- É sério? Então é besteira da minha parte pensar que você está me perseguindo? - Ela perguntou sorrindo e olhando pra ele, na sua frente. Thomas riu.

- Não é besteira, só é prepotência. - Sophie soltou uma rápida gargalhada e levantou do balanço. Estava se sentindo um pouco constrangida ali sentada enquanto o garoto ficava em frente a ela em pé, apenas a olhando. Foi andando devagar pra fora da praça e foi seguida por Thom, que acompanhava seu passo exatamente ao seu lado. Estavam simplesmente andando sem destino.

- Sabia que é muito complicado falar olhando nos seus olhos? - Ele falou, mudando completamente de assunto e com uma séria expressão no rosto. A morena franziu a testa.

- Como assim, por quê? - Ela perguntou, sem entender. 

- Porque são tão bonitos que se ficar olhando perco o foco e esqueço qualquer coisa que eu falaria diferente de "seus olhos são lindos" - Bingo! Ponto para Thomas, assim que terminou de falar fez a garota sentir seu rosto pegar fogo, parecendo um tomate bem vermelho. Tirou o cabelo de trás da orelha, a fim de esconder a vermelhidão muito bem visível.

- Obrigada. - Ela disse, sem jeito. Sim, ele já tinha falado de seus olhos antes, mas dessa vez ele não havia dito apenas que eles eram bonitos. Nem tinha sido nada muito absurdo, mas o jeito que ele tinha falado havia a deixado um pouco sem graça. - Não quero ser chata, mas a gente pode ir? Amanhã eu tenho aula bem cedo, sabe? Eu estou um pouco cansada. - Ela disse, em seguida fazendo uma careta.

O garoto concordou com isso e também em ir andando devagar, com o skate nas mãos. Foram andando um do lado do outro, ela sem falar nada, ele apenas assobiando uma musiquinha. 

- Odeio essa música. - Sophie comentou. O menino a olhou, parando.

- É? 

O garoto, resolvendo implicar, voltou a assobiar a música, dessa vez mais alto. Montini revirou os olhos e balançou a cabeça negativamente, o que fez com que Thomas desse uma rápida parada na música para sorrir e voltasse a assobiá-la instantes depois. A garota começou a acelerar o passo pra não ter que ouvir aquela música que achava insuportável e ficou andando um pouco mais a frente dele. Ele não estava nem ao menos notando, estava de olhos fechados enquanto assobiava. Parou de assobiar e olhou pra frente, ela não estava só um pouco na frente, estava bastante. Thomas correu até ela e a segurou pelo braço, não muito forte, obviamente.

- Ei, você ficou louca? Não pode ficar andando por aí a essa hora da noite sozinha. - Ele alertou, seriamente. 

- Não estou sozinha. - Ela disse, revirando os olhos. - Você se considera um ninguém? - Perguntou, continuando a andar sem olhar para ele.

Thomas abriu um pequeno sorriso e se colocou na frente de Sophie, o que a impediu de continuar andando. Parada, a menina o encarou emburrada e cruzou os braços. 

- Você pode sair da minha frente, por favor? - Ela pediu, calmamente. Thomas olhou nos olhos dela e negou com a cabeça. Sophie bufou, com raiva. - Por favor, sério!

Thom sorriu e mais uma vez negou, o que fez a morena novamente revirar os olhos. Céus, ela não aguentava mais. Aquele menino era insuportável! Sentiu sua cintura ser abraçada por aqueles mesmos braços que a tinham abraçado minutos atrás, quando andou de skate. E Deus... O que ele estava fazendo? Por que estava com as mãos na cintura dela? O que ele estava pensando em fazer? Quem ele pensava que era? 

- Se me der um beijo eu paro de cantar, de falar ou de qualquer coisa. - Ele falou, a encarando. Sophie ergueu as sobrancelhas. 

- Como é? - Ela perguntou, como se não tivesse escutado bem. Ora, é claro que ela havia escutado bem, e muito bem. Thom soltou uma gargalhada baixa. 

- O preço pra eu te soltar é um beijo. - Ele repetiu, mas dessa vez com outras palavras. 

Sophie revirou os olhos e segurou com as duas mãos o rosto de Thomas. Em um lado de sua bochecha deu um demorado beijo, na outra fez a mesma coisa. Largou o rosto dele e o olhou. Ele estava a olhando também, estava inclusive um pouco vermelho. Era engraçado como Thomas era ousado e ao mesmo tempo envergonhado... Aquilo era fofo. Sem conseguir evitar, a menina sorriu pra ele, e o menino imediatamente soltou sua cintura. 

- Missão cumprida. Olhe querida Montini, não foi tão difícil me beijar. - Ele ironizou, e ela nada respondeu. 

Ficaram andando até a mansão bem devagar, Thom falava algumas de suas bobagens, mas Sophie parecia estar em outro mundo, num mundo que parecia só dela. Ah, devia ser o mundo de maquiagens ou sapatos, nada diferente disso. No meio do caminho Thomas decidiu parar de falar... Ah, falar o que se não tinha ninguém ouvindo? Seria inútil.

Em completo silêncio, os dois chegaram na frente daquele portão da grande mansão dos Montini's, estava lá o segurança olhando de cara feia. Thomas estava pronto pra dizer alguma coisa para se despedir, mas um gesto surpreendente da menina o impediu de fazer qualquer coisa. Sem um aviso prévio, Montini ficou na ponta dos pés, segurou o rosto do garoto com as duas mãos e tocou os próprios lábios nos lábios dele, depositando ali somente um rápido selinho. Antes que ele tentasse mais alguma coisa, a garota escorregou a boca para a bochecha dele e deu mais um beijo. Não falou absolutamente mais nada, simplesmente entrou na mansão sorrindo, e a passos largos. Thomas por um tempo ficou ali parado, sem reação. Não tinha entendido nada do que tinha acontecido. Mas aquilo, fosse o que fosse, havia o deixado muito feliz.

 E voltando para si ele decidiu tomar seu caminho de volta pra casa.