Angel Rebel escrita por Jenny Sarfati


Capítulo 18
Ciumes


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui esta o novo capitulo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/377701/chapter/18

***QUINN***

–O que você fez a ela?-Brittanny perguntou me encarando.

–Nada que eu saiba.

–Ela esta diferente. A Rachel que eu conheço era alegre e parecia sempre estar nas nuvens. Essa nova Rachel tem um olhar de poder. Talvez não seja isso, mas acho que ela não gostou de te ver.

Ela não gostou mesmo.

–Vocês já tiveram alguma coisa?

–Brittanny...

–Quem vê, pensa que é santa. Vocês tiveram alguma coisa, não foi?

–Não, Não tivemos nada.

–Você finge que me engana e eu finjo que acredito.

Dei de ombros. Rachel acenou ao porteiro e seguiu em nossa direção. Realmente ela estava diferente, mas ela já deixou claro os motivos.

–Me perdoem a demora-. Falou com um tom de voz sem emoções.

Brittanny me fitou, levantando uma sobrancelha.

–Não sabia que você e Finn viraram amigos-. Comentei.

Sorriu um pouco debochada.

–Sou suportável ainda. -Sussurrou.

–Chegou quando Rachel?-. Brittanny perguntou.

–Tem alguns dias.

–Vai ficar quanto tempo por aqui?-Brittanny se virou para encara-la.

–Pouco tempo, é o que pretendo.

–Teremos tempo para uma balada?

Sorriu.

–Daremos um jeito.

–Não se esqueça da Santana-. Os olhos da minha irmã brilharam, me fazendo revirar os meus.

–Pode deixar, não vou esquecer.

Deixei Brittanny em casa longos minutos depois. Rachel continuou no banco de trás em silencio. Silencio era algo que não combinava com ela.

–Posso dizer uma coisa?-. Comecei de forma hesitante.

Me encarou.

–Você esta diferente Rachel. Não parece mais a mesma.

–Sou aquela que você pediu pra conhecer.

–Sua personalidade mudou.

–Continuo a mesma sem coração de antes. Realmente a decepção nos ensina-. Deu uma risada sarcástica.

A encarei quando o sinal fechou.

–Essa mudança é minha culpa?

–Não digo decepção vindo diretamente de você Digo que, faltava um empurrãozinho para eu acordar.

–Vamos nos tratar assim agora?

Bufou dando de ombros.

–Eu não tenho a sorte de apagar minha própria mente. Trágico isso.

Ela falava serio.

–Olha Rachel, eu sei que fui errada em te jogar a culpa. Eu fiquei nervosa.

–Ok.

O assunto morreu ali. Ela me acompanhou ate o apartamento, ficou na sala e eu subi. Harmony chegou minutos depois e não a vi mais na sala. Mas não tive clima para fazer nada com harmony, minha cabeça estava a mil.

–O que esta acontecendo Quinn?

–Dor de cabeça.

–Quer que eu fique essa noite?

Rachel estaria ali.

–Não precisa. O que preciso é dormir.

–Esta me dispensando?

–Não. Só estou dizendo que vou ficar insuportável

Sorriu.

–Se quiser eu posso fazer alguma coisa e...-. Tentou tirar minha camiseta.

–Não precisa. Vou ficar bem-. Segurei suas mãos e as afastei do meu corpo.

Afagou meu cabelo.

–Tudo bem. Te vejo amanha?

–Te espero para almoçar.

O silencio reinou depois que Harmony foi embora, segundos depois, Rachel estava de volta. Encolhida em um canto do sofá encarando o chão

–Vai ficar me encarando mesmo?-. Perguntou sem me olhar.

–Isso nunca foi problema para você

Me encarou, parecia perigosa vendo por esse ângulo.

–Você dispensou sua digníssima namorada para me enlouquecer?

Sorri.

–Eu te enlouqueço?

–Você entendeu. Não curto joguinhos Quinn.

–Não é o que parece-. Sorri, mas acho que ela não gostou nem um pouquinho da minha brincadeira.

