A Nerd E O Astro escrita por AmmaSC


Capítulo 2
O show




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Abri as portas duplas do escritório, e logo uma loira gostosa correu cheia de sorrisos para o meu lado.

- Bom dia, Senhor Cullen. – Piscou os olhos abrindo um sorriso que eu classificaria em “tentador”.

- Bom dia, mas já disse que não precisa do “senhor”, Tânia.

Ela abafou uma risadinha quando eu pronunciei seu primeiro nome. Analisei suas roupas curtas demais para uma secretaria séria, era mais como se representasse um fetiche, e esse era o verdadeiro motivo para James a manter aqui.

- O Senhor Stonefield esta já esta esperando. – anunciou, me acompanhando até a porta do chefe e aproveitando para ficar ao meu lado o máximo que podia e encostar seu braço no meu. – Até depois, Edward.

Abriu a porta e então se afastou, ainda dando risadinhas. Olhei para trás, acompanhando o balançar do seu quadril enquanto rebolava ao andar. Tânia era boa.

- Edward, meu jovem, entre! – A voz anasalada de James me chamou para dentro do seu escritório.

Adentrei a sala enorme em que ele trabalhava. Imponente e tão decorada como a sala de um figurão de Hollywood deveria ser. James Stonefield é meu agente, o cara responsável por eu estar no topo agora, e por mais que não concordasse com alguns dos seus métodos e o achasse um rato em certas ocasiões, não poderia deixar de estar agradecido. Mas confesso que depois de algum tempo sentia repulsa de ficar perto do velho barrigudo e com cara de maníaco sexual.

- Sente-se, precisamos conversar logo. Tempo é dinheiro, meu jovem. – Foi direto, e eu o obedeci. Estava tão interessado na pauta dessa reunião quanto ele. - Você sabe que a disputa esta acirrada, Edward. Há pelo menos oito grandes atores loucos pelo papel. E, bom, você é mais um no meio deles.

Mexi-me incomodado com a provocação clara na sua voz. Não gostei do que ele tinha acabado de dizer, me colocando no mesmo nível que outros. Inferno, eu confio no meu taco. Eu sou bom, e sei disso.

- O teste é daqui uns dias, estou me preparando como posso para ganhar o papel. – Comecei a explicar, mas ele me cortou, usando aquela expressão que me irritava profundamente, como se falasse com uma criança.

- Eu sei que irá fazer seu melhor, mas existem outros meios para “ajuda-lo” a conseguir seu objetivo. – Sorriu malicioso.

- Que métodos? – Me senti nervoso pelo tom que ele usava.

Abriu sua gaveta e tirou de lá um envelope.

- Olhe isso:

Jogou em cima da mesa várias fotos. Eu arrisquei mais um olhar para ele antes de ver do que se tratava. Eram fotos de uma garota, ela era magrela, muito branca, cabelo embaraçado, roupas gigantes e usava um óculos quadrado que escondia metade do rosto. Nada que merecia chamar a atenção. Parecia apenas outra menina que não sabia que cuidar da aparência às vezes faz bem.

Olhei confuso para ele. Que garota era essa?

Alguma atriz em uma filmagem interpretando uma nerd? O departamento de maquiagem e vestuário estava de parabéns porque a atriz, seja quem for, estava irreconhecível. Imaginei quantos milhões ela teria ganhado para deixar-se embarangar tanto. As garotas em Hollywood que estavam aqui mais pela arte do que pela fama eram raras e já estavam em processo de extinção.

- Quem é? – indaguei, desinteressado.

James sorriu, fazendo mistério. – Essa garota, meu pupilo, é sua entrada no novo filme de Silver Charlie.

- Como? – indaguei confuso. Arrisquei uma nova olhada para as fotos tentando ver se havia algo de especial que eu não havia notado. Mas não, ela ainda era só uma garota comum andando pelas ruas da cidade.

- Essa garota é ninguém menos do que Isabella Swan, a filha de Silver.

Não consegui esconder minha surpresa. Primeiro por jamais sonharia um dia que uma garota assim pudesse ser a filha de quem ele dizia ser, e segundo porque não entendia onde ele queria chegar.

- Ela realmente não se parece nada com o pai... Mas e daí? – estava desconfiado de seus planos.

