Quando Mais Precisava escrita por AnaMM


Capítulo 23
Promessas e Segredos


Notas iniciais do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=Hu0xlyLwK7Q trilha do dia, Me - the 1975
http://winnin.com/pt-br/battle/238714/casais-mais-lindos-de-malhacao-ate-hoje/67eccb8d?utm_medium=cpc&utm_source=Facebook&utm_campaign=novelas-malhacao votem LiDinho, se puderem.



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Era uma tola. Devia ter desconfiado desde o começo, estava bom demais para ser verdade, e nada positivo lhe vinha em tamanha sequência. Testara demais a própria sorte. Se ao menos tivesse escutado sua consciência... Mas como lutar contra algo quando a própria razão já insiste em desobedecê-la. Era a força do que Dinho lhe causava. Arrancava-lhe o chão, com tudo o que conhecia. Nada era seguro quando se tratava de Dinho, nada era constante, nunca fora. Apenas o que sentia. Apenas o que temia em sentir, mesmo depois de tudo que acontecera.

– O que você acha que eu sou? Masoquista ou burra? – Perguntou friamente a Lorenzo.

– Eu pensei que vocês não tivessem mais nada... – Lorenzo comentou.

Lia riu friamente. Dinho a observava da porta, angustiado. Parecia calcular suas opções.

– O covarde vai ficar só olhando? Por que você não facilita as coisas e vai embora de uma vez?

– Se você fosse menos impulsiva... – Pronunciou-se irritado.

– Se você fosse menos filho da puta...

– Lia! – Lorenzo a repreendeu.

– Você tá me zoando, pai? Você tá do lado do Dinho, é isso?

– Eu não estou do lado de ninguém!

– Pois deveria, afinal, a sua filha sou eu! – Corrigiu-o revoltada.

– Sim, você é a minha filha. A minha filha, que estava de caso com o Dinho pelas minhas costas!

– Ninguém estava de caso com ninguém...

– Ah, é, dona Lia? Então por que a senhorita ficou tão furiosa que o Dinho vai voltar pra casa?

– Porque eu sabia que ele ia fazer isso e, ainda assim, ele tentou me enrolar que não. Ainda bem que eu não cedi!

– Não cedeu... Tá certo... E essas lágrimas aí? Que bom que você não cedeu, porque se isso é estar na defensiva...

Dinho riu. Lia era uma péssima atriz quando se tratava de seus sentimentos.

– Tá rindo do que, idiota?

– Como nos velhos tempos... – Adriano sorriu.

– Dinho, não provoca! – Lorenzo o repreendeu. Sentia-se em um cabo de guerra.

– Sai do meu quarto! AGORA! – Lia ordenou.

Assustado, Adriano se retirou, sendo seguido por Lorenzo, que concordara em dar um tempo para Lia.

– Se a gente contasse de uma vez seria muito mais fácil. – Dinho comentou, já fora do quarto.

– Pois eu discordo, meu caro Adriano. Pelo menos com a Lia pensando assim eu consigo afastar vocês dois até o dia da viagem. – Sorriu.

– Você só pode tá brincando! Você realmente acha melhor a Lia ficar sofrendo só pra que a gente não fique junto? – Cobrou-lhe exasperado.

– Você se superestima, Adriano. Quem disse que a Lia vai sofrer tudo isso? Vocês andavam tão bem como amigos, já... Ela já superou o que vocês tiveram.

– Eu pensei que você soubesse! – Riu em seco.

– Do que?

– De nada, não.

Lorenzo deixou passar. Sabia que algo estava sempre acontecendo entre ambos, é claro. Era pai e notara a diferença repentina de comportamento tanto de sua filha quanto do ex. A casa andava muito mais tranquila, e tinha certeza que a festa à qual foram juntos tinha algo a ver. Ainda assim, quanto menos soubesse, melhor, menos para se preocupar. Poderia acreditar cegamente na pureza de sua filha e que não estaria à mercê do ex inconstante outra vez. Agora encontrara o plano perfeito para mantê-los afastados. Não teria netos enquanto conseguisse convencer Adriano a não revelar sua combinação com Lorenzo.