–Vou deixar uns fios soltos pra você... Nem todo anjo é bom, todos os anjos são vulneráveis. E podemos mudar da noite para o dia, tipo a “personalidade”. Depende do humor e do que é nos passado.

–Esta falando serio?-. Meus olhos se arregalaram.

–Nunca menti pra você Agora se me permite e se ainda me quiser aqui essa noite. Pode me deixar sozinha? Ligue para sua namorada e divirtam-se no segundo andar. Com tanto que me deixe em paz-. Ela ainda não me olhava nos olhos.

Fiquei a sua frente.

–Olha pra mim-. Pedi.

–Quinn...

–Olhe e eu te deixo em paz.

Bufou me encarando.

–Esta com ciúmes?

Gargalhou.

–De onde tirou isso?

–Deixa-me deixar alguns fios soltos. Aqui na terra mulheres com ciúmes, ficam exatamente do jeito que você esta agora.

–Não vejo motivos pra isso-. Deu de ombros.

–Quer que eu te de os motivos?

–Quer mesmo falar sobre isso?

Droga!

–Você esta me enlouquecendo, sabia?-. Falei bem perto de seu rosto. Podia sentir sua respiração

Seu olhar estava diferente.

–Posso dizer a mesma coisa. -Se afastou, se encolhendo ainda mais contra o sofá. -Vamos ficar longe, ok? Isso vai ajudar. Li em uma revista.

–Revistas mentem.

–Então vamos fazer virar verdade. Boa noite Quinn.

***RACHEL***

Pensei que nunca ficaria sozinha, mas fiquei. Se Quinn soubesse o quanto estava sendo difícil ficar perto dela, talvez me entenderia. E sim, eu sei que estou diferente. Eu consigo perceber isso e de verdade, sei que é um mal sinal. Um péssimo sinal.

Durante a madrugada Quinn andou no quarto ,deitou, levantou. Foi ate o banheiro. Parecia que estava andando dentro da minha cabeça. Subi e fiquei da porta, não sei por quanto tempo fiquei encarando a porta branca ate eae parar de se mexer la dentro.

O relógio despertou, mas nenhum som foi ouvido. Desci e fiquei esperando que aparecesse. Mas isso não aconteceu. O telefone tocou e seguidamente foi a vez do celular. Quinn já estava acordada porque senti isso. Mas não atendeu a nenhum dos dois. Fiquei parada na escada, fiquei muito tempo parada ali. Ate que lutei com a parte egoísta em mim e subi.

As cortinas do quarto ainda estava abaixadas. Estava tudo igual, exceto por uma Quinn enrolada ate a cabeça em um cobertor. Me encarava.

–Não vai trabalhar?

Fez careta.

–Bom, quando se decidir me avisa. Estou lá em baixo-. Dei de ombros.

Seus olhos piscaram lentamente.

–Ta legal, o que você tem?

Mexeu o ombro. Me aproximei tocando sua testa.

–Quinn! Você esta queimando a febre.

Puxei o cobertor e ela se encolheu.

–Você precisa de um banho. Vou ligar para Brittanny.

–Não-. Falou com a cara enfiada no travesseiro. -Vou ficar bem.

–O que vocês tomam para baixar febre?

Me encarou.

–Eu nunca fiquei doente. Pode colaborar?-. Eu estava realmente preocupada, mas não queria deixar transparecer.

–No armário do banheiro deve ter alguma coisa. -Falou.

Revirei tudo no banheiro, ate achar algo que parecia fazer algum efeito. Ela desligava o celular quando me aproximei.

–Isso serve?

Sorriu.

–Serve. Preciso de agua.

Ta legal, ela esta doente e agua não se nega.

Eu pensei que depois do remédio ela melhoraria um pouco, mas ela apenas dormiu. E por muito tempo. Seu celular não parava de tocar e depois seguiu o telefone. Fiquei ali esperando algum sinal. Quando abriu os olhos, emitiu um som baixo e sua careta não era boa.

–Não acha melhor ir a um medico?

–Estou bem.

–Já vi mortos melhores. É serio Quinn. Você não parece nada bem.