Stonefield me pareceu embaraçado, mas logo recuperou a pose. – Bom, meu rapaz, você não é burro, não é?

Não, eu não era. Fechei a cara e tentei soar definitivo. – Esquece, não vou fazer isso!

Eu tinha lá meus arrependimentos de vida e realmente não sou nenhum santo, mas também não sou baixo o bastante para me aproveitar de garotinhas inocentes, como aquela parecia ser.

- Eu já tenho uma namorada...

- Sim. – Ele me interrompeu. – E Victoria é uma grande fonte de marketing para você. – Fiz uma careta para sua ideia do que meu namoro representava. – Mas não estou pedindo para namorar essa garota. – apontou para a foto. – Estou pedindo para... Você corteja-la.

- É a mesma coisa. – Desdenhei.

- Você precisa estar nesse filme, Edward!

- Eu não vou seduzir uma garota para estar no filme do pai dela, ok. Isso é baixo até mesmo para você.

James riu alto, como se eu tivesse contado algo muito engraçado. Remexi-me na cadeira, desconfortável com o rumo que a conversa estava tomando.

- Isso é Hollywood garoto. Não seja ingênuo. – Olhou-me como se eu fosse um idiota.

Arrumei minha postura na cadeira e soei mais autoritário. – Esquece. Não irei fazer isso.

As mãos do Stonefield apertavam a mesa e sua cara grande ficava mais vermelha. Ou ele ia explodir ou ia me bater. Fiquei na defensiva esperando um ataque que não veio, invés disso ele se reclinou na cadeira parecendo relaxar. Em contrapartida eu fiquei ainda mais nervoso.

- Escute, você não precisa seduzi-la. Ninguém aqui falou nisso. – olhei para ele, que fingiu não ver minha cara de descrença e continuou a falar. – Você só precisa conhecê-la. Entende? Ser legal com ela. Se torne um amigo. Tanto faz o que você seja, contando que se torne alguém que ela recomendaria para estar no novo filme do pai.

Ponderei suas palavras.

- Pense, Edward. – sua voz estava macia. – Os milhões que irá conseguir e toda a publicidade que esse filme irá te trazer. As portas que vão se abrir. Pense que você definitivamente saíra do status de ídolo teen e entrará no hall dos grandes atores de Hollywood.

Respirei fundo. Eu precisava sair daqui para poder colocar a cabeça no lugar. Levantei-me indo para a porta, mas antes olhei para ele – Vou pensar.

- Isso, meu garoto. – Ele comemorou como se aquilo fosse um sim. – Eu te ligo depois, certo?

Fingi que não tinha escutado e dei as costas saindo da sua sala.

Sem dúvidas eu queria muito estar naquele filme. Seria o meu sonho se tornando realidade, o motivo para eu estar aqui. E não podia deixar de perceber que Stonefield tinha razão, em partes.

Mas aí, chegar a usar alguém dessa forma...

Meu carro já estava me esperando quando cheguei à garagem do prédio, um homem franzino que contrastava com os seguranças monstruosos do local me passou a chave do carro enquanto sorria mais do que achei que deveria ser permitido em seu trabalho. Devia ser um fã. Sorri para ele que deu pulinhos saltitantes que me lembrou de minha irmã caçula. A diferença é que Alice era uma MENINA de dezessete anos.

- Obrigado. – agradeci pegando a chaves da sua mão, e entrando no carro antes que ele desmaiasse ou pior, se jogasse em cima de mim.

Foi só sentar no banco de couro macio que me senti relaxar. Não havia problemas no mundo que não parecessem ter uma solução quando eu estava dentro do meu carro, ele representava tudo que eu tinha conseguido, uma vez que era meu sonho desde que eu era um moleque.

Coloquei o cinto, e liguei o CD-PLAYER. Girei a chave e no mesmo momento meu celular tocou. Era Victória, mas preferi não atender e deixei tocar. Depois eu ligava para ela, agora estava mais preocupado em sair daqui rápido já que o homem-tiete ainda estava lá fora, tentando ver através do vidro escuro do meu carro.

Estava um belo dia em Los Angeles. O sol estava lá, as mulheres bonitas estavam lá, as roupas minúsculas também... Na verdade, era um dia típico da cidade e aí é que estava sua beleza. Em cada sinal vermelho que eu parava aproveitava para dar uma olhada nas ruas cheias de movimento. Algumas pessoas olhavam para mim, mas eu sabia que não podiam me ver aqui dentro e que na verdade estavam admiravam o carro.

