Mutant World escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 40
Olhar Traiçoeiro


Notas iniciais do capítulo

Por favor, não me matem quando terminarem de ler o capítulo!

Soundtrack ao verem o asterisco *
https://www.youtube.com/watch?v=kO2JHPuqXzM



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O frio daquela nova manhã tinha sumido do ar. O sol brilhava no céu, iluminava a ilha.

Tudo parecia tranquilo.

Mas o sangue seco pelo chão provava o contrário.

Nada estava tranquilo.

A porta metálica do laboratório ainda estava fechada. Isso era motivo para preocupação? Os mutantes achavam que sim. Bellatrix planejava alguma coisa. Ela com certeza estava furiosa.

E cada um deles temiam o que viria a seguir. O que mais eles teriam de enfrentar?

– O que você está fazendo? - Hermione observava Rony se afastar da roda que os amigos tinham feito. Cato estava de volta; não tinha se machucado, nem enfrentado perigo algum. Ele havia sido esperto. Encontrou alguns esquilos pelas matas, e os capturou com a ajuda de um galho gordo de árvore que pegou no chão. Cato sabia que se usasse sua arma para capturar os animais, atrairia barulho e atenções indesejáveis.

– Tentando encontrar alguma coisa que possa nos ajudar. - Explicou o garoto, se agachando sobre o chão, onde sua mochila estava recostada sobre uma palmeira. Abrindo a bolsa, Rony vasculhou o que estava lá dentro: roupas sujas - já que os amigos tinham se trocado e agora estavam limpos, graças às peças que Hermione pegou em sua casa -, duas pistolas, o notebook sem bateria que Rony tinha roubado do laboratório, e a pasta com as fichas dos mutantes. - Isso. - Sem pressa, Rony retirou a pasta da mochila. Fechou o zíper da bolsa e segurou-a pela alça esquerda, então o garoto voltou para perto dos amigos.

Com as habilidades de Cato, que conseguiu fazer uma fogueira com alguns gravetos que encontrou pela ilha, os esquilos que serviriam de comida estavam sendo assados pelo fogo.

– Isso tá ótimo. - Clove mordia um pedaço da perna do animal, ela estava realmente faminta.

– Você tem que comer. - Draco advertiu Luna, quando percebeu que ela estava há minutos com um pedaço do esquilo assado nas mãos. Os olhos dela evidentemente demonstravam repulsa. Mas Luna estava fraca; ela não era burra e sabia que precisava se alimentar para recuperar as forças. A loira trocou um olhar demorado com Draco. Ele a entendia, ela sabia. Mas o garoto estava preocupado, e tinha razão em estar. Respirando fundo, Luna voltou a olhar a carne de esquilo que sujava seus dedos. Com certo esforço, Luna aproximou as mãos de sua boca, e fechando os olhos, abocanhou a carne. Draco respirou aliviado quando viu-a começar a comer.

– Pessoal, eu estava pensando.. - Hermione viu Rony sentar ao seu lado, e começar a foliar as páginas da pasta em suas mãos. - Talvez a gente pudesse sair daqui com a lancha que eu e o Rony usamos pra chegarmos na ilha. - Rony deixou de ler as fichas e fitou Hermione. A ideia dela soou atrativa.

– É, mas Manchester está bem longe. - Rony começou a analisar aquela possibilidade. - E só cabem duas pessoas na lancha, estamos em onze. - O ruivo foi sensato.

– Então! Poderíamos ir de dois em dois. - Hermione sugeriu, correndo os olhos por entre os amigos. Percebeu que todos estudavam aquela ideia.

– Acho que a Bellatrix perceberia. - Clove argumentou, enquanto mastigava. - Você mesmo disse que ela não quer que a gente saia da ilha.

– Onde estaria essa lancha, afinal? - Cato ainda assim trabalhava aquela hipótese. Sua mãe estava fraca e precisava sair daquele lugar. Ela conseguiu sair viva do último ataque de mutantes, mas Cato sentia que aquela sorte não duraria pra sempre. Se já estava difícil pra eles que tinham habilidades especiais, pra Narcisa que era humana seria praticamente impossível.