Puxou o cobertor o jogando de lado, sua camisa estava colando nas costas. Empurrou a porta do banheiro e ficou lá por um tempo. Quando voltou, me encarou com um sorriso.

–Já melhorou?-. Estava torcendo para que ela dissesse sim.

–Gosto quando se preocupa comigo.

–Meu dever, não é mesmo?

Deu de ombros.

–Sam ligou, não acha melhor avisa-lo?

–Não Vou tomar um banho.

Voltei ao meu posto. Fiquei esperando ela voltar e quando voltou, parecia sempre pior da vez que havia sumido. Caiu na cama e dormiu por horas. Eu queria ligar para Sam antes que Quinn começasse a me pedir a cura. Há muitas coisas que as pessoas não sabem sobre nós, nem todo anjo cura, como nem todo anjo protege.

–Hei. -Chamou.

–To aqui.

–Vê se a febre abaixou. Por favor.

Sai da cadeira, me sentando a seu lado na cama. Ainda estava quente.

–Parece na mesma ainda. Você esta vermelha.

–Obrigada.

Sorri.

–Não sei como não falou ainda que eu que te coloquei doente.

–Foi você?-. Ficou séria de repente.

Bati em seu braço e resmungou.

–Me desculpe.

–Preciso levantar. Que horas são?

–Quase sete. Você passou o dia nessa cama.

Se afastou reclamando. Calçou os chinelos e abriu a porta levando o cobertor junto. A segui e sua viagem terminou no sofá

–Você não comeu nada o dia todo. Posso fazer uma sopa.

Me encarou com um sorriso.

–Pode parando. Só estou sendo gentil com você-. Falei antes que ela soltasse alguma idiotice.

Se levantou vindo em minha direção Me indicou tudo o que eu precisava. Ficou na cadeira me observando. Eu sei fazer sopas, Leroy me ensinou um dia. A campainha tocou e parei, a vendo se arrastar ate porta. Não demorou muito para a voz irritante assombrar o lugar.

–Meu amor. Você esta péssima.

Ótimo.

–Estou bem.

–Não esta Quinn. Eu sabia que deveria ter dormido aqui. -O tocou na testa. -Já comeu alguma coisa?

Me encarou.

–Não

Sai da frente quando a vi, vindo em minha direção

–Você ia cozinhar?- Sorriu. -Eu faço isso.

–Não precisa-. Quinn tentou a impedir.

–Precisa sim. Deite-se que eu resolvo tudo aqui.

Segui para sala, Quinn ficou me encarando deitada em seu canto e eu não consegui esconder meu desgosto. Eu iria cozinhar. Não que eu me importasse com isso, mas gosto de terminar o que comecei. Sem escolhas, esperei a outra terminar a lavagem.

Sinto muito”

–Ela só esta cuidando de você Não me importo-. Dei de ombros.

Sorriu.

Suas mentiras não tem mais tanta intensidade”

–Qual é a sua Quinn?

Deu de ombros. Harmony cantarolava na cozinha e era horrível. Fechei os olhos alguma vezes, só acho que eu deveria dar o fora. Quinn me jogou uma almofada.

“Esta dormindo sentada?”

“Não. Estou pensando.”

Sorriu.

“Em que? Posso saber?”

“Não.”

Harmony se sentou a seu lado acariciando seu cabelo. Quinn desviou o olhar de mim. Minha vontade era de trucida-la ali, mas daria muito na cara que havia sido eu.

–Por que não me ligou? Eu viria correndo cuidar de você

–Eu estou bem.

–Esta não. Esta doentinha e precisa de repouso. Cadê seu anjinho da guarda para proteger meu bebe?

Eu. Aqui.

 Quinn me encarou, mas disfarcei.

–Ele esta cuidando de mim.

–Esta não. Ele te deixou ficar doente.

–Diz pra ela que não sou medica. E nem vidente para saber quando o bebe dela fica doente.

Mais uma vez Quinn me ignorou. Meia hora depois Harmony gritava de algum lugar da cozinha, voltou com um prato raso e um caldo, ou agua com uma tonalidade amarelada. Não havia nada ali.

–Espero que esteja bom.

–Acho que vi um sapo mergulhando ali. -Falei.