Mas quanto mais perto de casa eu ia ficando, mas minha cabeça começava a forçar o assunto que eu preferia não analisar agora.

Inferno! Como eu quero estar nesse filme!

Bella Swan

TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC

Sabe aqueles dias em que você acorda com o pé esquerdo? Então, hoje eu estava tão chata que eu mesma me autodetestava!

Olhei para ele de novo. Naquele momento não conseguia lembrar de outra coisa que eu já tivesse odiado tanto. Aquele maldito, infeliz, imprestável e filho de uma desregrada daquele relógio estava dando risada da minha cara. Eu tinha certeza disso.

Faltava apenas dez minutos para o fim da prova e eu ainda tinha duas respostas em branco que certamente exigiam contas gigantescas para chegar ao resultado. Nunca daria tempo!

Eu precisava respirar fundo e manter a calma. Era isso. Respire fundo e concentre-se.

Li a primeira e nada me pareceu fazer sentido. Pulei para a segunda e depois de uma leitura rápida quase tive vontade de chorar; a maldita precisava da resposta da anterior. É nessas horas que eu desejava ver alguns professores queimando no fogo do inferno. Como cachorro arrependido voltei à questão anterior sabendo que não teria jeito, eu precisava dela para tirar uma ótima nota. Sim, ótima. O grande problema em se estudar em uma “universidade de nerds” era a pressão que tinha sobre suas costas. Logo no primeiro dia de aula, no seu primeiro ano, pode apostar que aquele professor mais FDP vai chegar à sala e falar: “Aqui, nove não é nota!”. E você descobre que esse é o lema do lugar. E sem aquelas duas questões eu sabia que minha nota não seria nem ao menos perto de nove.

Concentração, Bella! Foco! A questão nem parece ser tão difícil, é só calcular aqui e...

- PLOFT!

Um traço de lápis atravessou toda a minha prova quando o maldito som de bola de chiclete estourando veio do meu lado. É HOJE! Respirei fundo tentando me acalmar antes de me virar para a menina:

- Por favor, pode parar com isso. – Pedi, sendo hercúlea em soar o mais calma que conseguia.

A ruiva de cabelo manchado olhou para mim com desdém, enrolou o chiclete no dedo, voltou a mascar e então fez outra bolha estourando DAQUELE JEITO IRRITANTE!

Apertei a borda da mesa tentando extravasar minha raiva.  Eu tinha apenas sete minutos restante para terminar essa droga de prova, e ficar lutando com vacas que falam não ia me ajudar.

Isso, você só precisa esquecer a ruminante do seu lado e voltar a se concentrar...

- PLOFT!

- PELAMORDEDEUS, DÁ PARA PARAR ANTES QUE EU ENFIE MEU LÁPIZ NO SEU...

Cri cri cri.

A sala toda me olhava assustada, como se eu fosse a louca, o “Sr. Professor doutor sou formado com honras e blablabla” me estava de boca aberta, e a retardada do meu lado tinha ficado branca feito papel.

- Enfie meu lápis na sua mão, para que você possa terminar logo a prova, colega. – Soltei uma risadinha.

Afundei meu rosto vermelho como tomate na prova e não ergui de novo até ter que entregar a prova depois de conseguir resolver uma e chutar C de certo na outra.

E é óbvio que cheguei atrasada para pegar o ônibus que parava perto do nosso prédio e tive que andar a pé até a estação de metrô que ficava a quatro quadras dali. Ok, não era longe, mas ai o babacão do colega de turma do Jacob passa no seu carro e coloca aquela cabeça inútil para fora para gritar:

- E AÍ, NERDIZINHA! QUER CARONA?

E com a mesma capacidade de uma ameba ele acelera o carro e sai dando risada.

Juntei as mãos e olhei para o céu. – Certo, Deus, eu não sou muito de conversar contigo, mas por favor, custa muito pedir que esse Filha da puta se foda um pouquinho, nem precisa ser muito, sabe. Algo como perder a cabeça já esta bom para mim, ele nem a usa mesmo.

Sem falar que o babacão era tão nerd quanto eu para ficar falando essas coisas!

