A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 48
A Maldição.




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Pov. Ícaro

Eu estava ansioso no meio dessa noite fria e terrivelmente quieta.

Ter ficado nesse castelo por esses dias me fez alucinar de loucura. Ele sempre foi tão cheio e barulhento no passado, que estar aqui hoje ouvindo só os poucos ruídos que ecoam pelos corredores me faziam querer gritar.

Apesar de que, essas últimas horas, não estavam sendo tão silenciosas assim, por isso eu estava tão inquieto.

—Senhor? – Uma das moças que estava comigo se aproximou, entrando na sala onde eu estava.

Me levantei na mesma hora, tremendo de ansiedade.

—A parteira chegou. – Ela avisou apontando para a senhora que vinha atrás dela.

—Então leve-a para cima. – Ordenei me sentando de novo. - Não aguento mais ouvi-la gritar!

As duas saíram disparadas da sala.

Observei a lareira que aquecia o cômodo enquanto batia o pé no chão impaciente. Estávamos sem eletricidade, então a lareira e algumas velas era a única luz que tínhamos no ambiente.

Os minutos que passaram foram os mais longos e torturantes que eu já vivi em tantos anos de existência. Eu queria que esse tormento acabasse logo, para que eu saísse daqui o mais rápido possível.

Eu só queria receber logo a notícia que mudaria tudo.

Então, depois de quase 2 horas desse martírio eu pude ouvir bem de longe, um chorinho de bebê ecoar por todo o castelo.

Sorri ao perceber que tudo que eu queria no momento, estava dando certo.

Logo em seguida a parteira apareceu, com um sorriso tímido.

—Senhor meus parabéns. O seu bebê nasceu – Avisou feliz.

Lhe devolvi o sorriso em agradecimento. Estava de bom humor agora.

—Ótimo, arrumem tudo, vamos embora assim que possível. – Ordenei.

Ela voltou ao quarto fazendo o que ordenei. Minutos depois o choro do bebê cessou e eu abri uma garrafa de vinho para comemorar a minha vitória.

Peguei o celular mandando uma mensagem para a única pessoa que sabia o que deveria acontecer agora e comemorei em silêncio.

Depois de algumas taças me levantei indo até os guardas. Me surpreendi por não encontrar nenhum deles no corredor do salão.

Ouvi um barulho vindo da sala onde eu estava a poucos instantes.

—Carlos? – Chamei do corredor, mas não obtive resposta.

Continuei andando até o fim do corredor que dava acesso ao jardim.

Não havia ninguém ali, estava tudo estranhamente silencioso. Nenhum dos 12 guardas que trouxe comigo, parecia estar por perto.

Ouvi outro som vindo de dentro do castelo e voltei para o corredor.

—Carlos é você? Precisamos ir embora. - Disse mesmo sem ter resposta alguma. - Carlos?

Entrei novamente na sala onde estava antes e estagnei no lugar.

A poltrona que eu estava sentado antes, estava virada de frente para a lareira. Assim que eu fui me aproximando dela, ela foi se virando na minha direção.

Revelando para mim, o meu maior pesadelo.

Vestida toda de preto, com aqueles cabelos compridos e rebeldes dando um ar de vingadora, Elizabeth sorriu para mim como o demônio deveria sorrir no inferno.

Ela segurava minha taça de vinho e parecia bem tranquila ao me ver ali, enquanto eu estava querendo surtar, porém não conseguia me mexer.

—Sentiu saudades? – Perguntou dando um gole generoso no vinho.

Eu definitivamente estava paralisado, não conseguia nem se quer manifestar uma reação.

—Bom – ela colocou a taça na mesa e cruzou as pernas me observando meticulosamente. - Você não apareceu mais, eu fiquei preocupada.

—Você... O que...

Eu estava gaguejando?

Ela riu do meu nervosismo, satisfeita por me ver assim. Mas eu não conseguia evitar, eu realmente não esperava por isso.

Mas eu conseguia lidar com ela. Não era nada com que eu devia me preocupar, de fato.

—Pensou mesmo que me ameaçaria e eu não viria atrás de você? – Seus olhos pareciam duas adagas prestes a me cortar. – Foi ingênuo se pensou isso, e mais ainda se acha que vim sozinha.

—Se ela viesse eu a mataria. - Sussurrou uma voz atrás de mim.

Eu estremeci sentindo cada músculo do meu corpo ligar um alerta.

Lauren.

Quando me virei para olha-la, ela assim como Elizabeth, me encarava satisfeita e com um sorriso debochado.

Lauren e Elizabeth.

Bom, acho que agora sim eu deveria começar a me preocupar...

—Somos todos uma família agora – Então Lucinda surgiu de um canto que eu não vi. – Andamos todos juntos. Temos alguns assuntos inacabados, não acha? – Ela acenou de longe.

