Hold On escrita por Meredith Kik


Capítulo 7
Mestra dos mentirosos




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Mansão. Era isso que ele estava prestes a fazer. Ele precisava falar com Sophie, precisava entregá-la uma coisa que pra ela devia ser importante, que com certeza tinha um valor sentimental. E mesmo se não tivesse... Aquela carta não lhe dizia respeito, aquela carta não lhe pertencia. Seria errado se ele ficasse com uma coisa que não era dele. Não estava preocupado se a menina lhe daria um fora, não tinha segundas intenções nenhuma, não estava ali apenas porque queria ver o sorriso dela, estava ali porque sabia que aquela carta não deveria estar ali.

Quando chegou na frente da grande mansão, Thom olhou para o segurança e chegou perto dele. Falou que queria tratar de um assunto importante com Sophie Montini, o cara alto e forte apenas levantou a sobrancelha, desconfiado, e chamou a garota no alto falante esquisito dele. Thomas revirou os olhos disfarçadamente por causa da formalidade e ficou ali parado, esperando. Desta vez sem ao menos tentar falar com o segurança antipático, lembrando que na última vez aquilo não havia dado muito certo. 

Thomas ficou um tempo parado esperando que Sophie aparecesse, como da vez em que foi agradecê-la pelos livros. Colocou uma das mãos dentro do bolso da frente da calça jeans, olhou pra um lado, olhou pro outro, nada. Colocou a outra mão no outro bolso, e começou a assobiar, como quem não queria nada. O segurança o olhou com cara feia. Céus, aquele cara era o demônio, não podia nem assobiar naquele lugar? Thom revirou os olhos e parou. Ficou apenas olhando para a porta, esperando que a dona daquela carta aparecesse.

Meu Deus, esperar por mulheres era insuportável, para que tanta demora? Ele queria apenas lhe dar uma carta. Não levaria nem 5 minutos. Olhou para a grande porta quando ouviu um barulho, finalmente! Sophie estava ali, e andava até ele com uma expressão não muito amigável. Parecia cansada, com sono, talvez com raiva por ele estar ali. Ela estava com um sobretudo branco, e nos pés usava uma sapatilha, sem salto. Era certo que aquilo era de marca, mas era simples. Tá aí a diferença entre uma tarde/noite em casa e uma tarde/noite na mansão.

Thomas, em casa, usava roupas simples, às vezes até rasgadas, já ela, usava na mansão o que meninas normais usariam em festas, e festas chiques. A garota se posicionou na frente dele e sorriu, simpática. Talvez Caleb estivesse certo, que tipo de bipolaridade ela tinha? 

- O que passa? Fui informada de que tem um assunto sério pra falar comigo. - Ela disse, franzindo o cenho. Thomas a olhou nos olhos. Droga, ele havia esquecido daqueles olhos hipnotizantes que ela tinha.Por um momento, esqueceu o porquê de estar ali. 

- Que? - Ele murmurou qualquer coisa em resposta. Sophie deu uma singela risada.

- Você disse que tem um assunto importante pra falar comigo. - Ela repetiu, de forma clara, bem devagar. O rosto dela estava sério agora. 

Thomas balançou a cabeça negativamente e voltou para si. Lembrou, estava ali por um motivo, por causa da carta. A carta dela pra irmã, a carta que tanto o fez pensar durante a noite.

- Ah, claro. - Ele suspirou. Tirando a mochila das costas, ele começou a explicar. - Dentro de um dos livros que me deu tinha uma coisa, uma coisa que acredito que pertença a você. - Thom tirou de lá de dentro o envelope vermelho, e antes que ele continuasse a história, Sophie arregalou os olhos e puxou aquilo de sua mão, em um movimento rápido e bruto. Thomas a olhou e franziu a testa, estranhando a reação da garota. 

- Isso... Isso não deveria estar lá. - A menina gaguejou, sem reação.

- Eu sei, desculpe, foi por isso que eu trouxe. Por acidente acabou caindo na minha cama, eu sem querer abri e quando percebi que não era meu eu guardei. Não se preocupe, eu sequer li. - Thomas mentiu. Sophie outra vez ergueu uma das sobrancelhas e o olhou, como se estivesse o desafiando. Ele desviou o olhar do dela, não por estar mentindo, embora estivesse, mas porque não queria ser hipnotizado por aqueles olhos verdes novamente. 

- Ok, você leu. - Ela afirmou, sem esperar que ele dissesse que sim ou que não.

- Não, eu não... - Thomas começou a se defender, mas Sophie começou a rir, rir de verdade, aquilo, diferente das outras vezes, não parecia nada irônico, ou debochado. Ah, se ela soubesse como aquele seu riso era lindo... - Sério, eu não li. - Thomas insistiu. A menina segurou o riso, e sorrindo, o olhou. Colocou uma mecha de seus cabelos castanhos para trás da orelha e começou a falar:

- Sabe o grande problema dos homens? - Sophie perguntou, sem mais sorrir. Franziu o cenho, esperando que ele respondesse.

- Que são todos iguais. - Ele respondeu, com ironia. Thomas repetiu o que já ouvira centenas de vezes. Todas as meninas falavam isso. Mais uma vez a garota sorriu. Balançou a cabeça positivamente. 

- Não era isso, mas está certo também. - Thom riu baixinho e a olhou, não tinha mais problema a olhar, era algo necessário agora. E por mais que os olhos dela fossem lindos, de algum modo tinha se acostumado a olhá-la. - Quando uma mulher mente, e todas elas mentem, é difícil de perceber. Mas os homens não fazem esforço nenhum para que as pessoas não percebam que é mentira. - Ela revirou os olhos. - Eles não sabem mentir. - Sophie colocou as mãos na cintura e o olhou. - Estava mentindo, não? - Ela perguntou. Thomas ergueu as sobrancelhas.

- Pensei que você fosse a mestra dos homens mentirosos, deveria saber. - Ele a desafiou. Sophie sorriu. 

- Até que é inteligente. - Ela murmurou, em seguida mordeu os lábios. - O que você leu? - Agora o assunto tinha ficado sério. Ela não sorria mais. Olhou para o segurança, que olhava para os dois. - Acho melhor a gente ir andando lá pra trás. - Ela disse. A mansão era cercada por uma parte externa bem grande, o segurança ficava apenas na porta principal, vendo as câmeras em sua cabine. O que ela falaria com o garoto agora era um assunto de importância, e não queria que o cara ficasse de olho nos dois. Foi andando a passos lentos pelo lado de fora da casa, e Thomas, ao seu lado, não falava absolutamente nada. Não fazia nada além de acompanhar os passos da garota. - Está tudo bem, não vou te matar por isso. O erro foi meu, não era pra essa carta estar em um dos livros.

Ela estava sendo gentil, aquilo era estranho. Até o momento, a menina não tinha dado uma de esnobe. 

- Só quero saber até onde você leu. - Sophie falou, calmamente. Ela lhe olhou.

- Eu... - Thomas começara a responder já gaguejando. Estava gostando daquele jeito simpático da menina, não queria que ela sentisse raiva ou algo assim. Mas mesmo assim, falaria a verdade. - Eu li tudo. Não parei de ler quando vi que não era pra mim. - Thom desmentiu o que ele tinha falado há alguns minutos antes. Sophie o encarou. 


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