– A gente deixou na praia. - Rony explicou. - Não dava pra arrastar a lancha pela areia, não tinha outro lugar pra colocá-la.

– Não está mais lá. - Cato deixou os amigos surpresos. Clove o olhou, de testa franzida. - Eu estive por lá procurando por nossa comida. Rodei toda a praia. Não tem lancha nenhuma lá.

– Óbvio que a Bellatrix deve ter mandado alguém tirar de lá. - Gina bufou.

– Ela disse que não tem como sair daqui. - Hermione torceu os lábios. - Com certeza ela vai deixar a gente sem meios pra sair daqui.

– Pra piorar, o Rony não consegue teletransportar. - Gina olhou o amigo; ele respirou fundo e coçou o queixo.

– Já tentei demais, mas acho que meus poderes estão bloqueados. - Explicou o ruivo, voltando a folhear as fichas da pasta em suas mãos. Hermione, enquanto dava mais uma abocanhada na carne de esquilo, acompanhou o olhar de Rony, viu a pasta aberta na ficha do próprio ruivo. Ele tentava descobrir algo a mais sobre suas próprias habilidades.

– Que pasta é essa nas suas mãos? - Narcisa denunciou sua curiosidade. Rony ergueu o olhar e encarou a mulher, então virou a pasta e mostrou sua própria ficha para ela. Rose observou a foto do amigo de quando ele ainda era uma criança.

– Eu peguei na clínica Delart. - Rony viu a testa de Narcisa franzir; ela automaticamente lembrou daquele nome. - Essa pasta tem a ficha de todos os mutantes nascidos por volta de 1980 e 1986.

– Foi lá que eu fiz o tratamento. - Narcisa forçou os olhos para ler as descrições na página sobre o mutante Ronald Weasley. - Foi lá que eu engravidei do Cato, em 1984. E depois tive o Draco, em 1986.

– É, foi nessa clínica que aconteceu as mutações. - Hermione disse com seriedade.

– Narcisa, nas fichas do Cato e do Draco.. - Rony voltou a olhar a pasta e virou algumas folhas. - Tá dizendo que eles moravam em Salford quando nasceram. - Contraindo as sobrancelhas, Rony leu a localização dos dois irmãos escrita sobre a página. Cato e Draco se entreolharam.

– É, morávamos lá. Bom, quando eu tive o Cato, eu e o pai dele ainda estávamos juntos. - Narcisa começou a explicar; as atenções se voltaram para ela. - Nós dois queríamos ter filhos. Eu não conseguia engravidar. Então perguntei uma amiga minha que também era estéril, mas que conseguiu ter uma filha um anos antes. Ela disse que tinha se tratado nessa clínica, na clínica Delart. - Narcisa coçou os dedos enquanto recordava seu passado. - Eu fiquei animada. Afinal, eu e o pai dos meninos tínhamos condições de pagar um tratamento. Então eu peguei o endereço daquela clínica, e fui atrás. Manchester não ficava longe. Fomos eu e o meu ex-marido, e Bellatrix foi quem nos atendeu. Ela era uma mulher bonita, inteligente. Disse que nem precisaríamos gastar dinheiro com o tratamento, ela estava trabalhando em um projeto novo e queria ajudar mulheres que não conseguiam engravidar a realizarem esse sonho. Eu fiquei tão animada, sabe? Passei a ir mais vezes lá. Acertamos tudo, e eu comecei o tratamento em outubro de 1983. Com algumas semanas eu já estava grávida. - Narcisa sorriu ao olhar Cato; viu que o filho prestava muita atenção na história, afinal, Narcisa nunca havia contato com detalhes todo aquele processo em que gerou mutantes em seu ventre. - Fiquei tão feliz. Eu era muito jovem, sonhava em ser mãe.. Tinha engravidado do Cato, e Bellatrix contou que era um menino, quando eu cheguei no quarto mês de gestação. Ela tomava conta de tudo. Eu até chegava a estranhar a quantidade de visitas que eu precisava fazer na clínica, para Bellatrix me avaliar. Claro que eu não sabia que ela estava me fazendo de cobaia. Eu nunca soube.

