Os dois pombinhos - vulgo Sophie e Thomas - saíram da piscina completamente ensopados, logicamente. A garota deu uma toalha para o rapaz e pediu que ele a esperasse do lado de fora enquanto ela trocava de roupa em seu quarto. Se o deixasse entrar molhado daquele jeito ouviria algumas reclamações.

— Sophie. - Sarah chamou a filha, com a voz baixa.

— Que? - Sophie perguntou, encarando a mulher que havia a parado no corredor.

— Nunca ouvi falar da família desse garoto. – Ela comentou, num tom de reprovação.

Sophie revirou os olhos e suspirou.

— E daí?

— Eu vi vocês na piscina. E vi perfeitamente o que faziam. Você precisa selecionar os garotos que você se envolve, Sophie. Seu futuro não pode ser sustentar marido. – Sarah disse.

— Não fale besteira, mãe. Thomas é inteligente. Tem um ótimo futuro pela frente. Eu ainda não penso em casar com ele, se é o que te importa.

— Não seja inocente, Sophie. As portas sempre estarão fechadas pra quem não tem uma família digna, pra quem tem um sobrenome invisível. A inteligência não faz ninguém insignificante subir na vida. Você sempre soube disso! Seria tão fácil se você me ouvisse, se não fizesse tudo errado, se você se preocupasse com seus pais. Katy nunca me trouxe problemas como estes. Por que você precisa dificultar as coisas?

— Porque eu não sou a Katy! Eu sou Sophie, está bem? Sou Sophie, a filha que te dá problemas, a que não concorda com você em tudo, a que faz tudo errado, a que não se preocupa com os pais! - Ela repetiu o que a mãe havia acabado de dizer, ironicamente. — Você se lembra que teve essa filha? - A morena perguntou debochada.

— Não tive essa filha. - Ela falou, fazendo um gesto negativo com a cabeça. — Minha filha Sophie nunca me deu problemas antes da Katy ir embora. Ela era calma, estudiosa, não se deixava levar pelo papinho de um galanteador de família ruim, se preocupava com o futuro, sabia que tipo de lugar frequentar e como se comportar em cada um.

— É assim que quer que eu seja? Uma cópia da minha irmã? - Sophie perguntou, olhando séria para mulher que havia a parido.

— Assim que Sophie sempre foi. - Ela respondeu, saindo dali e entrando outra vez no quarto.

Sophie entrou no quarto e vestiu um roupão qualquer depois de tirar o vestido molhado. Sentou na cama e respirou fundo, ela sentia falta dos pais, agradá-los era uma maneira de tê-los por perto outra vez, como era antigamente, quando Katy ainda estava presente. A garota bufou e calçou o chinelo. Saiu do quarto desceu as escadas e foi para a entrada da casa, dando de cara com um Thomas um pouco menos molhado.

— Você demorou, Baker me ajudou a secar a minha roupa. Não está 100%, mas está boa para eu voltar pra casa. - Ele falou, se aproximando da garota.

Sophie estava o encarando, séria.

— Eu não vou almoçar com você amanhã. - A menina disse, com a voz firme.

— Por quê? Tem alguma... - Thomas perguntou, mas a morena o interrompeu.

— Porque eu não quero.

— Por quê? Você tem medo que meus pais não gostem de você?

Droga, por que Thomas tinha que ser tão compreensivo? Seria tão mais fácil se ele ficasse com raiva dela e simplesmente fosse embora.

Sophie revirou os olhos e forçou uma risada debochada.

— Por favor, eu sou uma Montini! Você acha que eu me importo com o que pensam os Löhnhoff's sobre mim?

— Que doença você tem, garota?

— Baker, por favor! Leve esse menino daqui, ele está me incomodando.

Sophie virou as costas sem ao menos olhar para Thomas, que foi jogado por Baker para fora da mansão.

Aquela era Sophie Montini, a cópia de Katy e Sarah Montini. Simpáticas apenas com quem merecia. Thomas Löhnhoff, um rapazinho de sobrenome desconhecido, jamais teria o prazer de ter em sua casinha pobre a presença de uma Montini.