Darkness Feed escrita por S A Malschitzky
Notas iniciais do capítulo
Para quem não se lembra, sempre que Nathan faz um favor á Shannon ele pede um beijo.
Mesmo a situação não sendo boa, tamos ai...
Depois de falar isso, vejo que Carter encara a mesa com olhar culpado.
- Se lembre que foi você quem começou com isso. - digo cravando as unhas m seu ombro. - E que ela nunca mais vai querer você, a não ser que esteja morto.
- Eu sei. - diz ele encarando o vidro. - Não estou pensando em voltar atrás.
**
Encaro a porta, deitada com a cabeça em cima de meu braço.
Nathan está virado de costas para mim.
Decidimos não dizer nada desde que percebemos que estávamos pensando na mesma coisa.
- Nathan. - digo virando o corpo.
- Hm. - diz ele em um grunhido, um pouco emburrado.
**
Obviamente pensamos no mesmo trecho do mesmo livro sobre transformação de humanos em bichos.
Após três dias de um corte profundo. Os sintomas de tosse, enjoo e ardência no corte, pode significar a transformação de humano, para um animal irracional.
E já se passaram três dias. Shan está tossindo bastante. Ela quase vomitou á algumas horas.
Mas que merda!
Se eu tivesse cogitado escutar meu pai por um mísero segundo, ela poderia sobreviver.
Ok. Acabou.
Shan vai morrer e por consequência disso, eu também vou.
- Nathan. - diz ela.
- Hm. - digo em um grunhido, me arrependendo logo depois ao perceber o quão rude fui agora e em todo o tempo que passei com ela.
- Posso... Ficar ai com você?
Suspiro e esfrego o rosto, não sabendo o que responder.
- Shan... - Começo.
- Ok. - diz ela movimentando o corpo um pouco e soltando um grunhido ao sentir a perna bater no chão, mas duvido que ela vá se virar para não sentir dor.
- Não. - digo e me levanto, andando até ela e me deitando no chão, virando-a para mim. Vejo as lágrimas em seu rosto. É óbvio que Shan é forte, mas ela tem medo de morrer. - Desculpe. - Acaricio seus cabelos.
- Pelo que? - Ela me encara.
- Por tudo. - digo e engulo em seco, abraçando-a mais forte. Não me deixe.
- Não importa mais. - diz ela se aninhando em meu abraço. - Acabou.
Cale a boca.
- Você precisa...
Puxo seus ombros, fazendo-a ficar com a cabeça na altura da minha, podendo beijá-la.
Ela não me empurra. Ela não bate em meu braço. Ela não morde meus lábios para que eu pare.
Hesito, mas me afasto dela.
**
Encaro Nathan, depois de não me afastar dele por causa do beijo.
Encaro seus olhos e ele suspira.
- Obrigada por tentar. - digo sorrindo.
- Eu disse que tentaria.
Umedeço os lábios e solto uma risada.
- Você é muito idiota.
- Por?
- Por me dar a comida. Mesmo sabendo que eu não sobreviveria. - digo olhando em seus olhos.
- Se chama não desistir.
- Dane-se como se chama. - digo. - É idiota. Não importa o que você diga.
**
- O tempo dela está acabando. - diz Carter fechando a caixa branca. - Pronta para a última brincadeira antes do jantar?
Ele umedece os lábios com a língua.
Sorrio e concordo com a cabeça, vendo-o checar pela última vez o vidro, certificando-se de que eles estão dormindo.
Ele abre a porta devagar, arrasta a caixa para dentro da adega, fechando a porta rapidamente e trancando-a com as três fechaduras.
**
Suspiro, pronto para encarar o corpo morto e esverdeado de Shan.
Sinto seu tórax encostar em meu peito com alguns segundos de intervalo.
Encaro seu rosto tranquilo e cutuco seu braço.
- Shan. - digo. - Shan.
- Hm. - diz ela em um grunhido, se virando e colocando a coxa contra o chão. - Argh!
Viro seu corpo para mim.
- Shan. - repito.
Ela segura meus lábios com os dedos.
- Cala a boca e me deixa morrer em paz. - diz ela.
Olho para uma caixa branca de plastico perto da porta.
- Eu já volto. - digo me levantando.
- Ok. - diz ela ainda de olhos fechados.
Ando até a caixa e abro-a.
Gaze, álcool, linha, agulha para sutura. O necessário para que Shan sobreviva.
- Shan. - digo sacudindo seu ombro. - Shan.
Ela abre os olhos e me encara com os olhos verdes e vivos.
- O que é? - pergunta ela.
Balanço a caixa perto de seu rosto.
Ela se senta no chão, fazendo uma carta quando move a perna esquerda.
- O que é isso?
- Kit de primeiros socorros.
**
Solto uma risada.
- Ela acha mesmo que vai sobreviver. - murmuro enquanto nos encaramos.
- Se ele fizer isso, ela vai. - diz Carter. - Não fique tão sorridente, eles podem ser mais insistentes.
- Ah, como se ele fosse costurar a pele dela sem sedativo.
Ele dá de ombros observando Shannon de costas, com a caixa nas mãos.
**
Encaro Nathan com uma cara esperançosa ao encarar a caixa branca.
Viro-a no chão, vendo dois pacotes de gaze, um frasco de álcool, um rolo de linha médica e uma agulha para sutura.
- Cadê o sedativo?
Nathan vasculha a pilha de coisas, mas me encara com os olhos arregalados.
- Não tem.
- Como assim, não tem? - grito. - Que merda é essa Carter?
- Simples querida Shannon, lembre-se que tortura é meu hobby. E ver Nathan costurando sua perna. Argh! Isso me deixa louco.
- Tá. - diz Nathan. - E você espera que eu costure a perna dela sem sedativo?
- A menos que você queira que ela morra. - diz Georgia.
Eu e Nathan nos encaramos.
- Me abrace. - diz ele. Encaro seus olhos e franzo o cenho. - Me abrace.
Olho para os lados, sem mexer a cabeça e me inclino em sua direção, apoiando as mãos em sua nuca.
Ele segura minha cintura, me colocando em seu colo.
- Não quero ver você morrer. - Ele sussurra.
- Costure minha pele. - sussurro agarrando o tecido mais abaixo da gola na parte de trás de sua blusa vermelha e velha, fechando a mão em punho e apoiando o queixo em seu ombro.
- Vai doer. - diz ele.
- Você merecerá um beijo. - sussurro sorrindo.
Encaro seus olhos e ele ri.
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até depois