Nacht Des Jagers escrita por Sweet Lolita


Capítulo 2
Capítulo I - Hunter Vanguard


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora.
Agradecimentos: Obrigada Flandre Scarlet, Sweet e LadyShelley por lerem e comentarem o prólogo. E muito obrigada, LadyShelley, por favoritar a fic.
Espero que goste, boa leitura!



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– Ah, já vai, Christa? Acabei de preparar uns biscoitos... - decepcionada, disse dona Mercedes.



- Sim, desculpe. - respondi - Já estou atrasada e minha tia pediu para que voltasse mais cedo hoje por causa dos desaparecimentos recentes.



- Certo, então... Você virá amanhã? - perguntou.



- Claro! - respondi - Tchau Lúcia!



- Tchau! - despediu-se Lúcia, acenando para mim.



Peguei meu casaco que se encontrava jogado sobre as costas da poltrona do quarto de Lúcia e fui embora. Ao completar quatorze anos, me ofereci como jovem aprendiza de pedagoga teria que auxiliar crianças que sofriam com câncer e foi quando fui designada a auxiliar Lúcia, uma menina um ano mais jovem que eu que sofria com leucemia. Interessei-me pela história dela, sempre fora uma menina vaidosa, bonita, meiga e com vários amigos, porém, quando desenvolveu o câncer, teve de abandonar tudo e passou a ser mantida em casa - saindo apenas para quimioterapia -. Seus amigos sempre a visitavam, mas com o passar do tempo, acabaram se esquecendo de Lúcia e então, sem amigos e sem cabelo, ela entrou em depressão e seu estado médico piorou. Sua mãe largara o emprego para fazer companhia à menina, enquanto o pai se esforçava em dois empregos para sustentá-las. Acabei me tornando a melhor amiga de Lúcia. E dia após dia, rotineiramente, eu a visitava depois do colégio e ia embora pouco antes do crepúsculo, mas naquele dia acabei ficando mais tempo na casa da família Mercedes. Com certeza minha tia estaria preocupada, o índice de desaparecimentos na cidade sempre fora alto, porém, os casos ficaram mais frequentes, aumentando subitamente o índice.



Saí correndo pelas ruas em direção a minha casa, morava longe e sempre pegava um ônibus para voltar, mas naquele horário não haveria nenhum ônibus disponível. Por sorte, conhecia um atalho, não muito seguro, mas que faria com que chegasse mais rápido em casa. Seguindo pelo atalho, teria de passar com um bairro residencial pouco habitado que lembrava uma cidade fantasma, sempre tivera medo de passar por ali. As ruas estavam escuras, fracamente iluminadas pelos postes antigos cujas lâmpadas já falhavam. O céu estava repleto de nuvens acinzentadas que cobriam as estrelas e a lua, mesmo assim, era possível ver o satélite que se assemelhava a lâmina de uma foice. Um vento frio soprou, trazendo consigo um assovio maquiavélico, abri o casaco em minhas mãos e o vesti para me aquecer. Pensamentos de insegurança vieram a minha mente, então, eu apenas sorri, pois um sorriso sempre me fazia bem. Comecei a sentir uma estranha sensação, como se não estivesse completamente sozinha ou que algo ruim estivesse prestes a acontecer. Assustei-me por um momento ao ouvir um som alto e estranho, mas que eu conhecia. Por reflexo, olhei diretamente para a direção da qual havia vindo o som, era um corvo que estava pousado sobre a lâmpada de um poste, o que era estranho, afinal, não havia corvos pela cidade. A ave continuou a corvejar e, por mais estranho que pareça, tinha a impressão de que ele me encarava. Fiquei ali por um momento, inerte e o observando, até que um vento soprou novamente e em meio ao seu assovio, pude ouvir claramente um sussurro que chamava por meu nome. Um arrepio gélido percorreu por minha espinha e decidi voltar a caminhar, desta vez, com meus passos acelerados. A cada passo dado, o som emitido pelo corvo ia ficando mais alto, o que piorou toda minha "paranoia". Parei por um momento, queria muito olhar para trás, mesmo sabendo que aquilo seria um erro. Então, lenta e hesitantemente, contei até três e me virei rapidamente, deparando-me com o vazio e escuridão da rua. Suspirei, aliviada por não haver ninguém ali além de mim. Virei-me novamente para seguir em frente quando me deparei com um sujeito, fiquei espantada por um momento, porém, tentei me controlar para não demonstrar nenhuma emoção de medo. Era um homem alto, pálido com traços envelhecidos - aproximadamente uns quarenta anos -, cabelos castanhos que iam até seus ombros e olhos estranhamente vermelhos.



