Quando Mais Precisava escrita por AnaMM


Capítulo 1
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Pq sério, quem não lembrou dele quando viu a Lia naquela mesma mata, presa por bandidos, tentando fugir? TIVE que escrever o que realmente deveria ter acontecido e espero que tenha ficado bom, vocês decidem. Espero que gostem :)



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Mais uma vez refém de bandidos... Lia Martins às vezes acreditava ter tocado The Number of the Beast na santa ceia para tanta sorte. Lembrar-se da outra vez em que esteve naquela situação era dolorido. A voz de Adriano vindo por trás para assegurar-lhe que estaria tudo bem era a primeira coisa que lhe vinha à cabeça. Daquela vez, fora salva por ele duas vezes. Mal podia acreditar que o mesmo garoto que havia oferecido a própria vida para salvá-la era o mesmo que, mais tarde, a trairia da maneira mais baixa.

Olhava ao redor apavorada. Dessa vez não tinha Adriano, provavelmente não teria a mesma sorte com a polícia e, mesmo que Vitor ou Gil fossem atrás dela, não teriam chance contra seus carcereiros. Mais uma vez, temia pela própria vida. Não tinha esperança de sair dali. Estava completamente sozinha.

Caía no sono regularmente, às vezes alucinava. Agora que estava ali, desamparada e sem esperanças, apenas uma pessoa vinha à sua cabeça. O local era propício: um bosque. Lembranças que tentara apagar ressurgiam vívidas, quase como uma realidade paralela. A noite perdidos no acampamento, o beijo, a fuga, a primeira vez... A brisa das árvores, o chão úmido, as pequenas pedras mescladas a folhas secas... Tudo lembrava Dinho. Havia prometido esquecê-lo e agora seu maior medo era nunca mais vê-lo.

Tanto observou os arredores que encontrou uma pedra próxima a onde estava. Uma esperança. Não sabia se conseguiria ser rápida o bastante para escapar, mas poderia tentar. Da outra vez conseguira. Lembrou-se, então, que não tinha mais Adriano para cuidá-la, para escondê-la, para levá-la para longe... Não queria pensar no ex-namorado, mas seu rancor era algo tão pequeno diante daquela situação... “Foco, Lia!”. Na distração de Salvador, conseguiu cortar as cordas que a amarravam e disparou para fora do cativeiro.

Lia corria desesperada pela mata. Ainda não conseguia acreditar que conseguira fugir das garras de Sal, mesmo tão abalada com os últimos acontecimentos. Desviava de pedras e de árvores, rezando para que tivesse fôlego para encontrar a estrada. Seus cabelos atrapalhavam sua visão e sabia que não seria capaz de agüentar correr muito mais que aquilo. Estava começando a cambalear, quando tropeçou em alguém.

Braços firmes a levantaram. Lia reconheceu a quem pertenciam e sentiu seu coração parar. Não tinha, no entanto, tempo para questionar. Ouviu a voz de Sal se aproximando de onde estavam e se apavorou.

-Corre, Dinho, corre!

O olhar de temor de Lia foi o suficiente para que Dinho não a questionasse. A segurou pelo braço e correram como se não houvesse amanhã, como um ano antes. Corriam como se fossem um só, como se um desse suporte e fôlego para que o outro conseguisse ir ainda mais rápido. Haviam fugido juntos mais de uma vez, e ainda mantinham a sincronia das duas primeiras. Conseguiram sair da mata e Adriano a levou para o carro. Os bandidos estavam quase com as mãos na porta do veículo quando Dinho acelerou. O veículo estava em alta velocidade e a roqueira ainda não conseguia se sentir segura.

-Pega o meu celular, você tem que avisar alguém que está bem.

A loira não protestou, telefonou para Lorenzo.

-Alô? Pai, eu consegui fugir, eu tô bem!

-Lia? Graças a deus, filha!! – Lorenzo chorava de alívio, ao lado de Tatá, que implorava pra falar com a irmã. – Volta pra casa agora!

-Eu vou, pai, relaxa, a gente está a caminho.

A roqueira se despediu e, assim que desligou o telefone, desabou em lágrimas. Não queria chorar na frente dele, mas dessa vez era impossível controlar. Por um momento pensou que fosse morrer nas mãos de Sal, que jamais seria resgatada... Talvez parte da comoção fosse também pela presença do garoto que amava e que tanto a fez sofrer no banco ao seu lado, mas jamais admitiria.

