Riptide escrita por We are made of Starlight


Capítulo 1
Iris


Notas iniciais do capítulo

''Nenhum filho do Deus dos Mares e nenhuma filha da Deusa da Sabedoria jamais tinham chegado tão perto.''

Boa leitura!



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''E eu desistiria da eternidade para te tocar
Pois eu sei que você me sente de alguma maneira
Você é o mais próximo do paraíso que já estarei''

A cabeça de Percy Jackson não é mais a mesma. Em seus pensamentos, não há indícios de esgrima, revistas em quadrinhos, surfe, cavalos e nem sequer sinal de comida azul. Há somente o nome de uma certa garota ecoando intenssamente. Ele está tão cansado, tão perto de perder por completo a sanidade. Nunca acreditou em coisas permanentes, por isso questionava-se sobre o porquê das mudanças emocionais não cessarem.

Os sentimentos do moreno de olhos verdes estão tão confusos, misturados, intensos. Respostas são o que ele mais quer.

''Annabeth Chase, você entrou na minha vida para me ensinar alguma lição? Porque... olha, se for isso, eu já aprendi. Então, o destino tem que parar de agir desse jeito.'' Percy pensou.

Na verdade, ele conhecia Annabeth desde que chegou ao Acampamento Meio-Sangue, então resolve pensar em como toda essa confusão começou, em quando as ações dela começaram a repercutir na vida dele. Com sorte, descobriria uma forma de tirá-la de sua mente.


COMO TUDO COMEÇOU

Há duas semanas, Percy foi ao estábulo a fim de montar em Blackjack e distrair a si mesmo, foi o primeiro equívoco. O fim da tarde se aproximava e ele cantarolava baixinho sua música preferida do The Smiths quando se deparou com Annabeth. Ficou deverás confuso, afinal nem em um milhão de anos esperava ver o fiel cavalo negro montado por uma filha de Atena.

Esta percebeu a presença de Percy, murmurou um Oi e desviou seu olhar. Será que ela estava tão despreparada para o momento quanto ele? O rapaz tossiu para chamar a atenção da jovem, funcionou.

— O que está fazendo no meu cavalo? — O tom de voz do garoto saiu calmo, não obstante repreendedor.

— Use o seu dom e pergunte a ele. Não sou obrigada a te dar satisfações, filho de Poseidon.

E foi aí que a coisa piorou, Percy devia ter corrido depois dessa frase. Notou seus olhos cinza e os encarou tentando decifrá-los. Eles não só refletiam desafio e sabedoria, como também mistério, muito mistério. O tom de voz da garota também era desafiador, mesmo com a voz melodiosa. Aquela foi a primeira vez que ele se sentiu estranho, afinal estava admirando a garota, não confrontando.

As bochechas de Annabeth coraram e ela pulou de Blackjack para montar em outro animal. Percy xingou-se mentalmente por notar tudo aquilo e subiu em Blackjack, precisava ter uma conversa séria com ele.

Galopou estábulo afora e o cavalo pegou o impulso necessário para voar.

O rapaz começou a escutá-lo em seus pensamentos. Blackjack se explicava e pedia desculpas, não queria deixar ninguém bravo já que tinha desenvolvido certo companheirismo pela loira desde que ela lhe deu cubos de açúcar. Percy perdoou, entretanto alertou que talvez Poseidon não gostasse de ter as filhas de sua inimiga montadas nas suas criações (os cavalos). Blackjack assentiu e avistaram Annabeth galopando.

O moreno ordenou ao cavalo alado que pousasse e foi falar com a loira cujos lindos olhos transmitiam tamanha serenidade que fez Percy pensar que talvez ela gostasse mesmo de estar ao ar livre.

Cabelos loiros ao vento, montada em seu tipo de animal favorito, sorrindo com os olhos, Annabeth Chase, por mais irritante e sabichona que fosse, esbanjava uma paz inatingível. Percy a achou tão linda. E por que diabos ele não conseguia parar de admirá-la?