– Mas, ela nunca disse nada? - Gina lembrou que, quando foi sequestrada e acordou no laboratório, Bellatrix disse que Jefferson, seu pai, sabia que ela era nasceria uma garota mutante. Então por que Narcisa nunca soube de nada?

– Não, ela nunca me disse. - Narcisa viu que Gina ficou encucada. - Mas, pra falar a verdade, eu não sei o que eu faria se ela tivesse me contado. Afinal, eu já estava grávida. E era meu sonho ser mãe. - A matriarca respirou fundo. - No final de junho de 1984, o Cato nasceu. Ele era um menino normal. Pelo menos, aparentava ser normal. Mas eu fui percebendo que ele era diferente, quando ele começou a engatinhar. - Narcisa viu a testa do filho mais velho franzir. - Ele começou a engatinhar com sete meses! E ele era rápido.. Eu precisava ficar de olho o tempo todo, porque ele não parava quieto. E sempre que se machucava, o ferimento cicatrizava na mesma hora.

– Você não achou estranho isso? - Rose contraiu as sobrancelhas.

– Claro. - Narcisa assentiu, prontamente. - Eu não era a única que percebia isso. O pai dele também percebia. E com o tempo passando, Jason começou a ficar aterrorizado. Pensamos em falar com Bellatrix, mas Jason começou a desconfiar daquela mulher. Por isso eu comecei um novo tratamento na clínica sem a permissão dele. Eu queria um outro filho, e passei por outro tratamento nas mãos de Bellatrix. Dois anos se passaram, e eu já estava com Draco nos braços. Ele era um bebê, mas coisas estranhas também aconteciam com ele. Quando aquele bebê começava a chorar, quando ficava irritado, podia estar fazendo 40 graus nas ruas, mas começava a trovoar, e do nada chovia. Era sempre assim. Quando ele estava animado e feliz, podia estar chovendo que em um piscar de olhos, o sol aparecia. Aquilo não podia ser coincidência, entendem? - O grupo se entreolhava. - O Jason estava realmente apavorado com aquilo. Ele tinha certeza que os nossos filhos eram diferentes. Nós começamos a brigar muito, e ele começou a ameaçar que contaria pra família sobre o que acontecia com os bebês. Ele tinha a certeza de que a Bellatrix tinha feito algo comigo. Às vezes ele até dizia que eu era cúmplice daquilo tudo. Não aguentei, e então nós nos separamos. Não foi no papel, ele simplesmente pegou as malas e sumiu no mundo.

– Canalha. - Draco torceu os lábios. - Ele te deixou sozinha com dois filhos.

– Eu não o culpo. - Narcisa confessou. - Eu mesma estava com medo. Os meus pais moravam em outra cidade, mas sempre que eles vinham me visitar.. bom, aconteciam as mesmas coisas. O Cato já estava com dois anos, e ele era muito elétrico. Corria rápido demais. Isso assustava todo mundo que convivia com ele. Então a família começou a estranhar, do mesmo jeito que o Jason estranhou no começo. Depois começaram as fofocas, e todos já olhavam torto pros meus filhos. Ai eu resolvi me mudar. Precisava começar uma nova vida. Foi aí que me mudei pra Manchester. Perdi o contato com o resto da família, e eu realmente fiquei aliviada por isso. Meus pais morreram alguns anos depois. Eu realmente estava sozinha com os dois garotos. Mas coloquei os dois na escola. Tanto que o Cato até arrumou uma amiga, e ela sabia que ele era diferente.

– É, a Cho. - Cato relembrou da garota; Clove o encarou de sobrancelhas arqueadas. - Ela nunca teve medo de mim, como os outros tinham.

– O que aconteceu com ela? - Hermione percebeu uma certa tristeza no tom de voz do loiro. Cato respirou fundo e olhou Draco, o irmão mais nova tinha a cabeça baixa.

– Ela morreu. - Cato mordeu o lábios e sentiu uma súbita falta de ar. - Lá naquela vila onde encontrei vocês e o Draco, lembram?

– O sangue no chão.. - Clove recordou de quando o grupo - na época em menor número - chegaram na vila Floreios e Borrões, e encontraram vestígios de luta por lá. - Era dela.

– Eu lembro. - Harry fitou a irmã.

