Essência escrita por AnaMM


Capítulo 5
A Única Saída


Notas iniciais do capítulo

Enfim o novo capítulo! Com uma leve ousadia minha. Não, eu não irei separar nenhum dos nossos adorados casais por causa desse novo detalhe que eu acho que sempre esteve bem claro. Eu iria, mas não farei isso em respeito às leitoras jugis. Fiquem calmas. Nem JuGil, nem Brutinha e muito menos LiDinho serão separados. Enfim, depois me digam o que acharam dessa leve revelação acerca de um certo personagem.



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Vitor se sentia deslocado, um estranho onde todos se conheciam. Não entendeu o porquê de Lia ter ficado tão mexida com aquela música, ou como Dinho havia percebido. Pela primeira vez, notava que a roqueira não lhe havia contado tudo. Aquela música e o seu significado desconhecido representavam toda uma Lia que ele não conhecia, que nunca se importara em conhecer. Uma Lia que ela mesma escondia a sete chaves, com medo de que seus sentimentos mais enfrentados fossem descobertos. Uma Lia que se deixava abater por aquela música como por aquele poema de seu primeiro dia de Quadrante. Conhecia, agora, a conexão daqueles versos com Dinho. A música apresentada provavelmente também teria alguma ligação. E o modo como eles cantaram... Era claro, estando tão próximo de ambos, que cada palavra tinha um significado particular para eles. E cantavam como se o significado fosse ainda tão latente quanto antes. Como se cada palavra trouxesse à vida sentimentos que estiveram escondidos por quase um ano. Pensava que havia ajudado Lia a esquecer seu ex, mas a reação da roqueira à presença de Dinho era clara o bastante. Não entendeu quando o ex da garota riu com certos versos. Estranhamente, Dinho ria de Gil, não dele. Ou com Gil? Até onde sabia, Gil detestava o ex da “irmã”, não podia ser. Sentiu-se incomodado com a piada interna entre sua namorada e Dinho, enciumado por dividirem algo que só eles entendiam.

Era a primeira vez que via o famoso Dinho. Ao vê-lo entrar com Fatinha, havia reconhecido o garoto de fotos, contudo não sabia seu nome. Estava mudado também. Lembrava-se do amigo de cabelos cacheados de Pilha, presente em tantas fotos, mas ausente. Jamais perguntou. Sentia que a falta daquele amigo ainda ferisse Leonel, que parava em frente às fotos uma vez ou outra, provavelmente relembrando. Então o famoso ex-namorado canalha de Lia era o amigo de Orelha, de Fera e de Pilha. Aquele garoto sorridente, brincalhão e com olhar de quem iria ganhar o mundo, das fotos. O olhar de conquistador ainda era o mesmo. Os cachos estavam um pouco maiores e a barba estava levemente por fazer. Vendo-o de perto, era mais bonito que nas fotos. Seu sorriso era hipnotizante o suficiente para que Lia, depois de tudo o que havia acontecido, ainda olhasse para o ex com o olhar apaixonado de um primeiro encontro. Dinho era encantador... Para as mulheres, claro. Confuso, Vitor voltou a prestar atenção nos dois. Sentia-se encantado pelo garoto e com raiva ao mesmo tempo. Algo como o que sentia com Gil... Que era admiração, claro, pela pessoa que ele era. Um certo mistério, um certo perigo. Por causa de Lia, claro. Um a protegia de Vitor e o outro poderia afastá-la.

A música havia acabado. Lia se direcionou a Dinho, mexida com o que havia acontecido. Ele ajeitava a gravata que havia enrolado como uma faixa em sua cabeça. Rindo da imitação de Cazuza do garoto, a roqueira tirou a gravata de Adriano.

-Tão rápido, marrentinha? – Dinho perguntou com segundas intenções. – Pensei que você fosse esperar pelo menos até chegar em um lugar mais escondido pra tirar a roupa.

O sorriso sugestivo de Adriano, por ela tão conhecido, fê-la se sentir ainda mais impotente diante do garoto que amava contra sua vontade.

-Desde quando você canta? – Lia perguntou confusa, tentando ignorar a direta indecente do ex.

-Se eu responder certo, a gente vai pro quarto? Ou você prefere no telhado? Eu só não sei se o zelador vai deixar, porque-

-Dinho! – Lia repreendeu.

-Então você quer onde? – Adriano fingiu estar confuso.

-Eu tentei começar uma conversa educada com o meu ex, mas se você ainda não amadureceu o suficiente pra isso, eu vou parabenizar a Fatinha, licença. – A roqueira concluiu, afastando-se de Dinho em direção à noiva.

-Lia, espera! – Adriano caminhou com pressa até a garota e a segurou pelo braço. - Foi mal, eu... Eu sou um idiota, não lembra? – Dinho sorriu inocente, tentando uma trégua.

A roqueira sorriu.

-Eu não canto. – Dinho respondeu, segurando no ar uma garrafa de vodka vazia. – Eu tampouco sei me comportar, mas é tudo culpa dessa mulher. – Adriano sorriu culpado, apontando para a garrafa.

-É a sua nova namorada? Cuidado, hein, Vodi, ele vai te trocar pela Caipi daqui a alguns dias, e então fugir com a Tequila pro México. – Lia fingiu falar com a garrafa.

Ainda que ferido pela indireta, Adriano continuou.

-Se a Vodi fosse como você, eu não a trocaria por nada. – Dinho confesou.

-Pois trocou. – Lia cortou. – Dinho, falando sério, o que você faz bebendo desse jeito?

-É uma longa história.

-É uma longa festa. – A roqueira insistiu.

Dinho suspirou derrotado.

-A Valentina – O garoto começou, parando por um momento ao perceber o incômodo de Lia ao escutar aquele nome. – percebeu que não conseguiria nada comigo naquele barco, não depois do que fez, do que me fez fazer.

-Agora a culpa pelo erro que você cometeu é da Valentina? Muito ético de você.

-Eu até hoje não entendo o que aconteceu, ok? Eu estava carente, sozinho, me sentindo furioso com a forma como você me ignorava e-

-Você sabe que eu não considero o que você fez com ela, mas o que você fez ao não me contar.

-Lia... Você quer mesmo falar sobre isso no casamento da Fatinha?

-Não foge do assunto. – Lia cortou.

-Eu não estou fugindo do assunto, apenas adiando por uma boa causa. É o casamento deles. – Dinho olhou na direção de Bruno e Fatinha, que dançavam animados. – É o momento mais feliz desses dois e eu quero comemorar isso com a minha amiga. Por mais que eu queira ficar ao seu lado mais que tudo nessa vida, essa não é a hora, nem o momento, pra gente conversar sobre o que aconteceu. Além disso, o seu namorado está nos olhando com cara de quem vai vir me afastar à força de você e eu não quero confusão no dia dela.

Lia suspirou em derrota.

-Você tem razão. Eu deixei o Vitor sozinho e... – A loira começou a se afastar em direção ao namorado.

-Foi o único jeito. – Dinho lembrou.

-O que? – Lia perguntou confusa, parando onde estava e voltando-se para Dinho.

-A bebida. Foi o único jeito de tentar esquecer o que eu fiz e o que eu perdi por isso.

Com a confissão, Adriano seguiu em direção a Fatinha, tentando ignorar a dor da separação física de Lia. Tentando vencer o impulso de levá-la, de tê-la só para si, longe de tudo e de todos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e me desculpem pelo atraso.