A Elfa Escarlate escrita por Koda Kill


Capítulo 25
Festinha clandestina


Notas iniciais do capítulo

Luna em uma festinha clandestina querendo esquecer seus problemas, alguma chance de isso dar errado? kkkkkkkkkkkkk



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Tentei olhar pela fresta do armário, mas não dava para ver muito longe. Fiquei em silêncio por um tempo tentando captar algum ruído. A barra parecia limpa. Sai do armário de supetão e quando vi que não tinha ninguém sai correndo em disparada para longe dali. Will me paga. Quando cheguei no corredor do meu dormitório quase esbarro em Ava. Desviei no último segundo, bati na parede e cai no chão me desequilibrando.

— Ai! – Reclamei. Ava colocou a mão no coração assustada.

— Pra onde você vai nesse desespero. Credo! Levei um baita susto.

— Só estava voltando da detenção.

— Algum motivo para chegar mais tarde? – A desconfiança novamente. Imagino o que ela faria com a informação que eu tinha acabado de vivenciar. Será que publicaria na primeira página do seu jornal de fofocas? Eu tinha visto o resultado das primeiras edições. Muita gente ficou irritada. Por sorte ela tinha feito tudo sem colocar o seu nome diretamente no papel e uma maga fazia as entregas para ninguém ser visto entregando os papéis. 

— Will ama me torturar. – Me levantei do chão com um gemido de dor.

— Will? – Perguntou levantando uma sobrancelha. – Você quer dizer o professor? – Mas que merda, porque eu tinha que chamar ele pelo primeiro nome logo agora? Excelente momento mesmo pra fazer isso.

— Sim, foi o que eu quis dizer. – Tentei colocar a cara mais inocente de todas. Eu sentia que ela não estava acreditando muito na minha história, mas com certeza não tinha provas o suficiente ainda para contestar nada além do fato de eu de repente chamar pelo primeiro nome o cara que eu só me referia como babaca. – E você, para onde está indo? 

Ela olhou para mim com uma cara travessa e conspiratória, se aproximou furtivamente e depois de olhar ao redor com cautela sussurrou.

— Estou indo para uma festinha clandestina, está a fim?

— Sim. – Respondi sem piscar. Não me julgue, eu precisava urgentemente de qualquer tipo de distração. Me recusava a pensar no que aconteceu naquele armário. Qualquer coisa servia, até mesmo Íris. Ava ficou muito surpresa por um instante esperando ter que me convencer a ir. Hey, eu não precisava ser convencida só me leve até a bebida.

— Ok, isso foi inesperado. – Disse recobrando a compostura. – Mas vá tomar pelo menos um banho, você está toda suada.

— Ah, certo. – Disse olhando para as minhas roupas. – Você me espera? – Ela revirou os olhos e voltou para o quarto comigo.

Ava me obrigou a me maquiar e me encheu de pó de fada de forma que eu fiquei com tanto brilho na cara que eu conseguia ver um caleidoscópio nos meus cílios. Não vou mentir, até que eu estava bonitinha no vestido branco que ela me emprestou. Mesmo assim me senti envergonhada de andar daquele jeito pelos corredores. Meu estado natural estava mais para pronta pra guerra que para a festa. Não que ela tivesse me dado muita escolha. Por sorte não tivemos que andar por muito tempo visto que o quarto da Íris era relativamente próximo ao nosso. 

Era estranho pensar que tinha uma festa rolando em algum lugar visto que tudo estava tão silencioso. Ava fez uma batida específica na porta e ela abriu magicamente. Tivemos que entrar bem rápido devido à altura da música. Magia de ninfa era muito interessante, eu tenho que admitir. Acho que aquela era a primeira festinha do instituto que eu comparecia. Mesmo assim era mais ou menos como eu imaginava que seria. 

Vagalumes espalhados pelo quarto, luzes apagadas, música nas alturas e garotas cintilantes de tanto brilho. Também tinha alguns caras, como era mais arriscado para eles serem pegos na ala feminina, poucos vieram de fato. Íris parecia ter saído literalmente de um conto de fadas. Isso sim é que é beleza. Encarei-a impressionada. Ela sentiu meu olhar e quando me viu revirou os olhos vindo na nossa direção. Adoro uma recepção calorosa.

— Luna! – Disse fingindo animação de uma maneira bem fraca. – Você está... até bem aceitável. – Vou aceitar isso como um mega elogio. – Ava que bom que apareceu! Temos muito o que fofocar!  – Disse ela puxando-a pelo braço e a arrastando para longe de mim. 

Íris

Me mexi desconfortável. Comecei a andar pelo quarto, para próximo de um cara qualquer que estava encostado na parede. Eu não o conhecia. Pelo menos era menos assustador do que me aproximar do grupo de ninfas purpurinadas que fofocam e davam risinhos.

