Filha da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 15
Capítulo 15 - Quanto Dura a Felicidade


Notas iniciais do capítulo

Demetri me abraçou e beijou. Sua mão fria e delicada tocando minhas costas e trazendo meu corpo junto ao seu.
— Assim, não vou querer levantar.
— E quem disse que eu quero que levante.



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Quando o dia amanheceu, eu não queria acordar. Acho que quando a felicidade é intensa demais, temos medo de que acabe – era o que eu sentia. Sentia como se ao colocar meu pé fora da cama, o mundo real me chamasse, e o mundo para mim, nunca fora um lugar dos melhores.

-           Bom dia, minha senhora.

-           Demetri, eu não sou sua senhora.

-           É, e sempre será. A senhora de minha vida.

-           Bobo.

            Demetri me abraçou e beijou. Sua mão fria e delicada tocando minhas costas e trazendo meu corpo junto ao seu.

-           Assim, não vou querer levantar.

-           E quem disse que eu quero que levante.

            Nada poderia ser melhor. Nada poderia me tornar mais feliz. Aquela cabana no meio da floresta, era meu castelo, meu conto de fadas.

            Já no meio da tarde, eu me levantei e me arrumei, depois de um banho – delicioso, diga-se de passagem – em minha precária suíte.

            Vesti meu robe e saí. Demetri estava na varanda, sentado no chão e encostado na parede da cabana. Eu sentei-me ao seu lado, entrelaçando minha mão na sua.

            O jeep de Emmet se aproximou. Eram meu pai e Esme. Eles desceram e Esme veio ao nosso encontro, abraçando Demetri e o pegando de surpresa.

-           Obrigado meu querido! Obrigado por salvar meus filhos, e por deixar Satine com esse lindo sorriso nos lábios. Quero que saiba que eu já lhe considero um dos meus.

            Demetri emocionou-se. Seus olhos procuraram o chão – como quando ele não sabia o que dizer.

-           Obrigada Esme. Você tem uma família maravilhosa e fico feliz por me considerar parte dela.

            Demetri levantou os olhos, ainda segurando as mãos de Esme. Seus olhos, agora mais seguros e sinceros.

-           Esme, de onde eu venho, os homens são realmente homens, e a palavra de um homem vale seu caráter. Eu nunca poderei agradecer o que sua família me deu, uma vida de verdade e uma família de verdade. Prometo nunca deixá-la se arrepender de confiar em mim.

            Esme o abraçou gentilmente, envolvendo-o em seu abraço de mãe. Eu apertei meus braços em volta da cintura de meu pai. Ele me beijou a testa e pousou o queixo sobre minha cabeça.

-           Acho que está bem melhor.

-           Sim senhor, Dr. Carlisle.

-           Não estou dizendo como médico, meu amor, e sim como pai. Alice tinha razão, uma noite resolveria tudo.

-           Então, tudo foi idéia de Alice?

-           Quase. Você precisava mesmo descansar, mas poderíamos tê-la levado para casa.

-           Pai!

Meu pai sorriu, ainda me abraçando. Eu senti ma lágrima quente rolar por meu rosto. Meu pai a secou com as costas da mão.

-           Já pode voltar para a casa querida, viemos buscá-la.

-           Pai, se não se importa, eu gostaria de ficar aqui mais um tempo.

-           Se os lobos não se importarem. O território pertence a eles, meu amor.

-           Eu posso ir falar com Jacob, ou com Sam, se for preciso.

-           Como quiser, meu amor. Vou pedir a Alice que traga o que você precisar, ela não se agüenta de vontade vê-la.

-           Tudo bem, pai, também estou com saudades dela.

-           Carlisle?

            Demetri nos interrompeu.

-           Sim?

-           Se não for abuso, eu gostaria de lhe pedir um favor.

-           É claro, Demetri. Diga.

-           Você me levaria para caçar? Eu não gostaria de fazer algo errado, acho que preciso de ajuda.

-           Será um prazer, meu velho amigo. Você nem imagina como me deixa feliz.

Como meu pai e Demetri saíram para caçar, Eu e Esme seguimos para a casa dos Cullen – eu precisava pegar algumas coisas em casa, e conversar com minha irmã.

Quando Esme estacionou o Jeep no gramado, Alice correu como um meteoro para cima de nós duas.

-           Alice tenha cuidado! Sua irmã precisa descansar, ela ainda está se recuperando.