Não via a hora de comprarmos um carro. Eu e os meninos estávamos juntando dinheiro para isso há anos, mas como mal durávamos nos empregos que arranjamos nesse tempo nossas economias não são lá essas coisas. Pelo menos eu tinha uma entrevista para um estagio remunerado em uma empresa de tecnologia agendada para esses dias.

Quando finalmente cheguei em casa minha cabeça estava explodindo. E eu ainda estava bufando quando sentei a mesa com o que tinha sobrado da pizza que jantamos ontem, uma garrafa de coca cola pela metade e uma extensa lista de exercícios que tinha que resolver para outra prova depois de amanhã. Jasper e Jacob que estavam na sala se entreolharam quando eu entrei marchando, mas prezavam demais a própria vida para saber que não deviam abrir a boca para falar comigo naquele momento, então continuaram concentrados em seus próprios projetos.

Mas meus preciosos minutos de sossego logo foram interrompidos quando um monstro bateu a porta da sala e berrou:

-Bella! Jacob! Jasper! SE ARRUMEM AGORA QUE NÓS VAMOS SAIR! – Emmett não conseguia frear sua animação, com os braços para cima e aquele sorriso de todos os dentes que sempre me causava arrepios.

Olhei para ele por alguns segundos e então voltei a me concentrar nos exercícios.

“Uma placa quadrada de 1,0m de lado e 20N de peso desliza sobre um plano inclinado de 30°, sobre uma película de óleo. A velocidade da placa é de 2m/s constante. Qual é a viscosidade dinâmica do óleo se a espessura da película é de 2mm?”

Hmm... Vamos lá. Essa parece ser fácil. Qual é a viscosidade...

- PUTA QUE PARIU! VOCÊS NÃO ENTENDERAM, NÓS VAMOS SAIR!

Jacob nem se preocupou em falar nada, mas Jasper e eu olhamos para Emmett. Jasperzinho ajeitou seu óculos que escorregava no nariz. – Nós não vamos. – e voltou a se concentrar em seu projeto.

Observei o brutamonte ficar vermelho enquanto era contrariado. – Mas é claro que vocês vão!

- Não, não vamos. Temos muitos trabalhos da universidade para terminar. Inclusive, você também tem.

Emmett abriu a boca, descrente. Mas por fim murchou, tão desolado que me distrai das minhas tarefas sentindo pena dele.

- Cara, porque eu ainda ando com vocês? – eu revirei os olhos, já sabendo a ladainha que iria começar. – É nosso primeiro mês na cidade e eu já consegui entradas VIPs para o show dos Butterflies Fries Killer...

ESPERA...O QUE?

Em menos de segundos já estávamos rodeando Emmett completamente embasbacados enquanto ele nos mostrava os ingressos do show triunfante.

- Cara, cara, cara! CARA! – Jacob não conseguia encontrar as palavras. E eu me sentia do mesmo jeito que ele. Tipo, OMG! É a melhor banda de Rock dos últimos dez anos! Nós tentamos desesperadamente comprar ingressos quando soubemos que eles estariam na cidade, até arranjamos empregos só para conseguir pagar os preços absurdos dos ingressos. Armamos esquemas com duas pessoas na fila para comprar diretamente do estádio e que ficaram lá por mais de doze horas – eu e Jasper - e os outros dois em diferentes computadores tentando comprar pela internet. Mas então, em menos de uma hora os ingressos se esgotaram. Aquele foi o dia em que chorar ficou permitido para os caras como algo completamente macho de se fazer.

E agora, aqui estava Emmett, com quatro ingressos brilhosos e mágicos, e ainda por cima da área VIP.

 OMG! Eu já poderia morrer em paz.

- Como conseguiu? – Jasper pegou os bilhetes na mão, e por um momento achei que fosse beijá-los.

- Bom. – Ele ficou vermelho e olhou para mim sugestivamente. Franzi a testa. O que será que ele tinha feito? Vindo de Emmett não duvidava de nada. Será que essa criatura havia prometido me prostituir para alguém? Pelos ingressos eu acho que não me importaria... – Eu pedi para o Silver Charlie. – ele estava com medo, mas não conseguiu frear o orgulho quando disse o nome. – E ele conseguiu com apenas uma ligação. Foi lindo de se ver!

