P.O.V Annabeth

Acordo com os fechos das luzes solares invadindo o quarto pela fenda da janela.

Meus olhos ainda ardem por culpa das lagrimas que derramei, mas durante isso, prometi a mim mesma que não choraria até dormir, prometi a mim mesma que eu não seria mais aquela garotinha frágil que veio de São Francisco por má vontade.

Eu serei outra Annabeth.

Abro os olhos. O quarto está limpo, meus livros em uma prateleira cujo não havia notado antes e minhas malas sumiram.

Alevanto-me da cama e ando até o guarda-roupa. Ele está dividido entre as minhas e as roupas de Thalia, mas algo invade a minha cabeça: se ela disse “boa sorte a procura por espaço”, porque está tudo tão organizado?

Anastácia, a empregada.

Só pode ter sido ela, Thalia não tem cara de alguém que limpa o próprio quarto.

Arrumo-me em um flash e desço as escadas rapidamente.

– A bela adormecida acordou! – Thalia diz sarcástica – Vamos sair?

– Sair para onde? Tenho que tomar café.

– Tomar café? – Thalia ri – Linda, você dormiu por horas. Já são três da tarde.

– Mentira!

– Sério, então, vamos sair?

– Claro, para onde?

– Quem sabe para o... – ela então para e se lembra de algo – seu pai ligou.

– Hum. – finjo não estar interessada – o que ele queria?

– Falar com você, bah.

– Ainda estou me recuperando, não quero falar com ele – suspiro – não íamos sair?

– Sim, vou mandar um sms para o Percy.

– Eu tenho que conhecer esse cara, vocês falam muito nele.

Ela riu e tirou o celular do bolso, digitou um sms e esperou olhando para a tela.

– Ele tem preguiça de digitar, por isso vai acabar me ligando.

Dito isso, o celular tocou.

– Fala pequena sereia – sua expressão muda de debochada para séria – Vadia de quinta é a sua ex! Cadê o Nico? Na sua casa? O que ele estava faz... – ela então ri – Perciana, não sabia que vocês tinham finalmente se intendido e você se revelado homossexual.... Tá, parei. Vamos ao starbucks? Ok, tchau.

– Uuuh, eu em.

– Você se acostuma. Percy e Nico vão passar aqui e então você atende enquanto eu me arrumo okay?

– Tudo bem.

Me joguei no sofá e comecei a assistir TV. Glee estava no segundo intervalo quando a campainha tocou.

Levantei espreguiçando-me e então abri a porta.

Deuses me ajudem!

Digamos que um deus grego estava encostado na porta encarando os pés e quando olhou para mim, meus pelos se arrepiaram.

– Oi. – ele sorriu

Eu deveria ter dito: “Hey, Olá! Hi” etc, mas tudo o que saiu foi: “Er, Hum, Ahn.”

– Onde está aquela cara de pinheiro?

– A Thalia?

– É.

– Vou chama-la, um minuto.

Deixei ele entrar mesmo a casa não sendo minha, talvez ele era um conhecido da Thalia.

Subi as escadas, bati na porta do quarto e ela abriu um pouco sussurrando:

– O que foi?

– Thalia, sei que isso não é coisa de se dizer, já que terminei um namora há três dias atrás, mas... – apertei os olhos – tem um cara bem, digamos “apetitoso” na sua sala de estar.

Ela arregalou os olhos e abriu rapidamente a porta, estava na cara que ela havia se arrumada há muito tempo atrás.

– Já que você já estava arrumada, por que não desceu?

– Eu estava dormindo, eu amo dormir – ela deu de ombros – Vamos, eu quero ver quem é essa belezura na minha sala.

Nós descemos e antes de chegar ao último degrau Thalia caiu na gargalhada.

– Esse é o “cara gato” ? – ela ri novamente – Percy nunca foi nem bonito, você é louca.

– Shiu, quer que ele ouça é? Fique quieta Thalia.

– Tá, vou me comportar.

Fomos até a sala e vimos Percy e Nico jogando videogame, ele devia ter chegado enquanto eu conversava com a Thalia.

– Temos que ir.

– Espera... – disseram em uníssimo sem tirar os olhos da tela – Deixe só...

– Nada disso – Thalia desligou a TV – vamos sair.

Os dois se levantaram e então saímos de casa.

– Thalia – Percy questionou-a – não vai me apresentar?

– Para quem? – ela então olhou para mim e depois sorriu – ela já te conheci, disse até que você era...

Antes de completar pisei bem fundo no seu pé e ela então começou a xingar.

– Oi, sou Annabeth Chase.

– Percy Jackson.

Ficamos em silencio até o Nico pigarrear.

– Vamos?

– Vamos.

POV PERCY.

Comemos no starbucks, conversamos e então resolvemos dar uma volta no Park.

Thalia e Nico iam o cominho todo brigando, mas às vezes coisas estranhas aconteciam: eles ficavam tão próximo que suas mãos ou ombros se tocavam, gerando outra rodada de brigas. As vezes ele bagunçava o cabelo dela e ela batia nele quando ele dizia algo idiota.

Tinha alguma coisa por trás disso, mas tenho até medo de pensar no que isso pode resultar.

– Eles ainda vão ficar juntos. – Alguém sussurrou próximo de mim.

Olhei para o lado, Annabeth prestava atenção nos dois.

– Não sei, eles brigam de mais. Desde que me intendo por gente eles se odeiam.

– Do ódio se gera o amor – ela sorriu, mas depois ficou amarga – até alguém vim e acabar tudo.

– Uii, filosofou. – Dei um sorriso brincalhão – não sabia que você gostava de filosofar.

