About Sirius Black escrita por Ster
Notas iniciais do capítulo
Senhoras e senhores, esse é o último capítulo do quinto ano.A cada paragrafo, cada frase, palavra e letra, estamos mais próximos da despedida de todos esses personagens que tanto amamos e odiamos.Não diferente nosso Sirius.Vamos ao capítulo.
WHEN A BLACK CRY
AGOSTO
MANSÃO DOS MALFOY
O casamento de Ciça parecia um evento da alta sociedade.
E era.
O abominavelmente gigantesco jardim da Mansão dos Malfoy abrigara diversas mesas espalhadas, um maestro exclusivo, sem contar os diversos elfos domésticos por todos os cantos segurando bandejas de bebidas e petiscos. A riqueza nos detalhes é assustadora. As árvores eram todas muito bem iluminadas com detalhes de ouro ao seu redor. Pássaros encantados e brancos sobrevoavam toda a pista de dança. Os detalhes de prata, as flores brancas e as três fontes que davam boas-vindas à casa dos Malfoy, com uma maior que as outras duas, abrigavam três pavões albinos gigantescos que pareciam brilhar no contraste escuro das pedras e da água. Todos muito elegantes, eu estava achando aquele lugar além de ridículo, um tedio interminável e exaustivo.
Digo, pra que tanto enfeite?
Mas, a comida estava ótima, isso eu tinha que admitir. Pelo menos Ciça tem bom gosto para comida uma vez que não sabe fazer. Narcisa era linda, isso era um fato, então o vestido de noiva só foi um acréscimo à sua beleza hipnotizante. O vestido tinha detalhes negros sob o branco, perfeitamente calculado para Lucius. Foi engraçado ver Ciça nervosa ao colocar a aliança em Lucius, e precisou de ajuda dele para isso, que sorria docilmente para a esposa. Os fotógrafos quase cegaram todo mundo de tanta foto que tiraram quando os dois desceram do pequeno altar. Finalmente liberado para comer, tentei sair do meio das pessoas, mas a mão de minha mãe me segurou onde eu estava.
Velha insuportável!
Demorou uma eternidade para finalmente podermos comer, mas quando o fizemos, que maravilha! Sem contar o meu amado uísque de fogo que estava melhor do que nunca. Deliciei-me com um segundo copo e notei ao meu lado Snape, enchendo seu copo de Hidromel.
– Olha só se não é meu amigão Ranhoso! – sorri para ele. – Tomou banho hoje? – dei um olhada em sua roupa, seu terno vinho. – Acho que não.
Snape virou-se para mim com uma seriedade mortal.
– Vai. Se. Foder. – coloquei a mão no peito, assustado.
– Que rude! – e foi embora, me deixando ali sozinho. Andei pelo local, admirando as pessoas fingindo que não estavam em um lugar lotado de Comensais da Morte, desprezível. Sentei-me em um banco qualquer e suspirei. Um cheiro incrível e suave aproximou-se. Era Rebecca Black, ela havia pintado seu cabelo de negro e cortado bem curtinho, talvez por isso eu não a tenha reconhecido. Ela arrastou seu longo vestido verde escuro e sentou-se ao meu lado. Ela sentou-se ao meu lado com um sorrisinho reservado, devia ter uns quinze anos agora.
– Todas as minhas amigas são apaixonadas por você. – ela disse, fitando os noivos girando no centro da pista, fitando-se apaixonadamente.
– Todas as garotas são apaixonadas por mim. – retruquei, terminando meu uísque.
– Bem, eu digo a elas que vou me casar com você. – não segurei o riso.
– Maldoso. – ela concordou. – Porém, mentiroso.
– Isso depende. – olhei-a debochadamente. Ela não era feia, apesar de ser magra demais... Mas pobrezinha era ela de achar que eu realmente me casaria.
– Minha doce Rebecca, caso não saiba, eu tenho uma namorada e... – olhei-a de cima abaixo. – Ela é consideravelmente anos luz na sua frente.
– Toujours Pour? – ao dizer a frase gravada no brasão do Black, Sempre Puro, olhei-a com descaso.
– Te interessa?
– Não é bom dispensar uma Lestrange, Black. Não são apenas as minhas amigas que são... – ela tocou minha perna perigosamente, traçando o caminho para minha virilha. – Apaixonadas.
Olhei-a docilmente, aproximando-me como se fosse beijá-la.
