Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 42
Casalzinho cliché




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Um mês.

Um mês desde que eu e Gabes engatamos num semi-relacionamento. Eu agora o chamo de Gay, Gaybes ou Bê (Gay-Bês) e ele me chama de amor, pequena, anjo...

Enfim. O fato é que eu já havia entrado para o histórico dos piores alunos do Institut Ferdinand de Saussure desde sua criação, em meados de 1870. Ou antes, ou depois. Sei lá. Estou chutando só pra essa frase ficar bonita.

Eu era, também, a ficante mais irritantemente controladora que existe. Não podia vê-lo conversando demais com alguém que dava um piti básico, terminando tudo.

Enfim. No momento, estávamos deitados na cama do meu dormitório, já que agora ele resolveu que foda-se a policie, ele não sairia de lá nunca mais. E estava frio. Tipo... Muito frio mesmo. Vesti uma calça jeans por cima da do pijama, calcei minhas botas, uma camiseta, duas blusas de frio (uma de Gabriel e uma de Bernardo, que por algum acaso havia adiado a visita que me prometera) e desci as escadas da beliche com extrema dificuldade.

As meninas já haviam saído e eu estava atrasada. Até aí, nenhuma novidade. Penteei meus cabelos e bebi algumas doses de minha mistura milagrosa de café e rum que me mantinha vida todos os dias. Enquanto eu terminava de me arrumar, Gabriel saiu da sala com um ritmo muito mais lento. Quando acabei de me arrumar e saí correndo pra sala. Ao sentar-me ao seu lado, eu ri e lhe dei um selinho.

— Bom dia, pequena.

— Bom dia, Bê – disse, rindo – Ai, cansei.

— Menina, como pode chegar dez segundos antes do professor? Santo Deus.

— Posso enrolar?

— Claro. Se for comigo na cama, sempre.

— Para de melosidade pro meu lado que eu odeio isso. Tá muito meigo desde que começamos a ficar.

— Namorar – corrigiu.

— Não, Gabes, meu gatinho, nós não estamos namorando.

— Estamos sim – disse, fazendo beicinho.

— Não estamos. Agora presta atenção na aula.

Virei pra frente, prestando atenção no que o professor de Álgebra II dizia. Coloquei a mão sobre a mesa e Gabriel depositou a sua delicadamente sobre a minha, brincando com as duas. I baixinho, ainda prestando atenção na aula. Encostou a cabeça sobre a carteira, segurando nossas mãos, e adormeceu.

— Escuta aqui – sussurrei – Se você dormir, vai acordar com essa corrente no pescoço, sua blusa de frio, suas coisas de volta em seu quarto e essa boca – disse, apontando pra minha – Estará selada em outra que não a sua.

— Santo Deus, quanto drama – resmungou – Desculpe.

Ri baixinho enquanto ele largava minha mão e se espreguiçava folgadamente, soltando alguns grunhidos engraçados. Suspirou enquanto o professor o encarava.

— Algo a dizer, Sr. Casiraghi?

— Sim. Tenho sono e vou me espreguiçar, se o senhor permite.

— Gabriel...

— Ok, desculpe aí, velho!

— Gabriel, não o chame de velho, Gabriel – disse, estapeando minha própria testa.

— Foi mal... Moço – disse ele.

— Dai-me forças... – sussurrei – Por que eu estou contigo, me diz?

— Porque eu sou uma delícia – disse, mordendo os  lábios.

— Só pode ser por isso mesmo.

Ele abriu um sorriso fofo e me abraçou de lado. Voltei a prestar atenção na aula e ele, entediado, apoiou a cabeça sobre o braço. Quando o sinal bateu, Gabes jogou a cabeça por meu ombro e soltou um grunhido.

— Que foi, criatura?

— Soninho. Vamos subir, Mandie – miou – Vamos dormir.

Agora era Educação Física. Eu poderia muito bem dizer que não ia fazer e nós poderíamos subir mesmo, porque eu havia dito ao professor que tinha uma doença rara que me fazia ter fortes cólicas toda semana. Eu denominei TPM crônica e o babaca acreditou. Mas não mataria aula, porque o Gabriel geralmente faz e precisamos de presença nas aulas.

— Não – resmunguei – No intervalo, a gente vê se faz isso. Mas agora... Vai fazer aula?

— Você vai?

— Eu nunca faço.

— Eu vou ficar com você.

— Mas você ama jogar futebol.

— Não, eu amo você. Jogar futebol é hobby.


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