Híbrido escrita por Musa, Moon and Stars


Capítulo 78
Make a wish


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores amados do meu coração! Mais um capítulo pra vocês, fresquinho e no ponto! Ai gente, falta pouco pra Híbrido acabar, eu já to com saudades :( Eu demorei um pouco pra postas porque (eu to enrolando mesmo *mentira*) por causa do Enem. Agora que essa praga já passou (e seja o que Deus quiser), já posso postar o/ Bom capítulo pra vocês, cheirosos.



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Pela terceira vez, conferi os itens nas minhas malas, todos os meus documentos e passaporte; estava tudo pronto. Respirei fundo, sentindo mais uma vez o cheiro típico da casa de tia Jenna, a mistura de aromas que já se tornara tão familiar para mim, quase como um lar. Mas aquele era dia de dizer adeus outra vez e dizer olá para o que me aguardava mais à frente. Dali a algumas horas eu estaria na França, aonde finalmente viria a conhecer o Vero. Demorei bastante para me acostumar com toda aquela loucura, mas eu já estava conformada com a minha realidade e decidi que eu queria, sim, fazer parte dela, ao lado de bruxas, nephilins, baalihans, anjos, demônios e todo o mais que tivesse. Fechei todas as malas e as coloquei no chão, empilhadas na base da cama, tudo pronto para partir. Suspirei e passei a mão pelo meu cabelo, penteando-o para trás com os dedos e o enrolei, jogando-o por cima do ombro. Estava enorme, quase na base da lombar. Eu gostava assim, decidi que não iria cortar. Eu estava me olhando no espelho, tentando me livrar daquela terrível aparência de cansada com alguns corretivos que já estavam quase no fim, quando ouvi umas batidas na porta.

“Pode entrar” eu disse para quem quer que fosse. Pelo reflexo no espelho, vi o rosto de tia Jen aparecer pela fresta.

“Oi, querida. Tem um minuto?” perguntou ela em tom gentil.

“Claro, tia. O que houve?” Deixando a maquiagem de lado, virei-me para ela.

“Andei pensando muito sobre isso, Fleur também insistiu bastante na ideia, então acho que pode não ser tão ruim quanto foi na minha época.” Ela parecia ansiosa, ligeiramente agitada.

“Do que está falando?” perguntei meio confusa.

“Sobre ir para a França. Para Loremelit” disse.

Não consegui esconder minha surpresa.

“Não acredito, jura?!” Sorri abertamente e me aproximei dela, sem saber se devia abraça-la ou sei lá. “Jen, isso é maravilhoso! Todos nós juntos, isso é incrível!”

Por fim, ela riu e acabou me abraçando. Poucos instantes depois, minha mãe apareceu à porta, feliz com a cena diante dela. Eu agradeci a tia Jenna mais uma vez, ela me beijou no rosto e se retirou para que eu e minha mãe ficássemos a sós. Agora que estávamos sozinhas, reparei que Emily tinha algo nas mãos: uma caixa. Aquilo me despertou a curiosidade, embora eu tivesse a impressão de já ter visto aquela caixa antes. Era de madeira escura tão polida que chegava a refletir, havia desenhos entalhados por toda ela, galhos e ramos espinhosos em dourado com rosas vermelhas por toda parte, indo ao encontro da tampa, onde havia uma lua na frente de um sol, um eclipse. Cruzes, triângulos e estrelas ao redor da figura, como nos vitrais de tia Jen. Franzi o cenho até que um lampejo de compreensão me atingiu. Perdi o fôlego por um segundo.

“Isso é...” não consegui terminar a frase.

“Sim” Emily respondeu e passou a mão delicadamente na superfície da caixa, a qual produziu um estalido e se abriu revelando um anel com uma pedra negra de formato oval; a armação seguia aquele mesmo desenho dos entalhes da caixa, com galhos espinhentos, repousando sobre um veludo de cor vermelha. “É a sua joia” Emily me estendeu a caixa e perguntou: “Está pronta?”

Assenti, mas eu não tinha certeza. Eu estava ansiosa, é claro. Minhas mãos tremularam um pouco e começavam a suar um pouco, por conta do nervosismo. Emily pousou a caixa sobre o criado-mudo delicadamente e pegou o anel com muito cuidado. Com a outra mão, alcançou a minha e respirou fundo antes de começar a falar:

Idem consectur, alternum stimulum, alterius partis sanguine, alii of dispensatada pontentia” seus olhos se acenderam em uma chama lenta e esverdeada enquanto proferia as palavras e aproximava o anel do meu anelar da mão esquerda.

Quanto mais perto o anel ficava, mais eu pude sentir a energia em meu próprio corpo fluir através de mim, despertanto-me de uma forma que eu jamais senti. Um arrepio me subiu pela espinha quando eu vi os galhos da armação do anel se moverem, desenroscando-se, passando de prata para cobre, até se tornarem galhos de verdade, os espinhos bem afiados.