— Hey. – Falei sem jeito. O cara pareceu surpreso e se endireitou.

— Oi – Nossa quanta empolgação. Por favor tente controlar um pouco, quase não estou aguentando.

— Onde está a bebida? – Melhor não enrolar muito. Ele sorriu e apontou para a penteadeira no canto do quarto. Era difícil ter certeza das formas que estavam ali no escuro, mas confiei que estavam mesmo ali. – Obrigada. – Sorri sem jeito e me afastei. 

Era interessante observar o habitat natural da Íris. Sua penteadeira estava quase sem nada em cima porque tinha uma tigela enorme com líquido dentro.  Suponho que essa seja a bebida e torci que fosse alcoólica. Era possível ver vários produtos de beleza discretamente posicionados. Tinha tanta coisa que fiquei me perguntando se ainda teria mais e para que serviria tudo aquilo. Tentei distinguir o que eram aproximando do rosto. Difícil dizer, no escuro ainda por cima.

Peguei um copo perdendo o interesse por futilidades e me servi da bebida. Soltei um suspiro aliviado quando coloquei na boca e percebei que sim, tinha álcool. Pelo menos para isso aquela festinha ia servir. Enchi o copo até o topo e passei os olhos pela sala novamente tentando pensar no que eu faria para passar o tempo. É muito difícil para mim fazer amizades ou conversar amenidades com pessoas aleatórias. 

Geralmente meu plano era beber em um canto calada ate esquecer meu nome e isso não parecia tão distante depois de todas as cervejas do bar. Me encostei na parede e me esforcei para não pensar em tudo que havia acontecido. Eu precisava urgentemente de uma distração. Sentia um arrepio involuntário quando meus pensamentos me venciam. Eu não queria pensar. Eu não conseguia lidar com tudo que estava acontecendo. Por isso mesmo eu caminhei até a rodinha que se formava no meio da festa. Sim, estou nesse nível de desespero.

— O que estão fazendo? - Tempos desesperados, medidas desesperadas. Íris me olhou com surpresa e um pouco de desdém. Tudo bem por mim, com isso eu podia lidar. Era o menor dos meus problemas.

— Nós vamos jogar Arrisca. - Eu não fazia ideia do que era isso, mas estava topando qualquer parada que me distraísse. Um jogo parecia uma boa ideia. 

— Quero jogar também. - Ava já começou a abrir espaço para mim animada.

— Você?! Jogar Arrisca? – Perguntou Íris com sarcasmo. Algumas ninfas deram risadinhas. Eu confesso que depois de todas aquelas bebidas no Ronneys e mais as da festa eu já estava alta. Talvez até bêbada. Sorri debochada.

— Manda ver. – Meu tom desafiador lançou mais risadinhas pelo grupo e Íris me encarou com um sorrisinho superior. Eu só queria tirar aquele sorrisinho da cara dela. Uma parte de mim queria ser aceita pelo grupo também, por mais patético que isso soe. Era a minha primeira vez em uma festa daquelas . Não queria ser excluída. E eu nem sabia que jogo era aquele.

— Tudo bem então. Vamos repassar às regras. – Todos começaram a se sentar em um círculo. A música diminuiu e alguém trouxe uma garrafa estranha. Dava para sentir o nervosismo e a agitação. Bom, não devia ser nada demais, era só um jogo de festa, certo? Ava tinha um sorriso maquiavélico no rosto que me deu arrepios. – Essa garrafa é enfeitiçada. Quando ela parar, quem estiver no gargalo responde, cada um vai girar a garrafa em sentido horário. Se você mentir, é amaldiçoado pelo resto da vida. – Espera o quê? Senti minha pressão baixar. – Se você não quiser responder pode virar uma dose e arriscar. O grupo decide pela maioria um desafio e você é obrigado a fazer ou será amaldiçoado por zombar da boa vontade do grupo. As perguntas não podem ser repetidas para a mesma pessoa. – Senti meu coração acelerar e as palmas das mãos começarem a suar. 

Onde eu havia me metido...Um jogo onde eu não podia mentir? Assinei minha sentença de morte sem nem perceber. Mesmo assim fingi que nada daquilo havia me abalado e mantive a pose de deboche. Era melhor que ela não percebesse o quanto aquilo poderia me prejudicar. Ela sorriu em meio aos risinhos do grupo e girou a garrafa, que caiu em um espadachin. Eu lembrava vagamente dele andando próximo a Cadman. Ava, que faria a pergunta, se ajeitou enquanto pensava.

— Quem foi a última pessoa com quem transou? – Era possível perceber a tensão no ar enquanto ele coçava a cabeça meio sem jeito. Nossa, já começou com perguntas bem… intensas.