Eu gemi frustrada. Cai no sofá mais perto e afundei ali. Cara, eu preferia que ele tivesse me vendido como prostituta mesmo.

Agora vocês devem estar se perguntando que infernos é Silver Charlie. E é muito infeliz que eu respondo que esse é o nome artístico de Charlie Swan, em outras palavras, meu pai. Sim, o famoso ator de filmes de ação e alguns outros de drama que lhe renderam um Oscar era meu genitor. O cara cheio de músculos e símbolo sexual tinha uma filha que não se preocupava com saltos altos e festas, e que com 16 anos foi aceita em uma das mais prestigiadas universidades do mundo e não no catalogo da Victoria Secrets.

Silver Charlie era cheio de músculos e uma barriga tonificada demais para um homem que já tinha seus 50 anos. – mesmo ele alegando que ainda estava com 40. Sua marca registrada era o bigode, que estava ali já quando eu nasci, quando estrelou seu primeiro filme, e creio eu que antes mesmo dele ter idade suficiente para ter um bigode, mas que ajudava muito a evidenciar seu status de machão. E Emmett era o fã numero 1 dele.

Um dia o famoso ator de cinema conheceu a famosa atriz de cinema, Renée Dwyer, minha mãe. Ela era linda, amada e premiada. Foi um choque e comoção mundial quando ela morreu em um acidente de carro há oito anos deixando a filha pré-adolescente e o ex-marido inconsoláveis.

Bom, pelo menos foi isso que a imprensa disse. A verdade é que eu não senti a morte de Renée. Eu mal a conhecia. Para mim ela era apenas a mulher que às vezes me buscava na casa do meu pai para andarmos pela rua e os paparazzi nos flagrarem. E então, no dia seguinte, estávamos as duas em jornais e revistas que exaltavam como a queridinha da América era uma boa mãe. Nunca esquecerei o dia em que assisti uma entrevista ao vivo dela em um programa de talk-show noturno, em que falava o quanto me amava e o quanto eu era a razão da sua vida. Ironicamente esse dia era meu aniversario e eu não recebi nem ao menos um telefonema seu.

Mas meu pai sofreu. Eu nunca tinha visto-o chorar até aquela manhã em que recebemos a noticia. Ele sim a amou, mas minha mãe só amou uma coisa na vida: a fama. E não havia espaço para mais nada que não fosse isso.

Voltei à vida com dedos estalando na minha cara. – Terra para a Bella, chamando. Terra para Bella...

Afastei a mão do idiota.

– Para com isso. – Pedi chateada.

- é que ás vezes você desliga. – Jacob se defendeu. Eu sabia disso, mas preferi continuar com cara de brava para não perder a pose.

Mas Jacob era Jacob, avoado demais para se dedicar a uma preocupação por muito tempo, e então ele já estava nem ai para mim, e sim gastando suas poucas energias para idolatrar os ingressos.

- Ok, galera, o show é daqui três horas. Então vamos ter que agilizar. Quero todo mundo pronto nessa sala daqui uma hora. – Emmett deu a ordem.

Corremos pelo apartamento até nossos quartos...

Meia hora depois

- Puta que pariu, Emmett, sai logo dai! – Jasper esmurrava a porta do banheiro.

Eu estava na sala, jogada no sofá com Jacob esperando o brutamonte sair do banho que já durava uma eternidade para mim. Só queria sabe por que nós deixamos o infeliz entrar primeiro no banheiro?

Ás vezes era um pesadelo ter um banheiro só na casa. Imagina então ter um banheiro morando com três homens. Tampa levantada e respingo de urina no vaso? Eu nem ligava mais. E quando eles demoravam eras para sair do banho? Deus me livre saber o que eles faziam lá dentro.

A porta destrancou e o monstro saiu com a toalha enrolada na cintura, assoviando.

- Quanto drama. – ralhou pra Jasper.

Depois o idiota ficou pronto e começou a nos apresando, dizendo que estávamos o atrasando. Mereço! Aproveitei o bate boca que se formou para ligar para o táxi.

DUAS HORAS DEPOIS

- Caraca!

Éramos quatro idiotas de boca aberta olhando para a área VIP.