Puxou assunto e ficaram conversando até o sol se por. Droga, ainda tinha luz suficiente para ele reparar no físico dela. Lembrou-se daquela coisa irritante que conheceu há oito anos e comparou com a garota sorridente e desafiadora de corpo escultural, agora com dezesseis anos.

Percy dá um sorrisinho ao lembrar que Annabeth comentou que a camisa que ele usava ficava boa demais nele, já que os olhos dele combinavam com o verde e em resposta, ele tinha dado um meio sorriso. Lembrou também que tinha pensado - só por vinte e cinco vezes - em falar que a filha de Atena era a coisa mais linda que já tinha visto.

Guardaram os cavalos no estábulo, todo mundo já estava na cama. O tempo voa e naquele dia, a rivalidade entre os pais divinos foi esquecida.

Sem perceber, o rapaz tinha acompanhado, até o Chalé Seis, a bela que tinha os olhos em um cinza claro e comentava com um sorrisinho que ele era muito possessivo com cavalos, agradeceu pela conversa e fitou-o de cima a baixo, analisando-o.
Percy sorria, assim como tinha feito quase que a tarde inteira. Tomou coragem e piscou, dizendo de modo brincalhão que ela sabia que tinha a obrigação de informar sobre qualquer relação íntima com seu cavalo preferido.

Annabeth se virou para entrar quando a mão máscula do rapaz involuntariamente e delicadamente puxou seu cotovelo para aproximar os dois corpos.

Nenhum filho do Deus dos Mares e nenhuma filha da Deusa da Sabedoria jamais tinham chegado tão perto.

— Não vai, não. Fica mais um pouco — O garoto pediu em um tom tão doce que Annabeth pensou que aquela voz rouquinha era um charme.

A loira tinha as sobrancelhas levemente arqueadas e parecia refletir.

Annabeth percebeu que Perseu era lindo, entretanto a Coruja, símbolo de Atena que ficava em cima do seu chalé, parecia estar observando a cena. Sua mãe não gostaria de ter sua filha conversando com um filho de seu inimigo, mesmo que Percy fosse o cara que tenha a divertido tanto e agora esperava uma resposta pacientemente.

Imprevisivelmente, Annabeth colou mais seu corpo ao de Percy e falou em seu ouvido, temendo que algum deus escutasse:

— Eu tenho mesmo que ir, Percy. Mas... eu adorei hoje, obrigada — A voz dela era calma e Percy acreditou totalmente em suas palavras.

O garoto de olhos verdes rapidamente enlaçou suas mãos firmes na cintura de Annabeth. Ele parecia estar sensível a suas palavras e lhe dava um abraço bom demais.
Depois da metade de dez segundos, relutante, ela afastou-se minimamente, mas isso não foi o suficiente para que as mãos fortes de Percy largassem seu corpo. Annabeth tinha que ir.

Percy encarou seus olhos. A loira se surpreendeu com a leve tristeza que os olhos do garoto emanavam e antes que sua curiosidade a permitisse questioná-lo sobre isso, ela resolveu colar seus lábios de leve na bochecha do rapaz e entrar no chalé.

Quando Percy teve consciência do ato, Annabeth já tinha entrado no chalé. O moreno só podia afirmar que tinha adorado a sensação e isso o preocupava.

Percy saiu dali, sentindo o sangue preso em suas bochechas, provavelmente ele estava vermelho. O poder emanado da Coruja o assustou brevemente. Ouviu ruídos de algumas vozes vindas do Chalé 6, mas aquilo foi ignorado. Mal sabia Percy que este seria só o começo dos milhões de comentários sobre os dois que viriam pela frente.

A última coisa que Percy viu antes de cair no sono naquela noite: certos olhos cinzas cativantes. Ele sabia que queria olhá-los de novo. Tinha algo no interior de sua alma que afirmava que eles seriam a coisa mais próxima do Paraíso que Percy alcançaria.




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Notas finais do capítulo

:P



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