Alice parou de repente, em minha frente, e me puxou cuidadosamente em um abraço.

-           Se vocês dois tivessem esperado eu falar, eu teria dito que Demetri não ia fazer nada além de salvar Bella. Não é justo! Eu quase morri de preocupação.

-           Desculpe-me Alice, mas se você visse a sua expressão, também pensaria o pior.

Rosalie nos interrompeu.

-           Não dê atenção á Alice, ela dramática mesmo. Agora conte o que queremos saber. Como foi á noite?

            Meus olhos se acenderam. Eu nem conseguia formular uma frase – primeiro porque estava tão feliz que as palavras não saiam, segundo porque Esme continuava ao meu lado, e pode me chamar de antiquada, mas ela é minha mãe.

-           Esme não se importa. Vamos conte logo! – Rosalie não era famosa por sua descrição.

-           Estou curiosa também, querida.

-                      Bem, tecnicamente você é mais nova que eu, então acho que, podemos conversar sobre isso.

-           Que bom, querida! Agora conte.

Senti o sangue se acumular em minhas bochechas. Eu não era muito boa com palavras. Por sorte, Rosalie me ajudou.

-           Pela sua cara, o truque de Alice deu certo.

-           Ah Rose, foi tão... tão... perfeito!

-           Eu disse que seria.

-           Agora vamos meninas, Satine precisa levar algumas coisas para a cabana.

-           Vai continuar lá?

-           Se eu puder, vou. Por falar nisso, preciso ver o Jacob.

-                       Se quer continuar naquela cabana horrenda, a noite deve mesmo ter sido ótima!

-           Alice!

-                       O que foi? Só estou sendo sincera! Anda, vai falar com Jacob que eu e Rose levamos as coisas até a cabana para você.

-           Faria isso por mim, irmãzinha?

-           Claro. E pode deixar, que não faltará nada.

Dei um beijinho em cada uma das três. E subi correndo para trocar uma roupa. Quando desci, percebi que a moto de Demetri estava na garagem.

-           Rose, você consertou?

-           Bem, acho que seu príncipe mereceu.

-           Obrigado Rose.

-           Pode deixar. Eu levo até a cabana para ele.

Agradeci Rosalie e entrei em meu BMW. Devo ter dirigido bem rápido porque cheguei a reserva em alguns minutos.

-           Jake, Jake?

Eu entrei correndo na cabana e quase derrubei Billy da cadeira.

-           Calma garota! Jake está no quarto.

Jacob estava deitado. Quando eu entrei, ele abriu os olhos e esfregou com a mão. Provavelmente ele me vigiara durante toda á noite.

-           Que horas são?

-           Já é tarde, bem tarde!

-                       Acho que está melhor, esse sorriso não engana. Vem, deita aqui comigo um pouquinho.

-           Jacob Black! Tenho um assunto importante para falar com você.

-                       Então deita aqui. Sabe que assuntos importantes, se resolvem melhor na cama.

-           Há, há como se você tivesse muita experiência!

-           Tanto quanto você.

-           Jake, to falando sério.

-                       Ok, mas acho que pelo menos um abraço eu mereço. Pela noite chuvosa que passei te vigiando, enquanto você namorava o sanguessuga.

-           Jake!

-           Desculpe, mas vocês não são tão discretos assim.

-           Jacob Black, não seja inconveniente!

Jacob sorriu e se levantou, ficando sentado na cama, e me puxando num abraço quente e apertado.

-                       Estou feliz por você. Sério, não seja boba! Eu vi o que ele fez, e vi o que você fez por ele. Sei que o ama, Satine. Seja feliz.

-           Ah Jake, obrigado!

Era tão bom ficar nos braços dele, que eu nem percebi o tempo que se passou. Eu poderia ficar com ele para sempre – bom, quase para sempre.

-           Acho melhor me dizer logo o que quer. O sanguessuga deve estar sentindo sua falta.

-           É sobre ele mesmo.

-           Diz logo, Satine.

-                      Jake, não se tiver problemas, eu gostaria de ficar mais alguns dias na cabana. Sei que é território dos lobos e por isso vim perguntar.

-                       Satine, você é um lobo, como nós. Se quer ficar com a cabana, é sua! Desde que controle seus visitantes, e os mantenha longe da aldeia. Especialmente seu sanguessuga, ele tem certas preferências alimentícias digamos, não muito agradáveis.

