About Sirius Black escrita por Ster


Capítulo 44
Durante - 7º


Notas iniciais do capítulo

Finalmente!!!!!Melhor conversarmos depois, lá embaixo.Espero que gostem.



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JOURNEY'S END

JUNHO

HOGWARTS

Marlene teve quatorze cartas de recomendações dos N.I.E.M’s.

O Remo teve oito, James teve seis, eu tive cinco, Lily teve dez; mas ela teve quatorze. E as palavras que usaram para descrevê-la… Ninguém teve recomendações como as dela. O pessoal falou que os outros eram habilidosos, que eles davam duro, que eles eram bons… mas as cartas dela diziam que ela era excelente. Elas falavam de sua bondade, de sua atenção aos detalhes; falaram de quão duro ela se esforçou e que nunca desistiu… Eles pintaram um quadro do tipo de pessoa que eu espero ser. Foi uma honra ler aquelas cartas porque agora eu sei que o que a separa dos outros é a grandiosidade.

Então finalmente acabamos.

Era isso então?

Eu nem sabia o que pensar quando me peguei sentado no Salão Principal, ouvindo o discurso da garota da Sonserina. Ela citou algum famoso e James comentou algo com Remo sentado ao seu lado. Acariciei a mesa sob o relevo do “S.O.B” escrito sobre ela. Eu fiz aquilo no quarto ano. Como o tempo passou tão rápido? Finalmente o discurso acabou e eu afundei o chapéu em minha cabeça, todos estavam com ele, era bem parecido com o chapéu seletor. Eu quase me sentia sendo selecionado novamente.

Marlene McKinnon subiu no mesmo lugar onde apenas Dumbledore apoiava suas anotações todos os anos. Ela parecia extremamente nervosa, sorridente demais, talvez envergonhada. Devido o agravamento de sua doença, ela estava mais pálida e tinha que andar com uma cadeira enfeitiçada, ela iria diretamente para o hospital após algumas horas no baile. Era irônico ela ter previsto tudo aquilo em seu quinto ano. Eu conseguia me lembrar claramente dela dizer “Vou estar com uma bolha de ar no nariz e de cadeira de rodas” e lá estava ela. Ela ajeitou suas anotações e apoiou sua varinha encurvada em sua garganta, para que sua voz ficasse alta.

– Hm... Olá. – sorriu ela. – Eu... Eu pensei no que eu iria dizer hoje. E acho que até agora eu não sei o que dizer. Finalmente conseguimos o que tanto queríamos, conseguimos crescer. Hoje é o dia em que a minha vida começa. Hoje… me torno uma cidadã do mundo. Hoje me torno adulta. Hoje me torno responsável para outros que não meus pais e a mim mesma… Responsável por mais que minhas notas. Hoje me torno responsável perante ao mundo… Perante ao futuro… Perante à todas as possibilidades que a vida tem para oferecer. A partir de hoje… meu propósito é comparecer com os olhos abertos, com determinação e preparada. Para o quê? – Marlene sorriu para a mesa da Grifinória, e Lily acenou, chorosa. – Não sei. Para qualquer coisa, para tudo. Para enfrentar a vida, para enfrentar o amor... – ela pendeu sua cabeça e sorriu delicadamente para mim, que não pude deixar de sorrir. – Para enfrentar... A responsabilidade e as possibilidade. Hoje.... Hoje nossas vidas começam. E eu, pelo menos... Não vejo a hora.


A mesa da Grifinória pulou entre aplausos entusiasmados. Como nós éramos a última casa a fazer um discurso, já podíamos jogar nossos chapéus. E quando eu o joguei a sensação de liberdade correu sob meu peito lutando contra a adrenalina. Pontas pulou em cima de mim em um apertado abraço e abrimos espaço para Pedro e Remo, que estava chorando. Bagunçamos a cabeça do chorão do Aluado enquanto ele ria entre lágrimas. Todos nos retiramos do Salão Principal para que ele fosse mudado enquanto nós levávamos nossas malas para o topo da escada.