— Com a Liz. – Uma das garotas na roda tapou o rosto que estava super vermelho enquanto todo mundo dava risadas. Ele se mexeu desconfortável, o que era até incomum para um espadachin. Geralmente eles tinham muito orgulho de suas conquistas sexuais. A ninfa em questão girou a garrafa rapidamente para acabar com o assunto. Senti meu coração martelar loucamente até que a garrafa caiu em Íris. 

— Já ficou com algum professor? – Perguntou Liz. Íris fez um suspense enquanto dava um gole em sua bebida.

— Bom, não sei se poderia dizer ficar, mas já dei um selinho no Hans. – Todas as cabeças viraram para mim. Nossa, minha paixão platônica por ele era tão óbvia assim?

— O que? – Perguntei antes de pensar. Esperei que uma maldição caísse sobre ela a qualquer segundo. Aquilo não podia ser verdade, certo? 

— Foi só um selinho Luna, não precisa fazer cena. – Senti um sangue subir para a minha cabeça. Eu não estava fazendo cena! Eu nem fiz nada! Não consigo imaginar porque Hans beijaria aquela idiota fútil. E tentando me humilhar ainda por cima. Mas não podia dar a ela o que ela queria. Então fechei a boca para esperar a oportunidade certa. Vendo que eu não falaria mais nada ela girou a garrafa novamente enquanto eu tentava controlar a minha raiva que queimava loucamente por dentro. A garrafa parou em Ava. 

— Você já traiu alguém que confiava em você? – Perguntou uma maga que eu não sabia o nome. 

— Eu arrisco. – Disse Ava se levantando. Varios risinhos pela roda. Confesso que aquilo me decepcionou um pouco. Eu definitivamente não podia contar nada sobre Yuri. Dei mais uns goles na minha bebida um pouco desconfortável. Ela foi buscar um copo de bebida cheio enquanto o grupo debatia.

— Eu sugiro que ela tire a blusa e fique sem até o final do jogo. – Meu queixo caiu. Os caras, claro, concordaram de cara. O que realmente me surpreendeu foi a maioria das meninas concordarem também. Eu fiquei calada, a maioria era clara. Quando minha colega de quarto voltou ela virou o copo de uma vez na frente de todos.

— Qual o meu desafio?

— Seu desafio é tirar a blusa e ficar só de sutiã o resto do jogo. – Ela deu de ombros sem se importar e jogou a sua camisa em um dos caras que estava ao meu lado. Aquilo era considerado normal? Nossa eu realmente não estava acostumada com aquele tipo de festa. Ainda bem que ela estava de sutiã por baixo. A garrafa girou novamente e quase tive um troço quando ela caiu em mim.

— Quem foi a última pessoa que você beijou? – Minha boca se abriu várias vezes sem que nada saísse dela. Todos me encaravam com muita curiosidade.

— Arrisco. – Falei por fim. Sem chance de falar o que tinha rolado mais cedo. Levantei e fui pegar o copo. Não queria nem pensar no que eu teria que fazer. O que quer que fosse era melhor que a verdade. Pelo menos eu poderia beber uma boa dose antes de ter que enfrentar meu destino. – Qual o meu desafio? – A ninfa me lançou um olhar maldoso.

— Você vai ter que limpar néctar do tanquinho do Erick usando só a sua boca. – Senti meu rosto virar um pimentão.

— O q-que? – Gaguejei. Erick já estava tirando a camisa. Eu teria que fazer isso na frente de todas aquelas pessoas? Sentia que eu ia morrer.

— Prefere a maldição Luna? Adoraria te ver andando por aí com uma cauda. – Perguntou Íris fingindo estar brincando. Respirei fundo algumas vezes. Alguém correu para pegar o néctar e colocou um pouco na barriga de Erick. Ele sorriu com o gelado. Liz me encarava parecendo irritada. Que divertido. Lamber a barriga do menino com sua garota me observando atentamente. Aposto que ela foi contra.

Eu não sabia nem como reagir diante daquela situação absurda. Tenho certeza de que meu rosto estava corado. Me ajoelhei na sua frente. Eu pensava que o desafio seria beber água da privada ou fazer uma pegadinha com um professor, e não... Aquilo. Encarei Erick que parecia tímido pensado se seria tão mal assim andar com uma cauda por aí. Era melhor acabar com aquilo de uma vez. Segurei o cabelo com uma mão e tentei ser o mais rápida possível. Senti seus músculos contrair e relaxar enquanto ele dava risadinhas.

— Isso faz cócegas. – Disse rindo. Me afastei limpando a boca.

— Ainda está sujo. – Apontou íris. Ela era realmente cruel. Sentindo vontade de morrer e um ódio mortal de íris, puxei os resquícios com a língua e levantei. Ainda era melhor do que falar que eu beijei o Will. Pelos olhares dos caras eles haviam aproveitado aquilo muito mais que eu.


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Notas finais do capítulo

Essa festinha ta só começando hein



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