Quando Mais Precisava escrita por AnaMM
Notas iniciais do capítulo
https://www.youtube.com/watch?v=Hu0xlyLwK7Q trilha do dia, Me - the 1975
http://winnin.com/pt-br/battle/238714/casais-mais-lindos-de-malhacao-ate-hoje/67eccb8d?utm_medium=cpc&utm_source=Facebook&utm_campaign=novelas-malhacao votem LiDinho, se puderem.
Era uma tola. Devia ter desconfiado desde o começo, estava bom demais para ser verdade, e nada positivo lhe vinha em tamanha sequência. Testara demais a própria sorte. Se ao menos tivesse escutado sua consciência... Mas como lutar contra algo quando a própria razão já insiste em desobedecê-la. Era a força do que Dinho lhe causava. Arrancava-lhe o chão, com tudo o que conhecia. Nada era seguro quando se tratava de Dinho, nada era constante, nunca fora. Apenas o que sentia. Apenas o que temia em sentir, mesmo depois de tudo que acontecera.
– O que você acha que eu sou? Masoquista ou burra? – Perguntou friamente a Lorenzo.
– Eu pensei que vocês não tivessem mais nada... – Lorenzo comentou.
Lia riu friamente. Dinho a observava da porta, angustiado. Parecia calcular suas opções.
– O covarde vai ficar só olhando? Por que você não facilita as coisas e vai embora de uma vez?
– Se você fosse menos impulsiva... – Pronunciou-se irritado.
– Se você fosse menos filho da puta...
– Lia! – Lorenzo a repreendeu.
– Você tá me zoando, pai? Você tá do lado do Dinho, é isso?
– Eu não estou do lado de ninguém!
– Pois deveria, afinal, a sua filha sou eu! – Corrigiu-o revoltada.
– Sim, você é a minha filha. A minha filha, que estava de caso com o Dinho pelas minhas costas!
– Ninguém estava de caso com ninguém...
– Ah, é, dona Lia? Então por que a senhorita ficou tão furiosa que o Dinho vai voltar pra casa?
– Porque eu sabia que ele ia fazer isso e, ainda assim, ele tentou me enrolar que não. Ainda bem que eu não cedi!
– Não cedeu... Tá certo... E essas lágrimas aí? Que bom que você não cedeu, porque se isso é estar na defensiva...
Dinho riu. Lia era uma péssima atriz quando se tratava de seus sentimentos.
– Tá rindo do que, idiota?
– Como nos velhos tempos... – Adriano sorriu.
– Dinho, não provoca! – Lorenzo o repreendeu. Sentia-se em um cabo de guerra.
– Sai do meu quarto! AGORA! – Lia ordenou.
Assustado, Adriano se retirou, sendo seguido por Lorenzo, que concordara em dar um tempo para Lia.
– Se a gente contasse de uma vez seria muito mais fácil. – Dinho comentou, já fora do quarto.
– Pois eu discordo, meu caro Adriano. Pelo menos com a Lia pensando assim eu consigo afastar vocês dois até o dia da viagem. – Sorriu.
– Você só pode tá brincando! Você realmente acha melhor a Lia ficar sofrendo só pra que a gente não fique junto? – Cobrou-lhe exasperado.
– Você se superestima, Adriano. Quem disse que a Lia vai sofrer tudo isso? Vocês andavam tão bem como amigos, já... Ela já superou o que vocês tiveram.
– Eu pensei que você soubesse! – Riu em seco.
– Do que?
– De nada, não.
Lorenzo deixou passar. Sabia que algo estava sempre acontecendo entre ambos, é claro. Era pai e notara a diferença repentina de comportamento tanto de sua filha quanto do ex. A casa andava muito mais tranquila, e tinha certeza que a festa à qual foram juntos tinha algo a ver. Ainda assim, quanto menos soubesse, melhor, menos para se preocupar. Poderia acreditar cegamente na pureza de sua filha e que não estaria à mercê do ex inconstante outra vez. Agora encontrara o plano perfeito para mantê-los afastados. Não teria netos enquanto conseguisse convencer Adriano a não revelar sua combinação com Lorenzo.
