X-Men: O Renascer Da Fênix escrita por Tenebris


Capítulo 8
Descontrole


Notas iniciais do capítulo

MUUUUITA ação com pitada de romance pra vocês, galerinha. CAPÍTULO DEDICADO À MISS ROGERS pela seu incrível talento de me deixar emocionada e feliz com os reviews dela.
Aliás, vocês curtem The Hunger Games? A fic dela é ÓTIMA, sério. Sabe aquela escrita com sentimento, com sensibilidade e emoção? É a escrita dela, especialmente nessa fic. Aqui está o link pra vocês que se interessarem:
http://fanfiction.com.br/historia/387368/The_Flame_Of_The_Games
Boa leitura!



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Alice ainda estava indignada quando se deitou em sua cama. No momento, confusão era a palavra exata para definir o que ela sentia sobre Erik... Ele se mostrava um homem contraditório, unicamente incapaz de ser compreendido. E cada vez mais intensamente indecifrável, enigmático e misterioso... Mas, além de confusão, Alice tinha raiva dele. Raiva por ele ter falado mal dela, alegando que ela era uma bomba relógio... Raiva por ele ter ameaçado beijá-la na hora do treino. Ora, ele a enganara facilmente. Poderia tê-la matado facilmente naquele momento, se assim fosse o desejo dele. Durante aqueles segundos, ele a teve tão facilmente nas mãos...

Alice repudiou essa ideia. Decidiu que iria ignorá-lo e odiá-lo. Por mais forte que fosse seu desejo de conversar com ele e entendê-lo, esse desejo teria de morrer. Alice não podia deixar a presença de Erik atrapalhar sua vida. Acima de tudo, daria prioridade para a sua batalha pessoal.

Já Erik divertia-se. Sabia que seu plano de aproximação estivera fragilizado por causa de seus próprios erros. Ele deveria ter conversado com Charles num lugar mais particular e apropriado. Não queria que Alice ouvisse o que ele tinha dito. Por um momento, teve duvídas. Ele não queria que Alice ouvisse o que ele tinha dito por quê? Porque prejudicaria seu plano, ou porque Erik não queria que ela se sentisse mal? Mas ele afastou tais pensamentos. Alice era uma mera peça no quebra-cabeças dele. Erik não se importava com ela... No entanto, sorriu inexplicavelmente enquanto lembrava-se da fúria dela, das suas ironias...  Do jeito que ela se deixara levar pelas palavras dele... Do jeito que o enfrentara, como ninguém antes ousaria fazer. Sim. Alice vivia no pensamento dele, sem que ele ao menos percebesse.

Outra semana se seguiu. A rotina de sempre era cumprida. Alice encontrava Erik raramente, e ocasionalmente eles trocavam alguma saudação ou palavra. Erik tinha aquele brilho de diversão nos olhos, enquanto Alice o olhava maliciosamente. Queria enganá-lo tal como ele a enganara. Queria desestabilizá-lo como ele fizera com ela. E faria isso ora ignorando-o, ora sendo gentil. Sabia que isso o confundiria.

Assim, em um dia comum, Alice dirigiu-se à sacada, como sempre fazia. Calculou o tempo da segunda ausência de Erik, que já contava três semanas sem que ele aparecesse por ali.

Novamente, o céu estava enegrecido e sem estrelas, talvez apenas uma ou duas brilhando palidamente.

- Posso ficar do seu lado, ou vai me fulminar por isso? – Disse Erik, postando-se ao lado de Alice. Ela deu de ombros, apenas.

- Queria me desculpar pelo que falei. Minha intenção não era falar mal de você. – Disse Erik, desculpando-se sinceramente. Só não sabia ainda os motivos que o levavam a fazer isso.

- Não sei se deveria aceitar suas desculpas, Senhor Lehnsherr. – Insinuou Alice.

Ela mexia nos cabelos a todo momento, deixando transparecer sua nuca e uma parte de seu ombro. Erik estava levemente desconcertado. Alice percebia isso.

- Deveria aceitá-las. Não é sempre que estou de bom humor para pedir desculpas, Senhorita Field. – Ele disse, olhando para ela maliciosamente.

- Vou pensar. Apenas prove que eu mereço aceitá-las. – Ela replicou de modo misterioso.