Só de pensar que aquela era a última vez que eu subia as escadas, ouvia os quadro falarem e vestia a capa da Grifinória da qual eu estava agora, meu coração apertava. Malas no topo da escada, todos tinham que tirar suas capas e revelar seus trajes a rigor. Marlene desceu as escadas atrás de Lily e Emmeline, mas eu nem sequer consegui ver a cor do vestido delas quando vi Marlene.

Parecia um maio vermelho com a transparência que deixava suas pernas. Ela estava toda coberta e nem um pouco vulgar, apenas de sexy. Um dos lados tinha um grande corte até o fim, que nos proporcionava a visão de sua perna esquerda, a única perna manchada. Finalmente ela aprendeu a amar a si mesma do jeito que ela era. Seus cachos estavam brilhantes e bem cacheados e lindos, apesar de curtos. E os olhos bem deliniados marcando seus lindos olhos verdes. Ela estava fenomenalmente linda, e melhor que isso, era somente minha.

Ela sorriu sob sua bolha de ar quando peguei sua mão e juntos adentramos no salão. Havia uma banda desconhecida tocando animadamente e eu me perguntei como eles arrumaram todo o Salão em menos de trinta minutos.

– Sirius, você parece um cafetão. – disse Emmeline, servindo-se de água de Gilly. Ela estava maravilhosa com o justo vestido negro com um baita decotão.

– Obrigada. – empurrei Pontas para um canto pois notei que ele queria me dizer algo. A banda começou a tocar mais rápido em ritmo de Girls Just Wanna Have Fun, fazendo as meninas começarem a soltar fogo por debaixo dos vestidos.

– Fotos, vamos tirar fotos! – Marlene agarrou minha mão com força enquanto corria em direção do grande pôster da Grifinória onde todos tiravam fotos para recordação. Fiz uma leve cara de metido enquanto Marlene também fazia. Então todos invadiram nossa foto, primeiro em casais, depois todos em posições diferentes. Quando começou a tocar Let’s Dance do Bowie, Marlene entrou em desespero e empurrou todos para fora da pista para ter um bom espaço para poder dançar no seu ritmo único.

O baile estava rolando solto enquanto conversávamos de última hora sobre nossos planos. Eu fiquei muito, mas muito feliz quando Remo e James aceitaram vir morar comigo. Pedro rejeitou pois disse que preferia ficar com seus pais mais uns meses, quem sabe depois. Infelizmente ele estava cada vez mais distante de nós, o que era muito triste, pois eu queria ele conosco, queria que todos nos ficássemos juntos até a morte.

Mas Rabicho não estava pensando desse jeito.

Marlene iria fazer seu tratamento na Bulgária então provavelmente ficaríamos um bom tempinho sem nos ver, mas não foi o que ela insinuou enquanto dançávamos Never Let Me Go de Lana Del Rey. Giramos pela pista como sempre fazíamos entre danças. Marlene sempre fora do meu tamanho, apenas alguns centímetros mais baixa. Mas desta vez ela estava do meu tamanho por conta do salto, então eu podia olhar diretamente em seus olhos enquanto conversávamos sobre as cartas que trocaríamos nesses poucos meses. Eu tinha que segurá-la com mais força, por conta de sua fraqueza, sempre perguntando se ela estava bem, caso ela quisesse se sentar um pouco como na hora da foto em que ela começou a ofegar.

ATLAS - COLDPLAY

– Eu estive pensando... Você poderia vir comigo. – disse ela, calmamente. – Eu sei que um ano é muita...

– Um ano? – parei de me mexer. – Um ano? Você vai ficar fora um ano?

– O tratamento é longo. – ela forçou-me a me mexer novamente. – Não é fácil assim, Sirius. Por isso que eu disse que gostaria que viesse. Você viria?

– Não. – respondi. Ela tentou não demonstrar choque. Fui sincero demais, devia ter sido mais delicado. – Digo... Bulgária é muito longe e... minha família está aqui. Sabe, James, Remo, Pedro...

– Ah. – ela disse, tentando esconder a decepção. Respirou fundo, desviando o olhar. – Tudo bem.

– Mas eu vou te visitar.

– Prefiro que não vá.

– O quê?

– Não quero que vá me ver. – repetiu ela, mais firme. Giramos lentamente, comigo fitando-a incansavelmente enquanto ela fingia que estava dançando sozinha.

