Os fones de ouvidos estavam encaixados perfeitamente nas orelhas de Samanta que encarava fixamente para as nuvens alaranjadas denunciando o por do Sol.

Louis estalou os dedos abaixo do nariz da filha que piscou atônita e pisou algumas vezes para notar que o pai estava encarando-a severamente.

Retirou os fones e deu pause na musica. Olhou para o pai e suspirou. Sabia que ele iria brigar com ela, ele estava chamando-a fazia tempo e ela fingia-se de surda.

- Está me escutando agora Samanta? - perguntou sorrindo com escarnio para a filha.

- Sim papai. - resmungou olhando de relance para a janela oval do aviãozinho e suspirando alto.

- Já estamos chegando. Quero que arrume suas coisas e quando chegarmos no local do show quero que fique dentro do camarim, não saia por nada, não é para ficar caçando seus amigos, pois eles estão lá à trabalho! - disse ele sério. Desde quando Samanta havia se aproximado dos meninos ele havia ficado carrancudo com a menina. Talvez ciumes de pai?

- Está bem papai... Camarim né? - suspirou olhando para o IPod em sua mão com a musica dos Gorillaz pausada na melhor parte.

- Vou pegar um vinho para beber. - resmungou mal humorado e se levantou da poutrona de couro branco.

A família Maia não era rica unicamente porque Louis era empresário de uma banda famosa. O bisavô de Samanta fora dono de uma fabrica, passou-se para as mãos do tio de Louis, pois naquela época mulheres não poderiam ficar encarregadas de tarefas além de cuidar da casa e família. O pai de Louis nunca apareceu, por isso ele carregou o sobrenome Maia, mas sua mãe nunca fora vista com bons olhos por isso - talvez verdadeiro motivo para a fábrica não ter ficado em suas mãos.

O céu já estava completamente negro, com muitas poucas estrelas brilhando no céu. A lua estava tão fina que mais parecia um corte no céu.

Já haviam descido do pequeno avião particular dos Maia, agora estavam no carro indo para o local onde seria o Show. 

Harold bombardeava o celular de Sam com mensagens perguntando onde ela estava, se estava bem e que sentia saudade. 

- Gostava mais quando você odiava eles. - disse Louis ranzinza sem ao menos tirar os olhos da estrada.

Samanta tentou fingir não ouvir aquilo, mas deixou um leve sorriso transparecer. 

- Sua mãe estava certa quando disse que deveríamos ter colocado você em um internato para meninas. Lá você saberia se comportar melhor. - sussurrou ele olhando de relance como a filha estava sentada.

Samanta estava com os pés apoiados no porta luvas do carro e com o celular preso nos joelhos enquanto ela balançava a cabeça de um lado para o outro conforme a musica da sua mais nova banda favorita.

Assim que Louis estacionou o carro preto e pequeno no estacionamento atrás do palco onde iria acontecer o show Samanta teve certeza de que o show já havia começado. 

Os gritos das fãs era ouvidos a quilômetros de distancia, a voz deles ecoavam por toda extensão. 

Haviam três trailers estacionados perto de onde haviam estacionado o carro. Dois deles eram realmente muito grandes e o do meio era mediano.

- Camarim! - disse Louis apontando para o trailer mediano e indo em direção ao trailer maior à direita. 

Sam apenas revirou os olhos e caminhou a passos lentos até o trailer.

Assim que abriu a porta e colocou seu pé nele seu sangue coagulou e sentiu seu coração parar de bater.

Uma loira de cabelos enrolados e olhos claros estava sentada em um sofá vermelho cumprido que ocupava praticamente toda a extensão do trailer. 

A loira se levantou e Sam pode comprovar que ela era bem mais alta que a mais nova. Aquela era Tammy, a ex namorada de Harold, ela era ainda mais linda pessoalmente, mas Samanta nunca havia gostado dela. 

Não era ciumes, era que Tammy sempre namorou os astros que Samanta mais amava. Sempre achou que a loira fora suga fama, para chamar a atenção da mídia namorava alguém que estava no foco das câmeras.

- A famosa Samanta! - disse a loira se levantando e caminhando com suas pernas cumpridas até a mais baixa que teve de olhar para cima para conseguir encarar as orbes de Tammy.

- Famosa? - franziu o cenho e sentiu seu sangue congelar assim que sentiu o toque dos braços da loira envolta de seu corpo em um abraço rápido.

Quem essa pensava que é? perguntou-se mentalmente franzindo ainda mais o cenho - se é possível.

- Harold me conta sobre você. - disse ela dando de ombros e se jogando no sofá onde estava sentada antes.

Samanta não sabia que eles ainda tinham contato um com o outro, ainda mais que eles ficavam conversando sobre ela.

- Acho muito injusto isso que fizeram com vocês. - disse forçando uma voz chorosa e magoada. - Você é praticamente uma criança, não deveria estar namorando! Ainda mais um namoro falso, pode ser prejudicial para o seu crescimento... 

Sam sentiu todos seus músculos se contraíres, suas narinas se dilataram e seus punhos se fecharam. Ela pode sentir suas unhas apertarem as palmas de suas mãos e sabia que depois ficaria uma marca feia nas mãos, mas na hora não conseguiu pensar direito.

- Não sou criança! - rosnou com os dentes trincados e os punhos fechados. - E não é mais tão falso assim. - disse tentando convencer mais a si mesma daquilo.

- Não foi o que ele disse. - disse a loira voltando a olhar para a enorme tela de televisão pregada na parede do trailer onde passava o show ao vivo. - Finalmente eles estão vindo para a troca de roupa! - disse ela animada batendo palma com aquilo.

Samanta respirou fundo e tentou relaxar seus músculos. 

A porta se abriu e uma figura loira - quase de cabelos grisalhos - apareceu atrás da porta. Louise era uma conhecida de Samanta, era figurinista da manda e descobrira algum tempo que fora namorada de seu pai na época do colegial. Os cabelos de Louise eram tão loiros que chegavam a ser brancos, os olhos claros e as sobrancelhas finas se destacavam na figurinista que sorria largamente para Samanta.

- Sam! - disse a figurinista abraçando a mais baixa e beijando seu rosto.

Cumprimentou de longe Tammy que resmungou algo não compreensível para os ouvidos de Samanta. 

- Meninas eu peço para que saiam do trailer rapidamente, só para os meninos se trocarem... - disse Louise e Samanta pode reparar que Tammy ficou desanimada com o aviso. Talvez ela quisesse ver os meninos nus.

Samanta já estava prestes a apertar a maçaneta prata e fina do trailer quando a mesa girou e se abriu mostrando cinco garotos suados e risonhos.

Samanta se afastou para que eles entrassem e cada um a abraçou fortemente, ignorando o fato de estarem nojentos de tanto suor, o único que não a abraçou fora Harold, que lhe cumprimentou com um simples beijo no rosto.

Ela acompanhou o dos cabelos rebeldes com os olhos e viu ele indo em direção a Tammy que possuia um sorriso vitorioso no rosto. Eles se abraçaram e Samanta pode jurar que jurar ver Tammy sussurrar algo no ouvido de Harold o que o fez sorrir largamente.

Em um resmungou Sam saiu do trailer pisando duro e se sentando no capo do carro de seu pai - que nessas horas já deveria estar bebendo vinho ou wiski com os outros empresários.