Ex mater in filiam, et partem ipse spina alius, a iuvenes anus apparet” ela prosseguiu, deslizando o anel pelo meu dedo. Senti os espinhos me arranharem e reprimi um grunhido. Quando o anel estava posicionado na base do meu anelar, os espinhos me cravaram a pele; dessa vez, arquejei com o susto. Meu dedo começou a gotejar sangue onde o anel havia me perfurado, mas nenhuma gota caiu no chão, como era esperado. O sangue viajou através dos espinhos, em direção à pedra, que antes era negra, mas agora se enchia aos poucos com meu sangue.

O processo se completou e eu senti um frio na barriga, uma energia elétrica me percorrer pelas veias, preenchendo-me de ponta a ponta. Eu me sentia completa, revitalizada, forte, completa. Não pude evitar sorrir, era uma sensação maravilhosa e intensa. Aos poucos, os espinhos deixaram minha pele e se enroscaram novamente até voltarem a ser prata pura e reluzente.

Ergui os olhos para encarar minha mãe, ela não tirou os olhos de mim por um segundo sequer e pela primeira vez notei que ela tinha uma joia parecida em seu pescoço. Sorri para ela e demorou um par de segundos para que ela me sorrisse de volta, então me abraçou.

“Eu te amo” ela disse, afagando meu cabelo com afeto. Apertei-a forte naquele abraço.

“Eu também te amo. Obrigada, mãe.”

***

Estávamos todos no aeroporto, esperando pelo embarque; Emily e Jenna conversavam com Harahel e Isaac. Pelas expressões e gestos, parecia ser algo sério, o que me deixou um pouco incomodada, mas resolvi não me meter. Eu não deixaria nada estragar minha alegria, eu estava prestes a ir para a França, era o que eu queria. Olhei em volta, à procura de Emma e Fleur, mas não as vi em lugar algum. Talvez tivessem ido comprar alguma coisa para comer; se aquelas duas vacas não me trouxessem nada, eu ia acabar com a raça delas. As pessoas caminhavam de um lado para o outro com suas bagagens, vagando pelos corredores, despedindo-se de familiares, ou simplesmente liam em seus assentos, ou cochilavam enquanto esperavam pelos voos em atraso. Nathan estava do meu lado, lendo o jornal local e mastigando uma maçã enquanto eu me segurava para não cair no sono ali mesmo.

Meu olhar se prendeu sobre Nathan distraidamente durante algum tempo, os cachos dele tinham um brilho diferente sob aquela iluminação artificial, os olhos dele dançavam, focados em sua leitura, sua mandíbula mastigando em movimentos lentos. Ele era uma graça e a visão dele ali me fez sorrir. Bocejei e me espreguicei feito um gato gordo. Quando abri os olhos, algo estranho aconteceu. Tudo ficou em silêncio de repente e demorei alguns segundos para perceber que ninguém mais falava, nem andava, nem se movia. Meu coração acelerou de uma maneira anormal e eu encarei o anel em meu dedo, sem compreender o que estaria acontecendo. Será que eu era a responsável por aquilo? Ao meu lado, Nathan estava paralisado, como uma estátua. Balancei a mão em frente os olhos dele, mas ele nem piscou. Ok, eu estava ficando assustada. Tudo o que eu ouvia era o som da minha própria respiração, um pouco mais acelerada, eu sentia minha pulsação nas pontas dos meus dedos e um nó havia se formado em minha garganta. Eu me levantei, extremamente confusa, eu não sabia como reagir. Dei alguns passos, mas tudo a minha volta estava congelado no tempo. Passei as mãos pelos cabelos, aquilo só podia ser um pesadelo. O que eu havia feito?

Virei-me de costas e dei um grito, caindo para trás ao me deparar diretamente com um leopardo de pelagem metálica, olhos negros e dentes-de-sabre negros, rosnando para mim. Minha respiração se descontrolou enquanto eu encarava aquele monte de dentes. Needle?!

“Mas que merda...” comecei a dizer, mas fui interrompida por um rosnado de Needle.

“Precisa de ajuda?” ouvi aquela voz atrás de mim, arrepiando cada fio de cabelo em meu corpo. Olhei para cima e a primeira coisa que vi foi uma juba platinada; a segunda, foi um belo de um sorriso calcinha. Eu já devia esperar...

Levantei-me, recusando abertamente a oferta de ajuda, ignorando a mão estendida. Não desviei meu olhar do dele por um segundo sequer, confrontando-o, mostrando que eu não tinha medo.

“O que você faz aqui? O que fez com eles?” gritei, fazendo um gesto largo para todo o lugar a minha volta.

Jared ergueu as sobrancelhas, um sorriso torto e despretensioso em seus lábios.

“Eu não fiz nada com eles” encolheu os ombros. “Mas com você... Bom, já fiz muita coisa.” Sorriu.

Suas mãos estavam enterradas em seus bolsos, a postura despojada. Sua presença me incomodava, eu não podia deixar que ele atrapalhasse aquele momento.

“O que você fez, Jared?” repeti.

“Magia Negra” levantou uma mão e mexeu os dedos em tom de zombaria. Revirei os olhos.

“Desfaça!” ordenei, inutilmente, é claro. Jared apenas riu.

“Não posso.” Respondeu. “Seria muito rude da minha parte atrapalhar o sono alheio. Isso é algo que você faria, não eu.”

