Absence escrita por Thalita Moraes


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, para compensar a demora do capítulo anterior e seu tamanho, aqui está.

Enjoy o/



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"Nunca imaginei que Gajeel soubesse cozinhar. Talvez tenha aprendido para Levy... Mas também, só porque ele come ferro, não significa que ele não saiba cozinhar outra coisa. Realmente... Acho que os talheres dele devem ser todos comidos"

Lucy se pegou se divertindo com seus pensamentos. Surpreendeu-se quando o assunto deles era Gajeel. Surpreendeu-se ainda mais quando sentiu um dejávu, como se aquelas mesmas palavras já tivessem passado por sua mente alguma vez em sua história. Então, ela se lembrou dos olhos de Gajeel quando perguntara se ele sabia fazer alguma coisa na cozinha. 

Ela sentia no olhos dele que ela não precisava se preocupar enquanto ele estivesse ali, cuidando dela. Mas ainda assim, Lucy não conseguia tirar aquela pergunta da cabeça: "Porque ele está me ajudando? Será que tem alguma coisa a ver com esse déjavu?"

Lucy estava tão concentrada em seus pensamentos que quase nem percebeu que Natsu entrara pela janela.

—Natsu. — Ela disse, um pouco surpresa. Porque ele estava ali? Ela não queria ver ele. Não ele. Principalmente ele. Por favor, não ele.

—Lucy. — Ele disse, surpreso por vê-la acordada, viva. Mas ainda irritado por sentir aquele cheiro de ferro invadindo o apartamento dela. Pelo menos, ele não estava mais ali. "Ainda bem", pensou aliviado. — Você está bem? Você sumiu da enfermaria, fiquei preocupado. — Disse Natsu, ajoelhado em sua cama, próximo o suficiente dela para ela conseguir sentir seu calor. Aquele calor que costumava fazer parte de seu dia-a-dia, aquele calor que ela aprendera a amar, agora incomodava. 

Lucy abaixou o olhar para suas mãos. Sua mão direita principalmente. Ela passou o polegar esquerdo encima da marca da Fairy Tail. Lucy não queria olhar para Natsu. Só olhar para ele machucava. Profundamente.

—Lucy. — Natsu chamou-a novamente. Ele queria que Lucy olhasse para ele, em seus olhos, como ela costumava fazer. "Afinal, o que mudou nesses dois meses?". Ele não quis responder essa pergunta. Essa não era a hora. — Porque você não me contou que você ia numa missão? Eu poderia ter ido com você.

Lucy não queria responder. Bastava as palavras circularem em sua cabeça para que ela pudesse começar a lacrimejar. A resposta daquela pergunta já vagava em sua cabeça há um belo tempo, e só pensar nisso a fazia chorar. Imagina se ela chegasse a realmente dizer aquelas palavras?

—Lucy. Porque você não me responde? — Pergunta Natsu, um pouco impaciente. De súbito, uma foto passou em sua mente. A foto de uma menina de pele e cabelos brancos, sorriso contagiante. — É por causa da Lisanna? — Não, ele não acabou de falar o nome dela. Ele não acabou de fazer isso. Ele realmente colocou a culpa em outra pessoa? — É por causa dela? Se você quiser, eu posso parar de... 

Natsu não conseguiu terminar a frase.

—A culpa não é da Lisanna. — Lucy disse, com a voz chorosa, irritada. Brava. Nervosa. Os olhos já inundados. Ela não conseguiria segurar as lágrimas. Então, seria melhor ela falar as palavras que ela tanto temia. — Não foi ela que se esqueceu de mim.

—Lucy... — Murmurou Natsu. Ele não conseguiria falar mais nada a partir dali. Então, e só então, ele percebeu o que aconteceu. Natsu finalmente percebeu o que todos estavam falando para ele. "A culpa é sua, Natsu". Embora, Lisanna sentisse-se mais culpada do que qualquer outro, o verdadeiro culpado era o Natsu. E agora, ele sabia disso.

—E não pense que eu não tentei te chamar para ir comigo na missão, porque eu tentei. Só Deus sabe o quanto eu tentei. Mas, você não largava da Lisanna. — Lucy disse, entre lágrimas, no meio de uma raiva que ela simplesmente não conseguia controlar mais.

Sim, não era a Lisanna que não largava do pé de Natsu. Era Natsu que não saia de perto dela. Imagens surgiram na mente de Natsu. Ele lembrou-se que Lucy tentou chamá-lo para fazer alguma coisa. Era aquela missão? Ele não tinha percebido. Ele não tinha dado o tempo de Lucy falar qualquer coisa, Lisanna o chamou e ele foi correndo como um cachorrinho.

"Desculpa, Lucy. Será que podemos deixar isso para amanhã?" Natsu disse, já começando a correr, sem dar tempo de Lucy responder. No dia seguinte, ela contou para Mirajane e o resto vocês já sabem.

E ele lembrou-se do que Lisanna disse para ele depois:

"O que Lucy queria?"

"Não sei". Disse Natsu, na maior inocência.

"Não vai perguntar para ela?" Perguntou Lisanna, preocupada. 

"Nah... Não deve ser importante".

Não é importante.

Ele realmente tinha dito isso.

Não era importante.

O fato de que a Lucy quase morreu não era importante?

Nunca, em toda sua vida, ele sentiu tanto ódio por si mesmo.

—Então, não me venha com esse papo de "porque não me chamou", porque eu chamei. Eu chamei. Eu te convidei. Não só para essa missão, mas para outras. Nem conversar com você eu conseguia, parecia que eu tinha me tornado invísivel. 

Natsu se surpreendeu. Não pelo o que Lucy disse. Não pela maneira como ela disse. Não pelas lágrimas em seu rosto. Ele se surpreendeu ao saber de sua reação. Ele não tinha percebido a maneira como ele andava agindo com ela naqueles dois meses. 

Agora ele sabia.

Ele ficou surpreso ao saber que ele era o motivo das lágrimas de Lucy. 

—Você não sabe o quanto machucou. O quanto ainda machuca. Toda vez que eu olho para você, eu... — Lucy não conseguiu terminar a frase. As lágrimas vieram mais violentamente dessa vez. Ela virou seu rosto, não querendo mais olhar para aqueles olhos dele. — Por favor, só vá embora. 

Sem discutir, por saber que Lucy estava com a razão, Natsu voltou a pular pela janela. Triste, magoado. Triste por ter deixado Lucy triste. Ele não sabia. 

Ele não sabia. 

"Desculpe..." Pensou Natsu novamente, abaixando sua cabeça, tentando evitar de que as lágrimas caíssem. No seu caminho de volta, para onde ele não sabia, acabara trompando com Gajeel. Não falara nada, apenas tonteara um pouco antes de voltar a caminhar. Nem vira que foi em Gajeel que trompara. Ele não se importava mais com isso. Estava triste com suas atitudes, pensando no que ele ia fazer para colocar o sorriso de volta no rosto de Lucy.

Gajeel viu que Natsu estava vindo da direção do apartamento de Lucy e pensou em falar alguma coisa, mas quando viu o estado mental de Natsu, resolveu ficar quieto. Ele não imaginou que quando chegasse no apartamento de Lucy, ela estaria tão ruim quanto ele.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou um pouquinho maior -- pouquinho? -- talvez para compensar o anterior.
Digo como leitora, prefiro muitos capítulos pequenos do que poucos enormes com mais de mil palavras. Sim, sou preguiçosa >.
E vocês? Como preferem?