Erik aproximava-se de Alice, com muita vontade de tocá-la. Sentia-se verdadeiramente atraído por ela.

Mas Alice andou a passos lentos em direção à saída. Erik ia levantar o braço para impedi-la, mas hesitou. Tentou pensar racionalmente. Ora, ele era homem e era normal sentir-se atraído por uma bela mulher, mas achou melhor pensar com calma. Tinha planos a serem cumpridos. Não entendeu seu súbito descontrole emocional. Como pôde se desviar de seus objetivos principais? Isso nunca tinha acontecido antes.

- Posso mudar de ideia e não me desculpar nunca mais. Decida-se. – Disse ele.

- Ora, Erik... Como você mesmo me disse uma vez, há muitos jeitos de se ganhar uma batalha. – Disse Alice, virando as costas para ele.

- Espere! – Interrompeu Erik, extasiado por dentro. – Não quer ouvir mais de minha história?

Mas Alice foi embora, enquanto murmurava docemente, lembrando Erik do outro encontro:

- Quem sabe, em outra noite tão bela e agradável quanto esta.

A verdade era que Alice desestabilizava Erik. E este, por sua vez, desestabilizava Alice. E ambos negavam isso. Além disso, Alice vivia nos pensamentos de Erik sem que ele ao menos notasse, e ele também vivia na mente dela frequentemente. E, novamente, ambos negavam isso. Alice não entendia o efeito que Erik causava nela, e ele também não compreendia o que tanto o atraía em Alice. Os dois estavam confusos demais, com sentimentos desconhecidos parecidos demais. Os dois estavam receosos, sem saber como lidar com a situação em que se encontravam. Os dois estavam perdidos.

Mas, como tinha de ser, amanheceu em Utopia.

Charles tinha alguns compromissos, e estava monitorando seus radares junto de Scott Summers. Charles andava distraído, com preocupações a mil na cabeça. Pensou que teria mais uma manhã normal, mas algo em seus radares lhe chamou a atenção.

- Scott... Venha até aqui. – Chamou o Professor urgentemente. Seu tom de voz oscilava.

Scott atendeu ao chamado do Professor prontamente, postando-se ao lado dele.

- O que houve, Professor Charles? – Perguntou Scott, cujos olhos rápidos percorriam cada centímetro do monitor dos radares, buscando anomalias.

- Scott. Veja esta leitura de energia! Está altíssima! – Disse Charles, desesperado. Ele mal conseguia manter-se quieto em sua cadeira de rodas.

Scott parou durante um tempo observando as leituras energéticas que o radar indicava. Entendeu o que Charles queria dizer, e também entendeu a nítida preocupação dele.

Charles tentava combater a ameaça iminente como podia, mas mexer em seus computadores e radares não era o bastante. Ele gritou para Scott, com desespero nítido em seus olhos antigamente calmos:

- Vá chamar Alice! Agora! Temos que ser rápidos, ou tudo estará perdido!

Alice levantou-se aonde estava. Sua mente estava vazia, e ela nada sentia. Era como se tivesse perdido sua consciência. Era como se, subitamente, tivesse sido desligada do mundo real.

Mas ainda assim, ela andava por Utopia. Tinha os olhos castanhos quase negros, o maxilar rígido e os lábios finos formando um sorriso maligno que em nada lembrava a verdadeira Alice.

Ela andava com imponência, olhando tudo ao seu redor com desprezo. Teve desejo de destruir tudo o que estivesse em seu alcance. Tudo.

Alice invocou seu poder, e uma onda de felicidade e destruição inundou seu ser... Era tudo o que ela mais desejava e prezava: Destruição e poder. Não teve dificuldades de entrar em chamas. Logo, todo o seu poder a consumia. Alice estava inteiramente recoberta de suas chamas azuis. Ela levantou um braço, almejando destruir uma parede dos corredores.

- Alice! Não faça isso! – Berrou Scott Summers. Todos os outros X-Men estavam atrás dele.

Scott liderava esse esquadrão de emergências. Porém, sentiu um imenso terror dentro de si. Imediatamente, ao encontrar com a garota, percebeu que não era Alice. Eles chegaram tarde demais.

- Alice? – Debochou Alice, mas sua voz estava esquisita. Não parecia ser dela. – Esse nome me desonra, mutante!