“Do que está falando?” indaguei, confusa. Ele fez uma careta e suspirou resignadamente.

“Você está dormindo, bruxinha. Acorde se quiser.”

“Mentiroso” rosnei e avancei um passo em sua direção. Como ele não recuou, ficamos muito próximos um do outro. Needle se posicionou em defesa de seu mestre, como um bom animalzinho de estimação, mostrando seus dentes enormes para mim, deixando claro que poderia arrancar minha cabeça fora com apenas uma dentada. “Eu não dormi. Nunca estive tão acordada.”

Jared revirou os olhos.

“Dormiu sim, bruxinha. Encostou no ombro do Nephilim retardado ali e caiu no sono. Mas isso não interessa, eu trouxe algo pra você.” Ele disse.

“Eu não quero nada que venha de você” recuei dois passos quando ele avançou um. Outro sorriso iluminou seu rosto.

“Eu discordo” ergueu uma sobrancelha sugestivamente e me varreu com os olhos de cima a baixo. Quando dei outro passo para trás, congelei no lugar.

“Jared, me solta! Agora!” Entrei em desespero.

“Shh” sibilou, aproximando-se. “Calma.” Tirou do bolso interno da jaqueta uma sacola de papel pequena. De dentro dela, para minha completa surpresa, tirou um cupcake de Fruit Loops com uma minúscula velinha cor-de-rosa. “Tem coisas que não dá pra esquecer, Katherine.” Disse ele, em tom sério agora. “Você devia saber disso.”

Semicerrei os olhos para ele. Eu sinceramente não sabia como reagir àquilo.

“Vai se ferrar” grunhi para ele.

Ele piscou uma vez, mas não pareceu minimamente afetado. Pegou um isqueiro de metal no bolso da calça e acendeu a vela, estendendo o cupcake na frente do meu corpo imóvel. Engoli em seco.

“Feliz aniversário, Katherine”

“Por que está fazendo isso?” aquele nó em minha garganta havia se contraído ainda mais, deixando minha voz ligeiramente embargada. Lutei para esconder aquilo, mas eu sabia que era inútil.

“Faz um pedido.” Ele me ignorou deliberadamente. Eu o avaliei, eu ainda estava com raiva dele e não queria que ele agisse daquele jeito, o que ele estava fazendo? Seria de propósito, apenas para me afrontar? Eu não conseguia entender. Balancei a cabeça e ele repetiu as palavras pausadamente, em tom autoritário: “Faz um pedido”.

Ele engoliu em seco e sustentou meu olhar.

“Que você suma da minha vida.” Assoprei a vela, olhando no fundo de seus olhos.

Ao contrário do que eu esperava, Jared abriu um sorriso. Eu ainda estava completamente imóvel, não pude correr quando Jared se aproximou perigosamente de mim, ainda olhando-me nos olhos.

“É uma pena. Você falou em voz alta.” Ele disse, a cabeça se inclinando levemente para o lado, ele tinha um olhar divertido. “Agora não vai se realizar.”

Ele estava tão perto, que pude sentir sua respiração em mim. Por um momento, achei que ele fosse me beijar. Eu quis socar a mim mesma quando fechei os olhos, permitindo-me ser beijada. Mas ao invés disso, senti meu corpo perder todo seu peso, como se flutuasse. Meu estômago se embrulhou e eu abri os olhos de repente, exaurida, acordando num pulo.

“Kate! Está tudo bem?” Nathan me segurou, com um olhar de preocupação. “Calma, foi só um pesadelo.”

Meu coração martelava em meu peito freneticamente. Meus lábios estavam secos, eu estava confusa. Quando olhei em volta, tudo estava em perfeita ordem. Senti-me relaxar, mas uma sensação de vazio havia se instalado em meu peito. Que sonho mais esquisito.

Em poucos minutos, avistei as meninas se aproximando de mim com um sorriso largo estampado em seus rostos. Pareciam animadas. Emma correu na minha direção, ambas as mãos atrás das costas. Ela estava fazendo aquela cara que ela sempre faz quando está aprontando alguma.

“Por que está me olhando com essa cara?” perguntei, semicerrando os olhos para ela.

Emma e Fleur se entreolharam e começaram a cantar parabéns. De trás de suas costas, Emma me mostrou um pequeno cupcake de Fruit Loops com uma pequena velinha cor-de-rosa. Meu coração se apertou.

“Faz um pedido!” disse Fleur, empolgada.

Eu me perdi no tempo durante alguns segundos. Ao longe, entre a multidão, eu avistei um sorriso que eu conhecia muito bem. Tão rápido quanto surgira, Jared se fora. Arquejei. Encarei o cupcake diante de mim novamente, minhas melhor amiga e minha prima me encaravam com expectativa.

Que você não vá embora.

Assoprei a vela.


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Notas finais do capítulo

Galeraaaaa não esqueçam de comentar, preciso saber qual capítulo você escolheram para ser reescrito no ponto de vista do Jared como capítulo Bônus! Eu e a Musa vamos fazer a contagem no capítulo 80 (Epílogo)! Não deixem de votar. Beijared para todos e até o próximo (penúltimo) capítulo