– Pena que você está tão longe de conseguir algo comigo tanto quanto elas. – ela fechou a cara quando eu retirei sua mão de minha perna. Levantei-me em direção de um dos elfos domésticos para pegar outra taça de uísque.
– Dobby está aqui para servi-lo, senhor. – e ergueu a bandeja.
– Cala a boca. – ordenei, pegando uma taça e tomando um bom gole, saindo de perto do elfo doméstico. Eu estava admirando minha prima Narcisa dançar quando simplesmente estalidos preencheram algum lugar da mansão. Virei-me rapidamente para ver o que estava acontecendo, já com a varinha em punho. Mesmo que eu não pudesse usar magia fora da escola, era sempre bom se garantir. E então eu vi, os aurores invadiram a Mansão. Narcisa deu um berro agoniante de desgosto. Estão estragando meu casamento! Esse era com certeza seu pensamento. Papai lutava bravamente com John McKinnon e outro auror que eu nunca vi em vida com tio Cygnus.
– AVADA KEDAVRA! – berrou Bellatrix para o auror que eu não conhecia.
– Boa, filha! – elogiou Cygnus já tomando um duelo acirrado com outro auror. Era uma confusão sem fim, com todos os membros de minha família lutando. Um feitiço quase me atingiu e eu sorri para Ariel Abbott ao devolver o feitiço, que foi com tanta força que ela quase caiu com o seu Protego. A adrenalina em meu sangue batia forte enquanto eu jogava azarações na direção da mulher, que era ágil para rebater e mandar mais ainda em minha direção.
– Crucio! – urrou Walburga Black, empurrando-me para longe da auror. – Deixe ela comigo, filho.
Assisti minha mãe torturar a auror indefesa por alguns segundos e fui em direção de meu pai, para ajuda-lo, uma vez que duelava com Moody e Kingsley ao mesmo tempo. Mas eu não pude sequer pensar quando o berro cruciante de Bellatrix preencheu o ar. Meu coração parou ao ver tia Druella desmaiada no gramado. O rosto vermelho e o brilho demente nos olhos de Bellatrix nunca foi tão forte quando ela gritou mais uma vez a maldição da morte:
– AVADA KEDAVRA! – e foi com tanta força que jogou a mulher que provavelmente matara tia Druella, longe. – AVADA KEDAVRA!
E assim, ela matou metade dos aurores.
Sozinha.
Em desvantagem, eles aparataram e Bellatrix ficou gritando para o ar que eram covardes. Estava tudo extremamente silencioso com Narcisa quase deitada em cima de sua mãe, e tio Cygnus olhando a situação extremamente desesperado. Bella jogou sua varinha no chão, caminhando lentamente onde a irmã e a mãe se encontravam. Era um contraste muito triste o branco e negro do bufante e lindo vestido de princesa no corpo de Ciça, que estava deitada ao lado de uma Druella, pela primeira vez na vida, imóvel e tão branca que assustava. Ela não chorava, não se movia, apenas piscava. Ninguém sabia muito bem o que fazer... O que dizer.
– Narcisa. – chamou papai. Minha mãe estava sendo segurada por Régulo, pois estava passando mal.
Meu deus, ela era tão apegada a sua mãe... E agora... Os Black se aproximaram de Ciça e sua mãe no chão.
– Você não quer sair daí? – perguntou papai, docilmente.
– Ela estava doente. Mas não contou para ninguém, só para mim. – Começou Ciça. Sua voz estava firme, não havia vacilo. Ela passou a mão na barriga dela, carinhosa. – Absorta demais na ideia de perder meu casamento. Irônico.
– Querida, você precisa sair de cima dela. Precisam levar o corpo. – disse Dolores Umbridge, uma mulher nojenta amiga dos Malfoy.
– Será que você pode calar essa sua boca imunda? – disse Narcisa, apertando a mãe. – Saiam todos, estou ordenando! Essa é minha casa agora e todos vão sair. Quero ficar sozinha com minha mãe.
– Essa não é sua mãe, Narcisa. – E então, com a voz penetrante de Lucius, finalmente houve vacilação nos olhos de Ciça. Seus lábios tremeram. Lucius, abriu passagem entre os Black e caminhou até o lado de sua esposa, lentamente, a observando abraçada com o cadáver de minha tia. – Quando a maldição a atingiu, e ela caiu dura nesse chão, ela deixou de ser sua mãe. Essa não é sua mãe.
