguma cura, algum tipo de tratamento... 

- Não... - Virou a cabeça para olhar diretamente para ela. - É por isso que preciso da sua ajuda, Amarílis.

- O quê? Você sabe que eu não poss...

- Você é minha única opção. Não conheço ninguém que saiba mais sobre doenças e remédios do que você. 

Ouvi-lo daquele jeito fez com que aumentasse a força dos dentes em seu lábio. Não sabia o que fazer... Ele era um traidor, um inimigo. Não era mais o Ignis que conhecera, o garoto com quem fugira daquele internato hostil. Já havia se convencido disso. Ele não queria sua proteção!

Mas agora... Será que seria traição ajuda-lo? Ela sabia que mesmo hesitando, não teria forças para ignora-lo nesse momento.

 - Amarílis?

Ele a chamou mais uma vez. E quase achou que houvesse ouvido a voz infantil de oito anos do seu irmão chamando seu nome. Lembrou-se do garotinho ruivo puxando a manga do seu vestido negro. Os dois estavam na frente dos túmulos recém fechados dos pais. Amarílis segurou as lágrimas quando seu irmão lhe perguntou onde seus pais estavam.

"Eles estão no céu,Isaque. Com os anjos."

O silêncio havia se alastrado por tanto tempo que Ignis chegou até a ficar preocupado com a sanidade da garota.  Ele sabia que Kore era frágil. A conhecia há mais tempo do que qualquer um, mas não imaginava que ela seria tão fácil de quebrar. 

Ou talvez estivesse enganado. O som da risada baixa fez com que ele ficasse ainda mais curioso com a sua resposta.

- Você está sempre me colocando em situações difíceis, não é, Isaque?

Ele deu de ombros e sorriu inocentemente.

- O que posso dizer? Mamãe sempre disse que de nós dois, eu era o mais mimado.

Kore aproximou-se com passos pesados até ficar exatamente ao lado da enorme cama de madeira. Seu olhar era duro e não havia mais nenhum traço de humor em seu rosto; diferentemente do irmão, que ainda sorria, como uma criança que acabara de ganhar o doce antes do jantar.

- Eu vou ajudar. Mas farei isso por ela, não por você.

- Sinto-me honrado, querida irmã. - O sarcasmo era discreto e apenas quem o conhecesse bem o suficiente poderia identificá-lo em sua voz baixa.

E mais uma vez, qualquer resquício do que um dia fora seu irmão, desaparecera. 

Kore estreitou o olhar, teve vontade de sair correndo dalí. 

- Não me chame assim.

-----------*----------

Alice seguiu Snow pelo corredor do terceiro andar até pararem perto da janela. A casa estava muito silenciosa agora. E isso era algo que ela nunca havia visto acontecer em todo o ano que passara vivendo com a gangue. Ignorou o aperto no coração e engoliu o suspiro de desânimo.

- Alice. - O albino estava mais sério do que o normal, ela podia dizer isso com clareza. Não usava seu sobretudo, e as tiras do colarinho da camisa de linho beje estavam desfeitas. Algo que ele só fazia quando ficava nervoso, ou seja, quando tinha muito trabalho pra fazer e pouco tempo para isso.

- O que houve, Snow? - Ela meio que já sabia o motivo da conversa.

- Snixx e Lucky já saíram para ajudar a escoltar o caminhão para Morphin. E Reaper e Echo vão sair ainda hoje, antes do anoitecer. 

E com certeza não era para colocá-la a par dos últimos acontecimentos. 

- Vou levar Rosa de Sangue e Black Cat comigo para a Zona das Minas. A minha irmã conseguiu informações promissoras e acho que a procura por Kore poderá nos levar direto a base de Ignis.

- Eu vou ficar aqui? - Ela foi direto ao ponto.

- Não há nada que eu possa fazer quanto isso. - Passou os dedos pelos fios brancos. Suspirou cansado. - Alice, eu confio em Athos para ficar aqui e cuidar da casa, mas não confio nesse seu... "amigo" para ficar perto das crianças sozinho.  Sei que confia nele, mas nada me garante que ele não seja um espião de Ignis, ou mesmo do exército, pronto para nos atacar.

A loira franziu o cenho perante tal acusação. Já não bastava Lucky, agora Snow também. Queria que Kore estivesse ali, ela seria a única a entendê-la... Mas uma parte sua compreendia os motivos do líder. A segurança de todo o grupo sempre veio em primeiro lugar na sua lista...E...Talvez na dela também. Afinal, para onde iria se algo ocorresse? Com certeza não iria voltar para o orfanato.

- Snow, eu... Entendo. -  Disse por fim. - Vou ficar de olho nele e coordenar a operação de longe.

Snow soltou um suspiro de alívio. Com aquela simples resposta Alice havia aliviado seus ombros de parte do peso que tinha que carregar todos os dias, desde que todo aquele problema começara. A loira notou o sorriso discreto no rosto do albino quando ele pôs a mão sobre seu ombro.