– O que foi isso? – Matias observou preocupado.
Dinho logo se apressou ao quarto da ex-namorada, sendo seguido por Lorenzo e por Raquel, que já haviam escutado aquilo antes. Como da outra vez, Lia atirava objetos contra as paredes em fúria. Seus braços estavam arranhados, e seu rosto, intensamente vermelho e contorcido. Gritava em fúria. Dinho a segurou a tempo de salvar a guitarra, que Lia estava prestes a quebrar contra o chão. Abraçou-a por trás, como Lorenzo uma vez fizera.
– Chega! Chega! – Dinho gritou, imobilizando-a. – Quieta, calma... – Desviou o braço de uma tentativa frustrada da garota de mordê-lo.
– Você disse que ia ficar. – Lia comentou secamente.
– Enquanto você precisasse. – Completou.
– Eu devia saber desde o começo... – Repetiu sarcástica.
– Que eu iria voltar pra minha família, que acaba de receber uma nova criança? Devia.
– Pelo que eu entendi, você não vai só pra visitar...
– Eu nunca disse isso.
– Ah, não? – Cobrou irônica.
– Eu falei que voltaria pros Estados Unidos, eu não especifiquei por quanto tempo. Se você me quiser aqui, eu volto.
– Você tá me enrolando de novo... Você sabe que eu detesto mentiras.
– Eu não estou mentindo. – Respondeu secamente. – Pra alguém que até há poucos dias me queria longe tão logo essa situação acabasse, você armou um bom escândalo.
– Lia e Dinho? Dando um show? Novidade... – Matias riu.
– Eu posso falar com a Lia a sós, por favor?
– Não, não pode. – Respondeu irritada, empurrando-o até a porta.
Antes de expulsá-lo de vez do quarto, no entanto, foi surpreendida por um beijo roubado de Adriano. Correspondeu antes que se pudesse frear.
– Pelo visto, não tá rolando nada, mesmo, entre vocês... – Lorenzo comentou sarcástico.
– Agora não está.
– Lia, qual é! Você não entendeu!
– Eu entendi muito bem, Adriano, agora se você puder tirar essa sua presença imunda do meu quarto, eu agradeço.
Dinho a olhou tristemente antes de atravessar a porta, lançando a Lorenzo um olhar frustrado. Saiu porta afora. Precisava falar com alguém, desabafar com seus melhores amigos não era um direito exclusivo de Lia. Por mais que quisesse gritar para a roqueira o que estava acontecendo, tinha uma combinação com Lorenzo, e ver o sogro se aproveitar da situação o frustrava ainda mais. Por sorte, não tardou a encontrar Fatinha. Passou a mão pelos cachos e a chamou, nervoso.
– Talvez o Dinho tenha razão.
– Raquel, essa combinação com o Dinho é a última opção. Eu não quero prometer isso à Lia e ela quebrar a cara depois.
– Lorenzo, você viu o que eu vi? A Lia tava descontrolada! É melhor contar antes que ela mate o coitado do garoto.
– Não seria um problema... – O médico riu.
– Não faz sentido esconder isso da Lia pra protege-la e estar só piorando a situação!
– Pelo menos assim ela já se prepara. Igual a gente voltaria depois e eles teriam que se despedir de novo.
– Ah, é? E você afirma isso com base no que? Lorenzo, eles podem até ter superado essa paixonite toda quando tudo terminar, vai cada um pra um lado, e tudo resolvido. A gente não pode deixar a Lia nesse estado com base no que espera que aconteça no futuro!
– A gente nem sabe se vai ter grana pra ir, Raquel...
– Ir aonde? – Dona Paulina perguntou da porta. Acabara de chegar com Tatá.
– É uma convenção, mãe, nada demais.
– Sei. Aconteceu alguma coisa? Vocês parecem abatidos...