– Ela... Ela queria netinhos. – seus olhos encheram-se de lágrimas. – Minha mãe acabou de me abraçar e agora está indo para o cemitério, que irô... – Ciça engasgou-se, finalmente explodindo, meu coração contorceu-se de dor ao vê-la começar a chorar com tanta agonia... A incapacidade me torturou diante daquela cena. – Que irônia!
Bellatrix desviou o olhar, saindo de perto de Narcisa. Mas eu vi ela cobrindo o rosto enquanto caminhava para longe, com Rodolfo a seguindo.
E então Ciça começou a chorar como uma criancinha, encostada no ombro de Druella. Ela agarrou seu vestido com força enquanto engasgava-se com seu próprio choro. Todos no ambiente ficaram sem palavras quando Cygnus, a pessoa mais insensível e rígida do mundo simplesmente inclinou-se e pegou a filha nos braços, como se fosse uma menininha. Ela foi, abraçando-o, ainda chorando muito alto. Tio Cygnus sentou-se na cadeira mais próxima e embalou Narcisa em seu colo, ouvindo seu choro dolorido.
A compreensão nos olhos de meu tio despertou algo em mim. Ele beijava sua bochecha e a balançava para frente e para trás, ouvindo atentamente a dor das palavras que ela balbuciava em seu pescoço, fraca demais para soltar-se dele. Eu nunca tinha visto Narcisa, a menina mais alegre e irritantemente sorridente que eu já conheci, sentir tanta dor. Talvez por isso a minha sensação de incapacidade. Narcisa chorava por coisas superficiais por alguns segundos e então retornava ao seu sorriso falso e interesseiro, e agora, ali estava eu, vendo-a soltar toda a sua dor do terno de seu pai.
E então, eu senti a quentura em minhas bochechas, o rastro das lágrimas na mesma e não poupei esforços para esconder, eu estaria chorando pela dor de meu familiar ou pela perda de um? O choro sofrido de Narcisa era o único som naquele imenso jardim, que antes, era ocupado por seus eletrizantes risos. Ela nunca saberia que votos sua mãe lhe diria. Nunca mais sentiria seus lábios em sua bochecha e nem as mãos dela sobre seu corpo. Narcisa nunca mais veria Druella... Ela tinha perdido algo importante da qual não conseguia achar: Era como falar que todos os óculos do mundo acabaram e você terá que sobreviver sem um.
Ciça teria que sobreviver sem ela.
Que irônia.
BACK TO YOUR FRIENDS - THE READER
O céu estava escuro na tarde de 14 de Agosto.
Preto pode ser considerado uma cor, e o resultado da falta de, ou a absorção completa de luz. Na cultura ocidental, a cor preta tem sido tipicamente associada ao mal, escuridão e feitiçaria, mas também com prestígio e sofisticação - apropriado para a Casa dos Black.
Ouvi dizer que os Black não choram.
Todos fitavam Druella Rosier Black com frieza, até mesmo Narcisa. Agora somente o seu azul celeste passaria pela escura casa dos Black uma vez que Druella fechou seus olhos para nós. Bellatrix olhava para a mãe morta com desgosto, como se ela tivesse decidido que ia morrer.
Dizem que morrer é mais díficil para os vivos. É díficil dizer adeus. Às vezes, é impossível. Você nunca deixa de sentir a perda. É o que faz as coisas tão agridoces. Deixamos pequenas partes de nós para trás, lembretes, uma vida cheia de memórias, fotos, quinquilharias. Coisas para sermos lembrados, mesmo quando nos formos.
– Não acredito. – Bella fechou os olhos com força quando Andrômeda entrou no local, com Dora em seu colo, em um vestido florido. Só ela colorida entre tanto negro. Drômeda passou Tonks para o colo de Ted e caminhou até o caixão, entre as duas irmãs. Minha mãe arfou com tamanho “desaforo”.
Depois de cinco anos, finalmente as irmãs Black estava juntas novamente. Quantas lembranças eu tinha daquelas três? Bella era sempre a que me erguia bem alto para pegar os sapos de chocolate em cima da geladeira. Andrômeda era a que me abraçava e Ciça a que escolhia minhas roupas, sempre cuidando muito bem de meu cabelo. Três garotas que viviam brigando, mas ao mesmo tempo, se amando e compartilhando em uma compatibilidade quase absurda de invejável. Agora destruídas. Narcisa finalmente adulta, Andrômeda mãe e Bellatrix uma assassina.
