Hold On escrita por Meredith Kik


Capítulo 19
Caridade




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- É sério que não vai à aula? - Sophie perguntou, fechando um pouco o sorriso enorme que fazia antes.

- Te incomoda tanto assim que eu fique? - Thom devolveu a pergunta, a olhando. 

- Não é isso, só que você não pode se prejudicar por causa de mim. 

- É, eu também acho. Acho que vou, ainda dá tempo de chegar. - Ele disse, e se levantou da cama, aparentemente apressado. 

- Você vai? - Ela perguntou, olhando para unha outra vez e fingindo estar desinteressada.

- Vou, não posso perder matéria. 

- Mas... é só pegar com algum amigo seu depois, não? - Sophie sugeriu. Queria que Thomas ficasse, mas não poderia demonstrar aquilo, e de alguma forma, tentava convencê-lo sem que parecesse que se importava. 

- Nenhum amigo meu anota nada, nem presta atenção. - Ele disse. - Tenho que ir mesmo. Mais tarde eu passo aqui pra ver como você está. 

Thomas chegou perto de Sophie e beijou sua bochecha. Virou-se e foi até a porta, demorou um pouco para abrir, e aquilo não era tão difícil. Parecia esperar ouvir alguma coisa. E como quis, ouviu.

- Thomas... - Sophie chamou, num sussurro. O garoto virou e a olhou, esperou ela começar a dizer o que tinha para dizer. - Fica - Ela pediu, bem baixinho. 

- Que? Não entendi. 

- Pedi pra ficar aqui. - Ela repetiu, com o rosto um pouco corado. 

- Fale mais alto Sophie, não tô entendendo nada. 

A menina revirou os olhos verdes e bufou. Como se não fosse suficiente engolir o seu orgulho uma vez dizendo aquelas palavras teria que fazer isso de novo e de novo, e mais alto. 

- QUERO QUE FIQUE AQUI COMIGO! - Ela gritou, desta vez, vermelha pela vergonha e pela irritação. 

Thomas abriu um enorme sorriso cafajeste, típico de um garoto que havia acabado de conseguir o que queria. Andou até a cama e sentou outra vez na frente dela, só que dessa vez, mais perto. 

- Tinha ouvido desde o início. E, para que você me bata de uma vez, também vou dizendo que eu não pensei em te deixar aqui e ir pra aula, só queria que implorasse pra que eu ficasse, como fez.  - Ele confessou, com o mesmo sorriso no rosto. Sophie arregalou os olhos. 

- Você é um idiota! - Ela falou, de braços cruzados. - Não vou mais te levar a sério, nunca. - Disse, com raiva. 

- Não quer me bater? - Thom perguntou, surpreso. 

- Não. - Ela disse, séria.

- Por quê? 

- Porque não quero. - Falou, irritada. - Além do mais, se eu fosse te bater, teria que encostar nessa blusa horrível! 

Outra vez, ela estava séria. Thomas não conseguiu evitar, e começou a rir. Era engraçado como ela conseguia falar essas coisas até quando estava com raiva. 

- Para de rir, estou falando sério. Odeio quando não me levam a sério. E não fique felizinho pelo que eu falei, eu estou doente. Quando fico doente digo coisas sem noção mesmo, e não gosto de ficar sozinha. 

Doença. O que ela, há segundos, tinha conseguido esquecer, agora havia sido usado como desculpa. 

Thomas ficou com um sorriso bobo no rosto por um tempo. Estava cada vez mais certo de que aquela menina era linda, e não apenas fisicamente.

- Posso confessar uma coisa? - Ele perguntou. Sophie balançou a cabeça positivamente. -  Você é linda demais. - Ele deixou escapar. - E não é só fisicamente.

A pele branca de Sophie adquiriu uma cor bastante avermelhada assim que o garoto terminou de falar. Ela estava acostumada com elogios a respeito de sua beleza, mas ele havia elogiado sua personalidade também, e isso, para ela, era completamente novo. E vindo dele era mais novo ainda. 

