Logo começou a chover. Não é lá grande coisa, mas é meio que anormal o dia começar super-mega-quente e lá pela tarde chover. Todos foram para suas cabanas e eu fiquei ali, sem nada para fazer. Resolvi passear um pouco pelo acampamento, quando vi uma árvore com frutas que eu queria comer. Estava com fome e o jantar ainda ia demorar. Subi na árvore calmamente e comecei a comê-las.

A chuva começou a parar e ficou uma fina garoa. Resolvi descer da árvore, fui me levantar mas ela estava com a droga de um musgo onde eu pisei e escorreguei.

– Te peguei! – Ele disse com um sorriso bobo. - A propósito, está me devendo uma.

– Obrigada – disse sem vontade de viver – O que faz aqui?

– Grande consideração por minha pessoa – ele disse revirando os olhos e me colocando no chão – Vim avisar que o jantar está pronto... Ah que bom, a chuva parou!

– E você teve todo esse trabalho? Desculpa, mas desconfio que você queira algo em troca!

– Ah, mas que confiança em mim. Mas sim, eu quero algo.

– O que seria?

– Queria que me ajudasse a pedir a Lay em namoro...

– Huuum ta apaixonado! – eu disse batendo no ombro dele.

– Sei lá, acho que não gosto de “ficar” com alguém. Se é pra estarmos juntos, que seja oficial.

– Isso soou tão profundo! Snif!

– Para de fingir choro Lucy, mas então, vai ajudar?

– O que eu não faço por você?

– Quase tudo...

– Não importa! Agora vou te ajudar, só me dê um tempo para pensar.

– Claro senhorita-mente-brilhante.

Depois nos separamos. Queria que Luke tivesse alta logo, ver Ryan assim me fez ter uma ideia melhor da pessoa dele. Será que existe salvação? Resolvi pegar uma comida escondida pro Luke. Fui em direção á mesa, peguei um potinho e coloquei comida para ele. Quando cheguei no suco, tinha uma cara lá. Tipo, não no copo. Dentro do suco.

– Lucy? Ah minha querida.

– Você de novo? – eu disse sussurrando.

– Já deveria ter se acostumado com minhas aparições para você.

– Nunca vou me acostumar.

– Já decidiu?

– Ainda não.

Semana passada, Lyxios apareceu pra mim no espelho me oferecendo sua casa, ele quer que eu more com ele. Claro que não vou aceitar, mas vou deixar que ele acredite.

– Pare de aparecer para mim!

– Eu pararia, se você soubesse usar seus poderes e boqueasse nossa ligação.

– NÃO TEMOS NENHUMA LIGAÇÃO! – gritei fazendo todos olharem para mim – Não temos... nenhuma ligação.

– Vou fingir que acredito. Espero que esteja preparada

– Pra que? Ah... sumiu.

Desisti de pegar comida para Luke. Era muito para a cabeça de uma Lucy só. Ainda tenho muita coisa para fazer. Peguei um pouco de macarrão e fui me sentar.

**

Eu estava sentada em um tronco de árvore enquanto todos jantavam, quando o céu foi ficando preto e chuvoso, estranho, porém todo mundo saiu correndo. Eu não entendi a razão, mas tudo bem. Continuei sentada pegando a chuva quando eu vi Ryan correndo com uma lança em minha direção. O que aquele garoto pensava que iria fazer? Me matar? Ah mas não vai ser hoje que isso vai acontecer.

– Não faça movimentos bruscos... E fique calada. – ele disse olhando nos meus olhos. – Quando eu jogar, você corre pra cá.

– Do que você ta... – não terminei a frase, Ryan jogou sua lança para alguma coisa que iria pular em mim e eu saí correndo. Mas tropecei.

– Desastrada... – ele murmurou correndo em direção do monstro – FUJA E CHAME AJUDA!

Eu não pretendia fugir, e não vou. Ainda não tinha visto o monstro, mas depois de hoje, quero nunca mais olhar. Ele tinha longos pelo e era gigante.

O Lobo atacou o tronco de Ryan o arranhando, porém ele revidou enfiando sua lança na barriga do monstro. Ryan pegou impulso e tentou atacar, mas foi jogado contra uma árvore. Ele se levantou com a mão na barriga, deveria ter muito sangue. O Lobo aproveitou e ia na direção de Ryan. Não conseguia vê-lo muito bem porque estava super escuro.

Vamos Lucy, você tem que lembrar como derrota-lo...

– O Lobo Fenrir é muito comum em qualquer época, mas principalmente de noite...

– Mas professora, e se algum atacar o acampamento? – perguntou Pam.

– É quase impossível, mas o único jeito é usando fogo e água ao mesmo tempo, e são os servos oficiais de Lyxios.

Perfeito! Obrigada mente inteligente.

– RYAN TACA FOGO NELE! – eu gritei.

– E do que isso vai adiantar? – ele murmurou.

Mas ele fez o que eu pedi. Juntos, usamos nossos poderes. Eu raramente os uso, só em salas de aula e em casos extremos (como tacar bolas de água no Ryan), mas esta foi a primeira vez que eu os usei de verdade.

Ele devia estar muito debilitado, porque a única coisa que saiu da sua mão foi um pequeno fiapo de poder. Eu não sabia o que fazer, deveria ter procurado ajuda, mas se eu saísse agora, o lobo mataria Ryan e correria atrás de mim. Quando olhei para a floresta mais dois Lobos surgiram e iam na direção do outro. Por que queriam matar Ryan? O medo me dominava.

Eu não aguentava ver aquilo e comecei a chorar, quando os lobos abriram a boca e estavam prontos para matar Ryan eu fiz... fiz o que deveria.

Eu corri até lá.

– V-vocês não vão encostar um dente nele!

Então aconteceu. Meu medo se misturou com a raiva, e eu gritei. Um grito forte estrondoso, que fez os lobos recuarem, então meu cabelo se tingiu de vermelho e meus olhos mais azuis que o normal. De repente, eu sabia o que se fazer.

– Vão embora, ou sofram as consequências. – eles continuaram se aproximando – Se querem assim, que seja!

Então liberei meu poder. Sentir o fogo na palma da minha mão era uma sensação boa, indescritível. Ataquei os lobos com água e fogo, sem sair do lugar, o fogo que saia das minhas mãos parecia ter sido injetado e percorria pela primeira vez em minhas veias. Dois já haviam morrido, mas deixei que um sobrevivesse.

– Diga a Lyxios que não aceito nenhuma proposta feita por ele, e espero que ele nunca mais ataque meus amigos.

O Lobo saiu correndo e eu caí de joelhos. Usar poder do fogo cansa. Acaei me lembrando de Ryan e o ajudei a levantar-se com a mão dele em volta do meu pescoço.

– V-você usou...

– Shiii, estamos quites. – eu disse sorrindo – O mais importante agora é te levar para a enfermaria. Mas importante ainda, não conte isso á ninguém.

– Tudo bem, mas depois conversamos sobre isso. – ele disse quase desmaiando.

– Fique quieto.

Só espero chegar na enfermaria antes que ele desmaie.

"Ele tinha pelos grandes"