Cada uma em um distinto destino.
Ciça parecia tão emocionada que quase tocou a mão que Andy oferecia, chorosa.
– Narcisa! – estrilou Bellatrix, baixinho. – Lá fora!
Quando as três saíram, eu fui atrás, com medo do que poderiam fazer com Drômeda. Régulo também veio, em passos rápidos. Bellatrix respirou fundo e olhou para a irmã que era quase sua gêmea.
– O que faz aqui sua vaca, sujando mais ainda nosso nome? – Andrômeda desviou o olhar venenoso da irmã. – Vai embora, eu ordeno!
– Ordena? Quem você pensa que é para mandar alguma coisa, ela também é minha mãe!
– SUA MÃE? – engasgou-se Bella. – Você a enganou, a deixou e a traiu, como pode dizer um absurdo desses... Eu tenho vontade de... TE MATAR!
– Mate então! – desafiou Andrômeda, quase encostando seu rosto no da irmã. – Mate, Bellatrix!
– Vai embora, Andrômeda. – pediu Narcisa, exausta. – Você não é mais uma Black. Deixou de ser faz tempo. Cuspiu no nosso sobrenome.
Andrômeda olhou as irmãs, desesperada.
– Como... Como assim não sou mais uma Black? Sempre serei uma Black! – ela enxugou as lágrimas, exasperada. – A única diferença é que eu fui a Black que escolheu ser feliz!
– Feliz? Felicidade é aquele paspalho e aquela aberração que chama de filha? – ao debochar, Andrômeda enfiou a varinha na cara de Bella, que fez o mesmo. Pareciam duas versões diferente da mesma pessoa, uma desafiando a outra.
– Aquela aberração é sua sobrinha. – disse Andrômeda, fria. – É seu sangue.
– Nunca! – e Bella cuspiu no chão. – Meu sangue é puro!
– Isso é ridículo! – Narcisa abaixou as varinhas das irmãs. – Respeitem a dor da perda de nossa mãe, por favor.
– Eu. Vou. Matar. Você. E. Sua. Família. – e ao terminar de dizer cada palavra com muita ênfase, Bellatrix saiu voando pelo ar como um vulto negro. Narcisa olhou para Andrômeda com desprezo e entrou no velório novamente, na companhia de Régulo. Andy enxugou suas lágrimas.
– Ouvi dizer que...
– ... Os Black não choram. – ela completou a frase com um meio sorriso. – Quem disse isso mesmo?
– Se não me engano foi Eddard Marvolo. – tentei-me lembrar das histórias que tio Cygnus nos contava sobre nossa família.
– Foi Tyrion Marvolo, Sirius! – corrigiu Andy, caminhando até mim para me dar um abraço. – Eu ainda sou uma Black, não sou?
– Sempre vai ser. – assenti, apertando-lhe com força. Entramos no velório e eu quase não segurei o riso quando Dora saiu do colo do pai e caminhou até o caixão de Druella, ao lado de Cygnus, que não sabia de a chutava ou abraçava a pequena menina ao seu lado. Ninfadora tocou o caixão com medo.
– Ela não vai acordar não, vai? – perguntou, medrosa. Papai olhou a menina com desprezo.
– Felizmente ela não vai te ver. – retrucou, frio. Dora fez uma careta de indignação e Ciça arfou quando viu o nariz de Dora torcer igual ao seu. Andrômeda apenas pegou sua filha no colo e beijou o rosto da mãe, sussurrando um poema conhecido, deixando apenas o final para nos entendermos.
Eu não queria morrer. Não queria ser esquecido, ser deixado para trás, fazer parte do passado das pessoas. Eu não queria que seguissem suas vidas após a minha morte. E quando acontecesse, quem iria ser você? Quem iria defender seus amigos, lutar por direitos, beijar as garotas ou andar com a Guzzi? A vida seguiria sem mim. Todos iriam acordar no dia seguinte, o sol iria continuar brilhando e os pássaros cantando.
Sem mim.
Snowflakes cadent
Tempus mutatur
Proditori moritur
Sed nomen supersit
Toujours Pour
Os flocos de neve caem
O tempo muda
O traidor morre
Mas o nome sobrevive
Sempre Puro.
HOUSE OF BLACK
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Vamos chorar por Druella :'(
Até.