E então, ela expeliu seu poder, botando fogo na parede dos corredores principais. Em questão de segundos, tudo entrara em chamas. O metal era consumido e uma forte fumaça era exalada. Alice não parava. Continuava disparando fogo em tudo o que havia em seu caminho, de modo que sirenes e alertas de emergência começaram a soar.

- X-Men, detenham-na! – Disse Scott, tomando a linha de frente.

- Mas ela é Alice! – Disse Kitty, conturbada.

- Não. Essa não é a Alice que conhecemos. – Afirmou Scott, como se falasse consigo mesmo.

E assim, um por um, cada X-Men foi na direção de Alice, disposto a enfrentá-la. Porém, mal conseguiam se aproximar dela. Alice estava descontrolada. Dava risadas e emitia suas chamas azuis, derrotando um por um de cada X-Men que se punha em seu caminho. Era um massacre.

Um a um, Scott, Kitty, Noturno, Vampira, Namor... Todos foram derrotados por ela. Alice detinha todo o poder de fogo possível. Cada guarda que aparecia, ela feria. Estava incontrolável. Praticamente invencível.

E assim, Alice parou no meio dos destroços, obcecada pelas chamas azuis que circundavam todo o local. Os chafarizes de água embutidos no teto não davam conta de apagar as chamas. Agora, o local que fora o segundo andar de Utopia estava arruinado. Havia buracos nas paredes, fiações estavam destruídas e em combustão, fumaça intoxicava tudo e a todos, as luzes e aparatos tecnológicos emitiam faíscas perigosas... Tudo era destruição.

Scott, caído entre os escombros, tentou lançar uma rajada óptica em Alice, que estava distrída rindo com prazer daquela cena de terror. Alice deu um grito ao ser atingida. Olhou com uma fúria animalesca para Scott. Estava disposta a matá-lo de verdade. Aquela garota, que no momento não era Alice, parecia ter uma raiva particular de Scott. Ele a olhou nos olhos por um momento, vendo aquele prazer felino pela destruição.

Ele sentiu-se mal. Incapaz de lutar.

- O que aconteceu, Alice? Falaram mal de você de novo? – Magneto falou ironicamente, aparecendo no recinto.

Alice virou-se na direção dele, esquecendo seu desejo de matar Scott.

Imediatamente, Erik percebeu que não se tratava de Alice. Como ele tinha conversado com Charles antes de ir até ela, sabia que tipo de situação estava enfrentando. E só cabia a ele dar um fim nisto.

- É... Pior do que eu imaginei... – Comentou Erik, e Alice partiu na direção dele.

Erik observou a destruição ao seu redor e entendeu que precisava agir. Por mais que relutasse em machucar Alice, precisava impedi-la. A luta travada entre eles estava completamente diferente daquela realizada no treino. Alice estava mais veloz, mais ágil, mais letal e mortífera. Ela não hesitava em usar seu poder e lançar chamas contra Erik. Por sorte, ele conseguiu se desviar dos primeiros ataques. Ele tentou golpeá-la, derrubando-a com socos e outros ataques, mas ela também desviou-se.

Erik mal conseguia observar o rosto dela, de tão tomada que ela estava pelas próprias chamas. Era um estágio muito avançado do poder dela. Por fim, Erik tentou levitá-la. Como o sangue de Alice continha ferro, Erik sabia que era capaz de fazê-la voar, como fazia com qualquer ser que possuísse sangue. Mas Alice revoltava-se no ar, e lançava chamas brutais na direção dele.

Então, Erik pensou rápido, e manipulou o metal de alguns fios que estavam pendendo do teto. Usou-os para conter Alice e amarrá-la.

Já que força não estava adiantando, resolveu apelar para a razão. Ele aproveitou os momentos em que conseguiu mantê-la presa e se aproximou dela, procurando ansiosamente pelos seus olhos em meio ao calor azul:

- Alice! Alice! Esta não é você. Olhe para mim! – Berrou ele desesperadamente.

Por um momento, aquele ser o encarou de volta. Parecia ter suavizado o olhar rapidamente. Erik já podia enxergar os olhos castanhos profundos de Alice. Estava conseguindo chamá-la à realidade.

