Dimittam escrita por Mereço Um Castelo, Luiza Holdford 2


Capítulo 1
Capítulo Único




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Havia um enorme espaço vazio ali. Não adiantava reorganizar o lugar, aquele espaço nunca conseguia ser preenchido por nada. Ou melhor, uma vez houve algo ali, algo bonito e inspirador. Mas estava perdido, e ele nunca mais reconquistaria aquele amor.

Havia perdido-o para seu irmão, aquele mesmo que jurou tornar sua vida um inferno, depois de ser tentado a se alimentar, a ser uma criatura imortal junto a Stefan. Mas ele se arrependia disso, se arrependia dessa situação toda. Só não tinha arrumado coragem de acabar com ela.

Damon estava tendo sucesso nessa empreitada. Já ouve um paraíso para Stefan, mas ele fora brutalmente arrancado dele.

Mas Damon não era o único culpado. Infelizmente, Elena tinha sua carga naquilo também. Relacionamentos são a dois, e o novo relacionamento entre os dois tão perto do termino de Stefan e Elena parecia... Errado. Era errado com Stefan, querer ver seu coração quebrado.


Sentado na sala de sua casa, se poderia chamá-la de sua depois que foi praticamente obrigado a sair de lá, sua única companhia era a figura loira que o encarava preocupada.

A lareira, a única luz do ambiente, lançava sombras fantasmagóricas sobre o cômodo que perseguiam Stefan em sua mente. Ele encarava o fogo sem reação, sua mente em um labirinto procurando um final que não existia, uma saída impossível. Estava tudo quebrado e não havia mais o que se fazer.

Tudo parecia girar, as sombras o cercavam, e tudo o que ele queria era dormir para nunca mais acordar, para esquecer a dor dilacerante no seu peito silencioso. Por quanto tempo ele poderia aguentar?

 - Hum... Stefan? – uma voz doce preencheu o ambiente, Caroline tentava ajudar seu amigo e suavemente o chamava – Se acalme, por favor.

 - Me acalmar? – a voz dele revelava uma fúria contida que não era dirigida a figura ao seu lado – Como você espera que eu me acalme depois disso?

Caroline o encarou sem reação. Ela não sabia o que falar, e entendia que ele não sabia como reagir. “Eu também não saberia” ela pensou.

 - Eu não sei o que fazer Caroline... – quando dirigiu o olhar de volta a Stefan, ele parecia chorar – Eu nem mesmo sei a quem culpar. Será que a culpa é minha? Talvez eu não tenha a amado o suficiente, mas eu te juro, eu a amei com todas as minhas forças.

 - Shiii, eu sei Stefan... – ela saiu de sua poltrona, sentando-se ao lado dele no sofá, colocando a mão em seu ombro – A culpa não é sua, é de Damon. Eu não sei que tipo de feitiço vampírico ele pôs nela, mas a culpa é dele. Elena parece realmente enfeitiçada.

 - Esse feitiço tem nome, chama-se sire bond – Stefan riu sem humor, sem nem mesmo olhar para ela – E se for para pensar bem, a culpa é... De Elena, ou minha, eu não sei. Ela tinha que ter sentimentos por Damon antes de virar vampira, mas eu não sei quem culpar por eles existirem.

 - Também não, mas me escute, você e Elena... Vocês eram perfeitos, entende. Eu via toda a atmosfera de amor que os cercava, como um mundo totalmente particular. Isso não pode ter acabado assim.

 - Mas acabou Care. Quando eu terminei com ela... Eu queria dar um tempo, sabe, um espaço para ela respirar. Não uma brecha para ela fugir. – então ele finalmente olhou diretamente para Caroline – Acho que todos temos a nossa parcela de culpa, mas eu pareço ser o único sofrendo na história. Aliás, como sempre.

Caroline tomou uma longa respiração, ela não queria ter que fazer isso com a amiga, mas deveria fazer isso por Stefan. Quando ela começou nessa nova existência, foi ele que a ajudou, e agora ele precisava de ajuda também.

E, no fundo, Caroline sabia que Elena estava errada. Ou ao menos nos conceitos dela. Damon nunca seria nada perto de Stefan, em sua visão. Caroline só conhecia o lado cruel, egoísta e assassino de Damon, e mesmo sabendo que pessoas podem ter seus momentos, os de Stefan não eram piores que os do irmão.

