A Elfa Escarlate escrita por Koda Kill


Capítulo 18
A volta pra casa e o chato no Ronneys


Notas iniciais do capítulo

Hora da nossa elfinha voltar pra casa depois de tanta emoção kkkkkkk o que será que aguarda ela no instituto?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/377234/chapter/18

Acordei sobressaltada com uma sensação de pavor e pânico. Sentei na cama de uma vez com a respiração ofegante depois de mais uma leva de pesadelos sufocantes e sem fim. Estava tão atordoada que levei um tempo para que eu conseguisse entender onde eu estava naquele momento e que AINDA não estava numa prisão. Na verdade eu estava sozinha no quarto escuro de Yuri.

Será que eu havia perdido a hora? Quanto tempo ainda tinha? A sensação é que tudo daria errado a qualquer momento. Levei alguns segundos para me situar. Seu quarto estava frio e vazio. Ele não estava em nenhum lugar a vista. Acordar naquela cama imensa sozinha não estava ajudando com esses sentimentos de desespero. Tentei me acalmar por alguns instantes, apelando para a minha racionalidade. 

Não haviam janelas que eu pudesse conferir a altura do sol, mas eu conseguia escutar um farfalhar de papéis no quarto ao lado. Tentei me convencer de que estava tudo sob controle, mas meu coração não parecia se deixar convencer. Eu só queria poder relaxar e curtir com ele. Será que um dia isso será possível? Ou será sempre manchado de medo e tensão?

Coloquei sua blusa que estava jogada no chão e depois de respirar fundo algumas vezes e ter certeza de que minhas orelhas estavam escondidas no meu cabelo sai para o seu escritório. Yuri estava sentado em sua mesa imerso em uma pilha de papéis. Seu rosto parecia preocupado enquanto ele apertava um charuto entre os dentes. O quarto estava tomado pela fumaça misturada ao seu perfume pungente. Não era um cheiro ruim. Na verdade eu meio que gostava.  Era meio amadeirado e inebriante. Ainda mais com aquela visão tão sensual do seu rosto perigoso e seu corpo musculoso. Eu ainda tinha tempo, tentava me convencer.

— Oi. - Falei timidamente. Ele levantou seu olhar distraidamente e fixou seu olhar em mim. Seu olhar passeou longamente pelo meu corpo antes de responder

— Bom dia meu amor. - Meu coração deu um pulo ao ouvir essas palavras. Me encolhi timidamente tentando esconder que estava com tão pouca roupa. Não sei o que eu estava pensando. Talvez não estivesse pensando na verdade. Yuri se levantou e me deu um abraço cheirando meu pescoço e arrepiando minha pele.

Então o seu celular tocou me assustando um pouco. Depois de tantos pesadelos, não era difícil de imaginar que eu estava assustada. Eu devia estar louca de ter ido até ele. De entrar num prédio humano e estar dormindo tranquilamente. Mas não conseguia me arrepender enquanto ainda estava ali sentindo seu perfume e tudo parecia tão certo, apesar de tão errado ao mesmo tempo. Ele se afastou em direção à mesa e atendeu.

— Fala. - Disse secamente. Quase parecia outra pessoa, o que me assustou um pouco, devo admitir.  Escutei a voz na outra linha falando: “ Eles estão a caminho.” Yuri suspirou cansado. Ele não parecia ter dormido muito. - Certo, estou indo. - Ele desligou o celular e encarou seus papéis por alguns segundos antes de me encarar novamente. - Eu tenho que ir trabalhar.

— Tem certeza que não pode ficar mais um pouco? - Perguntei pesarosa, não esperava que fosse passar tão rápido. Achava que ainda tínhamos algum tempo antes de ter que partir. E afinal, ele não trabalha ali no restaurante? Aquilo não fazia muito sentido. E era final de semana cacete, será que os humanos contavam os dias diferente também?

— Não posso, tenho mesmo que ir. Vou pedir a Petrov que leve você para casa está bem? - Senti um arrepio.

— Você não pode nem mesmo me deixar? - Tinha medo de ficar sozinha com outros humanos. Mas que outra alternativa eu teria? Pedir carona na estrada? Devia achar bom que pelo menos seria alguém que trabalha com Yuri, mas me sentia apavorada. Também queria um pouco mais de tempo com ele. Tentei controlar minha cara de decepção.

— Desculpe. - Disse simplesmente. - Junte suas coisas, sim? Ele logo virá te buscar e não quero que ele te veja assim. - Puxei sua blusa envergonhada tentando deixá-la mais longa.

— Tudo bem. - Respondi tentando não me sentir tão patética e carente. Yuri veio até mim uma última vez e me beijou apaixonadamente antes de se afastar ofegante e me olhando uma última vez ele deixou a sala. 

