Olhos Estreitos escrita por ericalopes


Capítulo 1
01. Laranja


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Como estão? Bom, espero que bem.
Essa é a primeira fanfiction que eu posto aqui. A última vez que eu fiz algo parecido eu devia ter uns 15 anos e era uma fanfic adolescente. Então me perdoem caso eu não agrade a todos ou pareça uma velha ao escrever.
Espero não só os perdões, mas que me acompanhem por aqui, que deixem dicas, opiniões, comentários, qualquer coisa que me impulsione a continuar.
Vamos lá?!



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01. Laranja

A única coisa que eu posso afirmar com total propriedade a respeito da morte, ou de se estar perto dela, é que as cores se intensificam. Os brancos se tornam luzes incandescentes, assim como os azuis, os verdes, os marrons, tudo se torna um universo de cores em chamas queimando seus olhos. É algo absolutamente indescritível. A morte nos distrai, eu diria, para que até nela haja beleza.

A estrada se diluía num imenso borrão marrom, e pouco a pouco, misturava-se com o branco e azul das paredes. Marrom, azul e branco, agora, assim juntos, eram as cores mais belas que eu já havia visto em toda a minha vida. Então o amarelo da imensa plantação de arroz juntou-se aos três, e foram se fechando, se fechando, pintando-se de um negro imensamente mais escuro que a escuridão da noite. A morte perdeu a suavidade e os tons neutros. A beleza foi tomada assim como a minha calma. Era o fim, em algum lugar naquele mar escuro, enquanto meus olhos fechavam, a morte havia pintado seu fim. E eu podia ouvir sua gargalhada nos meus ouvidos.

Feche os olhos e aceite. De hoje em diante é apenas noite.

Eu amava o sol do Tenesse, eu realmente o amava. Sua luz batendo em cada canto da fazenda fazia parecer-se com um imenso prisma explodindo em cor. Tínhamos uma variedade enorme para qualquer artista que buscasse inspiração. Embora, muitas ou se não a maioria das vezes, só eu admirasse a nossa coleção.

Os dias podiam ser definidos por cores, ou melhor, por tons de laranja, vezes claros, vezes quentes, vezes mornos, e inúmeras variações. Mas no dia da morte, naquele domingo, ele era de um laranja tão quente, que embora eu estivesse protegida por paredes e tetos, eu sentia o quão honroso ele estava a sua cor naquele momento. Fervia como água num caldeirão. O sol número 1 nas minhas preferências de cor. Até um desses homens, que vivem sobre casas de gelo a quilômetros da nossa nação sentiria o calor do meu sol apenas por uma fotografia.

Eu me decretei morta desde o primeiro instante em que minha pálpebra caiu. Mas a morte, ou o que quer que fosse, parecia ter tempo de sobra e resolveu deixar meu coração a bater. Parecia-se muito com o coração de um recém nascido, batendo leve, fraco e baixo. Será que a morte teve compaixão ou estava adiando? Será que ela não queria que eu virasse um daqueles monstros? Será que ela havia me levado mas se arrependido? Por um momento eu quis agradecê-la por aqueles minutos somados. Mas imaginei o quão maravilhoso seria viver ali naquele chão o resto da minha vida. Que poderia não durar um dia ou horas, ou até anos caso eu tivesse sorte.

Éramos duas arrependidas na melhor das hipóteses, eu gostaria de agradecer por me deixar apreciar as cores guardadas nas minhas lembranças por uma última vez, mas preferi pedir-lhe que fechasse as portas e janelas para que eu não fosse comida enquanto lembrava dos sois das quartas-feiras.

E ela, pareceu não ter escutado. Markus Zusak disse em seu livro que a morte era simpática. É, talvez ela seja, mas ela também é sádica, cruel e observadora.

Os sois de quarta se projetavam imensamente sobre a fazenda em minha cabeça, quando ouvi o trinco da porta girar.

Meu coração recém nascido martelou dolorosamente e descontrolou-se de imediato pondo-se a cavalgar para fora do peito. Meus olhos se arregalaram e mais uma vez encontraram a imensa mancha negra cobrindo-os.

Passos sorrateiros entraram pelo corredor, acompanhado de outros. Seria suficientemente ruim se fosse como eu havia imaginado; ser devorada apenas por um. Então ele trouxe mais dois ou três. Eu torci para que meu coração falhasse, se arrebentasse ou explodisse. Não aconteceu.

Um deles pareceu ter notado a porta do quarto aberta e a escancarou sem pudor. Silêncio. Por uns 2 ou 4 segundos.


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Notas finais do capítulo

Assim como todo o primeiro capítulo (bem, pelo menos na maioria dos casos) a história parece sem sal, sem graça e clichê.
Tentarei fazer da história de Lara algo incrível e gostoso de se ler, Eu prometo.
Só não desistam por causa do primeiro capítulo, por favor. Voltem no segundo, no terceiro, e ai, se caso não gostarem realmente eu os deixo partir.
Espero que tenham gostado.
E bom é isso, até mais pessoal :D