Eu não tive tempo para raciocinar, mas Nicolas simplesmente se materializou a minha frente. Ele não parecia estar tão contente quanto elas 3.

Não havia traço de sorriso nenhum em seu rosto enquanto ele me encarava.

—Vamos conversar – disse firme.

Olhei os quatro ali e não consegui descrever em palavras o susto que eu tinha levado e o quanto aquilo era inesperado e perigoso.

Se eu fosse um humano qualquer, já teria desmaiado ou vomitado. Eu sentia que queria vomitar.

Mas não. Não ia dar esse gosto a eles. Então sorri, e fui o bom ator que fui a vida inteira.

—Olha só – disse abrindo os braços e forçando um sorriso. – A família Roller bem na minha sala. O que eu devo ter feito de tão bom para ter esse privilégio?

—Lembro quando nos encontramos a primeira vez na Itália? – Liza perguntou bem despreocupada ao falar. – Sabe, quando me sequestrou? Você me disse que eu era uma péssima atriz. Bom, você também é.

Sustentei seu olhar por alguns segundos e não deixei o sorriso morrer. Fui até o meu pequeno bar enquanto eles me olhavam.

—Querem beber alguma coisa? – Perguntei servindo um copo de whisky para mim e nenhum deles respondeu. – Ah que devo a visita de vocês?

—Vai dizer que não sabe? - Perguntou a Cullen se levantando. Eu neguei a pergunta bebendo meu drink. – A gente veio jogar cartas. E aí, vamos apostar?

—Desculpe, não tenho baralho. - Disse sorrindo.

—Ah verdade é que eu fiquei triste, você foi ameaçar meu marido enquanto eu dava à luz, e eu não tive a chance de participar. – Liza murmurou enquanto perambulava pela sala.

Eu me sentei na poltrona já me sentindo um derrotado. Eu sabia o que ia acontecer, sabia que essa hora ia chegar, mas não sabia se estava pronto.

—O que fizeram com os meus vampiros?

—Matamos. – Lauren respondeu com gosto. – Cada um deles.

Eu engoli em seco. Então era isso mesmo, o meu fim.

Eu contra um? Tudo bem. Mas contra 4? Não ia rolar, principalmente porque Nicolas era mais forte e mais velho do que eu.

—Suponho então, que vieram me matar? – Eu bebi o resto daquela bebida e joguei o copo no chão assustando Lucy que estava mais perto de mim. – É uma pena que esse não vai ser o fim do problema de vocês.

—Eu não quero ouvir a sua ladainha... – Liza começou, mas eu levantei derrubando a mesa a minha frente junto. Mostrando o quão irritado eu realmente estava.

—O seu filho! – Gritei apontando para ela. – É um desiquilíbrio para o nosso mundo! Ele nem devia ter nascido! É um erro!

—Não fala do meu filho! – Então antes que eu pudesse ver, a estante de livros já tinha sido arremessada contra mim me jogando do outro lado da sala numa força violenta. Eu fiquei sem reação jogado no meio dos destroços de madeira enquanto ela dominada por seus olhos vermelhos avançava para cima de mim. – Você não sabe nada sobre ele, não sabe nada...

—Acha mesmo? – Então eu ri ainda deitado no chão. – Ah, você sabe que eu sei muito mais do que você. Você condenou aquela criança quando deixou que ela viesse a esse mundo...

—Chega. – Lauren me interrompeu. – Vamos mata-lo.

—Podem me matar. – Me levantei abrindo os braços. – Não pensei que fosse ser hoje, mas eu já esperava por isso. Minha morte não vai mudar nada.

Então os 4 me olharam desconfiados e um som ecoou na sala. O telefone de alguém estava tocando.

Eu sorri mais ainda, por que sabia o que era.

—Atende – pedi olhando para a Cullen. Ela não se mexeu, só ficou olhando para mim com os olhos queimando. – Acredite, vai querer atender.

[...]

Pov. Elizabeth

Meu coração estava batendo errado, assim como meus pensamentos. Ícaro estava na minha frente com um corte no rosto recém curado, feito pela estante que arremessei nele.

Ele estava sorrindo, parecia um bêbado derrotado de beira de estrada. Porém meu celular não parava de tocar.

—Atende. – Ele pediu de novo com um sorriso que me deu calafrios.

Nicolas me olhou como se dissesse para eu atender.

Peguei o celular enquanto Ícaro observava cada movimento meu como uma vitória. Seu sorriso aumentado ao passo que eu mexia no celular.

—Alo.

—Liza?! – A voz de Alice parecia um grito desesperado e aquilo me paralisou.

—Tia?

—Me desculpa – ela pediu com voz de choro. - É o bebe! Ariel sumiu. Ele simplesmente desapareceu. Não conseguimos encontra-lo...

