Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 2
Capítulo 2




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Levanto da cama pela manhã com a sensação de que meus ossos amoleceram.

A preguiça é tanta que me arrumo de vagar, tendo então que correr para não me atrasar.

Ao chegar na escola percebo que toda a Sams está falando sobre o Grande Soldado Voluntário - como estavam chamando.

Sempre achei o governo do país muito individualista, egoísta e até mesmo hipócrita. Desde que a ditadura foi imposta e as regras foram modificadas o país se tornou uma espécie de campo de concentração. Em todo lugar haviam soldados e qualquer decisão precisava da permissão do estado.

Era muita hipocresia que o Estado resolvesse pedir ajuda dos cidadãos depois de ter mandado seus parentes para morrer em uma guerra que começou com o "aumento populacional". Era quase que um grande absurdo.

Mas a idéia de lutar para transformar o país era tentadora. Ser aquele que pode ter o poder de mudar a vida dos futuros netos.

Eu estava pensando nisso enquanto guardava meus livros no armário do corredor. Seth veio até mim, mas eu não o notei.

- Oi, Alex - ele disse.

Demorei um pouco para responder, pois estava perdida em meus próprios pensamentos.

- Oi, Seth - respondi - Você...vai se voluntariar?

No fundo não queria que Seth se voluntariasse, nunca se sabe o que acontece em uma guerra. E o presidente não revelou de que modo ele usaria esse Grande Soldado para ganhar a guerra contra a Rússia.

- Sim.

Meus olhos se arregalaram.

- Ah, não - eu comecei.

- Qual o problema, Alex? Eu posso lutar pelo meu país - ele disse calmo e sem nenhuma entonação de que a coisa era perigosa.

Não queria que nada acontecesse a Seth.

- Seth...

- Alex, fica fria. Talvez eu nem seja o escolhido. E não há nenhum problema em ser - ele disse.

Respirei fundo. Ele não poderia nem sonhar que eu pensava em me voluntariar...mas era apenas uma possibilidade.

Andamos até a sala. Fiquei pensando naquilo o dia inteiro. Como eles pretendiam vencer essa guerra? E como escolher o voluntário?

Depois da aula notei que havia uma fila grande na frente da escola, e ela parava em uma mesa na qual estava sentado um homem mais velho de cabelos grisalhos, ele usava uma farda verde-musgo com um monte de medalhas. Pelo menos foi o que eu pude ver de longe.

Era a fila para o Grande Soldado.

Haviam muitos na espera, mas comparada a fila da cantina, ainda não era uma multidão.

- Vamos - disse Seth.

Ele agarrou meu braço e me arrastou para a fila.

- Seth, não acho isso uma boa ideia - eu disse.

Depois de alguns minutos chegamos até a mesa.

Seth pega a caneta e começa a rabiscar seus dados - era um pouco raro se usar papel e caneta, mas tudo bem.

- Seth.

- Quieta, Alexandra.

Droga. Odiava quando ele me chamava pelo meu nome.

- Pronto.

Ele entregou o papel.

Eu o empurrei para o lado e peguei a caneta com a certeza de que minha letra saíria sofrível. Escrevi os dados básicos como meu número de celular, e-mail, endereço, etc. Entreguei o papel para o sargento e me virei para Seth que parecia não acreditar que eu havia me voluntariado para participar de uma guerra. Na verdade nem eu mesma acreditava.

- Pronto, está feito.

Ajeitei a mochila no ombro e fui caminhando até a rua.

- Alex! - chamou Seth.

Não me virei, apenas continuei andando e esperei que ele me alcançasse.

- Por quê fez isso? - ele perguntou passando a mão pelos cabelos.

Respirei fundo.

- Se algum dia você descobrir. Me conte - eu disse entrando no ônibus escolar.

Sento na janela vendo Seth vir na minha direção logo depois.

Ficamos em silêncio durante toda a viagem. Esse mesmo dia provavelmente seria o dia em que escolheriam o voluntário, já que esse tipo de sorteio era feito bem rápido. Acho que isso me deixava um pouco mais aflita.

Quando cheguei em casa não havia ninguém, o que não me deixava surpresa. Meus pais eram muito ausêntes, trabalhavam muito, e eram muito estressados. Era quase como se não morassem ali, mesmo que eles aparecessem na hora do jantar.

Sentei no sofá da sala, deixando a mochila no chão. Peguei o celular e apertei o botão para ligar. Entrei em uma das redes sociais vendo que todos estavam falando sobre sua ansiedade pelo Soldado.

Senti uma sensação esquisita na boca do estômago. A ansiedade tomava conta de mim.

E se Seth fosse escolhido? Eu não sei o que eu faria se acontecesse algo a ele. Meu melhor amigo corria o risco de ser levado para a guerra. Isso me deixava preocupada.

Então algo passou pela minha cabeça me deixando um pouco mais apreensiva.

Eu sentia alguma coisa por ele? Seth era meu melhor amigo. Vê-lo por uma outra perspectiva era estranho. Mas e se eu sentisse mesmo algo por ele?

Balancei a cabeça espantando o pensamento. Afinal, Seth era meu amigo, e os amigos não se apaixonam pelas amigas chatas e rudes.

Mas uma coisa era certa: Eu não queria que ele fosse escolhido.


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Notas finais do capítulo

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