-                      Tenho outra novidade. Ele saiu com meu pai para caçar, pediu ao meu pai que o ajudasse.

-                       Satine, você é maravilhosa. A garota mais incrível que eu já conheci. Se ele te ama como eu acho que ama, vai fazer tudo para vê-la feliz.

-           Eu te amo, Jake!

-           Também te amo, garota.

-           Agora preciso ir, minhas irmãs estão me esperando.

Entrei no carro e dirigi até a cabana. Quando cheguei lá, nem pude reconhecer o lugar. Alice havia arrumado tudo. Nem parecia mais a velha cabana, pelo menos por dentro.

Minhas irmãs haviam arrumado a cama, com lençóis e travesseiros limpos e perfumados. O colchão de palha, fora substituído por um de molas. Tudo estava limpo e organizado. E os armários, cheios com minhas porcarias favoritas. Vinho, chocolate, batata frita e café.

Entrei e me sentei na poltrona nova, que Alice trouxera.

-           Ficou perfeito! Meninas, obrigado.

-                       Agora venha cá. Alice me levou até a cama, onde Rosalie sentou-se também.

-           Conte tudo! Eu fiz até café para você, e olha que nunca gostei de café!

Peguei a caneca das mãos de Alice, e me ajeitei cruzando as pernas para ficar mais confortável – meu corpo estava meio dolorido.

Ficamos conversando as três, deitadas na cama, até papai e Demetri entrarem.

            Assim que eles passaram pela porta, eu corri e abracei Demetri.

-           Como foi, meu amor?

-           Nada mal, mas acho que melhora com o tempo.

      Meu pai deu um beijo na testa de cada uma de nós.

-                       Acho que temos que ir, meninas. Satine e Demetri estão em lua-de-mel, e as duas sabem bem o que isso significa.

Rosalie e Alice se colocaram em pé, quase instantaneamente. Acho que elas sabiam mesmo o que significava.

Eu os acompanhei até a porta e despedi-me de minhas irmãs, que entraram no Mercedes preto, deixando-me a sós com meu pai.

-           Pai, obrigado pelo que fez por Demetri hoje.

-           Querida, sei que você o ama muito, e isso já seria suficiente. Demetri merece meu respeito, sempre mereceu, e o que fiz hoje foi por ele, porque acredito nele.

Eu o abracei e encostei minha cabeça em seu peito. Eu adorava inalar o cheiro doce de sua pele. Ele beijou o alto de minha cabeça, respirando o ar em meus cabelos e se foi.

Demetri me abraçou antes que o Mercedes preto pudesse desaparecer entre as árvores, confortando-me.

-           Então, me diga a verdade. Como foi?

-           Digamos que, posso suportar.

-           Não está com sede? Quero dizer sede de humanos?

            Ele segurou meu rosto entre suas mãos, docemente.

-           Amor, não se preocupe comigo. Eu estou bem. Achei a caçada, interessante. Além disso, Satine, não creio que o cheiro de algum humano possa me afetar – Demetri interrompeu a frase e beijou meu pescoço, onde era possível ver a marca em formato de leia-lua, apertando meu corpo contra o dele – depois de sentir o seu gosto.

Eu sorri e retribui o beijo, descendo com a boca por seu peito, onde a camisa estava aberta. Ele segurou-me em seus braços e levou-me para dentro, fechando a porta atrás de si.

-           Acho que ainda temos assuntos a resolver aqui dentro!

É claro que tínhamos! Tínhamos mais de noventa anos de assuntos para resolver lá dentro, e isso levaria muito, muito tempo mesmo.

Eu adormeci, mais uma vez, em seus braços. Não me lembro de ter sonhado, acho que não existia mais nada para sonhar – todo os sonhos estavam realizados.

 Acordei em sobressalto.

-           Edward!

-           Não tem ninguém aqui Satine. É muito tarde, volte a dormir.

-           Não, não é isto. Edward está vindo para cá, eu sinto seu cheiro.

Levantei da cama correndo e vesti a primeira roupa que encontrei no velho armário. Assim que coloquei minha mão na maçaneta, Edward bateu.

-           Incrível!

-           Boa noite, Demetri. Desculpe vir tão tarde, mas eu precisava conversar com       minha irmã. Se não se importar.

-           Eu não me importo, Edward. Satine sabia que você viria, ela sentiu.

