Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 7
Capítulo 7




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   Chegamos ao aeroporto na manhã seguinte.

   Minhas costas doíam e meu pescoço estava dolorido. Pegamos as malas e ficamos no saguão esperando que alguém viesse nos explicar onde deveríamos ir.

   Carly pegou o celular e sentou em algum lugar afastado. Fechou a cara para o mundo e se isolou.

   Seth fez o mesmo, e quando se sentia entediado fazia qualquer coisa que não fosse falar comigo ou olhar para mim.

   Me sentia cada vez mais desconfortável a cada vez que o silêncio pairava no ar e ele continuava a me ignorar. Lembrava de como éramos tão amigos, Seth já fez tantas coisas por mim, e eu fiz tanto por ele. Por que estávamos daquele jeito?

   Alguns minutos depois apareceram guardas no final do saguão que se encontrava completamente vazio. Entre eles, se destacava um homem alto, cabelos grisalhos, forte e usava um uniforme do exército. Mas tinha um ar superior, provavelmente era um coronel ou capitão.

   - Ora, se não são os escolhidos de Los Angeles - ele disse.

   Em algum lugar Carly se aproximou se alinhando comigo e Seth. Ela pareceu um projeto de militar perto do superior.

   - Sou seu Capitão - ele explicou, e apenas isso, não disse seu nome nem nada que o identificasse - E vocês são...?

   Carly deu um passo a frente. As mãos atrás das costas, postura correta e a mesma expressão assassina de quando chegara.

   - Carly Kramer, 17 anos, senhor.

   Ele assentiu com um sorriso ambicioso.

   - Muito bem, soldado.

   Ele olhou para mim e para Seth. Ele parecia calmo e controlado.

   - Seth Carlyle, 17 anos, senhor.

   Ele continuava assentindo. Estava satisfeito com os soldados que tinha até agora, mas será que me aceitaria?

   - Alexandra Wilder, 16 anos, er...senhor.

   Não estava acostumada com tratamentos formais, e me senti um tanto diminuída com o fato de ser a mais nova. Mas minha vontade não era menor e eu tentaria ser a melhor, esse era o meu objetivo.

   - Bom, primeiro preciso dos seus celulares, afinal, é proibido no lugar onde vamos - disse o Capitão.

   Não entendi direito. Mas coloquei a mão no bolso e entreguei o celular. Os outros fizeram o mesmo.

   O Capitão nos conduziu até o carro forte e fomos levados sem nenhum resquício de luz do dia. Uma viagem de alguns minutos extremamente longos e num silêncio pavoroso.

   Imaginei para onde estaríamos sendo levados. Mas preferi esquecer qualquer expectativa.

   Todos continuavam calados e o Capitão ficava com aquele olhar ansioso.

   Depois de um longo tempo, que na minha opinião pareceram horas, nós paramos.

   Ouvimos passos e passos que deviam ser dos guardas, e a porta foi aberta. Nós saímos e encontramos um enorme pátio de concreto, era cercado por um muro enorme cinzento. Lembrava um pouco os reformatórios ou presídios para menores infratores. Estava cercado de guardas e pude ver outros carros fortes com mais adolescentes.

   Logo todos estavam espalhados pelo pátio com a mesma expressão de confusão.

   - Atenção, todos! - gritou o Capitão.

   Os que estavam presentes o observaram subir os degraus para um lugar mais alto.

   - Bom, como todos sabem, - ele começou - todos aqui são voluntários para ganhar o lugar do Soldado especial no nosso exército.

   Os olhos de todos estavam grudados no Capitão que tinha uma expressão mais séria.

   - O que muitos de vocês devem estar se perguntando, é o porquê do governo do país se empenhar tão...arduamente em encontrar um único soldado - ele continuava.

   Realmente, era uma das coisas que eu mais me perguntava naqueles últimos dias.

   - Bem, - ele falava pausadamente e em um tom calmo - a maioria de todos aqui já conhecem um pouco de ciência genética, anatomia, química, etc.

   Todos ali estavam no ensino médio. Não entendia onde ele queria chegar com sua explicação.

   - Nesse último mês, foi encontrada uma substância química forte. Uma descoberta revelou que quando injetada ou quando um corpo biologicamente funcional é exposto à ela, suas células são geneticamente modificadas. Mas essa substância funciona como uma espécie de chave-código. O corpo tem que coincidir com essa substância, se o organismo não aceitar a substância o efeito dela não é aplicado. - ele explicava com calma e todos pareciam confusos, porém atentos - Mas se o organismo aceitar, seus efeitos podem aumentar a força celular e física, com alguns efeitos colaterais é claro.

   Eu havia entendido uma boa parte do que ele havia explicado. Mas não era nada do que eu esperava. Fomos escoltados para servir o exército, e não para servir de cobaia de alguma experiência genética!

   Comecei a ficar nervosa, eu precisava sair dali.

   - Pode ser chocante, mas precisamos de vocês para realizar esse...feito. Uma Arma Genética, capaz de liquidar um exército, dando então, fim a estes meses de guerra.

   Então todos começaram a se agitar. As conversas conturbadas começaram a ficar cada vez mais altas.

   - Vamos sair daqui! - um garoto gritou.

   Os olhares se encontravam e fixaram-se na única saída. Um portão razoavelmente grande, guardado por soldados armados que começavam a se preparar.

   Os garotos maiores caminharam depressa até eles.

   - Se afastem! - gritou o guarda apontando uma arma para o garoto - Não se aproxime!

   Alguém longe gritou "deixem a gente sair!". O soldado, que devia ser um recruta, parecia mais aflito do que os outros.

   O garoto de pele morena, alto e forte como um touro, começou a se aproximar do soldado que se assustou.

   Então ouviu-se o som do tiro. O corpo do garoto caiu no chão inerte

   Algumas pessoas gritaram, outras ficaram extremamente chocadas. Os olhares de todos caíram sobre os soldados e então começaram a se aproximar. Chegaram mais guardas e todos começaram a ficar alterados.

   Os maiores correram até os guardas e a luta começou. No começo, era apenas entre o grupo, mas com o tempo se estendeu entre todos os outros.

   Logo todos os guardas tentavam conter a multidão de jovens. Eu estava atordoada, estava virando um caos. Em algum momento vi Carly, que brigava feio com um dos guardas que tentava segura-la. Seth estava com mais um grupo de garotos grandes e fortes que tentavam abrir caminho em meio aos guardas que impediam a saída de todos.

   Senti o coração disparar. Alguma coisa me agarrou pela cintura e me tirou do chão. Um dos soldados tentava me segurar, mas esperneei e lhe dei um golpe na cabeça. Os braços dele se afrouxaram ao redor do meu abdômen e eu pude me soltar.

   Ao tentar correr, alguma coisa pesada bateu em minha cabeça e eu desmaiei.

   Quando voltei, minha visão estava embaçada, eu não ouvia muito bem. Pude ver distorcidamente a confusão, e os soldados que imobilizavam os jovens e os algemavam - alguns se encontravam inertes no chão.

   Alguém pegou meu braço e me levantou sem o menor cuidado. Minhas mãos foram algemadas atrás das costas e eu fui levada.

   Minha cabeça doía e tudo parecia confuso. As vozes estavam distantes. Fui jogada em uma cama numa espécie de cela. Comigo, mais três garotas. Percebi então que a cela não era trancada, que os soldados guardavam a porta.

   Eu precisava sair dali, ou seria mais uma cobaia de experiências genéticas.

   Então tudo ficou escuro e eu perdi a consciência.


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Notas finais do capítulo

Comentem *-*



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