– Narcisa.. Você disse que uma amiga sua também tinha feito tratamento na clínica. - Rony lembrou daquele detalhe que poderia ser importante para eles. - Você lembra o nome dela?

– Lembro sim. - A mulher assentiu imediatamente. - Marli. Marli era o nome dela.

– Isso significa alguma coisa? - Harry estudou a feição de surpresa no rosto de Rony. O garoto virava as folhas da pasta freneticamente, procurando atentamente algo com o olhar. Quando Rony parou de mudar as páginas, entreabriu a boca e deu um riso irônico.

– Marli Brown. - Rony começou a ler o que estava escrito na ficha aberta em suas mãos. - Mãe de Lilá Brown, na época com 24 anos.

– O quê? - Hermione estava estupefata.

– Então, essa amiga da Narcisa é a mãe da Lilá, aquela mutante que morreu por nossa causa? - Clove tinha os olhos arregalados.

– Espera, nada mais faz sentido. - Rony fechou a pasta e olhou os amigos; se mostrou confuso. - Narcisa, você disse que essa Marli teve uma filha um ano antes de você começar o tratamento, certo?

– Certo. - Narcisa queria entender a confusão de Rony.

– É, espera ai. - Luna também chegou ao raciocínio do garoto. - Se a mãe da Lilá teve ela e cuidou da menina, como a Lilá veio parar aqui nessa ilha? Porque ela disse que viveu presa aqui por todos esses anos.

– Não faz sentido. - Gina concordou.

– Quando eu me mudei pra Manchester, também perdi o contato com a Marli. Então, não sei explicar o que aconteceu.. - A matriarca Malfoy pareceu desanimada.

– Cada vez que a gente descobre alguma coisa, tudo parece complicar ainda mais. - Draco ficou indignado.

Então eles começaram a colocar evidências às claras. Lilá tinha mentido. Ela não nasceu na ilha. Talvez, nem ao menos viveu presa ali por todos aqueles anos. Então, o que tinha acontecido com aquela garota? Ela não parecia selvagem, como os mutantes que atacou o grupo na última noite. Mas ainda assim, Lilá era fria, e a única explicação lógica das atitudes dela, era tormentos que ela poderia ter passado naquele lugar.

Sequestro era uma hipótese. Afinal, a maioria do grupo estava preso na ilha justamente por terem sido sequestrados. Lilá também poderia ter sido sequestrada por Bellatrix, ou pelos policiais. Mas, se ela cresceu presa no laboratório, por que não Rony ou Hermione? Quem sabe, Draco e Cato ou Clove e Harry, já que eram irmãos?

Quase todos eles tinham uma coisa em comum. Tanto os irmãos Potter, quanto Gina, Rose, Scorpius, Rony, Hermione, Luna e Lilá; todos eles nasceram em Manchester. Então, se Lilá foi sequestrada e trazida para a ilha quando ainda era criança, por não aconteceu o mesmo com os outros?

Aquilo parecia mais um mistério infernal que eles precisavam resolver.

Em meio a árduos pensamentos e ideias contraditórias que talvez esclareceriam aquela confusão, um barulho de folha seca se quebrando atraiu a atenção dos mutantes. Eles estavam atentos a todo e qualquer detalhe; tudo era motivo para preocupação.

– Ouviram isso? - Scorpius rangiu os dentes. Os amigos olhavam fixamente em direção ao laboratório, mas tudo estava quieto por lá. A porta fechada, o matagal calmo, nem ventania tinha por ali.

Abruptamente o grupo se levantou do chão quando um novo barulho de folha seca se trincando os assustou. Harry pegou a arma no chão ao lado de seu corpo e destravou-a, colocando o dedo no gatilho. Trocou um olhar suspeito com Rony.

– Pode ser uma armadilha. - Narcisa os alertou. Ela estava certa. Poderiam estar sendo atraídos para alguma encrenca, e ninguém ali estava com força pra lutar.

– Clove, fica aqui! - Ordenou Harry, quando viu a irmã começar a dar passos lentos pelo chão, seguindo o barulho que continuava rondando o matagal.

