Complicada E Perfeitinha. escrita por Melanie


Capítulo 25
A super sobra de cinco meses


Notas iniciais do capítulo

to ligada que eu demorei, desculpa... criatividade ta em falta kk'
Espero que gostem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/373664/chapter/25

A principio pensei que o mundo estava acabando, mas logo em seguida reparei que o som dos infernos que estava preso as paredes do meu quarto e impregnando nos meus ouvidos era só o despertador. Mas que grande porcaria.

-Como desliga essa coisa? –Perguntei para o nada enquanto rodava o despertador procurando um botão, que eu me cansei de procurar cinco minutos de barulho ensurdecedor. Ataquei-o na parede, o despertador se partiu em pelo menos uns vinte pedaços.

Me troquei, fiz minha higiene matinal e dirigi até a casa de Pietro. Claro, porque era lá que Luca morava agora, na casa de Pietro. Luca pagava um aluguel (pra lá de barato) até Pietro voltar, daí ambos poderiam dividir igualmente as despesas da casa. A volta de Pietro era um assunto delicado para mim. Eu não sabia o quanto as coisas mudavam em um ano, mas sabia exatamente o quanto as coisas mudavam em cinco meses. Cinco meses que, passou rápido para todos, mas foi lento como uma tortura para mim. Pietro agora namorava com uma tal de Camila e eu, eu ainda era a sobra que se juntava com a outra sobra para ser uma super sobra.

É, eu sei. Triste, não? Cinco meses foi o suficiente pra ele esquecer tudo. Cada momento diferente que passamos juntos...

Pisei no freio e joguei o volante do carro pro lado contrario do carro que vinha logo a minha frente. Um rapaz loiro com os olhos tão escuros quanto um buraco negro me fuzilou, colocou a cabeça pra fora da janela do carro e analisou muito bem a minha postura.

-Esta tudo bem? –Gritou, a voz ainda um pouco exaltada pelo “quase acidente” que eu causei.

-Se eu soubesse o que é “estar tudo bem” –Murmurei e revirei os olhos. Liguei novamente o carro e dei a volta pelo carro dele, sem me preocupar em responder. Fui embora.

Impressionante como eu consigo causar acidentes de carro o dirigindo por menos de 5 minutos.

-Que bom que chegou viva. –Luca estava no portão, rodando a chave com os dedos.

Revirei os olhos. Como ele previu que eu talvez não chegasse viva? Mas que droga de exagero!

-Preciso de um cachorro novo. –Confessei, assim que desci do carro.

-Você tinha um no porão ou o que? –ele enrugou a testa.

-Eu tinha um cachorro, mas ele foi embora pra Brasília caçar cadelinhas. –Revirei os olhos.

-Você deu seu cachorro pro Pietro levar pra Brasília? –Ele enrrugou a testa, visivelmente perturbado com a idéia.

-Como você é lerdo... –Suspirei.

Entramos, tudo ali me lembrava Pietro. Justo no dia em que completava cinco meses que ele avia ido embora, quase um ano que nós nos conhecíamos, dia de seu aniversario e, a mais recente noticia—dada por Luca como se fosse algo irrelevante—,um mês que ele estava namorando com a loira oxigenada.

Chegava a ser perturbador a minha vontade de nunca ter levantado da cama.

-O que vamos fazer hoje?

-Sam e eu combinamos de ir ao shopping mais tarde, pegar um cinema ou coisa parecida.

-Acho que prefiro coisa parecida. –Ele mostrou a língua.

-Então não vai. –Ri.

-Sua grosseria é tipo... Ela é tão você mesma que até assusta.

-Minha grosseria é minha? Jura? Se você não tivesse falado... Sei lá, acho que eu mesma nunca descobriria ela em mim!

-Seu sarcasmo também.

Rimos. Aquilo era engraçado. Pela primeira vez Luca quem ressaltava meus defeitos e não eu quem apontava os deles.

Me sentei no sofá e fui brincar com o Stubb.

-Acho que ele gosta um pouco de mim.- Falei e sorri para o gato. Luca deu de ombros.