Dinho retomou a preocupação ao perceber que os estranhos que perseguiam sua ex estavam se aproximando, em seus veículos. Pressionou o pé ainda mais contra o acelerador e seguiu para a cidade mais próxima, onde despistou os bandidos. Lia já havia desligado o telefone e ligado para seus amigos em seguida. Seguiram em direção ao Rio de Janeiro. Nem ele perguntou, nem ela respondeu. Lia ainda estava muito nervosa e Dinho não queria pressioná-la. Para a garota, era como se mencionar o ocorrido trouxesse os bandidos magicamente de volta.

Pararam em uma concessionária, onde Adriano devolveu o carro. Pegaram um táxi da própria empresa e seguiram em direção ao Botafogo. Lia deitou a cabeça no ombro do ex-namorado, exausta, e dormiu.

Acordou com a luz do carro acesa para que Dinho pagasse o motorista.

-Vai logo, Dinho! – Lia olhava para todos os lados, temendo ser encontrada de novo.

-Calma, calma! Paguei, vamos!

O garoto a conduziu até seu antigo apartamento.

-Lia??? – Raquel a abraçou forte, surpresa e aliviada pela presença da filha. Lia não resistiu como das outras vezes, apenas permaneceu imóvel.

-Eu não sei o que aconteceu, mas ela ainda está em estado de choque.

-Dinho? Você não tinha ido embora?

-Longa história, Raquel...

A médica voltou a atenção para a filha, que tremia.

-Lia... Acho melhor você tomar um banho, se acalmar.

Dinho reparou no olhar desamparado da garota.

-Ninguém vai entrar aqui, a gente despistou quem quer que seja que estava te perseguindo. Mas eu posso tomar banho com você, se o medo for tanto. – sorriu sugestivamente.

-Dinho!!! – Lia estava chocada. Tentou identificar a expressão da mãe, envergonhada, mas a voz do garoto chamou sua atenção outra vez.

-Pelo menos agora você se soltou. – sorriu.- Vai, marrentinha, você está fedendo!

 Não era verdade, pelo menos não para Dinho, mas precisava manter a ex distraída, ainda que torcesse para que ela precisasse de sua companhia para se sentir mais segura. Lia deixou a sala ainda temerosa, restando Dinho e Raquel na sala.

-Eu chamei o Lorenzo, ele deve estar chegando.

-E a Tatá?

-Está com ele. Eu nunca fui muito boa em acalmar as meninas nessas situações...

O apartamento ficou em silêncio por um minuto, exceto pelo barulho do chuveiro.

-Como você encontrou a Lia? Eu estou muito grata por isso, não me entenda a mal, Dinho, mas você não estava na África?

-Sorte, destino talvez... Eu não sei nem o que aconteceu com a Lia, ou por que tinha esses caras atrás dela, na verdade.

Foi interrompido pela campainha. Eram Lorenzo e Tatá, como Raquel havia previsto.

-Onde ela está?

-Tomando banho, Lorenzo.

-Dinho???? – Tatá mal podia acreditar no que via. Quis correr para abraçá-lo, mas lembrou-se que Lia não aprovaria. Sem jeito, tentou fazer cara de birra.

Adriano sentiu a alteração da garota. Sabia que Lia só não o havia matado porque precisava dele para fugir, mas logo viria a rejeição maior.

-O que você faz aqui? – Lorenzo estava furioso.

-A pergunta que não quer calar... – Dinho brincou.

-Ele trouxe a Lia. – Raquel acrescentou.

-Ele o que? Como? Se eu não soubesse o que aconteceu com a Lia, diria que foi esse moleque que fugiu com a minha filha de novo!

-Eu cheguei ontem da África, doutor Lorenzo! Você deveria me agradecer por ter sido tropeçado pela sua filha!

-Eu deveria era agradecer por você ter sumido, isso sim! 


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Notas finais do capítulo

Muito corrido? No ponto? "OMGELEVOLTOU"? Comentários ;)

Espero que vocês tenham gostado ♥ continua!

e ana luísa, pode parar de ficar no meu pé, aqui está ;)