– Existem muitas cosias que você não sabe sobre mim.

Nós nos encaramos um pouco. Seus olhos cinza tinha um tipo de brilho que eu nunca conseguiria identificar. Seu sorriso de canto nascia quase como se ela tentasse repreende-lo.

Não sei por que observei isso, mas ela é bonita.

– Seu idiota! – Thalia grita – É claro que Green Day é a melhor banda do mundo.

– É boa – Nico sorrir – mas não é a melhor.

Então eles começam a se esbofetear no meio do central Park.

– Meus deuses, eles sempre foram assim?

– Porque você diz “Meus deuses” ? Gosta de mitologia? E respondendo a sua pergunta: Às vezes eles são piores.

– Sim, eu amo mitologia, e se eles são piores às vezes não quero nem estar perto.

Rimos um pouco. E então nos sentamos no banquinho da praça enquanto Thalia e Nico ainda discutiam.

– Então Annabeth – olhei de esguelha para ela – você vai estudar com a gente no Goode Internato?

Ela se engasga com o ar.

– Um internato? Que história é essa de internato?

– É, nós não estudamos em uma escola normal e sim um internato.

– Mas internato significa seguir regras, dividir quarto com várias garotas e ter aulas chatas – ela suspira – uma prisão.

– É, mas na Goode é diferente, alguns de nós meio que... Quebramos as regras encubadamente.

– Interessante.

– Por que vocês dois estão cochichando? – Thalia questiona – estão flertando?

– Não estamos cochichando e não, não estamos flertando.

– Que pena – Nico se joga no banco – amo flertação.

– Nico, sinto muito lhe dizer isso mas... – Ananbeth suspira – seu jeito de flertar é estranho e a sua piscadela parece um ataque epilético.

Não aguentei e comecei a rir, Annabeth e Thalia me acompanharam enquanto Nico nos fulminava com os olhos.

– Muito engraçadinha você em Annie, tô me rolando de rir.

– Desculpa, eu não aguentei.

Rimos mais um pouco e então começamos a olhar a paisagem.

– Annabeth, não sabemos nada sobre você. – Thalia resmungou – solta o verbo.

– Eu também não sei nada sobre vocês, seus estranhos.

– Não somos estranhos – sorri – só temos energia de mais.

– Não gosto de falar sobre mim, vamos deixar que com o tempo aprendemos mais coisas sobre uns aos outros.

– É bem melhor assim – Nico deu um sorrisinho – e aí até lá você já tenha ido parar na minha cama.

Nico dá em cima de toda garota, perder feio pra ele já está até no meu dia – a – dia.

– Talvez não.

– Talvez sim.

– Desculpe interromper o elo entre vocês dois – digo olhando para o celular – mas temos que ir.

– Perciana, você já quer ir? – Thalia me olhou dramática – desde quando você chega cedo em casa?

– Só estou indo porque quero comer bolo azul.

– Bolo azul? –Annabeth pergunta com um vinco na testa.

– É que o garanhão aqui ama azul – Thalia dá uma piscadela – comida, roupa, pessoa, tanto faz, ele ama azul.

– E você ainda diz que não é estranho. Que tipo de pessoa ama tudo que é azul? Seu estranho.

Sinto meu rosto esquentar.

– Annabeth, se você continuar com essa sinceridade toda – virei o rosto – vai acabar se machucando.

– Percy querido – ela deu um sorrisinho – sua ameaça não me atinge.

– Pois deveria.

– Está mesmo me ameaçando Percy? – Annabeth ergueu as sobrancelhas – se eu fosse você ficava quieto.

– Pensei que você fosse uma pessoa melhor, não uma Thalia da vida.

Ouvi Thalia murmurar um “vai catar coquinho” ao meu lado.

– Não sou ninguém da vida, e se eu sou uma pessoa melhor ou não, o problema é meu.

– Vocês estão brigando por algo tão infantil – Nico diz irritado – Parem com isso.

– Olha só quem fala; o cara que briga com a Thalia até por causa do vento.

Nico fica calado e fecha a cara.

– Eu não sou infantil e foi o Percy que começou.

– Não, foi você, com essa sinceridade toda dando uma de sabidinha.

Ela ficou roxa e então começou a andar para longe.

– Vamos – Nico suspirou – Já era a tarde legal, vocês mal se conhecem e já estão brigando.

Ignorei o que ele disse. Fomos andando até o prédio. Entramos no elevador sem dizer uma única palavra, a tensão estava no ar.

– Bom – Thalia olhou para o teto – Até alguma hora.

Ela e Annabeth saíram do elevador e então a porta se fechou.

– Você é um idiota Percy.

– O que eu fiz?

– “O que eu fiz?” – ele tentou inutilmente imitar minha voz – discutiu com a Annie.

– E você discutiu com a Thalia.

– Mas com a Tha é diferente, eu e ela discutimos a todo instante e nos conhecemos desde pequenos, mas a Annabeth chegou ontem vocês já brigaram.

– Você fala isso só pra defendê-la, e eu? Estou ofendido.

– Você é um babaca Percy, você sabe.

O pior é que eu sei. Deveria ter calado a boca, mas só que eu não consegui se controlar.

– É, talvez.

A porta se abre, vou em direção a porta.

– Tchau Nikito.

– Tchau Perciana.

Rios um pouco, certos coisas nunca mudam.

Abro a porta e entro, quero evitar minha mãe. Então corro até meu quarto e me jogo na cama.

Eu sou um idiota por ter brigado daquela forma com a Annabeth, mas nem a pau vou pedir desculpas.

Fecho os olhos, talvez assim possa esquecer os problemas.