–“Pega num pincel e junta-te a mim, Sasuke” – Era sempre o que ele dizia-me. Eu pegava num pincel fino molhava-o na água e preenchia-o de uma cor. Traçava linhas sem contexto nenhum tentando fazer um desenho abstrato e por vezes tentava copiar, as pinturas magníficas de Itachi mas era praticamente impossível.

Meu irmão era um génio. Quando ele pegava no pincel e na paleta cheia de tintas de diversas cores ficava a frente da tela branca até acabar mais uma obra-prima.

Lembro-me de acordar de madrugada só para ficar observando-o no ateliê a fazer “magia”.

Recordo-me também do último presente que ofereceu-me. Um quadro onde estavam representados eu e Itachi sorridentes no jardim florido da okaa-san. O melhor presente que alguma vez recebi.

Duas semanas após o meu aniversário ele partiu deixando-me somente um bilhete.

“Adeus Sasuke, vereemo-nos em breve”

Ficar no Japão e cuidar das empresas do papá e da mamã não era o objetivo dele, mas sim viajar pelo mundo de modo a conhecer novas culturas e talvez abrir uma galeria de arte e torna-se num artista mais do que famoso.

Fugaku não fez nada para impedi-lho nem teve como, pois já era tarde de mais quando soube que o seu filho primogénito tinha fugido, para realizar o seu sonho de ser um artista de meia lata.

E sabem que mais? Itachi conseguiu realizar o seu sonho.

Ele não telefonava-me, não mandava-me cartas nem e-mails. Parecia que o mesmo tinha-se esquecido da existência de mim e da okaa-san. E foi ai que comecei a odia-lo.

Okaa-san faleceu um ano depois da partida de Itachi, Mikoto não conseguia viver com a ausência do seu filho mais velho. E o covarde nem apareceu no funeral dela e assim meu odio aumentou.

Durante quatro anos vivi nas garras de Fugaku. Estudei incansavelmente para ser melhor do que Itachi mas eu simplesmente não conseguia, e por isso ele batia-me até ao ponto de eu ir parar ao hospital. Mas finalmente o velho morreu de cancro no pulmão.

O que eu não poderia adivinhar era que agora iria ficar sobre os cuidados de Itachi e que neste exato momento estaria a fazer as minhas malas, para começar uma nova etapa da minha vida noutro Estado com ele. Aquele que eu aprendi a odiar.