- Oi? - falei, porém, minha voz estava tão fraca que mais parecia um murmuro.



- Menininhas não deveriam andar por aí sozinha, ainda mais a noite. – repreendeu. Não que ele fosse assustador, mas deixava a atmosfera pesada e tinha um olhar intimidador.



- Des-Desculpe... - gaguejei - Estava indo para casa.



- Está se desculpando...? - perguntou com uma pontada de ironia - Ora, não precisa se desculpar.



Abaixei o olhar e assenti.



- O senhor pode me dar licença, por favor? - perguntei.



- Ah, já vai? - gargalhou.



- Sim... Eu preciso ir. - respondi.



- Primeiro. - ele pegou o meu queixo, fazendo com que eu olhasse em seus olhos - Sempre quando falar com as pessoas, deve-se olhar para elas. Sua mãe não lhe ensinou isso?



- Desculpe, minha mãe morreu quando eu tinha sete anos. - falei.



- Certo, isso é uma pena. - ele revirou os olhos - Enfim, eu não quero que você vá agora...



- Eu... Tenho... Que... Ir... - pronunciei com cautela cada palavra.



Ele sacudiu a cabeça lenta e negativamente, engoli em seco. Movendo apenas os olhos, olhei ao redor, procurando por alguma saída, decidi que iria contorná-lo e sair correndo. E assim o fiz, porém, fui agarrada pelos ombros e lançada contra um prédio, minhas costas doíam, não era capaz de me levantar e aquele homem era incrivelmente forte. O homem se aproximou, agarrando-me pelo pescoço e me erguendo, um sorriso sádico surgiu em seus lábios e foi se alargando.



- Por... Por favor, me deixe ir embora. - choraminguei, aquilo estava me sufocando.



Em meio a tossidos, tentava me livrar de sua mão, uma tentativa em vão. Ele gargalhou. Mas quem era ele?! Ou melhor, o que ele era? Nenhum ser humano seria tão forte, certo que sempre fui muito leve, mas nem tanto.



- Será algo bem rápido e por você ser muito bonita, não vou te machucar. - ironizou - Por acaso é descendente de alemães?



- Meus avós... - respondi.



- Que menina educada, mesmo numa situação dessas, me responde, o que mais me irritava em minhas vítimas era que elas sabiam apenas chorar. - falou.



Num movimento rápido, tive meu corpo aproximado do dele e em seguida, passei a ser segurada pela cintura, virada de costas para ele. Observei sua boca se abrindo, expondo seus dentes que mais pareciam caninos. Arregalei os olhos e gritei, senti algo como lâminas penetrando meu pescoço, doía bastante. Minha cabeça girava, sentia-me tonta e fraca enquanto um cheiro nauseante de sangue se manifestada. Ouvi um som agudo, parecia um tiro. E então, o homem deixou com que eu caísse ao chão. O olhei por um momento, observando uma horrível ferida em seu ombro esquerdo que se regenerava, olhei para frente, avistando três jovens, dois homens e uma mulher, ambos usavam trajes negros e portavam pistolas, o autor do disparo era o mais alto, que estava entre os outros dois e carregava um fuzil.



- Geoffrey Clark. - rosnou o atirador.



Geoffrey observou sua ferida se cicatrizar com uma expressão hostil estampada em seu rosto, mas após a cicatrização ficou mais calmo, voltando a uma expressão irônica.



- Minhas crianças! - sorriu, abrindo os braços - Como é bom vê-las novamente.



Olhei novamente para os três jovens, ambos mantinham expressões sérias e frias enquanto encaravam Geoffrey. Fiquei confusa, não entendia a situação, eles se conheciam? Eram inimigos? Por que aquele estranho homem me mordeu? Minha cabeça doía demais para que pudesse pensar em algo, simplesmente fingi estar incapacitada e observar tudo.