Quinn fez careta, mas experimentou. Três colheradas e eu tinha certeza que aquela lavagem estava horrível

–Esta bom?

–Esta bom.

Harmony seria muito ingênua se acreditou nessa.

–Que bom, quer que eu passe a noite aqui?

Me encarou.

–Não precisa. Vou dormir até amanha.

–Tudo bem. Nos vemos amanha. Descanse.

Isso porque ela estava muito preocupada. Eu insistiria em ficar, mas... Quinn acenou da porta depois que ela jogou um beijo. Me encarou deixando o prato de lado.

–Não vai comer a lavagem?

Fez careta. Tentei experimentar, mas estava horrível

–Isso não tem gosto. Só tem agua.

Quinn caiu de lado cobrindo o rosto.

–Vou fazer alguma coisa que preste.

Me arrastei de volta a cozinha e ela me seguiu enrolada ate a cabeça com o cobertor. Se sentou em uma das cadeiras e apoiou os braços na bancada. Fingi não vê-la ali. A peguei sorrindo depois de algum tempo.

–Qual é a graça?

–Você falando sozinha.

Liguei o fogo.

–Eu não falo sozinha.

–Fala. Quer saber o que estava falando?

Neguei. Conferi sua febre e quase a fiz cair da cadeira.

–Muito delicada você-. Sua voz era ironia pura.

–Obrigada e sua febre esta abaixando.

Deitou a cabeça nos braços cruzados. Minha sopa foi mais rápido do que a da cobra ambulante. Joguei sua lavagem fora e servi Quinn. Esse passou um tempo encarando a sopa e eu quase enfiei a cabeça da infeliz na mesma.

–Não tem veneno, pode comer.

–Pensei que ia me dar na boca também-. Fez cara de inocente.

–Sua febre estragou seu cérebro Não, me esqueci que você é bipolar.

Puxou o prato e na primeira colherada, ela sugou o caldo. Fechei os olhos e ela parou.

–Esta bom mesmo.

–Ao contrario da sua digníssima, eu sei cozinhar.

Me encarou.

–Que foi?

–Nada.

Precisava falar com Sam.

–Vou sair. -Falei. Mas nem sei por quê.

Soltou a colher, se virando para me encarar.

–Vai me deixar sozinha?

–Você não é mais uma criança.

–Mas eu estou doente.

Não consegui segurar o riso.

–Não sou medica.

–Pessoas doentes não podem ficar sozinhas.

–Liga pra sua namorada.

Bufou.

–Dá pra parar com esse ciúmes e fingir que quer a presença dela aqui?

–Quinn!

Ficamos naquele silencio. Minha cabeça estava confusa.

–Eu estou tentando fazer direito, ta legal?!

–Fingir faz parte?

–Qualquer coisa que salve minha cabeça por um tempo, faz parte.

Deixou o prato de lado e me encarou.

–Também estou fazendo tudo errado.

–Pode parando por ai. Você não cumpre com o que diz, suas palavras podem não ser verdadeiras.

Me afastei, mas ela me puxou de volta.

–Eu não minto.

–Eu também não, mas ninguém quer saber disso.

Puxei o braço.

–Eu quero.

–Acredita que eu quero fazer tudo direito?

–Acredito. Só não acredito na mudança do motivo.

Respirei fundo.

–Mudei por ele.

–Mentiu.

–Por que eu mentiria a esse respeito?

–Pelo seu ciúmes. Eu já percebi isso.

Gargalhei querendo soca-la. Aonde ela queria chegar?

–O que você quer com isso? Aumentar seu ego?

–Não Ele já é grande o suficiente. Mas se isso te deixa feliz, eu admito. Não sou tão forte assim para fingir que nada aconteceu. Porque aconteceu e eu devia estar arrependida... Mas não estou.

–Quinn...

–Isso é loucura, não sei ate onde vai...Mas não serei eu a parar. Não tenho mais o controle da situação

–Quinn...

–Estou dizendo o que quer ouvir. Temos a noite toda. Aproveita e admita seu ciúmes ou vou tirar minhas próprias conclusões


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel Rebel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.