– A Lia teve outro ataque de fúria agora há pouco.
A expressão da avó se alterou visivelmente. Deixou sua bolsa no sofá e se apressou ao quarto da neta. Tatá encarou os pais preocupada.
– Vai ficar tudo bem, Tatá. – Lorenzo a abraçou. – O pior já foi.
– Espero... – Raquel murmurou.
A manhã seguinte começou silenciosa. Dinho voltou ao apartamento durante o café da manhã. Lia se levantou da mesa tão logo o vira. Todos voltaram a atenção para o garoto, que, ferido, sentou-se onde estivera sua marrentinha e se serviu, sem uma palavra.
– Posso saber onde o senhor esteve?
– Lorenzo, você não é nem meu pai, nem meu sogro. – Terminou a frase com um nó na garganta.
– Não é? – Tatá se surpreendeu negativamente.
– Eu não sou nenhum dos dois, mas o senhor está na minha casa!
– Não é, Tatá.
– Dinho, eu estou falando com você! – O médico cobrou.
– Vocês brigaram? – Perguntou triste.
– Então até a Tatá sabia?
– Eu sabia até demais... – A caçula comentou.
– O que ela quis dizer com isso, Adriano?
– Nada demais, Lorenzo. Dinho, por que você não aproveita pra falar com ela?
– Eu vou, sim, Raquel. Eu só tava me preparando psicologicamente pra enfrentar a fera. – Riu sem jeito. – E eu tava na Fatinha, Lorenzo.
– Ainda por cima estava com mulher!
– A Fatinha é como uma irmã pra mim.
– Todas são!
Irritado, Adriano aproveitou a deixa para pegar o prato da garota e se dirigir ao quarto de Lia. Encontrou-a embrulhada na cama, escondendo rapidamente uma foto.
– Eu me lembro desse dia. – Sorriu para ela.
– Dinho, por favor, sai daqui. – Secou uma última lágrima rebelde.
– Não. – Respondeu-lhe acariciando seu rosto.
– Me deixa. – Implorou cansada.
– Nunca.
– Nunca até você voltar pra casa. – Riu sarcasticamente. – Já comprou as passagens?
– Lia, eu não menti pra você.
A garota subitamente começou a tremer. Seu olhar ilustrou intenso pavor e seu rosto gradualmente suou frio. Dinho se inclinou para acalmá-la, mas Lia apontou para suas costas. O garoto se virou, preocupado. O sorriso vicioso de Sal o encarava. Adriano imediatamente se ergueu entre o bandido e a roqueira, observando se o primeiro estava armado.
– O que você quer com ela? – Questionou com a voz trêmula.
– O mesmo que você, aparentemente.
Seu coração acelerou. Sal havia escalado a janela. Nada mais era seguro. Realmente o havia visto pelas ruas. Desde quando estivera a garota flagrando o homem à espreita? Em que momento haveria o bandido descoberto seu paradeiro?
– Foi muito corajoso da sua parte sair de casa aquele dia, Lia. Você ama tanto o meu irmão a ponto de enfrentar essas ruas tão perigosas?
O comentário desarmou Adriano. O garoto se viu momentaneamente sem chão, pensando em tudo que Lia teria vivido com Vitor antes de sua chegada. Teria amado o motoqueiro como o amara? Teria sido mais feliz com ele? E se... Quando Sal o imobilizou, já sufocava em pensamento. Sentiu o braço longo pressionar seu pescoço. Jamais deveria ter ido... Jamais deveria tê-la deixado sair... Jamais...
– DINHO! – A garota gritou ao ver os olhos de Adriano se revirarem.
Já não havia sinal de Salvador quando Raquel, Lorenzo, Paulina e Tatá alcançaram o quarto.
– O que aconteceu? – Lorenzo cobrou enquanto Raquel estudava o garoto desacordado.
Lia estava muda. Não conseguia reunir forças para pronunciar nada além do nome do garoto. Estava em completo choque.
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