- Aquela ali é Jeniffer Lopez? – Os olhos de Emmett brilharam. – JENNIFER, EU AMO VOCÊ! – gritou chamando atenção de todos, inclusive da cantora que acenou de volta dando um sorrisinho para ele. O cara enlouqueceu mais ainda e começou a dar pulinhos. – JENNIFEEEER! EU AMO SUAS MUSICAS! I’M SINGLE LADIES, I’M SINGLE LADIES – começou a cantar.

Bati na minha cara sem acreditar. Comecei a puxa-lo para longe dali enquanto as pessoas davam risadas, e antes que ele começasse a fazer a dancinha patética. Nem adiantava explicar que era a cantora errada.

O lugar estava cheio de celebridades. Eu mesma podia reconhecer quase todas as pessoas dali de filmes, da TV ou de revistas.

- Cara, eu vou pegar geral aqui. – Emmett quicava, olhando para as mulheres como se estivesse em um parque de diversão.

- Ah claro, porque com certeza elas vão querer ficar com você. – Jasper desdenhou.

- Eu só quero ver o show, então vamos pra frente. Jake... Jacob? – Olhei em volta procurando meu amigo, mas não o encontrei em lugar nenhum ao nosso redor. – ótimo! Onde ele se meteu?

- Deve estar fumando umzinho por ai. – Emmett sugeriu. – Que foi? – Perguntou, vendo a minha cara e de Jasper de reprovação. – Vocês também acham isso, que eu sei. – retrucou, constrangido.

E eu tinha que concordar com ele.

Jacob não era de falar muito, ou de fazer muito, ou de participar muito... Para resumir, Jacob não era de viver muito. O cara estava sempre dormindo ou comendo, e era amigo dos alunos que cursavam a faculdade de filosofia. Eu já tinha cansado de ir busca-lo no meio de cantorias de violão e fumaça branca suspeita no gramado atrás do campo de futebol.

- Vocês vão lá para frente, ok. Eu vou procura-lo e volto antes do show começar. Mas por favor, não aprontem! – pedi, rezando para eles em escutarem.

Eles acenaram e logo sumiram no meio da turma do glamour.

Tive pena do Jass enquanto ia levando o brutamonte que parava a cada loira peituda que parava ao seu lado.

Edward Cullen

Eu estava sozinho ali, bebendo enquanto tentava me esquivar do assedio de outra socialite, quando uma menina que não se encaixava com o lugar passou perto de mim parecendo perdida, perguntei-me o que ela estava fazendo aqui quando parecia mais alguém que estaria lá em baixo, no meio do povo.

De repente ela olhou para mim e eu a reconheci. Meu corpo se retesou.

Analisei-a curioso. A garota parecia ser mesmo o que as fotos mostravam. Roupas largas e normais, sem nenhuma maquiagem, cabelos despenteados e o óculos escondendo o rosto. Pelo menos, ali ela se destacava por ser diferente do resto de pessoas, que arriscavam uma olhada torta para seu lado e depois a ignoravam.

As palavras de James vieram a minha mente, e eu me vi em um conflito interno, afinal, era como se fosse um sinal divino a garota estar ali, sozinha, justamente hoje e no mesmo lugar que eu.

- Qual vai ser seu próximo filme? – A morena carregada de maquiagem perguntou, imaginei eu com uma voz que era para soar sensual, mas parecia mais um pato.

- Eu preciso ir. Com licença. – Coloquei a garrafa de cerveja vazia em cima do balcão e andei sorrateiro, pronto para me aproximei da nerd com meu melhor sorriso.

Eu não tinha a intenção de fazer nada, apenas averiguar o terreno e poder dizer a James que tentei alguma coisa pelo menos. Mas não podia negar que também estava curioso sobre ela, uma filha de celebridades que nada tinha a ver com o meio.

Bella Swan

Jacob parecia ter evaporado, já estava cansada de procura-lo e queria voltar até os rapazes, mas tinha medo da sua capacidade de se meter em confusão. Pelo menos Emmett estava sob a supervisão de Jasper que era um pouco mais normal de nós quatro. Dei-me por vencida, e comecei a procurar também no chão e debaixo das mesas, era bem capaz da criatura ter resolvido tirar um cochilo por ali. Parece absurdo, eu sei, mas Jacob já fez isso em lugares bem piores, acredite.

- Posso ajuda-la?