- Obrigado, Alice. Estou contando com você.

E então se virou em direção as escadas. Provavelmente indo procurar por Rosa ou Black Cat para ajeitar os últimos detalhes da viajem que teriam de fazer. 

Alice voltou pelo caminho que haviam feito. As tábuas chiavam quando ela pisava sobre elas. Abriu a porta de madeira devagar, para não fazer qualquer barulho desnecessário. Mas o que menos esperava foi o que encontrou quando pisou no quarto.

As duas camas estavam vazias.

Os grandes olhos verdes brilharam com aflição ao buscar pelo garoto ferido por todo o quarto, mas nem sinal dele. De onde poderia estar. Ou do que poderia ter acontecido.

O coração da garota naquele momento batia rápido, tão forte que podia senti-lo através do tecido delicado do vestido branco Lolita que usava hoje.  Se ele havia desaparecido assim, havia apenas duas justificativas, ou um intruso entrara para buscá-lo, ou - não queria nem pensar nisso - era ele o intruso.

"Não, não podia ser...."

Não o conhecia; não sabia de onde vinha ou mesmo sabia seu nome, mesmo assim, sua intuição lhe dizia que podia confiar nele. Naquele doido com heterocromia e cabelos arrepiados. A preocupação fez com que mordesse o lábio inferior.

- Preocupada comigo, Alícia?

Ela girou tão rápido que todo o quarto passou como um vulto perante seus olhos. A proximidade inesperada com o corpo do moreno fez com que cambaleasse para trás, perdendo o equilíbrio. Bateu os tornozelos num carrinho de metal.

- Ei! - Disse ao segura-la pelo antebraço. Ela sentiu o sangue fugir do seu rosto por ter o dele tão próximo ao seu. - Acho que é você quem está precisando de descanso agora, não é?

Alice ignorou o tom zombador em suas palavras e continuou o encarando séria... Ou o mais séria que podia.

- Onde você estava?

-Ah... Por aí... Sabe, não há muito o que se fazer num quarto de hospital. E eu não gosto de ficar...Hmn... Deitado o dia todo.

Ela forçou o braço para longe do aperto e foi prontamente solta. Deu um passo para trás e estreitou o olhar. Ainda não gostava de como ficava tão nervosa com o jeito dele. Invadindo seu espaço e falando como se as palavras se arrastassem em sua língua e não quisessem sair.

E ainda havia um outro problema...

- Eu já te disse que meu nome é Alice. - Deu um passo para trás quando ele fez menção de chegar mais perto do que já estavam. - E pare de sair andando sozinho por aí! Já foi difícil o bastante convencer os outros a não te deixar sangrando até morrer sem saber nada sobre você... - O que a levou para o novo tópico já esquecido. Franziu o cenho. - Quem é você afinal?

O sorriso de Lewis pareceu aumentar quando a última pergunta escapou dos lábios da loira. Ela continuava simplesmente adorável quando ficava mandona daquele jeito. Achando que podia mudar o mundo com apenas a força do seus desejos... Exatamente como se lembrava

.

- Quem eu sou?... Ahh... Essa é uma excelente pergunta. 

Lewis segurou o rosto de Alice entre suas mãos manchadas com força suficiente para impedir que ela se afastasse. Ela arregalou os olhos e segurou seus antebraços com força, empurrando-o para trás. O carrinho de metal caíra no chão pois Alice o empurrara com o corpo ao tentar fugir da investida brusca.

O frasco de iodo se estilhaçou no chão branco.

- Do que você tem medo, A-lí-cia?- Lewis perguntou com a boca próxima ao seu ouvido. - Você já devia saber que eu nunca te machucaria.

E devia mesmo. No fundo, bem no fundo, Alice sabia que o pedido dele não era nem um pouco absurdo. Ele a havia salvado. Colocado o próprio corpo na frente de uma bala para protegê-la... Aquilo não fazia sentido, com certeza a estava confundindo com outra pessoa.

Engoliu em seco.

- É Alice. 

Os olhos hetecromáticos a encarraram de repente, mas Alice não conseguiu ler suas orbes; ou mesmo sua expressão séria.

- Meu nome... É Alice. - Ela disse segurando com mais força os braços de Lewis. Apenas queria fazê-lo entender... Queria muito que entendesse que tudo não passara de um terrível mau entendido, que sentia muito, mas que não era a Alícia que procurava.

Mas, não surpreendentemente, a única coisa que ganhou foi um largo sorriso.

O mesmo tipo que havia recebido na primeira vez que o conhecera.

- E o meu é Lewis...Mas você já sabia disso, não é mesmo?

Lewis se afastou rindo. E sua risada alta impediu Alice de formar qualquer coisa em sua defesa. Mas não tinha certeza se havia mesmo algo que pudesse dizer.Ele era louco, completamente louco. Isso era obvio agora.

E se aos seus olhos era Alícia, não havia nada que pudesse fazer para convencê-lo do contrário.


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