– Por que não?

– Sirius... – ela suspirou, fechando os olhos. – Você é a pessoa mais horrível que eu já conheci.

– Por que? Não estou entendendo...

– Essa é a porra do seu problema, você nunca entende! – seus olhos tornaram-se aquosos. – Olhe o que acabou de dizer. Me excluiu do seu meio, me tratou como uma conhecida que vai viajar. Eu respeitei durante meses seu desejo que não tornar o que temos oficial, eu aceitei cada maldita regra sua e eu só pedi para que viajasse comigo para um tratamento extremamente difícil e... – ela suspirou, segurando as lágrimas.

– Marlene, você tem noção que há uma guerra acontecendo? Como poderia deixar meus amigos para trás? – ela maneou a cabeça negativamente quase freneticamente.

– E eu posso ser deixada pra trás, Sirius? – exaltou-se com as lágrimas quase pulando dos olhos.

– Marlene...

– Quer saber de algo engraçado? – sua voz estava trêmula. – James não pensaria duas vezes em ir com a namorada para apoiá-la em um tratamento mortal.

– Não nos compare a James e Lily. – ela sorriu e a primeira lágrima caiu.

– Você está certo. Nunca seríamos igual a eles, não é? James ama Lily.

– Jesus Cristo, você quer mesmo brigar na nossa formatura? – continuamos girando normalmente igual a todos os casais. Marlene respirou fundo e enxugou as lágrimas, fingindo que não tínhamos falado nada. A música finalmente acabou e uma música desconhecida de uma banda que nunca ouvi falar começou a tocar. Mas eu já não conseguia entender nada que a música dizia, imerso em pensamentos, assim como a garota que dançava comigo. Eu não queria depender de Marlene. Eu tinha que assumir: Eu morria de medo. Era tanto medo que eu mal conseguia me controlar. Medo dela morrer e eu nunca ficar bem novamente. – Lene Moo, olhe pra mim.

– Ainda estou me perguntando como você pode ser tão frio, Sirius. – ela fitou o globo de luz, fazendo a música girar ao seu redor. Green Eyes, parecia que a música tinha sido escrita para Marlene McKinnon.

– Eu irei te visitar. Isso não é um fim.

– Será que terei que desenhar? Eu não quero a porra de uma visita! Eu quero um homem ao meu lado. Que me dê amor, apoio, esperança... Eu vou para o outro lado do mundo, Sirius. Embarcar de cabeça em um tratamento que pode tanto me salvar como matar e você me diz que não pode deixar... Seu maldito... Namoradinho! – ela soluçou. – Eu realmente rezo para que você não sofra com James a decepção de ser trocado!

– Você está exagerando.

– Quer saber? Isso é um erro. Nós dois somos um erro gigantesco de proporções absurdas! Nunca iríamos dar certo. Você quer coisas totalmente diferentes de mim. Eu quero uma família, um alguém que goste de mim ao meu lado. E você só quer uma companhia para as suas noites solitárias. – a música chegou ao fim e Marlene soltou-me, arrumando seu vestido com um sorriso forçado. – Hestia sempre esteve certa afinal. Você não sabe amar nada.

Meu peito contorceu-se quando assisti Marlene ir para fora do Salão Principal. Suspirei e fui para a mesa, sentando-me sozinho. Fiquei um pouco assustado em perceber que não estava sentindo nada. Pelo menos não concreto. Sensatez não era algo que tinha cabimento quando se tem dezessete anos. She Will Be Loved começou a soar pelo lugar, uma das músicas favoritas de Marlene e eu conseguia senti-la chorar em algum canto do castelo enquanto cantava seu verso preferido.

Procure a garota com o sorriso partido

Pergunte a ela se ela quer ficar por um tempo

E ela será amada

O dia seguinte chegou depressa.

– Marlene está indo para o portal. – avisou Lily. Assenti e continuei girando minha varinhas entre os dedos, fitando o castelo, encostado na segunda maior árvore de Hogwarts. Passamos toda a vida nos preocupando com o futuro. Fazendo planos para o futuro. Tentando prever o futuro. Como se desvendá-lo fosse aliviar o impacto. Mas o futuro está sempre mudando. O futuro é o lar dos nossos medos mais profundos e das nossas maiores esperanças. Mas uma coisa é certa: quando ele finalmente se revela, o futuro nunca é como imaginamos.

