Darkness Feed escrita por S A Malschitzky


Capítulo 50
Não vamos mentir, ele parecia humano.


Notas iniciais do capítulo

Bem, não sei o que dizer sobre o título, mas vocês vão entender.
Tem pov do Nate!! YAY!
(Acho que em todos os capts tem pov do Nate, mas enfim...)
Boa leitura:



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Encaro-o fechar a caixa, com as mãos trêmulas e tento ouvir seus murmurios.

- Temos que ir. - diz ele passando por mim rapidamente, com a caixa nas mãos, andando na direção do quarto.

- Como? - pergunto.

- Vamos. - Ele me encara, passando a camisa vermelha pela cabeça e vindo em minha direção com as boas marrons nas mãos. - Carter quer destruir esse troço. E é claro que tem outras pessoas iguais a ele que também querem destruir esse troço. E se os números desses papeis forem resolvidos, pode destruir todos os bichos  existentes.

- Então, o que vamos fazer? Entregar isso para o seu pai? - pergunto cruzados os braços. 

- Não. - Ele calça as botas, apoiando-se no balcão e amarrando os cadarços marrons. - Só precisamos despistar qualquer um que queira destruir esses papeis. 

- Isso é para o seu pai. - digo. Ele bate as mãos abertas nas coxas e me encara. - Você vai fazer isso?

Ele suspira e encara o chão.

- Eu não consigo. - diz ele. - Eu preciso encontrar alguém que resolva. 

- Seu pai pode resolver.

- Não. - diz ele seriamente. - Não pode. Arrume o que você trouxe e... vamos logo.

- Ok. - digo andando na direção do quarto e fecho a mochila.

Não há muitas coisas á guardar, até porque só ficamos dois dias.

Vejo um papel embaixo da cama.

Me abaixo e estico o braço, pegando o papel com as pontas dos dedos e puxando-o em minha direção. 

Sento-me na cama e leio o papel. 

Um folheto de um parque de diversões antigo, mas eu me lembro disso e o porque de ele estar ali.

Quando precisarem de um lar, vão para o brinquedo colônia. 

Aparentemente, aquilo era uma colônia para humanos.

Mas para o cérebro de meu pai, aquele não era um bom lugar.

Um bando de crianças sem mãe, vivendo no subsolo de um parque de diversões abandonado. 

Mas as coisas podem estar diferentes agora e precisamos de um lugar para ir, antes que nossa única opção seja ir para a casa do pai de Nathan, o que não o agrada muito.

- Nathan. - digo encarando o mapa colorido do parque de diversões, impresso em um papel grosso com letras divertidas.

- Você ainda não se vestiu? - grita ele. - Ok. Vai de pijama, mas VAMOS!

- Eu achei um lugar para irmos. - digo encarando seus olhos.

- Como assim? - Ele move a cabeça para o lado, encarando o papel em minha mão, caminhando em minha direção.

- Meu pai disse uma vez que se precisássemos morar em algum lugar, que fossemos para este lugar.

- E porque não foram?

- Meu pai não achou que fosse muito bom, mas acho que as coisas podem estar diferentes.

- É, ou piores. Pode estar infestado de bichos.

- Não custa tentar. - digo encarando seus olhos. - Por favor. Ou é isso ou vamos para a casa do seu pai. - Cruzo os braços e ele revira os olhos. 

- Ok. - Ele ri e cruza os braços. - Como você vai á qualquer lugar sem um carro?

- Não sei. Mas eu dou um jeito. Eu vou para esta colônia com, ou sem você.

- Ok. Mas vamos logo ok? Vai chegar lá de pijama?

- Não. - Estreito os olhos e me levanto da cama, andando em sua direção. - Aliás, você bem que poderia ir embora, não acha?

- Não, não acho. - Ele ajeita os braços cruzados e me encara.

- Nathan. Tchau. - digo. Ele continua parado. Suspiro e reviro os olhos. - Nathan. - Empurro-o para fora do quarto e fecho a porta, colocando outra roupa em menos de cinco minutos até que ele bate na porta.

- Pronto. - digo colocando a mochila nas costas e encarando-o. - Calma. Eles não vão sumir no ar ok?

- Mas isso aumenta os riscos de Carter descobrir onde estamos e roubar esses papeis.

Começo a rir e seguro seu queixo.

- Carter? Sério? 

Reviro os olhos e balanço a cabeça. 

Saímos do apartamento e Nathan o tranca com as correntes que achou no depósito do subsolo.

- Vamos. - Ele puxa meu braço, vendo que eu encaro a porta do apartamento.

Já é a segunda vez que o deixo e pela segunda vez, não se o que acontecerá quando eu voltar.

Ou até mesmo, se voltarei aqui.

Entramos no carro e Nathan dirige rápido tentando se lembrar de algum caminho, somente vendo o nome do parque.

Ele para o carro do nada e encara a estrada com o cenho franzido e os olhos estreitos.

- O que foi? 

- Estou escutando um barulho... - ele murmura. Começo a escutar o barulho também, vindo da caçamba do carro. - Já volto.

Ele abre a porta, saindo do carro e andando na direção da caçamba do carro.

Ele tira a lona de cima e franze o cenho, ao encontrar provavelmente nada.

Continuo escutando o barulho, até que olho para baixo do banco de Nathan, vendo algo parecido com um braço pequeno e esverdeado.

- Nathan. - digo vendo-o se mexer.

- Achou? - Ele abre a porta e entra, se sentando no banco. 

- Está embaixo do banco. - digo empurrando-o e colocando o banco para frente, vendo algo mais parecido com um bebê. Com o rosto humano, mas a pele esverdeada e os dedos minúsculos se movendo.

Tiro-o debaixo do banco e coloco em meu colo, mesmo sabendo que pode ser a coisa mais burra que eu já fiz em toda a minha vida.

- Ele está... Doente. - Nathan coça a nuca. - Sabe que eu...

Ele estica os braços em minha direção e eu fico pasma. 

Ele terá que matá-lo. E minha loucura só aumenta, com as imagens de Nathan matando este bicho á facadas e deixando-o na grama sem vida.

- Eu sei. - digo e engulo em seco, esticando os braços devagar e entrego o bicho á ele, que me encara com um pouco de receio.

- Eu...

- Vai logo. - Fecho os olhos e cubro o rosto com as mãos. 

**

Suspiro pela quarta ou quinta vez e encaro o bebê bicho em minhas mãos.

Ele se move devagar, como se estivesse dormindo e seus dedos dos pés se movimentam.

Ele se parece muito com um bebê humano e acho que estou ficando maluco como a Shannon.

Ele não é humano. 

Ele não é humano.

Ele não é humano.

Ele não é...

Ele faz um movimento brusco, como se quisesse morder meu braço - mesmo sabendo que era exatamente o que ele queria - e eu o solto no chão, escutando um estalo e suspirando, com as mãos cobrindo os olhos.

Junto-o do chão e coloco-o entre as folhas compridas da grama alta.

Ando até o carro e noto o arranhão em meu braço, tentando imaginar o que isso pode significar.

Volto para o carro e Shan me encara.

- Está tudo bem. - Acaricio seu cabelo. - Não precisa ficar assim.

- Ele parecia humano. - diz ela. - Parecia sim e você não minta.

- Não vou mentir. - digo e pisco, lembrando-me de meu desespero á menos de dois minutos. - Parecia. Mas não era.


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Notas finais do capítulo

Enfim povu, até amanhã.