Então, continuou falando com ela. Alice estivera completamente tomada pelo seu próprio poder, com o corpo em chamas azuis cintilantes. Agora, tinha somente os braços e pernas tomados pelo fogo. Apesar de o rosto ainda estar maligo, ela estava voltando a si gradativamente. Erik estava conseguindo fazê-la recuperar o controle. Estava fazendo o poder dela regredir. Ela já estava parando de se debater, por estar presa entre os fios metálicos.

- Vamos, Alice. Eu sei que você está aí. Lembra? Eu sou Erik! – Dizia Magneto, agora podendo tocar o rosto dela.

A expressão de Alice era de pura confusão, como se ela não soubesse quem era, o que fazia, ou onde estava. Mas também era uma expressão que clamava por ajuda, por paz.

- Você não se lembra? Você me salvou... Olhe para seu pescoço. – Insistiu Erik, agora falando pausadamente.

Alice tinha se ajoelhado no chão, ainda presa pelos fios. Erik também se ajoelhou em meio aos escombros perto dela, a fim de poder encará-la nos olhos mais facilmente.

Alice olhou para seu pescoço e viu um pingente azul cintilando vagamente em meio àquela confusão. Flashs de memória voavam por sua mente, como se fossem lembranças distantes e falsas.

- Vamos! Eu te salvei uma vez, posso fazer isso de novo. E sei que você também pode se salvar. Tenho em você. – Prosseguiu Erik.

Foi então que ele reconheceu. Aquele olhar assustado, frágil, perdido... E foi como se Erik revivesse o momento em que encontrou Alice pela primeira vez, deitada numa cela, incapaz de se mover... Ferida. Era esse mesmo olhar assustado, súplice. Ele sentiu que precisava salvá-la.

Foi então que, num ímpeto de segundo, Alice teve um descontrole. Ela emitiu suas chamas para todas as direções, e uma delas atingiu Erik diretamente no peito. Magneto voou no ar e esbarrou numa das enormes paredes de vidro, que se estilhaçou com o impacto. Magneto caiu no chão, vertendo sangue e inconsciente.

- Eu voltarei! – Disse Alice, mas a voz não era dela. Era como se houvesse uma sobreposição de vozes, como se outra pessoa falasse por ela... Num tom místico e ameaçador.

Mas então, após isso, todo e qualquer vestígio de fogo ou chama azul se extirpou. Alice estava normal, sem fogo percorrendo seu corpo. Olhou, ainda ajoelhada no chão, para Erik caído. Olhou para a destruição ao seu redor e para os X-Men feridos.

- Ah, meu Deus! O que foi que eu fiz? – Ela se lamentou, desmaiando e desejando que tudo fosse apenas um sonho ruim.

Alice ouvia um barulho irritante que a fazia se lembrar de hospital. Não ousou abrir os olhos, mas já estava acordada. Era como se ela tivesse viajado por um longo tempo e não se lembrasse de mais nada. Uma forte dor de cabeça também a acometia. Ela esforçou-se demasiadamente, e percebeu que a última lembrança que tinha era de se despedir de Erik na varanda, onde costumavam se encontrar. Lembrou-se, em flashs, de um pesadelo que tivera, mas não queria pensar nisso.

Foi quando uma voz chamou por ela, hesitante:

- Alice?

Era Scott Summers. Alice abriu os olhos preguiçosamente e ficou feliz por ver um rosto familiar. Então, percebeu que estava numa espécie de enfermaria. O que tinha acontecido com ela? Ela estava deitada em uma cama de hospital da ala médica de Utopia.

- Scott? – Ela disse, olhando assustada para os aparelhos conectados por todo o corpo dela.

- Não se preocupe. Você está fora de perigo. Precisa descansar. – Comentou Scott, segurando nas mãos dela. Ele estava com seu uniforme habitual de ataque e os óculos de lentes vermelhas.

- Scott... O que eu estou fazendo aqui? O que aconteceu? Foi aquele meu sonho, não foi? – Alice desesperou-se. Queria chorar.

Scott olhou para ela com compaixão. Ele sorriu tristemente e falou, sereno:

- Alice... Charles me contou tudo o que sabe. Ele está investigando mais, no momento. Mas... Receio que você e todos nós estamos correndo um grave perigo.

- Que perigo? – Indagou Alice, respirando com dificuldade.

- A Fênix tentou usar você como seu avatar, aqui na Terra. Durante a noite passada, a Fênix controlou você


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