– Rose? - Scorpius percebeu que Rose perdia o equilíbrio de seu corpo e começou a cair. Instintivamente, Scorpius segurou a garota pelos braços, impedindo-a de se machucar batendo contra o chão. Os amigos agora tinham sua atenção voltada para a ruiva nos braços de Scorpius; ela parecia fora de si.

Rose sentiu um choque adentrar seu corpo quando latejos atormentaram-a na cabeça, freneticamente. A boca da garota entreabriu, e ela começou a respirar dificuldade, sentiu uma extrema falta de ar. Scorpius desceu suas mãos e agarrou a cintura da mutante, olhou-a nos olhos. Rose estava dispersa.

– Ei, ei, ei, fala comigo. - Scorpius, com certa dificuldade, segurou o corpo dela com uma só mão e tocou o rosto da ruiva com sua mão livre. A expressão no rosto de Rose preocupava o garoto; ela continuava a respirar ofegantemente, e seus olhos giravam para todos os lados. Rose parecia buscar um rumo, não tinha controle de sua mente.

Uma mancha escura adentrou o olhar de Rose, sua cabeça latejou com mais força. As mãos da garota agarraram os ombros de Scorpius, e o loiro agradeceu por ela ter tido alguma reação. Mas Rose ainda estava fora de si. A loira mordeu os lábios fortemente quando sentiu mais fincadas em sua cabeça, e então um borrão correu em sua mente; ela conseguiu deduzir que por entre as manchas frente a seus olhos, tinha uma arma apontada para alguém. Ela estava vendo alguém correr perigo.

* - Alguém.. - Rose tossiu, engasgando contra o ar que bateu contra seus pulmões. - Alguém, alguém tá em perigo. - Ela falava rapidamente, fadigando. Scorpius olhava fixamente nos olhos da garota, que agora estavam imóveis.

– Ela tá tendo uma visão! - Harry avisou os amigos, eles precisavam se concentrar em cada palavra que Rose dizia.

– Scorpius! - Rose soltou os ombros do loiro e agarrou o rosto dele. - Alguém tá em perigo. - A respiração de Rose continuava frenética, as imagens embaçadas corriam pela cabeça da ruiva. Ela ainda via uma arma, e ouvia o som de tiros bater contra a parede de sua mente. O barulho não cessava, não dava paz à garota. Quando Rose sentiu mais um choque estremecer seu corpo, ela ofegou alto, e soltou o rosto de Scorpius, o corpo dela novamente perdeu altitude. Scorpius foi ágil e segurou-a pela cintura mais uma vez, colocando-a de pé. Rose tossiu por dois segundos e recuperou sua sanidade.

– Quem é que tá em perigo? - Scorpius quis saber, viu que Rose estava estupefata.

Um novo barulho quebrou a atenção dos amigos. O som de vários tiros batendo contra o metal da porta do laboratório assustou o grupo, eles automaticamente se afastaram quando viram um homem loiro e ferido se virar de frente a eles.

Draco reconheceu imediatamente aquele rosto. Era Andrew, o policial que atacou ele e Luna quando os dois estavam perdidos pela ilha. Era o policial que tentou matar Draco; ele estava completamente ferido, suas roupas estavam rasgadas e ele não usava colete, a pele do rosto do homem estava escura, machucada.

– Filho da mãe! - Draco viu Andrew abrir um sorriso.

– Achei vocês, seus desgraçados. - Em um movimento ágil e repentino, Andrew mirou os mutantes com a arma em suas mãos.

– CLOVE, CUIDADO! - Harry gritou, assistindo em câmera lenta o corpo da irmã dar as costas para o policial, tentando correr dali.

E então a arma de fogo na mão de Andrew disparou. A bala entrando contra a nuca de Clove fez o sangue da mutante minar contra os corpos dos amigos mais próximos dela. Harry, Cato e Gina tinham os rostos respingados, e o corpo de Clove batia no chão frio.

– CLOVE! - Rose enfiou as mãos entre os cabelos e puxou os fios com força, aterrorizada com a cena.

– NÃO! - O grito agudo de Harry fez o corpo de Gina arrepiar da cabeça aos pés, enquanto o moreno corria inconsciente e furiosamente em direção a Andrew Hart, até chegar a uma distância suficiente para apertar o gatilho da pistola em suas mãos e balear o policial na cabeça. Junto com o som do tiro, Harry gritou, atormentado e sem controle. No segundo seguinte o garoto já estava indo desesperado ao encontro da irmã.