Elena nunca deveria ter trocado a segurança e o amor nos braços do Stefan por uma possibilidade em Damon. E, para Caroline, ela nunca conseguiria ser tão amada como foi amada quando estava com o Salvatore mais novo.

 - Certo – ela suspirou, falando mais para ela mesmo – Elena é minha amiga, mas sou obrigada a falar que ela está errada. Ela te trocou por nada, Stefan, por uma aventura estúpida. Você não fez nada de errado, ela que errou. Vamos sair dessa Stefan, por favor. Se martirizar não vai te levar a lugar nenhum.

 - E o que vai me levar a algum lugar? – ele perguntou amargo, porque em sua mente não havia solução.

 - Uma nova perspectiva de vida.  Ela não é a primeira e nem vai ser a última mulher a passar na sua vida Stefan, abra a mente para novas oportunidades.

 - Caroline, eu não tenho nem mesmo casa, que “novas oportunidades” eu deveria esperar? Eu já acho que criar uma esperança injustificável não me levaria a nada além de mais sofrimento, e eu já estou satisfeito, obrigado – ele rosnou, encarando mais uma vez o fogo que crepitava na lareira.

 - Qualquer outra coisa Stefan. Por que você não sai um pouco de Mystic Falls?

 - Porque amanhã mesmo eu estaria de volta. Aqueles dois idiotas – e ele se referia a Elena e ao irmão – não conseguiriam sobreviver um dia sem me ligar. Para resolver problemas eu sirvo, aparentemente...

- Então... – Caroline olhou para o teto, tentando pensar em algo, mas nada veio em sua mente – Droga Stefan, deixe de ser exigente e reclamão e aceite minhas ideias iniciais!

 - Me dê um bom motivo. – ele falou, sorrindo levemente, pois estava obviamente implicando com a loira.

Caroline... Ela era uma boa amiga. Estava o fazendo sorrir mesmo imerso naquela tristeza e solidão. Ela era o próprio sol de quem estava próximo a ela.

 - Você está estragando meu humor não me deixando sentir genial... – ela bufou, cruzando os braços feito uma garotinha.

 - É para combinar com o meu – o sorriso agora saiu triste.

 - Ah, Stefan, não faça isso comigo! – ela levou os dedos a bochecha, sentindo um trajeto úmido começar a se formar – Eu vou chorar assim.

 - Não, não chore. Eu, Elena, ninguém merece suas lágrimas – ele acariciou o topo da cabeça dela – Nós vamos ficar bem. – e então a abraçou, rodeando os ombros dela com seus braços fortes.

- Eu sei. Eu só não gosto disso. – ela murmurou contra o peito dele, e o som saiu abafado.

 - Eu sei... – ele sussurrou, mais para ele mesmo do que qualquer pessoa naquele cômodo – Eu já não posso mais ser uma sombra do amor que já senti.

O buraco no coração de Stefan ainda estava ali, latejante, mas com Caroline em seus braços... Ele parecia menor. Ele não era tão mal-amado assim, ainda existia alguém no mundo que se importava.

Que se dane a maldita Elena. Ela não o queria, preferia o irmão? Que seja. Ele também já não queria mais. Elena era um enorme fardo, e ele nunca tinha percebido.  Quer dizer, no começo não era, mas logo tornou-se. E agora o peso era todo de Damon.

Stefan agora era leve e livre para fazer o que quiser, desde que dentro de seus limites morais. Olhando por certo lado... Livrar-se – e ele não se sentia culpado em usar esse verbo - de Elena havia sido uma coisa boa.

Bem, sim, ele ainda a amava. Era o último espinho em seu coração. Mas deve-se amar quem te ama de volta, então Elena seria algo que Stefan trataria de... Deixar de amar.

Ele sabia que era quase uma necessidade. Era difícil ver uma solução, mas era pior viver com essas sombras assombrando cada pensamento. O amor que ele sentia agora era apenas passado para Elena, e deveria tornar-se passado para Stefan também.

Por isso, naquela noite, ele enterraria todos os fantasmas de Elena, todo sentimento bom dirigido a ela, e recomeçaria.

No fim, ainda doía, mas agora doía menos.

 - Ei Care, que tal... – ela soltou-se dele – Nós nos aproveitarmos do estoque de whisky do Damon? Até. O. Final.

 - Claro! - ela abriu um sorriso radiante – Eu acho a ideia maravilhosa!

Stefan correu até a adega no porão da casa, onde Damon também aguardava todo o whisky, e trouxe uma caixa cheia deles, jogando uma garrafa para Caroline.