Eu encontrei naquele lugar muito mais que eu poderia um dia agradecer. Encontrei irmãos, um alguém, tive decepções e alegrias, os melhores momentos do mundo, as melhores coisas do mundo. Eu fui feliz como eu nunca tinha sido e agora eu estava sendo obrigado a dizer adeus.

Marlene está indo para o portal.

Levantei-me bruscamente, e entrei no castelo. Rodei-o inteiro atrás de Marlene, em cada maldito canto. Então eu fui para Hogsmeade conferir e lá estava ela, perto da loja de roupas.

Eu também era um doente afinal. Eu estava infectado, totalmente adoentado.

Marlene era uma doença da qual eu não podia me curar. Eu podia ficar doente só de me lembrar dela, e eu tinha certeza que isso aconteceria. E o beijo que eu nunca tinha encontrado em ninguém, eu encontrei nela. Eu rejeitava o mundo e ela era rejeitada pelo mesmo.

Marlene Dragonina acariciava seu cabelo recém-cortado, apoiando-se no poste que era sua chave de portal. Ela segurava suas malas e ajeitava suas luvas quando viu eu me aproximar. Arregalou os olhos e então torceu o nariz, tentando parecer inexpressível. Eu estava pronto e eu sentia tanto que tenha demorado a estar, eu queria dizer a ela que não tinha escolhido ela entre todas. A verdade é que eu não tinha pensado em ninguém que não fosse ela.

FREIGHT TRAIN - SARA

– Eu te procurei por toda parte. E eu nem sei porquê. – Marlene mordeu os lábios com força, fechando os olhos, deixando-me em dúvida se ela ria ou chorava. Mas quando seus olhos agora vermelhos se abriram, eu tive certeza. A nostalgia nos envolvia quando ela tentou dizer com a voz embargada.

– Porque você se importa comigo. – ela soluçou, tentando tirar o cabelo do rosto. – Eu só tenho um minuto. A Bulgária é bem rígida.

Tentei rir, mas tudo que saiu foi um riso trêmulo e embargado. Coloquei as mãos no bolso da jaqueta, respirei fundo, olhando no fundo dos olhos de Marlene. Eu não podia pedir para que ela ficasse, ela precisava ir. Mas eu precisava dizer a ela algo que eu fui extremamente estúpido em guardar, em temer dizer.

– Eu... Eu vou ver você novamente? – soluçou ela.

– Não sei. – respondi, ainda fitando meus pés.

– Eu... – Marlene engasgou-se em suas palavras, enxugando suas lágrimas que só faziam cair. Ela respirou fundo e olhou-me, ainda chorando. – Eu amo você, Sirius.

Dei-lhe um sorriso, o máximo que eu consegui entre segurar minhas lágrimas.

– Eu sei. – assenti. – E acho que essa é minha oportunidade única de dizer que... Marlene, eu... – mas quem me dera puder terminar a frase, pois diante de meus olhos, Marlene simplesmente ficou cada vez menos nítida até desaparecer. Ela fora teletransportada. Fechei meus olhos com força, sentindo meu peito sufocar com tanta intensidade que eu pensei que morreria ali mesmo. As lágrimas desceram pelo meu rosto quando eu virei-me para voltar para Hogwarts, sentindo que eu tinha indo embora também.

Mesmo sem ir.

Então, de repente, eu me lembrei de minhas aulas de Aritmancia. Entre os números primos existem alguns ainda mais especiais. Os matemáticos os chamam de primos gêmeos: são casais de números primos que estão lado a lado, ou melhor, quase vizinhos, porque entre eles sempre há um número par, que os impede de tocar-se verdadeiramente. Talvez Marlene e eu fossemos números primos.

Mas por mais que eu pensasse que aquele era um fim.

Era só um novo começo.

ANTES – DURANTE – DEPOIS


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Notas finais do capítulo

Agora segurem-se em suas cadeiras pois a fanfic começou de verdade.