Amante de Trouxas escrita por AHB


Capítulo 1
Amante de Trouxas




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Sim, era uma ato condenável. Duplamente canalha, porque aquela era uma época em que se falava de paz e do amor vencer a guerra e eu era um assassino. Segundo que aquilo que fazia seria uma tremenda vergonha entre os meus. Certo que nunca aconteceu nada em relação a ira de meus superiores, pois, para dizer a verdade, eu jamais as amei. Eram apenas mulheres, de uma linhagem inferior, mas apenas mulheres. Apenas a Jane eu via com certa frequência, não que sentisse algo especial, mas quando ela aparecia toda certinha, naquele parque trouxa onde a conhecera e desde então, tornou-se nosso ponto de encontro, com aquele uniforme branco... Achava tão divertido desfazer aquela pose de doutora-que-sabe-das-coisas. Ela ficava zuretinha, nua e rindo enquanto eu fazia sexo com ela. Me divertia muito com minhas amantes trouxas.

 

Era perceptível um certo asco por parte de meus colegas, sabidos de meus hábitos, mas todos sabiam também que não era fácil ser casado com minha prima moribunda. Não tinha vocação para Allan Poe. Para que velar a pálida Lenore, se haviam tantas damas mais cheias e coradas? Apenas hipocrisia, meus caros... O que esperar de um Comensal da Morte?  Admito que era doido pela ancas de Jane. Havia belas mulheres entre as nossas, mas nenhuma delas possuía a irresistivel inocência de Jane prescrevendo cuidados aos meus dentes amarelados, depois de tê-la fodido em algum quarto barato.

 

Então, certo dia, ela sumiu. Talvez tivessem-na pego, talvez tivesse arrumado alguém da laia dela. Não me importava, por mais que fosse sentir falta de destruir os botões do uniforme de Jane.

 

Alguns meses depois, chegando em casa após uma noite particularmente desagradável de lutas contra a tal Ordem da Fênix, dei com minha mulher sentada sobre os degraus de entrada de nossa imponente casa (olhe que a pobre mal saia de seu quarto) abraçando um embrulho de cobertores. Antes que eu perguntasse o que era aquilo, vi a coisinha rosada entre as mantas. Tinha os olhos claros bem abertos e um tufo de cabelos castanhos sobre a cabeça redonda. Lembrava-me alguém. Sem saber o que dizer, encarei minha esposa, que logo explicou:

 

- Uma moça veio aqui um pouco mais cedo. Pareceu-me uma muggle, não sei como nos encontrou.

 

Ah, Jane! Tão doce, tão esperta... Deve ter-me seguido aquele dia que, meses atrás, voltei andando para casa. Mas como ela achou o portão? Gente como ela não conseguiria vê-lo... Tornei a olhar o bebê, então uma resposta surgiu em minha mente. Maldito mesticinho...!

 

- Resolvo isso agora  - tomei a varinha e a encostei sobre os cobertores - Avada...

 

- NÃO! - minha mulher agarrou-se ao bebê, protegendo-o com o corpo. A criança apenas riu, sem perceber o que acontecia ao seu redor.

 

- É apenas um mestiço!

 

- Se não posso ser tua mulher de fato, caro primo... Deixe-me ser a mãe de teu bastardo. Daremos teu nome a ele e ninguém precisará saber de sua verdadeira origem.

 

A principio não gostei de ter o moleque por perto, mas é fato que graças a ele minha prima viveu alguns poucos anos a mais, sendo uma mãe exemplar. Tinha pena dela. Por outro lado, tinha agora um herdeiro e confesso que me senti muito orgulhoso em constatar que ele teria exelentes capacidades como mago. Quando o Mestre caiu de seu escuro trono, estava ocupado com a morte de minha Lenore e com a dificíl situação de ver-me sozinho com uma criança que ainda não sabia cuidar-se por conta própria. Ainda tinha um pessoal que não aceitava a derrota, mas eu tinha álibis necessários para manter-me ileso ao lado dos vencedores. O Malfoy estava muito certo em sua opinião de sempre manter uma posição semi-neutra... Queria saber o que ele diria se soubesse que o garoto brincando com o filho dele tinha o sangue sujo de uma das minhas amantes trouxas.

 

Claro que meu filho jamais soube quem era sua verdadeira mãe. Agora, foi curioso aquele dia em que andavamos por um conhecido parque - sempre gostei de parques públicos, olhar as senhoras passeando com reveladoras roupas de verão - e tive a impressão de ter visto Jane junto a um homem e uma garotinha, mais ou menos da idade de meu filho. Nada fiz, mas algo naquela família comum me marcou.

 

Anos passaram e o fantasma da memória Jane me assombrava a fio: olhava meu garoto e lembrava da pequena correndo próxima a Jane. Os três eram tão parecidos... A suspeita pareceu mais óbvia quando a vi de relance na estação King Cross, no dia em que os jovens embarcavam para Hogwarts. Talvez ela tenha me visto, talvez ela tenha entendido o que eu era quando sumi por uma barreira que ela jamais seria capaz de atravessar e porque a filha dela fazia coisas estranhas. Será que o homem ao lado de Jane tinha idéia da origem de sua filha adotiva?

 

Senti-me satisfeito em ter-lhes dado tal mistério. Desejei boa viajem e boa sorte ao meu garoto e voltei para casa a pé, assoviando alguma velha cantiga celta pelo caminho.

Escrita em Setembro de 2008.


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Notas finais do capítulo

Notas: Depois de quase um ano, resolvi publicar essa fic. Bom, não sei quem esse Comensal é, apenas que ele fez referências a literatura trouxa e que é pai da... Ah, vamos, fãs de verdade perceberiam o "detalhe".

Agradeço a leitura e possíveis comentários.



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