Stubb se aproximou ainda mais e lambeu minhas mãos.

-Por mim, pode ficar. Esse gato idiota não simpatiza comigo... Sou mais gato do que ele. –Piscou pra mim.

Gargalhei. Essa comparação era minha sobre Pietro, mas se encaixava perfeitamente a ele.

-Sim Luca, você é um gato.

-Obrigado.

-Preguiçoso, espaçoso, comilão e molenga. –Mostrei o Stubb pra ele. –E é só a gente dar um espacinho que tu já folga e quer o inteiro... Você é, logicamente, um gato.

Luca tentou contestar, mas era tão obvio que ele era tanto gato quanto folgado.

Chegando a tarde fomos para o cinema. Luca fez questão de comparecer, o que fez a Sam ter a casual—e brilhante—idéia de chamar John.

-Por que essa cara?

-Isso é tão ridículo! –Falei, alto o suficiente pra que as pessoas ouvissem. –Eles vão terminar juntos, pra que todo esse melodrama de duas horas? É tão previsível...

Luca riu.

-É um filme, e eles são um casal, Mel.

Suspirei e taquei mais pipoca em uma criança melequenta que acompanhava um casal. Me impressionou que o gordinho não se deitou no chão pra comer a pipoca que eu joguei, já que ele só faltava enfiar a cabeça no pacote e lamber a manteiga que sobrou lá dentro.

-Vamos sair daqui?

-E ir pra onde Mel? –Luca já estava de pé, pessoas reclamavam que ela estava na frente. Me levantei também e corri atrás dele ignorando Sam e John que perguntavam a onde estávamos indo. Saímos do shopping e esquecemos o carro no estacionamento enquanto corríamos. Paramos quando nosso fôlego não era mais o suficiente para nos manter de pé, então nos sentamos na calçada pouco movimentada que encontramos.

-Estou cansada. –Respirei fundo.

-Você só sabe reclamar. –Nos entreolhamos. Ambos só sabíamos reclamar.

Cinco minutos de silencio, nós nunca precisamos de palavras pra preencher o silencio. O silencio ao lado de Luca não era perigoso ou vergonhoso... era só silencio.

-Acha que ele me esqueceu? –Perguntei, meio receosa.

-Não, acho que esta tentando. –Ele deu de ombros e eu mostrei a língua. –Qual é? Você não pode estar triste ainda... Quer dizer, esse não pode ser o seu maior receio. Por que?

-Por que ninguém nunca fica?

-Eu fiquei.

-Por alguns meses, ele também. –suspirei e deitei minha cabeça em seu colo. –Ele, minha mãe... Por que ninguém nunca fica?

-As pessoas tem medo de você. – Ele olhava dentro dos meus olhos enquanto sorria, e eu só conseguia vasculhar minha mente me perguntando por que diabos isso seria bom. –As pessoas tem medo de mergulhar em você e acabar se afogando. Você é um mar, menina, tão bonita quanto, tão perigosa quanto.

-E você?

-Eu sei nadar.

Ri.

-Valeu. – Me levantei e o ajudei a se levantar também, com bem mais dificuldades do que eu esperava. Voltamos para o estacionamento e entramos em seu carro.

-Ficar perto de você foi uma escolha legal.

-Você não teve escolha, Idiota. –Baguncei seu cabelo.

-Nossa... Verdade. –ele me encarou de olhos arregalados. –Você só esta comigo porque somos a super sobra.

-Depois de tantos meses nós já evoluímos pra uma super, mega, ultra sobra...

-Quer saber? –Deu partida no carro. –A melhor coisa do mundo é sobrar com você, Mel, você pode se fazer de durona, mas é só uma bobona com quem qualquer um adoraria passar todo esse tempo.

-É, eu sei. Somos demais. –ele tirou uma das mãos do volante e arriscamos nossas vidas em um toque de mão.

-Não, somos o resto, branquela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mellodye, to escrevendo o teu capitulo! To com umas 15 linhas só e já escrevi tanta coisa nova que até eu estou surpresa comigo... ^^'
Ta demorando, mas vai sair!