– O que foi isso? – Matias observou preocupado.

Dinho logo se apressou ao quarto da ex-namorada, sendo seguido por Lorenzo e por Raquel, que já haviam escutado aquilo antes. Como da outra vez, Lia atirava objetos contra as paredes em fúria. Seus braços estavam arranhados, e seu rosto, intensamente vermelho e contorcido. Gritava em fúria. Dinho a segurou a tempo de salvar a guitarra, que Lia estava prestes a quebrar contra o chão. Abraçou-a por trás, como Lorenzo uma vez fizera.

– Chega! Chega! – Dinho gritou, imobilizando-a. – Quieta, calma... – Desviou o braço de uma tentativa frustrada da garota de mordê-lo.

– Você disse que ia ficar. – Lia comentou secamente.

– Enquanto você precisasse. – Completou.

– Eu devia saber desde o começo... – Repetiu sarcástica.

– Que eu iria voltar pra minha família, que acaba de receber uma nova criança? Devia.

– Pelo que eu entendi, você não vai só pra visitar...

– Eu nunca disse isso.

– Ah, não? – Cobrou irônica.

– Eu falei que voltaria pros Estados Unidos, eu não especifiquei por quanto tempo. Se você me quiser aqui, eu volto.

– Você tá me enrolando de novo... Você sabe que eu detesto mentiras.

– Eu não estou mentindo. – Respondeu secamente. – Pra alguém que até há poucos dias me queria longe tão logo essa situação acabasse, você armou um bom escândalo.

– Lia e Dinho? Dando um show? Novidade... – Matias riu.

– Eu posso falar com a Lia a sós, por favor?

– Não, não pode. – Respondeu irritada, empurrando-o até a porta.

Antes de expulsá-lo de vez do quarto, no entanto, foi surpreendida por um beijo roubado de Adriano. Correspondeu antes que se pudesse frear.

– Pelo visto, não tá rolando nada, mesmo, entre vocês... – Lorenzo comentou sarcástico.

Agora não está.

– Lia, qual é! Você não entendeu!

– Eu entendi muito bem, Adriano, agora se você puder tirar essa sua presença imunda do meu quarto, eu agradeço.

Dinho a olhou tristemente antes de atravessar a porta, lançando a Lorenzo um olhar frustrado. Saiu porta afora. Precisava falar com alguém, desabafar com seus melhores amigos não era um direito exclusivo de Lia. Por mais que quisesse gritar para a roqueira o que estava acontecendo, tinha uma combinação com Lorenzo, e ver o sogro se aproveitar da situação o frustrava ainda mais. Por sorte, não tardou a encontrar Fatinha. Passou a mão pelos cachos e a chamou, nervoso.

– Talvez o Dinho tenha razão.

– Raquel, essa combinação com o Dinho é a última opção. Eu não quero prometer isso à Lia e ela quebrar a cara depois.

– Lorenzo, você viu o que eu vi? A Lia tava descontrolada! É melhor contar antes que ela mate o coitado do garoto.

– Não seria um problema... – O médico riu.

– Não faz sentido esconder isso da Lia pra protege-la e estar só piorando a situação!

– Pelo menos assim ela já se prepara. Igual a gente voltaria depois e eles teriam que se despedir de novo.

– Ah, é? E você afirma isso com base no que? Lorenzo, eles podem até ter superado essa paixonite toda quando tudo terminar, vai cada um pra um lado, e tudo resolvido. A gente não pode deixar a Lia nesse estado com base no que espera que aconteça no futuro!

– A gente nem sabe se vai ter grana pra ir, Raquel...

– Ir aonde? – Dona Paulina perguntou da porta. Acabara de chegar com Tatá.

– É uma convenção, mãe, nada demais.

– Sei. Aconteceu alguma coisa? Vocês parecem abatidos...