- Eu te odeio, porque eu disse que não ficava vermelha com elogios e já fez com que eu ficasse umas três vezes.

Thomas sorriu. 

- Isso significa que sou especial? - Ele perguntou, a provocando com um sorriso sedutor. 

- Não por isso. - Ela respondeu, ignorando o sorriso dele. - Mas você é meu primeiro amigo depois que perdi minha irmã. E todo mundo diz que sou insuportável. Então com certeza é especial.

- Quer dizer que fui promovido a amigo? - Ele perguntou, sorrindo e a olhando. 

- Depende. - Ela respondeu. Thomas levantou as sobrancelhas, ainda a olhando. - Você tem que prometer que vai me deixar mudar seu look. 

Outra vez, um sorriso se formou no rosto do garoto. E, mais do que isso, veio uma ideia em sua cabeça. 

- Eu prometo se você prometer uma coisa pra mim também. - Sophie continuou o encarando. - Se prometer que vai me deixar te ensinar a andar de skate. 

A menina arregalou os olhos imediatamente. 

- Sem condições. - Ela foi rápida ao responder. - Isso não é pra mim. Já me imaginou andando de skate por aí? 

- E você já me imaginou vestido como um mauricinho? 

Sophie revirou os olhos e mordeu os lábios, pensativa. 

- E aí? - Thom perguntou, passando as mãos nos cabelos.

- Tá, eu prometo. - Sophie falou, arrancando um sorriso dos lábios do rapaz na sua frente. - Quero te pedir mais uma coisa. 

- Quando me pede coisas eu posso pedir também. Sabe disso, não sabe? 

- Não importa. - Ela deu de ombros. Levantou da cama devagar e entrou no seu closet. Thomas continuou ali sentado, não entendendo nada com coisa alguma. 

Sophie saiu com uma caixa enfeitada com ursinhos nas mãos e sentou na cama outra vez, mas desta vez ao lado do garoto.

- Abra. - Ela pediu, encarando o garoto. Entregou a caixa na mão dele, e. abrir, curiosamente, foi o que ele fez.

Um celular excessivamente caro estava ali, parecendo que nem usado havia sido. Não tão caro quanto o de Sophie, mas caro demais. E era melhor Sophie não estar pensando em fazer com ele o que Thomas achava que ela estava querendo fazer. 

- Ontem minha mãe comprou esse celular, porque ela perdeu o dela. Mas ela odiou, e quis jogar fora. - Ela falou, com cuidado. - E você estava falando comigo pelo celular do seu amigo, então lembrei que não tinha celular... Então eu...

- Sophie, não! - Thomas a interrompeu, aparentemente irritado. 

- Não seja grosso, eu ainda não terminei de falar. - Ela respondeu, colocando uma mecha do cabelo para trás da orelha. - Eu queria muito que ficasse com ele, mas eu já sabia que você não aceitaria. Então eu decidi que o venderia para você. 

- Não vou ter dinheiro para pagar esse celular, eu estava pensando em comprar um mais simples. - Ele falou.

- Dê quanto você daria pelo mais simples. Eu não me importo. Ele iria para o lixo, de qualquer jeito. 

- Sophie, eu não preciso que você fique fazendo caridade para mim! - Disse, grosseiramente. 

- Não é caridade, seu estúpido! - Ela respondeu, elevando a voz. - Eu nunca tinha me sentido tão bem da forma como você faz com que eu me sinta quando estamos conversando, eu só quero ter uma maneira de me comunicar com você a qualquer hora que eu quiser. Quando eu estiver mal, quando eu estiver querendo dar uma volta, quando eu estiver precisando de um amigo, como muitas vezes eu já estive e não tinha ninguém pra eu chamar. É só isso que eu quero, não ter que esperar como louca até a noite para poder falar com você. Isso não é por você, é por mim. 


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado. Se tiver mais de dois comentários hoje eu posto ainda essa noite hahaha



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