- Bom o caralho. - disse o atirador - Ainda bem que chegamos a tempo, senão, você teria feito outra vítima. - ele olhou para mim - Agora é o fim da linha, Geoffrey, você será aniquilado, vampiro imundo!



V-Vampiro?! Arregalei os olhos, aquilo era surreal! Nunca imaginei que seres assim existiam. Será que eu estava sonhando? Pisquei várias vezes para me certificar e continuava a mesma imagem, não era um sonho. O vampiro riu e outro tiro fora disparado, atingindo sua perna. Ele estremeceu por um momento e continuou imóvel, apenas esperando que a ferida se cicatrizasse. Geoffrey saltou contra um prédio, socando a parede para que surgisse um buraco da qual pudesse se apoiar. Foi disparado mais um tiro, porém, o vampiro desviou, saltando contra outro prédio e depois saltando sobre a garota. Era tudo tão rápido que chegava a ser difícil acompanhar todo o conflito. Ela ergueu sua pistola, atirando contra o vampiro e acertando o lado direito de seu peito. Geoffrey caiu ao chão e em seguida saltou novamente, distanciando-se dos três, a ferida feita no peito estava demorando mais a se curar. Parecia que era a oportunidade perfeita para que os três atacassem. Com suas armas firmes em punho, eles correram em direção ao vampiro e dispararam. Ele desviou de dois dos três disparos, sendo o terceiro que acertou de raspão sua barriga. Geoffrey saltou em direção a um prédio, usando-o para dar impulso para saltar ao outro e ao chocar-se com o prédio da qual havia se dirigido, caiu ao chão. Com um pouco de dificuldade ele se levantou novamente, parecia enfraquecido. A garota correu em direção a ele, tentou disparar, porém, parecia que sua munição havia acabado. Então, ela deu de ombros - o que me surpreendeu - e jogou a pistola para o alto, retirando um punhal de sua calça. Ao aproximar-se mais de Geoffrey, o vampiro ergueu o braço na intenção de se defender, a garota atravessou o punhal no braço do vampiro, mas acabou sendo lançada para longe, caindo sobre seus parceiros. Geoffrey estava ofegante e lentamente suas feridas iam se fechando, sua roupa já estava completamente manchada com seu próprio sangue, após estar curado, ele gargalhou, vitorioso. Olhei para os três jovens, lentamente eles se levantavam e os dois davam apoio à garota que parecia ter se machucado.



- Vocês são um bando de fracassados! - ele riu - E novamente eu, Geoffrey Clark, irei escapar graças a vocês. - ele olhou para mim, alterando sua expressão irônica novamente, voltando àquela expressão hostil - Bom, pelo menos desta vez conseguiram me dar algum prejuízo, não consegui alimentar-me dela até que seu sangue acabasse. - aquilo estava me assustando e o vampiro conseguia sentir todo o meu medo - Não pense que te esquecerei, menina. Eu voltarei para terminar o meu jantar!



Olhei novamente para os jovens e eles retribuíram meu olhar, os olhares deles pareciam angustiados, decepcionados, como se estivessem tentando me dizer "sentimos muito". Deixei com que um longo e pesado suspiro escapasse por meus lábios, fechei os olhos e abaixei a cabeça, derrotada. Iria mesmo ser perseguida por um vampiro até meu doloroso e amargo fim? Abri os olhos e levantei a cabeça, voltando a olhar para Geoffrey. Ele caminhou, dando apenas alguns longos passos, até distanciar-se do prédio da qual se apoiava. E por fim, abriu seus braços e jogou a cabeça para trás, dando uma alta gargalhada que ecoava por meus ouvidos. Minutos depois, ele se recompôs, curvando-se sobre seus próprios joelhos, enxugando as lágrimas que haviam se formado em seus olhos. Finalmente, ele voltou a sua postura comum.



- Adeus, minhas crianças, espero vê-las novamente... - despediu-se - E então, tomar seus sangues.



Um brilho laminado surgiu em contraste com a escuridão e pronto para ir embora, Geoffrey parou por um momento, arregalando seus olhos que antes tanto brilhavam. A cabeça do vampiro caiu ao chão, deixando seu pescoço exposto jorrando sangue e segundos depois foi seu corpo que tombou, revelando uma figura baixa. Era uma garota que carregava consigo uma espada katana. Pálida, magra, com cabelos lisos, longos e negros e apenas depois de levantar sua cabeça pude perceber seus olhos avermelhados, iguais aos do vampiro, seus lábios também eram vermelhos, tanto que era quase impossível de se acreditar que eram naturais.