Levantei os olhos dando com alguém na minha frente. Percorri um bom caminho até chegar ao rosto do homem que sorria torto. Engoli em seco.  – Ele era esguio, mas eu podia ver alguns músculos formados embaixo da camiseta escura, seu cabelo cor de bronze e desalinhado chamavam a atenção, e tinha lábios finos, mas chamativos em seu sorriso torto de dentes perfeitos. As linhas do seu rosto eram retas e angulosas, como as do seu maxilar que era bem definido e ficava mais rustico pela barba para fazer. E por ultimo, seus olhos eram de um verde vivo e brilhavam como se... Como se fosse um predador.

Precisei de muito esforço para reprimir um ofego que insistia em sair da minha boca. Seria vergonhoso demais. Principalmente porque eu sabia quem ele era, aquele homem arrasadoramente bonito na minha frente era ninguém mais que Edward Cullen, atual paixão de 9 em cada 10 mulheres no mundo, ator de filmes de sucesso e vencedor de premiações em que o publico escolhia.

Edward Cullen era uma celebridade.

Uma celebridade que continuava a olhar para mim com aquele sorriso enquanto eu deveria estar babando – Senti meu rosto esquentar. Desviei o olhar antes que eu fizesse alguma burrada.

- Eu posso ajuda-la? – Repetiu a pergunta, como se eu não tivesse escutado da primeira vez.

- Ah, não precisa, obrigada. – Agradeci, embaraçada por minha reação. O cara só estava sendo solicito e eu aqui, o devorando com os olhos. Nunca senti tanta vergonha de mim mesma, eu nunca agi daquele jeito perto de garotos.

- Tem certeza? Você parece perdida. – puta que pariu, ele fazia de proposito aquela voz aveludada? Ninguém falava assim o tempo todo!

- Não estou. – Garanti, me recordando que ainda tinha que achar Jacob para voltar e poder ver o começo do show. Eu precisava é recuperar a consciência.

 – Obrigada de novo, mas preciso ir. – disse, fazendo menção de me afastar e voltar a minha missão.

O ator pareceu se agitar, e disse em uma voz mais alta e autoritária. – Eu sou Edward Cullen.

Olhei sem entender seu tom de voz. Eu sabia quem ele era, mas tipo, e daí?

- Eu sei. – garanti. Talvez fosse só seu ego de celebridade que dizia que todos tinham que o conhecer, e como eu não voei no seu pescoço como outra pessoa “normal” faria... Com certeza devia ser isso.

Ele pareceu embraçado, e soou mais contido.

- Você não esta me entendendo. – Voltou a sorrir torto. – Eu sou Edward Cullen.

Analisei seu rosto por alguns segundos, e por fim, acabei estendendo minha mão para ele, educada. – Prazer, Edward Cullen, eu sou Isabella Swan.

Seu sorriso caiu, ele parecia descrente. E além de tudo ignorou minha mão estendida, que eu acabei puxando de volta e colocando no bolso do jeans, constrangida. Viu, é por isso que eu tento ficar longe de famosos e seus egos enormes.

- Isabella, eu... – Passou a mão no cabelo desgrenhando ainda mais aquilo que para mim já necessitava da interseção de um bom pente. Cadê a personal... Hair ? Enfim, não tinha alguém para exigir cabelos penteados para esse homem? A estrela Cullen parecia nervosa, digo, nervoso. – Ouça, eu sou Edward Cullen. – falou lentamente, como se eu fosse uma retardada.

- Sim. – o imitei. – E eu disse que sou Isabella Swan.  Foi um prazer. – Repeti cada letra calmamente para ver se ELE entendia. – E agora, preciso ir. Passar bem.

E dei as costas, indo atrás de Jacob antes que ele pudesse me parar de novo.


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Notas finais do capítulo

Oi, povo amado!
Olha, estou muito feliz pelos comentários do capítulo anterior. Obrigada mesmo! É com eles que eu tento fazer um capítulo cada vez melhor. Falando nisso, espero que tenham gostado desse (:
Agora, qual foi minha surpresa ao entrar aqui e me deparar com uma recomendação já no primeiro capítulo?! Nossa, muitíssimo OBRIGADA Lyra Thompson *-* Eu espero conseguir corresponder ao seu voto de confiança ao recomendar a fic no comecinho!
Bom, é isso. Beeeeijos!



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