Senti meu coração afundar e um vazio tomar conta de mim, mas não tinha tempo pra isso. Tinha que me vestir antes que Petrov chegasse. Eu definitivamente não queria que outro humano além de Yuri me visse com tão pouca roupa. Juntei todas as minhas coisas e comecei a conferir se não estava esquecendo nada, não podiam haver provas da minha presença ali. Quando abri a cômoda ao lado da cama, ofeguei estupefata. Ali dentro havia aquele objeto prata que eu havia visto no beco. Antes mesmo que eu pudesse entender para o que eu estava olhando escutei a porta do escritório se abrindo e então fechei a gaveta com força. Meu coração batia tão rápido que parecia que eu iria passar mal. Minhas mãos suavam e tremiam um pouco, mas tentei disfarçar. 

— Senhorita? - Falou Petrov.

— Estou aqui - Falei saindo de uma vez e quase esbarrando nele. Não gostava daquele cara. Sentia uma energia assustadora vindo dele. Mas não sabia explicar ao certo porquê. Seus olhos eram muito escuros e pareciam demoníacos. Mas podia ser só impressão minha, preconceito com humanos. Ou até mesmo o medo falando mais alto.

— Vamos? - Apenas acenei enquanto ele me levava para fora. 

Tentava olhar para o chão e chamar o mínimo de atenção possível. Queria me encolher em uma bola. A viagem até a floresta passou como um borrão. Eu estava tão tensa que mal me mexia e me sentia ainda mais enjoada que o normal. Quando tinha que passar as instruções tentava fazer de forma mais breve possível já que sentia que se falasse muito mais que palavras iam sair da minha boca.

Ainda assim, cheguei tranquilamente na floresta. Houve um momento de tensão e estranheza quando pedi que ele parasse no meio do nada. Senti que ele ficou tenso e alerta e sua mão pareceu buscar uma arma no casaco. Ele devia ter uma faca escondida ou sei lá. Assim que usei meu charme élfico e o tranquilizei, mandando-o esquecer de tudo, ele foi embora sem mais palavras.

Encarei a floresta por alguns segundos antes de começar a voltar para o instituto. A volta foi mais rápida do que eu esperava. Rápida até demais. Eu devia estar feliz, não é? Porque me sentia tão pra baixo e esquisita? Não conseguia entender. Talvez fosse o medo de ser descoberta. Ainda tinha um certo tempo livre então resolvi corroborar com meu álibi e desviei do instituto em direção ao Ronneys. 

Parei esbaforida, e recuperei o fôlego antes de entrar. Respirei aliviada de certa forma, já que tinha retornado com vida sem que ninguém nos visse. Que eu soubesse pelo menos. Sorri sem querer ao lembrar dos nossos momentos proibidos e beijos roubados. Não ter nenhuma vida social finalmente estava compensando um pouco. Sentei na bancada e dei longos goles na bebida oferecida pelo garçom. Será que eu podia me permitir ficar feliz por alguns momentos? Virei a bebida de uma vez e fiz sinal para o atendente encher de novo. Segurei a manga do garçom e virei mais uns dois copos antes de deixá-lo ir. 

Senti meu corpo esquentar como quando Yuri me beija e sorri mais uma vez como uma idiota. Por sorte ninguém ali ligava para isso. É por isso que eu amo esse lugar. Um brinde à não estar morta ainda. Fiquei ali até sentir que estava completamente intoxicada aproveitando cada segundo da sensação de alívio e felicidade que ainda me restavam antes que o pânico desse as caras novamente. Talvez fosse bom esperar o amanhecer para não ter que escalar o muro do instituto.

Ainda tinha algumas boas horas então cogitei dormir ali mesmo no balcão. Quando estava quase flutuando na corrente do sono, um barulho de uma caneca batendo no balcão me despertou. Levantei a cabeça desorientada murmurando coisas sem sentido. Meus olhos mal abriam, estavam tão pesados. Então só deitei de novo. Pouco tempo depois o barulho novamente. Aquilo não era comum no Ronneys. 

— Dá pra bater a caneca mais devagar? – Disse esfregando os olhos e com a fala toda embolada. 

— Aqui não é lugar de dormir. – Novamente o barulho da caneca ainda mais alto. Senti minha irritação crescer e o sono ir embora de vez. O pior é que eu conhecia aquela voz desgraçada. Encarei Will com raiva. Era a primeira vez que eu o via com o cabelo solto, era ainda maior que o meu e tão preto. Acho que tão preto quanto sua alma chata. Revirei os olhos e sorri com ironia.

— Claramente você não vem muito aqui. – Fiz sinal para o garçom trazer mais uma caneca.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eitaaaaaaa Luna e Will bebendo juntos? O que será que vem por ai?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Elfa Escarlate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.