- Incompetentes... - falou numa voz calma e alta o suficiente para que todos pudessem ouvir, ela mantinha uma expressão fria e séria e, mesmo olhando em seus olhos, era impossível de se adivinhar o que ela estava pensando. O olhar dela era como o daquelas pessoas que amavam absolutamente nada.



- Don-Donzela! - os três pareciam assustados - Nos desculpe! Quase que o pegamos dessa vez...



- Calem-se! - interrompeu - Quase não é o suficiente, se não fosse por mim ele teria fugido novamente, ainda bem que interferi. Vocês disseram que seriam capazes! Como irei acreditar em vocês?!



Eles abaixaram suas cabeças.



- Pelo menos... Conseguimos salvar a vida da vítima. - murmurou a garota.



A Donzela olhou para mim.



- Pelo menos isso. - suspirou. - Vejo que chegou a ser mordida.



Olhei para os três.



- Hei, estou falando com você. - chamou a Donzela, fazendo com que voltasse minha atenção a ela - Qual o seu nome?



- C-Christa Rorhmann. - respondi.



- Quantos anos você tem? - perguntou.



- Quatorze! - respondi.



Ela abaixou a cabeça, pegando seu próprio queixo.



- Ajudem-na, é o mínimo que podem fazer, ela ainda está sangrando. - ordenou.



Os três correram em minha direção, ajudando-me a levantar.



- Como está se sentindo? - perguntou a garota.



- Bem, só um pouco tonta. - murmurei.



O jovem mais baixo rasgou uma parte do meu casaco e o enrolou em meu pescoço para conter o sangramento.



- Donzela, o que faremos? - perguntou o mais alto - Ela já viu coisa demais, sabe da existência desses seres demoníacos.



- Ora, não podemos fazer nada além de recrutá-la. - respondeu, ela parecia tão pouco se importar.



- Não estou entendendo direito... - falei.



- Apenas tente ser flexível. - falou a garota.



- Claro, mas... Recrutar para que? - perguntei.



- Vamos nos apresentar. - disse a garota - Eu sou Petra Whitehill, o mais alto ali é o James Levor e o mais baixo é o Ezio Cavendish. Ela é a nossa líder, Donzela.



- Mas qual é o nome dela? - perguntei.



- Ninguém sabe. - disse Ezio.



- Apenas chame-a de Donzela. - respondeu Petra - Enfim, sabe aqueles seres das histórias de terror que seus pais contavam pra você ser obediente? Tais como lobisomens, demônios, vampiros...? Então, eles existem e somos uma organização dedicada a caçá-los, caso contrário, a humanidade seria extinta.



- Entendi. - murmurei - E aquele vampiro?



- Não se preocupe, ele está morto. - disse James.



Toquei o local da mordida, me tornaria uma vampira também?



- Ah e sobre sua mordida, não precisa se preocupar com isso também, era apenas um vampiro comum, isso não te tornará uma vampira. - disse Petra - Apenas se fosse um sangue-puro que você seria transformada.



- Sangue-puro? - perguntei.



- Sim, existem três classes: os vampiros comuns. Os vampiros sangue-puro, que são os mais fortes, com maior capacidade de regeneração e únicos capazes de transformar outros vampiros. E os híbridos, que são a mistura de vampiros com humanos, mas eles não existem, são considerados impuros e são mortos antes mesmo de seu nascimento. - respondeu.



- Bem... Percebi que a Donzela é diferente, ela é um vampiro também? - perguntei timidamente.



- Não, não. - respondeu Ezio - Ela é o único híbrido do mundo e mesmo assim, não é híbrido de um vampiro e sim de um demônio.



"Híbrido de um demônio" aquela frase me assustou um pouco. Donzela se aproximou de mim e estendeu sua mão, oferecendo-a. Um tanto hesitante, eu a agarrei e ela assentiu.



- Seja bem-vinda a Hunter Vanguard.




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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado! Qualquer erro, favor mencionar nos comentários. Não esqueça de deixar um review, por favor. Beijos! o/