- Eu quero fazer um brinde – Stefan ergueu a garrafa recém-aberta – ao estúpido do meu irmão e a vadia da Elena. Que sejam felizes, eles se merecem!

A cada nova garrafa, um novo brinde era feito. Na segunda, Caroline brindou o sangue da Elena, que fazia mais híbridos e, indiretamente, a trazia mais problemas. Mesmo que, agora como vampira, o sangue não servisse mais.

Na terceira, o brinde foi aos americanos, canadenses e irlandeses pela bebida que tomavam. E principalmente aos irlandeses, que de acordo com Caroline, trariam sorte a eles.

A quarta brindava a possibilidade de chorar. A quinta, os trevos de quatro-folhas, e a sexta, as joaninhas. A cada nova garrafa, o brinde era mais estranho, talvez para combinar com o nível de consciência deles.

 - Essa vai em nome – Caroline levantou a garrafa o mais alto que pode, enquanto ficava em pé na mesinha de centro – da burrice da Elena. Ela trocou o homem mais perfeito da face da Terra por... Nada, absolutamente nada! – e deu um grande gole – Se eu fosse ela, eu não o deixaria escapar tão fácil assim.

 - Espere... Homem mais perfeito da fase da Terra? – Stefan se deu conta das palavras de Caroline depois de alguns instantes. Por fora, ele queria parecer confuso, mas por dentro não pode deixar de sorrir com o elogio vindo da loira.

 - Claro. Você é bom, generoso, se preocupa, é altruísta, um ótimo namorado e estupidamente bonito. Se eu tivesse isso, eu não deixaria ir.

  - E eu também sou sombrio, atormentado e um tanto descontrolado... – ele se sentou no sofá, deixando a garrafa de lado – Todos esses seus elogios só valem porque eu me obrigo a ser assim. Não é meu verdadeiro eu.

 - Não diga isso, Stefan. – ela se sentou ao lado dele novamente, deixando a sua garrafa na mesinha de centro – Você é ambos. É tão bom quanto mau. Todos somos assim, na verdade, todos temos nossos dois lados. - e ela puxou o rosto dele para que olhasse em seus olhos – O que importa é qual lado deixamos vencer, quem nós alimentamos mais: o bem ou o mal.

 - Você sabe que meu lado mal é bem mais forte que o bondoso... – ele suspirou derrotado.

 - Não importa. Você diariamente luta contra ele, e isso é tudo. No fundo, você é bom só por não se deixar ser mal... – ela ponderou o que disse – Está certo que não fez muito sentido, mas você entendeu o espírito. Você já é bom por não querer ser mau.

Ele encarou os olhos claros e iluminados da loira, absorvendo o que ela disse. Talvez ela tivesse razão, mas não era exatamente no que Stefan pensava. Ela estava tentando ajuda-lo, ela falava palavras doces dirigidas a ela. Quando se viu sem esperança, ela estava ali.

Antes mesmo que notasse o que estava fazendo, seus lábios já estavam pressionados contra os de Caroline. Era doce e inocente, quase um “obrigado” por tudo que ela estava fazendo.

 - Desculpe. – ele se afastou - Eu não deveria ter feito isso. Desculpe-me mesmo.

E dessa vez, foi Caroline que beijou Stefan. Naquele momento, nada mais importava para ambos do que a suavidade de beijo que trocavam, a beleza do momento que compartilhavam.

Elena, Damon, Tyler, problemas, tudo foi esquecido naquele instante onde tudo girava... Neles.

 - Agora era eu que não deveria ter feito isso! – ela riu, e buscou a boca de Stefan novamente.

Eles se beijaram uma, duas, três vezes até que tudo aquilo já não era mais um simples beijo.

Nunca havia sido um simples beijo, na verdade. Eram duas almas que se sentiam solitárias demais, mas que finalmente se encontraram e se conectavam naquele momento.

Elena já não era mais suficiente, Stefan reparou, as coisas já não eram mais as mesmas. E Tyler... Tinha Hayley, e Caroline nunca saberia se eles já tinham se envolvido ou não, se o namorado ainda a amava ou não.

E, no fundo, não importava. O mundo poderia se explodir, desde que eles explodissem um junto do outro.


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Notas finais do capítulo

Hey pessoal!
É bem simpático da parte de vocês comentarem dizendo o que acharam! Prometo responder o mais breve possível e com muito amor ♥
Até a próxima!