Peguei Edward pela mão e saímos para a noite. Apesar de ainda não saber o teor da conversa, eu imaginava que apesar de tudo, ele queria falar comigo a sós.

Corremos até nosso abeto preferido, perto do grande rio, onde podíamos ver quase toda a cidade e boa parte da floresta. Eu o abracei e ele me aninhou em seus braços.

-           Estava com saudades das nossas noites.

-           Eu também, irmãzinha.

-           Mas não veio no meio da madrugada, só por estar com saudades?

-           Não.

-           Então me diga.

-           Eu vou me casar!

Senti um nó na boca do estômago e uma lágrima quente se formar em meus olhos. Eu os apertei, tentando – e não conseguindo – esconder o choro.

-           Ed, eu... eu... nem sei o que dizer.

-           Diga que está feliz, e que vai estar lá, comigo!

Eu o abracei o mais forte que meus braços puderam, acho até que abracei forte demais, porque ele soltou um gemido baixo.

-           É claro que vou estar lá! Você é meu irmãozinho, lembra?

            Passamos o que restou da madrugada, juntos. Como eu não precisava mesmo ir a escola de manhã – meu pai havia dado um jeitinho de me liberar das aulas por uma semana inteira – aproveitei o tempo com meu irmão o quanto pude.

            Voltei para a cabana quando o dia começou a amanhecer, Demetri estava sentado na varando, apreciando a aurora.

            Sentei-me ao seu lado e recostei minha cabeça em seu peito nu. Naquele momento, eu desejei ardentemente que o tempo parasse. Nada me daria mais prazer, do que estacionar minha existência nos braços dele.

            Os dias pareciam curtos de mais quando Demetri estava ao meu lado, portanto, aquela semana terminou antes que eu estivesse preparada para me despedir.

            Quando ele se aproximou de mim com os olhos baixos, eu já imaginava o que ele queria me dizer.

-           Preciso voltar á Volterra, meu amor.

Levei minha mão ao seu queixo, erguendo o rosto dele para olhá-lo nos olhos.

-           Não volte.

-           Não me olhe assim, Satine. Sabe que não consigo dizer não, á você.

-           Então não diga, apenas, fique.

-           Sabe que eu não posso.

-           Por que?

-           Satine, eu não posso simplesmente desertar, eu sou um general, tenho responsabilidades. Além disso, sei que você se apaixonou pelo meu caráter e por minha honra, não posso simplesmente fugir, tenho que conversar com Aro.

            O peso de suas palavras, foram como um soco no estômago – ele tinha razão. Eu não podia pedir a ele que desonrasse uma vida de respeito e dedicação, além disso, e apesar de tudo, Aro não merecia.

Respirei fundo, colocando toda a dor de ficar sem ele dentro do peito, e o abracei. Apenas o abracei, como se não pudesse mais soltar – na verdade, eu não podia mesmo.

-           Não é uma despedida, meu amor. Nunca foi e nunca será.

-           Eu tenho um mau pressentimento.

-           Então não tenha. Eu a amo muito para permitir que algo a afaste de mim.

-           Jura?

-           Com minha existência. A única coisa que poderia manter-me longe de você, seria sua própria vontade.

Demetri segurou meus cabelos com as mãos, afastando do pescoço e me beijou, sussurrando em meu ouvido:

-                   Minha, para sempre, minha.

Eu sentia como se meu corpo não pudesse mais se afastar do dele. Quando ele me tocava, ou mesmo quando eu sentia sua aproximação, era como se borboletas tentassem sair do meu estômago pela garganta.

Como meu pai costumava dizer, eu não era mais uma menininha, mas com ele, eu me sentia assim. Demetri trazia á tona todos os sentimentos dos quais eu fugi por tanto tempo, sentimento que eu havia guardado para ele, e só ele.

Quando o avião partiu desta vez, eu não pude disfarçar, meus olhos marejaram e uma cachoeira desceu pelo decote de minha blusa. Eu sentia como se me tivessem tirado o chão, não conseguia sair do lugar.

Por mais que fosse apenas mais uma viagem, por mais que ele me dissesse que voltaria o mais rápido possível, que eu nem teria tempo de sentir saudades, dentro do meu coração, algo me dizia o contrário.

Talvez fosse bobagem, talvez fosse meu instinto de lobo, não sabia ao certo. Mas o que eu tinha certeza era de que esta não seria apenas, mais uma viagem.


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