Nessa hora o celular caiu da minha mão atingindo o chão e eu paralisei.

Foi Nicolas quem se descontrolou e atravessou a sala se atirando em Ícaro. Ele tentou se defender, mas sem sucesso. Nicolas o arrastou pelo chão e o levantou o estrangulando contra a parede.

—O que você fez?! – Ele gritou.

Ícaro mesmo sem ar conseguiu rir enquanto lutava contra os braços de aço do Nicolas.

—Me mata – pediu. – Vamos, me mata.

—Onde ele está? O que você fez... – Nicolas rebateu a cabeça dele na parede enquanto eu só assistia totalmente em choque.

—Eu sempre vou estar um passo à frente de vocês. – Nessa hora ele olhou para mim, e foi como se eu despertasse de um pesadelo.

Avancei nele tão rápido que nem sei como consegui solta-lo das mãos de Nicolas e arremessa-lo no chão.

Rolamos até o outro lado da sala enquanto ele tentava me atingir. Ele segurou meus pulsos com força quando fiz menção em arrancar sua cabeça.

De repente Lauren veio como um vulto e ele foi parar em outro cômodo com um chute que ela deu, ele deve ter atravessado algumas paredes.

Me levantei do chão e ele voltou cambaleando pelos destroços com um sorriso largo.

—Nunca irão se livrar de mim. – Sua voz saiu fraca como um sussurro - Seu filho está amaldiçoado. Eu fiz isso com ele. Ele pode até voltar, mas vai ser para sempre meu, mesmo se eu morrer hoje. Ariel é meu. - Disse limpando o sangue da boca.

—Do que você está falando? – Lauren perguntou antes que eu pudesse.

—Ele está com a maldição. Nem acredito que consegui. - Gargalhou como se contasse uma piada. - Seu filho será perseguido pelo resto da vida Nicolas Roller. – Disse gritando para ele. – E eu estarei com vocês para sempre.

—Está blefando. – Lucinda disse olhando para ele com nojo.

—Quer pagar para ver? Que dizer, não importa mais, agora já foi, está selado. – Ele afundou as unhas na própria mão apertando com força até o sangue escorrer pingando no chão. Depois seu olhar voltou para mim. – Ele está marcado. Ele é meu agora, e será para sempre. Vocês não têm o que fazer, minha morte não vai mudar nada. Elizabeth você não sabe o erro que cometeu...

Me senti alheia a tudo.

Parece que de repente as coisas ficaram em câmera lenta. Nicolas se atirou nele novamente e os dois começaram a lutar. Ícaro ria enquanto era diversas vezes golpeado, mas lutava tentando revidar.

As coisas ficaram difíceis quando Lauren e Lucy se juntaram a ele na briga. Metade do castelo já havia sido destruído.

Eu sabia que algo estava errado. Sabia que meu sonho não era apenas um sonho. Não percebi quando comecei a chorar sem controle.

Em um momento especifico Ícaro percebeu que não me juntei a eles, para causar sua morte. Então ele me encarou sorrindo e parou de reagir.

Ele morreu olhando para mim, com um sorriso sereno enquanto Nicolas enfiou a mão em seu peito e arrancou seu coração.

Lauren e Lucy não esperaram para terminar o processo e esquartejaram ele ali mesmo enquanto eu só olhava, totalmente em outro universo.

—Elizabeth? – Nicolas me balançou, mas eu não conseguia reagir.

Meu celular tocou e ele correu para atender enquanto as irmãs faziam o trabalho sujo de queimar os restos de Ícaro.

Aqueles olhos pegando fogo enquanto olhavam para mim...

—Encontramos ele – ouvi a voz chorosa de Renesmee no telefone. – Está tudo bem. Ele só está assustado, mas está tudo bem...

—Onde ele estava? – Nicolas perguntou enquanto olhava para mim.

—É melhor vocês voltarem. Conversamos quando estiverem aqui.

Engoli o choro sem conseguir me mexer.

—Estamos indo – Nicolas desligou o telefone.

Nicolas me abraçou, mas eu não consegui corresponder, ele falou comigo e me sentou em uma cadeira e eu fiquei ali parada, vegetando como se algo tivesse morrido dentro de mim.

Fiquei olhando enquanto eles conversavam e acabavam com os restos mortais de Ícaro até levarmos um susto.

Uma mulher baixa e magra, vestida de branco apareceu segurando o que parecia ser um bebê embrulhado em um lençol.

Ela arregalou os olhos para nos ao ver a cena, e gritou quase derrubando a criança. Atrás dela veio outra moça, um pouca mais alta e encorpada, ela gritou também quando viu o estrago.

As duas eram humanas e pareciam estar alheias a tudo que aconteceu na última hora.

—Vamos embora! – Nicolas me puxou da cadeira me arrastando para fora do castelo.

 


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Notas finais do capítulo

(E)



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