– CLOVE! - Cato feriu os joelhos ao cair no chão no mesmo momento em o corpo de Clove perdeu o equilíbrio do ar. Segurando-a fortemente pelos ombros, Cato sentiu suas mãos tremerem ao perceber o sangue que impregnava os fios negros dos cabelos de Clove encharcar seus dedos.

– Clove, CLOVE! - Harry também se jogou no chão e agarrou o rosto da irmã com as mãos. Os olhos dela se fecharam imediatamente, as pálpebras se contraíram por alguns segundos; a respiração de Clove parou subitamente, seu peito ficou imóvel, e então ela não reagiu a mais nenhum movimento. - Clove, por favor fala comigo. - Harry percebeu Cato soltar os ombros da garota, então o moreno abraçou o corpo da irmã com os braços.

– Ela.. - Rose respirava freneticamente, sentia seus olhos queimarem vendo sangue por todo lado.

– Vai ficar tudo bem! - Harry deitou o corpo da irmã em seu colo, sacudiu os ombros dela e soluçou no instante seguinte. Uma lágrima fria correu pelo rosto do moreno, ele tentou ouvir os batimentos cardíacos da garota, mas não conseguiu nenhuma resposta. Harry tocou os pulsos de Clove, apertou a região, tentou sentir qualquer sinal de pulsação. Fez isso várias e várias vezes. - Pirralha, por favor fala comigo. - Harry soluçou novamente enquanto segurava o rosto da irmã com as mãos. Cato estava imóvel ao lado do moreno. - Clove! Olha, você vai ficar bem, tá?

– Harry... - O coração de Hermione latejou, doendo profundamente.

– Acorda, olha pra mim! - Harry suplicou, fitava o rosto da irmã e banhava seus dedos contra o sangue escorrendo da nuca dela. - Por favor, Clove, por favor. - Harry clamou por qualquer sinal da irmã. O moreno começou a ouvir choramingos atordoantes em volta dele, mas ninguém se aproximou. Todos estavam na certeza de que o pior tinha acontecido. - Deus, ela tá morrendo. - Harry começou a chorar quando se viu sozinho segurando o corpo imóvel de Clove em seus braços. - Você não pode ir embora! - O grito de Harry fez Gina começar a chorar. Ela sentiu uma dor absurdamente grande vendo-o desesperado daquela maneira. E vendo Clove morrendo nos braços dele, então.. - Olha só, nós temos que conseguir. Você não pode desistir agora, por favor. - Harry tentou abrir os olhos de Clove com os dedos, mas as pálpebras não paravam abertas. - Não pode acabar assim! Clove! - Harry soluçou alto, e abraçou o corpo de Clove. Enterrou seu rosto no pescoço da irmã, sentiu o cheiro de sangue vivo.

Ele não sabia como reagir. Clove estava sem vida nos braços do próprio irmão, e a dor de Harry naquele momento era indescritível, insuportável. Ele a amava intensamente, não suportaria perdê-la. Harry não podia perdê-la. Clove não poderia partir daquela batalha, e de um modo tão brutal como aquele. As lágrimas quentes do moreno bateram contra a pele já fria dela. Harry esperava por qualquer sinal. A irmã era forte, ela era corajosa. Ela não podia desistir daquele jeito. Harry então segurou seus soluços e seu choro. Tentou ouvir alguma batida no coração dela. Tentou senti-la recuperar sua respiração, tentou sentir qualquer pulsação devolvendo-a a vida. Mas ele não ouviu. Ele não sentiu. Tudo o que Harry continuou sentindo foi a pele fria da irmã contra os braços dele. Então Harry chorou alto, e não controlou mais nada.

– CLOVE!

E ele gritou o mais alto que pôde.

Ele se doeu o mais fundo que conseguiu.


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Notas finais do capítulo

Me perdoem pelos erros ortográficos, o capítulo ainda será betado.
E me perdoem por ter matado a Clove também.
(Fugindo da ira de vocês)

XX Jen