– A Lia teve outro ataque de fúria agora há pouco.

A expressão da avó se alterou visivelmente. Deixou sua bolsa no sofá e se apressou ao quarto da neta. Tatá encarou os pais preocupada.

– Vai ficar tudo bem, Tatá. – Lorenzo a abraçou. – O pior já foi.

– Espero... – Raquel murmurou.

A manhã seguinte começou silenciosa. Dinho voltou ao apartamento durante o café da manhã. Lia se levantou da mesa tão logo o vira. Todos voltaram a atenção para o garoto, que, ferido, sentou-se onde estivera sua marrentinha e se serviu, sem uma palavra.

– Posso saber onde o senhor esteve?

– Lorenzo, você não é nem meu pai, nem meu sogro. – Terminou a frase com um nó na garganta.

– Não é? – Tatá se surpreendeu negativamente.

– Eu não sou nenhum dos dois, mas o senhor está na minha casa!

– Não é, Tatá.

– Dinho, eu estou falando com você! – O médico cobrou.

– Vocês brigaram? – Perguntou triste.

– Então até a Tatá sabia?

– Eu sabia até demais... – A caçula comentou.

– O que ela quis dizer com isso, Adriano?

– Nada demais, Lorenzo. Dinho, por que você não aproveita pra falar com ela?

– Eu vou, sim, Raquel. Eu só tava me preparando psicologicamente pra enfrentar a fera. – Riu sem jeito. – E eu tava na Fatinha, Lorenzo.

– Ainda por cima estava com mulher!

– A Fatinha é como uma irmã pra mim.

– Todas são!

Irritado, Adriano aproveitou a deixa para pegar o prato da garota e se dirigir ao quarto de Lia. Encontrou-a embrulhada na cama, escondendo rapidamente uma foto.

– Eu me lembro desse dia. – Sorriu para ela.

– Dinho, por favor, sai daqui. – Secou uma última lágrima rebelde.

– Não. – Respondeu-lhe acariciando seu rosto.

– Me deixa. – Implorou cansada.

– Nunca.

– Nunca até você voltar pra casa. – Riu sarcasticamente. – Já comprou as passagens?

– Lia, eu não menti pra você.

A garota subitamente começou a tremer. Seu olhar ilustrou intenso pavor e seu rosto gradualmente suou frio. Dinho se inclinou para acalmá-la, mas Lia apontou para suas costas. O garoto se virou, preocupado. O sorriso vicioso de Sal o encarava. Adriano imediatamente se ergueu entre o bandido e a roqueira, observando se o primeiro estava armado.

– O que você quer com ela? – Questionou com a voz trêmula.

– O mesmo que você, aparentemente.

Seu coração acelerou. Sal havia escalado a janela. Nada mais era seguro. Realmente o havia visto pelas ruas. Desde quando estivera a garota flagrando o homem à espreita? Em que momento haveria o bandido descoberto seu paradeiro?

– Foi muito corajoso da sua parte sair de casa aquele dia, Lia. Você ama tanto o meu irmão a ponto de enfrentar essas ruas tão perigosas?

O comentário desarmou Adriano. O garoto se viu momentaneamente sem chão, pensando em tudo que Lia teria vivido com Vitor antes de sua chegada. Teria amado o motoqueiro como o amara? Teria sido mais feliz com ele? E se... Quando Sal o imobilizou, já sufocava em pensamento. Sentiu o braço longo pressionar seu pescoço. Jamais deveria ter ido... Jamais deveria tê-la deixado sair... Jamais...

– DINHO! – A garota gritou ao ver os olhos de Adriano se revirarem.

Já não havia sinal de Salvador quando Raquel, Lorenzo, Paulina e Tatá alcançaram o quarto.

– O que aconteceu? – Lorenzo cobrou enquanto Raquel estudava o garoto desacordado.

Lia estava muda. Não conseguia reunir forças para pronunciar nada além do nome do garoto. Estava em completo choque.


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